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A I G R E J A D E J E S U S C R I S T O D O S S A N T O S D O S Ú LT I M O S D I A S • M A I O D E 2 0 11
Discursos
da Conferência
Geral
75º Aniversário
do Programa de
Bem-Estar da Igreja
Três Novos Templos
São Anunciados
CORTESIA DO MUSEU DE HISTÓRIA DA IGREJA
Mas o Que Tenho Isso Te Dou, de Walter Rane
Certo “homem que desde o ventre de sua mãe era coxo (…) todos os dias (…) [era deixado] à porta do templo (…).
Vendo a Pedro e a João que iam entrando no templo, pediu que lhe dessem uma esmola. (…)
E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda.
E [Pedro], tomando [o coxo] pela mão direita, o levantou, e logo os seus pés e artelhos se firmaram” (Atos 3:2–3, 6–7).
Sumário — Maio de 2011
Volume 64 • Número 5
2Resumo da 181ª Conferência
Geral Anual
SESSÃO DA MANHÃ DE SÁBADO
4Estamos Novamente em Conferência
Presidente Thomas S. Monson
6O Dia do Senhor e o Sacramento
Élder L. Tom Perry
10 Tornar-se Como uma Criancinha
Jean A. Stevens
13 Seguidores de Cristo
Élder Walter F. González
15 A Expiação Cobre Toda Dor
Élder Kent F. Richards
18 As Mulheres da Igreja São Incríveis!
Élder Quentin L. Cook
22 Oportunidades de Fazer o Bem
Presidente Henry B. Eyring
SESSÃO DA TARDE DE SÁBADO
26 Apoio aos Líderes da Igreja
Presidente Dieter F. Uchtdorf
28 Relatório do Departamento de
Auditoria da Igreja para 2010
Robert W. Cantwell
29 Relatório Estatístico de 2010
Brook P. Hales
30 Guiados pelo Santo Espírito
Presidente Boyd K. Packer
34 Encarar o Futuro com Fé
Élder Russell M. Nelson
37 Criar um Lar Centralizado em Cristo
Élder Richard J. Maynes
40 Testemunho
Élder Cecil O. Samuelson Jr.
42 Desejo
Élder Dallin H. Oaks
46 Encontrar Alegria no Serviço
Amoroso
Élder M. Russell Ballard
SESSÃO DO SACERDÓCIO
49 Preparar o Mundo para
a Segunda Vinda
Élder Neil L. Andersen
53 Esperança
Élder Steven E. Snow
55 As Sagradas Chaves do
Sacerdócio Aarônico
Larry M. Gibson
58 Seu Potencial, Seu Privilégio
Presidente Dieter F. Uchtdorf
62 Aprendizado no Sacerdócio
Presidente Henry B. Eyring
66 O Poder do Sacerdócio
Presidente Thomas S. Monson
SESSÃO DA MANHÃ DE DOMINGO
70 À Espera, na Estrada para
Damasco
Presidente Dieter F. Uchtdorf
78 “Mais do que Vencedores,
por Aquele Que Nos Amou”
Élder Paul V. Johnson
81 O Trabalho Santificador
do Bem-Estar
Bispo H. David Burton
84 A Essência do Discipulado
Silvia H. Allred
87 O Espírito de Revelação
Élder David A. Bednar
90 O Templo Sagrado —
Um Farol para o Mundo
Presidente Thomas S. Monson
SESSÃO DA TARDE DE DOMINGO
94 As Bênçãos Eternas do Casamento
Élder Richard G. Scott
97 “Eu Repreendo e Castigo a Todos
Quantos Amo”
Élder D. Todd Christofferson
101 As Mais Ricas Bênçãos do Senhor
Élder Carl B. Pratt
103 “Que Tipo de Homens
[e Mulheres] Devereis Ser?”
Élder Lynn G. Robbins
106 Chamados para
Ser Santos
Élder Benjamín De Hoyos
108 O Milagre da Expiação
Élder C. Scott Grow
111 Um Estandarte entre
as Nações
Élder Jeffrey R. Holland
114 Ao Despedir-nos
Presidente Thomas S.
Monson
REUNIÃO GERAL DAS MOÇAS
115 “Creio em Ser Honesta
e Verdadeira”
Ann M. Dibb
118 “A Bondade por Mim Começará”
Mary N. Cook
121 Guardiãs da Virtude
Elaine S. Dalton
125 Um Testemunho Vivo
Presidente Henry B. Eyring
72 As Autoridades Gerais de A Igreja
129
130
132
132
133
de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias
Índice das Histórias Contadas
na Conferência
Eles Falaram para Nós: Tornar a
Conferência Parte de Nossa Vida
Presidências Gerais das Auxiliares
Ensinamentos para os Nossos Dias
Notícias da Igreja
Resumo da 181ª Conferência Geral Anual
SESSÃO DA MANHÃ DE SÁBADO,
2 DE ABRIL DE 2011, SESSÃO GERAL
Preside: Presidente Thomas S. Monson.
Dirige: Presidente Dieter F. Uchtdorf.
Oração de abertura: Élder Allan F. Packer.
Oração de encerramento: Élder Dale G.
Renlund. Música: Coro do Tabernáculo;
regentes: Mack Wilberg e Ryan Murphy;
organista: Clay Christiansen: “A Deus, Senhor
e Rei!” Hinos, nº 35; “Glória a Deus Cantai”,
Hinos, nº 33; “We Listen to a Prophet’s Voice”
[Ouvimos a Voz de um Profeta], Hymns, nº 22,
arr. Murphy, não publicado; “Eu Sei Que Vive
Meu Senhor,” Hinos, nº 70; “Que Cristo Me
Ama Eu Sei,” Creamer/Bell, arr. Murphy, não
publicado; “No Monte a Bandeira,” Hinos,
nº 4, arr. Wilberg, não publicado.
SESSÃO DA TARDE DE SÁBADO,
2 DE ABRIL DE 2011, SESSÃO GERAL
Preside: Presidente Thomas S. Monson.
Dirige: Presidente Dieter F. Uchtdorf.
Oração de abertura: Élder Kevin W. Pearson.
Oração de encerramento: Michael T. Ring­
wood. Música: coro combinado da Universi­
dade Brigham Young–Idaho; regentes: Eda
Ashby e Randall Kempton; organista: Bonnie
Goodliffe: “Que Firme Alicerce”, Hinos,
nº 42, arr. Ashby, não publicado; “Da Corte
Celestial,” Hinos, nº 114; “Firmes, Segui,”
Hinos, nº 41; “Let Zion in Her Beauty Rise”
[Que Sião Se Erga em Beleza], Hymns, nº 41,
arr. Kempton, não publicado.
NOITE DE SÁBADO, 2 DE ABRIL DE 2011,
SESSÃO DO SACERDÓCIO
Preside: Presidente Thomas S. Monson.
Dirige: Presidente Henry B. Eyring.
Oração de abertura: Élder Rafael E. Pino.
Oração de encerramento: Élder Joseph W.
Sitati. Música: Coro do Sacerdócio dos Insti­
tutos de Ogden Utah e Logan Utah; regentes:
Jerald F. Simon, J. Nyles Salmond e Alan T.
Saunders; organista: Andrew Unsworth:
“See the Mighty Priesthood Gathered” [Vede
o Poderoso Sacerdócio Reunido], Hymns,
nº 325; “Guia-me a Ti,” Hinos, nº 63, arr.
Unsworth, não publicado; “Cantando Louva­
mos,” Hinos, nº 50; “Por Teus Dons,” Hinos,
nº 17, arr. Durham, pub. Jackman.
SESSÃO DA MANHÃ DE DOMINGO,
3 DE ABRIL DE 2011, SESSÃO GERAL
Preside: Presidente Thomas S. Monson.
Dirige: Presidente Henry B. Eyring.
2
A Liahona
Oração de abertura: Élder Gary E. Stevenson.
Oração de encerramento: Élder Tad R. Callis­
ter. Música: Coro do Tabernáculo Mórmon;
regente: Mack Wilberg; organistas: Richard
Elliott e Andrew Unsworth: “Tu, Jesus, Ó
Rocha Eterna”, Hinos, nº 158; “Sabbath Day”
[Dia do Senhor], Hymns, nº 148; “Povos
da Terra, Vinde, Escutai” Hinos, nº 168,
arr. Wilberg, não publicado; “Trabalhemos
Hoje,” Hinos, nº 141; “Neste Mundo”, Hinos,
nº 136, arr. Zabriskie, pub. Plum; “Tal Como
um Facho,” Hinos, nº 2, arr. Wilberg, não
publicado.
SESSÃO DA TARDE DE DOMINGO,
3 DE ABRIL DE 2011, SESSÃO GERAL
Preside: Presidente Thomas S. Monson.
Dirige: Presidente Henry B. Eyring.
Oração de abertura: Élder José A. Teixeira.
Oração de encerramento: Élder Kent D. Wat­
son. Música: Coro do Tabernáculo Mórmon;
regentes: Mack Wilberg e Ryan Murphy;
organistas: Linda Margetts e Bonnie Good­
liffe: “I Saw a Mighty Angel Fly” [Vi um Anjo
Voar em Poder], Hymns, nº 15, arr. Wilberg,
não publicado; “Eu Quero Ser Como Cristo,”
Músicas para Crianças, pp. 40–41, arr. Brad­
ford, pub. Nature Sings; “Vinde, Ó Filhos do
Senhor,” Hinos, nº 27; “Mais Vontade Dá-Me,”
Hinos, nº 75, arr. Staheli, pub. Jackman.
NOITE DE SÁBADO, 26 DE MARÇO DE 2011,
REUNIÃO GERAL DAS MOÇAS
Preside: Presidente Thomas S. Monson.
Dirige: Elaine S. Dalton.
Oração de abertura: Emily Lewis.
Oração de encerramento: Bethany Wright.
Música: Coro de moças das estacas da
área de Salt Lake; regente: Merrilee Webb;
organistas: Linda Margetts e Bonnie
Goodliffe: “No Monte a Bandeira,” Hinos,
nº 4; “Guardiãs da Virtude,” Apresentação de
Vídeo “Vigor da Juventude 2011: Cremos,”
não publicado (cello: Jessica Hunt); “Eu Sei
Que Vive Meu Senhor,” Hinos, nº 70, arr.
Lyon, pub. Jackman (harp: Hannah Cope);
“Que Firme Alicerce,” Hinos, nº 42, arr.
Wilberg, não publicado.
GRAVAÇÃO DAS SESSÕES DA CONFERÊNCIA
Para acessar os discursos da conferência
geral em vários idiomas pela Internet, visite
o site conference.LDS.org. Selecione um
idioma. Geralmente, dois meses após a con­
ferência, as gravações também são disponibi­
lizadas nos Centros de Distribuição.
MENSAGENS DOS MESTRES FAMILIARES
E DAS PROFESSORAS VISITANTES
Para as mensagens dos mestres familiares
e das professoras visitantes, escolha um
discurso que mais atenda à necessidade
daqueles a quem você visita.
NA CAPA
Primeira capa: Fotografia de Weston Colton.
Última capa: Fotografia de Les Nilsson.
FOTOGRAFIAS DA CONFERÊNCIA
As cenas da conferência geral em Salt Lake
City foram enviadas por Craig Dimond,
Welden C. Andersen, John Luke, Matthew
Reier, Christina Smith, Cody Bell, Les Nilsson,
Weston Colton, Sarah Jensen e Derek Israel­
sen; na Argentina, por Marcelino Tossen; no
Brasil, por Laureni Fochetto, Ana Claudia
Souza de Oliveira e Veruska Oliveira; no
Equador, por Alex Romney; na Alemanha,
por Mirko Kube; na Jamaica, por Alexia
Pommells; no México, por Ericka González
Lage; nas Filipinas, por Wilmore La Torre;
em Portugal, por Juliana Oliveira; na Romê­
nia, por Matei Florin; na Eslovênia, por Ivan
Majc; na África do Sul, por Kevin Cooney; na
Ucrânia, por Marina Lukach; em Maryland,
EUA, por Sasha Rose; e na Zâmbia, por
Tawanda Maruza.
MAIO DE 2011 VOL. 64 Nº 5
A LIAHONA 09685 059
Revista Oficial em Português de A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
A Primeira Presidência: Thomas S. Monson,
Henry B. Eyring e Dieter F. Uchtdorf
Quórum dos Doze Apóstolos: Boyd K. Packer,
L. Tom Perry, Russell M. Nelson, Dallin H. Oaks,
M. Russell Ballard, Richard G. Scott, Robert D. Hales,
Jeffrey R. Holland, David A. Bednar, Quentin L. Cook,
D. Todd Christofferson e Neil L. Andersen
Editor: Paul B. Pieper
Consultores: Stanley G. Ellis, Christoffel Golden Jr.,
Yoshihiko Kikuchi
Diretor Administrativo: David L. Frischknecht
Diretor Editorial: Vincent A. Vaughn
Diretor Gráfico: Allan R. Loyborg
Gerente Editorial: R. Val Johnson
Gerentes Editoriais Assistentes: Jenifer L. Greenwood,
Adam C. Olson
Editor Associado: Ryan Carr
Editora Adjunta: Susan Barrett
Equipe Editorial: David A. Edwards, Matthew D. Flitton,
LaRene Porter Gaunt, Larry Hiller, Carrie Kasten, Jennifer
Maddy, Melissa Merrill, Michael R. Morris, Sally J. Odekirk,
Joshua J. Perkey, Chad E. Phares, Jan Pinborough, Richard
M. Romney, Janet Thomas, Paul VanDenBerghe, Melissa
Zenteno
Diretor Administrativo de Arte: J. Scott Knudsen
Diretor de Arte: Scott Van Kampen
Gerente de Produção: Jane Ann Peters
Diagramadores Seniores: C. Kimball Bott, Thomas S.
Child, Colleen Hinckley, Eric P. Johnsen, Scott M. Mooy
Equipe de Diagramação e Produção: Cali R. Arroyo,
Collette Nebeker Aune, Howard G. Brown, Julie Burdett,
Reginald J. Christensen, Gene Christiansen, Kim
Fenstermaker, Kathleen Howard, Denise Kirby, Ginny J.
Nilson, Ty Pilcher, Gayle Rafferty
Pré-Impressão: Jeff L. Martin
Diretor de Impressão: Craig K. Sedgwick
Diretor de Distribuição: Evan Larsen
Tradução: Edson Lopes
Para assinaturas e preços fora dos Estados Unidos e do
Canadá, consulte o centro de distribuição local em seu
país ou o líder da ala ou do ramo.
Envie manuscritos e perguntas para Liahona,
Room 2420, 50 E. North Temple St., Salt Lake City, UT
84150-0024, USA; ou mande e-mail para:
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A ­Liahona, termo do Livro de Mórmon que significa
“bússola” ou “guia”, é publicada em albanês, alemão,
armênio, bislama, búlgaro, cambojano, cebuano, chinês,
coreano, croata, dinamarquês, esloveno, espanhol,
estoniano, fijiano, finlandês, francês, grego, húngaro,
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devem ser encaminhadas para Intellectual Property Office,
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For Readers in the United States and Canada:
May 2011 Vol. 64 No. 5. LIAHONA (USPS 311-480)
Portuguese (ISSN 1044-3347) is published monthly by The
Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 50 E. North
Temple St., Salt Lake City, UT 84150. USA subscription price
is $10.00 per year; Canada, $12.00 plus applicable taxes.
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POSTMASTER: Send address changes to Salt Lake
Distribution Center, Church Magazines, PO Box 26368,
Salt Lake City, UT 84126-0368.
ORADORES EM ORDEM
ALFABÉTICA
Allred, Silvia H., 84
Andersen, Neil L., 49
Ballard, M. Russell, 46
Bednar, David A., 87
Burton, H. David, 81
Christofferson, D. Todd, 97
Cook, Mary N., 118
Cook, Quentin L., 18
Dalton, Elaine S., 121
De Hoyos, Benjamín, 106
Dibb, Ann M., 115
Eyring, Henry B., 22,
62, 125
Gibson, Larry M., 55
González, Walter F., 13
Grow, C. Scott, 108
Holland, Jeffrey R., 111
Johnson, Paul V., 78
Maynes, Richard J., 37
Monson, Thomas S., 4, 66,
90, 114
Nelson, Russell M., 34
Oaks, Dallin H., 42
Packer, Boyd K., 30
Perry, L. Tom, 6
Pratt, Carl B., 101
Richards, Kent F., 15
Robbins, Lynn G., 103
Samuelson, Cecil O., Jr., 40
Scott, Richard G., 94
Snow, Steven E., 53
Stevens, Jean A., 10
Uchtdorf, Dieter F., 26,
58, 70
ÍNDICE POR ASSUNTO
Adoração, 6
Adversidade, 15, 34, 78, 106
Ajuda Humanitária, 4
Amor, 13, 22, 46, 62, 84, 94
Arbítrio, 42
Arrependimento, 40, 97, 108
Autossuficiência, 22, 81, 84
Bênçãos, 34, 78, 101
Benevolência, 118
Bondade, 118
Caridade, 46, 53, 81
Casamento, 42, 66, 94
Conferência geral, 111, 114
Conselhos, 18
Convênios, 13, 90, 94, 115
Correção, 97
Crianças, Filhos, 10, 37, 103
Desejos, 42
Dever, 55, 62
Dia do Senhor, 6
Discipulado, 13, 84, 111
Divórcio, 66
Dízimo, 10, 34, 101
Ensino, 37
Escrituras, 30
Esperança, 53
Espírito Santo, 30, 40, 58,
70, 87, 111
Exemplo, 10, 121, 125
Expiação, 15, 40, 53, 106,
108, 114
Família, 10, 18, 37, 90, 94
Fé, 18, 34, 42, 53, 70, 78,
87, 101, 106, 125
Honestidade, 121
Humildade, 10, 15
Jesus Cristo, 6, 13, 15, 30,
78, 103, 108, 114
Liderança, 55, 62
Luz, 87
Maternidade, 18
Mulheres, 18
Novo Testamento, 6
Obediência, 10, 34, 40, 87,
97, 101, 103, 125
Obra missionária, 4, 46, 49
Oração, 125
Paciência, 15, 78
Padrões, 111
Páscoa, 114
Paternidade/Maternidade,
37, 94, 103
Pioneiros, 53
Preparação, 49
Prioridades, 42
Profetas, 111
Programa de Bem-Estar, 22,
81, 84
Revelação, 30, 87
Sacerdócio, 30, 49, 58,
62, 66
Sacerdócio Aarônico, 55
Sacramento, 6
Sacrifício, 90
Santos, 106
Segunda Vinda, 49
Serviço, 22, 46, 55, 58, 70,
81, 84, 118
Sociedade de Socorro, 84
Templos, 4, 90, 115
Testemunho, 40, 66, 125
Trabalho, 84
Verdade, 40, 121
Virtude, 115, 121
M a i o d e 2 0 11
3
S E S S Ã O D A M A N H Ã D E S Á B A D O | 2 de ab r il d e 2 0 1 1
Presidente Thomas S. Monson
Estamos Novamente
em Conferência
Obrigado por sua fé e devoção ao evangelho, pelo amor e
carinho que demonstram uns para com os outros e pelo
serviço que prestam.
Q
uando este edifício foi planejado, pensamos que nunca
ficaria cheio. Mas olhem para
ele agora.
Meus amados irmãos e irmãs, como
é bom estarmos juntos mais uma
vez ao iniciarmos a 181ª Conferência
Geral Anual de A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias.
Os últimos seis meses parecem ter
passado rapidamente, por eu ter-me
ocupado com muitas responsabilidades. Uma das grandes bênçãos desse
período foi a rededicação do belo
Templo de Laie Havaí, que passou por
grandes reformas durante quase dois
anos. Fui acompanhado pelo Presidente Henry B. Eyring e sua esposa,
pelo Élder Quentin L. Cook e sua
esposa, e pelo Élder William R. Walker
e sua esposa. Na noite anterior à
rededicação, que ocorreu em novembro, vimos 2.000 jovens do distrito do
templo encherem o Centro de Atividades Cannon, no campus da BYU–
Havaí, e se apresentarem para nós.
Sua apresentação, intitulada “Local de
Coligação”, contou de forma criativa e
magistral os momentos significativos
da história local da Igreja e da história
4
A Liahona
do templo. Que noite maravilhosa foi
aquela!
O dia seguinte foi um banquete
espiritual, no qual o templo foi rededicado em três sessões. Sentimos o
Espírito do Senhor com abundância.
Continuamos a construir templos.
Tenho o privilégio esta manhã de
anunciar três novos templos para os
quais os terrenos estão sendo adquiridos e que, nos próximos meses e
anos, serão construídos nos seguintes
locais: Fort Collins, Colorado; Meridian, Idaho; e Winnipeg, Manitoba,
Canadá. Eles certamente serão uma
bênção para os nossos membros dessas áreas.
A cada ano, milhões de ordenanças
são realizadas nos templos. Que continuemos a ser fiéis no cumprimento
dessas ordenanças, não só para nós
mesmos, mas também para nossos
entes queridos falecidos, que não
podem fazê-las por si mesmos.
A Igreja continua a prover auxílio
humanitário em situações de catástrofe. Mais recentemente, direcionamos nosso coração e nossa ajuda ao
Japão, após o devastador terremoto
e tsunami e os problemas nucleares
resultantes. Distribuímos mais de 70
toneladas de suprimentos, inclusive
comida, água, cobertores, colchões,
produtos de higiene, roupas e combustível. Nossos jovens adultos solteiros ofereceram voluntariamente de
Maio de 2011
5
seu tempo para localizar membros
desaparecidos usando a Internet,
a mídia social e outros modernos
meios de comunicação. Os membros
estão levando ajuda, por meio de
motonetas fornecidas pela Igreja,
a áreas de difícil acesso por carro.
Estão sendo organizados projetos de
serviço para montar kits de higiene
e kits de limpeza em várias estacas
e alas de Tóquio, Nagoya e Osaka.
Até o momento, mais de 40.000
horas de serviço foram doadas por
mais de 4.000 voluntários. Nossa
ajuda será contínua no Japão e em
quaisquer outras áreas onde houver
necessidade.
Meus irmãos e irmãs, agradeço sua
fé e devoção ao evangelho, o amor e
o carinho que demonstram uns pelos
outros e pelo serviço que vocês prestam em suas alas e seus ramos, estacas
e distritos. Obrigado também por sua
fidelidade no pagamento de seus dízimos e ofertas e por sua generosidade
em contribuir para outros fundos da
Igreja.
No final do ano de 2010 havia
52.225 missionários servindo em
340 missões espalhadas por todo o
mundo. O trabalho missionário é
a seiva vital para o crescimento do
reino. Gostaria de sugerir que, se
tiverem condições, pensem na possibilidade de fazer uma contribuição
para o Fundo Missionário Geral da
Igreja.
Agora, irmãos e irmãs, estamos
ansiosos para ouvir as mensagens
que nos serão transmitidas hoje e
amanhã. Os oradores buscaram a
ajuda e a orientação dos céus ao
prepararem suas mensagens. Que
estejamos cheios do Espírito do
Senhor e que sejamos elevados e
inspirados ao ouvir e aprender. É a
minha oração. Em nome de Jesus
Cristo. Amém. ◼
6
A Liahona
Élder L. Tom Perry
Do Quórum dos Doze Apóstolos
O Dia do Senhor
e o Sacramento
Que sua família esteja cheia de amor ao honrarem todo o
Dia do Senhor e vivenciarem suas bênçãos espirituais durante
a semana.
M
eus irmãos e irmãs do mundo
inteiro, viemos esta manhã
ouvir a voz do profeta. Testifico que essa voz que acabamos de
ouvir é a voz do profeta vivo de Deus
na Terra hoje, o Presidente Thomas S.
Monson. Quão abençoados somos por
termos seus ensinamentos e exemplo!
Neste ano, todos nós temos a
oportunidade de estudar as palavras
dos profetas do Novo Testamento na
Escola Dominical. Embora o Velho
Testamento seja um estudo de profetas e de um povo, o Novo Testamento
concentra-se na vida e influência do
único Homem que veio à mortalidade
com cidadania dupla, no céu e na
Terra: nosso Salvador e Redentor
Jesus Cristo.
O mundo atual está tão saturado
de doutrinas dos homens que é fácil
esquecer e perder a fé nesse relato
extremamente importante da vida e
do ministério do Salvador: o Novo
Testamento. Esse livro sagrado é o
ponto central da história das escrituras, assim como o próprio Salvador
deve ser o ponto central de nossa
vida. Precisamos comprometer-nos a
estudá-lo e a amá-lo!
Há pérolas inestimáveis de sabedoria a ser encontradas em nosso estudo
do Novo Testamento. Sempre gostei
muito de ler os relatos de Paulo, de
quando ele viajava e organizava a
Igreja do Salvador, especialmente
seus ensinamentos a Timóteo. No
quarto capítulo dos escritos de Paulo a
Timóteo, lemos: “Manda estas coisas e
ensina-as. (…) Sê o exemplo dos fiéis,
na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza”.1 Não consigo
imaginar um modo melhor de começarmos ou continuarmos a ser um
exemplo dos fiéis do que em nosso
cumprimento do Dia do Senhor.
Começando pela Criação do
mundo, um dia foi separado dos
demais. “E abençoou Deus o dia
sétimo, e o santificou.” 2 Até Deus
descansou de Seu trabalho nesse dia,
e Ele espera que Seus filhos façam o
mesmo. Para os filhos de Israel Ele
deu o mandamento:
“Lembra-te do dia do sábado, para
o santificar.
Seis dias trabalharás, e farás toda a
tua obra.
Mas o sétimo dia é o sábado do
Senhor teu Deus. (…)
Portanto abençoou o Senhor o dia
do sábado, e o santificou”.3
O padrão do cumprimento do Dia
do Senhor sempre inclui a adoração.
Depois que Adão e Eva entraram na
mortalidade, foi-lhes ordenado que
“adorassem ao Senhor seu Deus e
oferecessem as primícias de seus
rebanhos como oferta ao Senhor (…)
à semelhança do sacrifício do Unigênito do Pai”. 4 O sacrifício de animais
fez com que a posteridade de Adão se
lembrasse de que um dia o Cordeiro
de Deus, Jesus Cristo, faria o sacrifício
de Sua própria vida por nós.
Durante toda a Sua vida, o Salvador
falou desse sacrifício.5 Na véspera de
Sua crucificação, Suas palavras começaram a ser cumpridas. Ele reuniu
Seus discípulos no cenáculo, longe
das distrações do mundo. Ele instituiu
o Sacramento da Ceia do Senhor.
“E, quando comiam, Jesus tomou
o pão, e abençoando-o, o partiu, e
o deu aos discípulos, e disse: Tomai,
comei, isto é o meu corpo.
E, tomando o cálice, e dando
graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele
todos;
porque isto é o meu sangue, o
sangue do novo testamento, que é
derramado por muitos, para remissão
dos pecados.” 6
A partir daquela ocasião, a Expiação do Salvador tornou-se o grande e
último sacrifício. Quando Ele apareceu
no continente americano após Sua
Ressurreição, Ele conferiu Seu sacerdócio a Seus discípulos e introduziu o
sacramento, dizendo:
“E sempre procurareis fazer isto tal
como eu fiz, da mesma forma que eu
parti o pão, abençoei-o e dei-o a vós.
(…) E será um testemunho ao Pai
de que vos lembrais sempre de mim.
E se lembrardes sempre de mim, tereis
meu Espírito convosco.” 7
É extraordinário lembrar que
mesmo nos tenebrosos períodos da
apostasia, esse padrão de adoração
no Dia do Senhor e do sacramento
continuou a ser praticado de muitas
formas.
Quando o evangelho foi restaurado, Pedro, Tiago e João, três dos
apóstolos, que originalmente receberam o sacramento do Salvador
apareceram a Joseph Smith e Oliver
Cowdery. Sob sua direção, foi restaurada a autoridade do sacerdócio
necessária para ministrar o sacramento
aos membros da Igreja.8
Conferida pelo Salvador a Seus profetas e apóstolos, e deles a nós, essa
autoridade do sacerdócio continua na
Terra hoje em dia. No mundo inteiro,
jovens portadores do sacerdócio
se qualificam para exercer o poder
do sacerdócio, cumprindo sinceramente os mandamentos e vivendo
os padrões do evangelho. Mantendo
as mãos espiritualmente limpas e o
Maio de 2011
7
coração puro, esses rapazes preparam,
abençoam e distribuem o sacramento
à maneira do Salvador: uma maneira
definida pelo que Ele fez há mais de
dois mil anos.
O sacramento é o ponto central de
nosso cumprimento do Dia do Senhor.
Em Doutrina e Convênios, o Senhor
ordenou a todos nós:
“E para que mais plenamente te
conserves limpo das manchas do
mundo, irás à casa de oração e oferecerás teus sacramentos no meu dia
santificado;
porque em verdade este é um dia
designado para descansares de teus
labores e prestares tua devoção ao
Altíssimo; (…)
e nesse dia não farás qualquer
outra coisa”.9
Ao ponderarmos o padrão do Dia
do Senhor e do sacramento em nossa
própria vida, parece haver três coisas
que o Senhor exige de nós: primeiro,
manter-nos livres das manchas do
mundo; segundo, ir à casa de oração
8
A Liahona
e oferecer nossos sacramentos; e terceiro, descansar de nossos labores.
É glorioso ser cristão e viver como
verdadeiro discípulo de Cristo. A
nosso respeito Ele disse: “Não são
do mundo, como eu do mundo não
sou”.10 Para manter-nos livres das
manchas do mundo, Ele espera que
evitemos as distrações mundanas dos
negócios e dos locais de recreação, no
Dia do Senhor.
Creio que Ele também deseja que
nos vistamos adequadamente. Nossos jovens podem achar que a velha
expressão “roupa de domingo” seja
antiquada. Ainda assim, sabemos
que, quando a roupa de domingo
decai e vestimos roupas do dia a dia,
as atitudes e ações fazem o mesmo.
Evidentemente não é necessário que
nossos filhos vistam roupas formais de
domingo até o pôr do sol. Contudo,
por meio das roupas que os incentivamos a vestir e as atividades que
planejamos, estamos ajudando-os a
preparar-se para o sacramento e para
desfrutar suas bênçãos o dia inteiro.
O que significa oferecer nossos
sacramentos ao Senhor? Reconhecemos que todos cometemos erros.
Todos precisamos confessar e abandonar nossos pecados e erros. Confessá-los a nosso Pai Celestial e a outros
que tenhamos ofendido. O Dia do
Senhor nos proporciona uma preciosa
oportunidade de oferecer essas coisas
— nossos sacramentos — ao Senhor.
Ele disse: “Lembra-te, porém, de que
no dia do Senhor oferecerás tuas
oblações e teus sacramentos ao
Altíssimo, confessando teus pecados
a teus irmãos e perante o Senhor”.11
O Élder Melvin J. Ballard sugeriu: “Queremos que todo santo dos
últimos dias vá à mesa do sacramento
porque esse é o lugar para uma autoavaliação, para um autoexame, onde
podemos aprender a corrigir nosso
curso e endireitar nossa própria vida,
harmonizando-nos com os ensinamentos da Igreja e com nossos irmãos
e irmãs”.12
Quando tomamos dignamente
o sacramento, testemunhamos que
estamos dispostos a tomar o nome do
Salvador sobre nós e a guardar Seus
mandamentos e a sempre recordarnos Dele, para termos Seu Espírito
conosco. Desse modo, o convênio de
nosso batismo é renovado. O Senhor
assegurou a Seus discípulos: “Todas
as vezes que o fizerdes, lembrarvos-eis desta hora em que eu estava
convosco”.13
Às vezes achamos que descansar
de nossos labores seja simplesmente
deixar o fardo de feno largado no
meio do campo e colocar um aviso de
“fechado” na porta de nosso negócio. Mas no mundo atual, os labores
incluem as tarefas do dia a dia de
nossa vida. Isso pode significar atividades comerciais que podem ser levadas a efeito em casa, as competições
esportivas e outras atividades que
nos afastam da adoração do Dia do
Senhor e da oportunidade de ministrar
às pessoas.
“Não trates com leviandade as
coisas sagradas,” 14 revelou o Senhor
aos santos dos últimos dias, como se
estivesse nos lembrando do que disse
aos discípulos: “O sábado foi feito por
causa do homem, e não o homem por
causa do sábado”.15
Irmãos e irmãs, nestes últimos dias,
o adversário tem sucesso quando
relaxamos nosso compromisso com o
Salvador, ignoramos Seus ensinamentos contidos no Novo Testamento e
em outras escrituras, e deixamos de
segui-Lo. Pais, agora é o momento de
ensinar a nossos filhos a ser o exemplo dos fiéis frequentando a reunião
sacramental. Quando chegar a manhã
de domingo, ajudem-nos a estar bem
descansados, devidamente vestidos
e espiritualmente preparados para
partilhar dos emblemas do sacramento
e receber a instrução, a edificação e o
poder enobrecedor do Espírito Santo.
Que sua família esteja cheia de amor
ao honrarem todo o Dia do Senhor e
vivenciarem suas bênçãos espirituais
durante a semana. Convidem seus
filhos e suas filhas a “[erguer-se] e [brilhar]”, por meio da santificação do Dia
do Senhor, para que “[sua] luz seja um
estandarte para as nações”.16
À medida que os anos passam,
continuo a refletir sobre como era o
Dia do Senhor em minha juventude.
Ainda me lembro do primeiro dia
em que ministrei o sacramento como
diácono, e os pequenos copinhos de
vidro que eu levava para os membros
de nossa ala. Há poucos anos, um
prédio da Igreja da cidade em que
nasci foi reformado, e um compartimento do púlpito estava trancado. Ao
ser aberto, foram encontrados alguns
daqueles copinhos de vidro que
ficaram ali ocultos por anos. Um deles
foi-me dado como lembrança.
Também me lembro de um baú
verde que levávamos conosco ao
servir nos fuzileiros navais dos EUA.
Dentro do baú havia uma bandeja de
madeira e pacotes de copinhos de
sacramento, para que pudéssemos ser
abençoados pela paz e esperança da
Ceia do Senhor, mesmo durante as
batalhas e o desespero da guerra.
Ao pensar naqueles copinhos de
sacramento da minha juventude, um
deles no vale protegido da cidade
em que cresci, e outro milhares de
quilômetros dali, no Pacífico, sinto-me
cheio de gratidão pelo Salvador do
mundo ter tomado da “taça amarga” 17
por mim. E por Ele ter feito isso, posso
dizer, com o salmista, que “meu cálice
transborda” 18 com as bênçãos de Sua
infinita e eterna Expiação.
Nesta véspera do Dia do Senhor, ao
darmos início a esta grande conferência, lembremo-nos das bênçãos
e oportunidades que temos quando
frequentamos a reunião sacramental todas as semanas em nossas alas
e nossos ramos. Preparemo-nos e
comportemo-nos no Dia do Senhor de
modo que possamos pedir que essas
bênçãos prometidas sejam derramadas
sobre nós e sobre nossa família. Presto
meu especial testemunho de que a
maior alegria que recebemos nesta
vida é seguir o Salvador. Que guardemos Seus mandamentos santificando
Seu dia santo. É minha oração, em
nome de Jesus Cristo. Amém. ◼
NOTAS
1. I Timóteo 4:11–12.
2. Gênesis 2:3.
3. Êxodo 20:8–11.
4. Moisés 5:5, 7.
5. Ver, por exemplo, Marcos 10:32–34; João
2:19; 10:17; 12:32.
6. Mateus 26:26–28.
7. 3 Néfi 18:6–7.
8. Ver Joseph Smith—História 1:68–69,
72; ver também Doutrina e Convênios
27:12–13.
9. Doutrina e Convênios 59:9–10, 13.
10. João 17:16.
11. Doutrina e Convênios 59:12.
12. Em Bryant S. Hinckley, Sermons and
Missionary Services of Melvin Joseph
Ballard, 1949, p. 150.
13. Tradução de Joseph Smith, Marcos 14:21.
14. Doutrina e Convênios 6:12.
15. Marcos 2:27.
16. Doutrina e Convênios 115:5.
17. 3 Néfi 11:11.
18. Salmos 23:5.
Kiev, Ucrânia
Maio de 2011
9
Jean A. Stevens
Primeira Conselheira na Presidência Geral da Primária
Tornar-se Como
uma Criancinha
Se tivermos um coração que quer aprender e o desejo de
seguir o exemplo das crianças, os divinos atributos delas
podem ser a chave para destravar o nosso próprio
crescimento espiritual.
N
osso Pai Celestial, em Sua
grande sabedoria e amor, envia
Seus filhos espirituais a esta
Terra como crianças. Eles chegam às
famílias como dádivas preciosas e sua
natureza e seu destino são divinos. O
Pai Celestial sabe que as crianças são
uma chave para ajudar-nos a ser como
Ele. Há muito que podemos aprender
com as crianças.
Essa importante verdade ficou
evidente há alguns anos, quando um
Setenta fez uma visita oficial a Hong
Kong. Ele foi a uma ala bem humilde
que enfrentava muitas dificuldades
e não conseguia atender às próprias
necessidades. Quando o bispo contou-lhe a situação, essa autoridade
geral sentiu-se inspirada a pedir que
os membros pagassem o dízimo. O
bispo, conhecendo a situação difícil
dos membros, ficou preocupado, sem
saber como conseguiriam obedecer àquele conselho. Ele pensou no
assunto e decidiu falar com alguns
dos membros de mais fé e pedir-lhes
que pagassem o dízimo. No domingo
seguinte, foi à Primária e ensinou às
10
A Liahona
crianças a lei do dízimo do Senhor e
perguntou se elas estariam dispostas a
pagar o dízimo de todo dinheiro que
recebessem. As crianças disseram que
pagariam, e pagaram.
Algum tempo depois, o bispo foi
falar com os adultos da ala e contou-lhes que nos últimos seis meses,
as crianças, cheias de fé, vinham
pagando o dízimo. Ele perguntou-lhes
se estariam dispostos a seguir o exemplo das crianças e fazer o mesmo. As
pessoas ficaram tão tocadas com o
sacrifício que as crianças fizeram que
se dispuseram a fazer o que fosse preciso para pagar o dízimo. Com isso,
as janelas do céu se abriram. Com o
exemplo dessas crianças fiéis, a ala
passou a ser mais obediente e o testemunho dos membros aumentou.
Foi o próprio Jesus Cristo quem
nos ensinou a ter as crianças como
exemplo. No Novo Testamento, lemos
o que Ele respondeu aos apóstolos,
quando estes discutiam quem seria
o maior no reino dos céus. Jesus
respondeu a essa pergunta com uma
demonstração prática e simples, mas
de grande impacto. Chamou uma
criança para junto de Si, colocou o
menino no meio deles e disse:
“(…) Se não vos converterdes e
não vos fizerdes como meninos, de
modo algum entrareis no reino dos
céus.
Portanto, aquele que se tornar
humilde como este menino, esse é
o maior no reino dos céus” (Mateus
18:3–4).
O que teríamos a aprender com as
crianças? Que qualidades elas têm, e
que exemplos dão, capazes de ajudarnos em nosso próprio desenvolvimento espiritual?
Esses preciosos filhos de Deus
chegam a nós com um coração pronto
a acreditar. São cheios de fé e receptivos à influência do Espírito. São um
exemplo de humildade, obediência e
amor. Eles são em geral os primeiros a
amar e os primeiros a perdoar.
Vou contar-lhes algumas experiências que mostram como as crianças
podem abençoar nossa vida com seu
exemplo inocente, mas vigoroso, de
qualidades cristãs.
Todd, um menininho de apenas
dois anos, recentemente foi com a
mãe a um museu de arte em que
havia uma exposição especial de belas
pinturas representando o Salvador.
Enquanto andavam por entre essas
imagens sagradas, ela ouviu o menininho dizer com reverência o nome
“Jesus”. Ela olhou para baixo e o viu
cruzar os braços e baixar a cabeça
diante dos quadros. Será que o Todd
poderia ensinar-nos alguma coisa
quanto a ter humildade, reverência e
amor ao Senhor?
No outono passado, vi o exemplo
de um menino de dez anos, na Armênia. Enquanto esperávamos o início da
reunião sacramental, ele viu a senhora
mais velha da ala chegar. Foi o primeiro que rapidamente colocou-se ao
lado dela e ofereceu-lhe o braço para
ajudá-la a caminhar. Acompanhou-a
até o primeiro banco da capela, onde
ela poderia ouvir melhor. Será que,
com esse pequeno ato de bondade,
poderíamos aprender que, no reino
do Senhor, os grandes são aqueles
que procuram oportunidades de servir
ao próximo?
Aprendemos com Katie, uma
menina da Primária, que influenciou
a própria família. Ela frequentava a
Primária e tinha muito interesse pelos
ensinamentos do evangelho. Com fé
e testemunho crescentes, ela deixou
um bilhete no travesseiro dos pais
dizendo que as verdades do evangelho “moravam em seu coração”. Ela
disse que queria muito estar perto do
Pai Celestial, obedecer aos mandamentos e ver a família ser selada no
templo. O testemunho simples dessa
doce menina tocou profundamente
o coração dos pais. Katie e a família
receberam as ordenanças sagradas do
templo, que agora os unem para sempre. A candura de Katie e seu exemplo de fé ajudou a família a receber
bênçãos eternas. Será que o testemunho sincero e o desejo dessa menina
de seguir o plano do Senhor poderiam
levar-nos a perceber com mais clareza
o que é mais importante?
Nossa família vem aprendendo
muitas coisas com um parente próximo de seis anos chamado Liam.
Desde o ano passado ele tem travado uma batalha contra um câncer
cerebral bastante agressivo. Depois
de duas cirurgias difíceis, concluiu-se
que ele também precisaria de radioterapia. Era preciso que, durante as
diversas sessões desse tratamento, ele
ficasse completamente só e permanecesse imóvel. Liam não queria que lhe
dessem sedativos, porque não gostava
da sensação que sentia. Ele tinha
certeza de que se ao menos pudesse
ouvir a voz do pai pelo autofalante,
conseguiria ficar deitado, parado, sem
o sedativo.
Nesses momentos de ansiedade, o
pai falava com ele e dizia palavras de
encorajamento e amor: “Liam, você
não me vê, mas eu estou bem aqui.
Sei que você consegue! Eu te amo”.
Liam terminou com sucesso as 33
sessões de radioterapia, nas quais não
podia mover um músculo. Os médicos achavam que isso seria um feito
impossível para uma criança dessa
idade, sem sedativos. Durante meses
de dores e dificuldades, o otimismo
contagiante de Liam foi um exemplo de como encarar a adversidade
com esperança e até felicidade. Seus
médicos, suas enfermeiras e inúmeras
outras pessoas foram inspirados por
sua coragem.
Liam nos ensina importantes lições
— lições sobre escolhas e confiança
no Senhor. Assim como ele, não
vemos nosso Pai Celestial, mas podemos ouvir Sua voz dando-nos a força
de que precisamos para suportar os
desafios da vida.
Maio de 2011
11
Família, dom de Deus,
Pra sermos tão bons quanto Ele nos
quer;
E assim, mostra o Seu amor,
Pois família é do Senhor.
(“A Família É do Senhor,” A ­Liahona,
outubro de 2008, pp. A12–A13.)
Poderia o exemplo de Liam nos
ajudar a melhor compreender o que
o rei Benjamim disse sobre tornar-nos
como criancinhas, submissos, mansos,
humildes, pacientes e cheios de amor?
(Ver Mosias 3:19.)
Essas crianças nos oferecem
exemplos de algumas das qualidades
infantis que precisamos desenvolver
ou redescobrir em nós mesmos para
entrar no reino dos céus. Elas são
espíritos fulgurantes, não contaminados pelo mundo — prontos a aprender e cheios de fé. Não é de admirar
que o Salvador tenha especial amor e
apreço pelas crianças.
Entre os acontecimentos transcendentes do ministério do Salvador na
América, o carinho com que ministrou
às crianças se destaca. Foi comovente a
forma como deu atenção a cada uma.
“E pegou as criancinhas, uma a
uma, e abençoou-as e orou por elas
ao Pai.
E depois de haver feito isso,
chorou (…);
E dirigindo-se à multidão,
12
A Liahona
disse-lhes: Olhai para vossas criancinhas” (3 Néfi 17:21–23).
O Élder M. Russell Ballard
ensinou o quanto é importante a
admoestação “olhai para vossas
criancinhas”, feita pelo Senhor,
quando disse: “É interessante
notar que Ele não disse ‘deem
uma espiada nelas’, ‘observem-nas
superficialmente’ ou ‘olhem de vez
em quando na direção delas’. Ele
pediu-nos que as contemplássemos.
No meu entender, isso significa que
devemos abraçá-las com os olhos
e com o coração; devemos ver e
compreender quem realmente são:
filhos espirituais do Pai Celestial,
com características divinas” (“Olhai
para Vossas Criancinhas”, A ­Liahona,
outubro de 1994, p. 35; [tradução
atualizada]; grifo do autor).
Não há melhor lugar para “[olhar]
para [nossas] criancinhas” do que na
família. O lar é o lugar onde todos
podem aprender e crescer juntos.
Uma bela música da Primária ensina
esta verdade:
É aqui com nossa família, em
uma atmosfera de amor, que vemos
e desfrutamos de forma mais pessoal dos atributos divinos dos filhos
espirituais de Deus. É aqui em meio a
nossa família, que nosso coração pode
abrandar-se e nós, humildemente,
desejamos mudar e tornar-nos mais
semelhantes às crianças. É por meio
desse processo que nos tornamos
mais semelhantes a Cristo.
Será que algumas das experiências
da vida lhe roubaram o coração
que crê e a fé de uma criança, que
você já teve? Se isso aconteceu,
olhe as crianças ao seu redor. Olheas de novo. Podem ser crianças
de sua família ou dos vizinhos, ou
mesmo da Primária de sua ala. Se
tivermos um coração que quer aprender e o desejo de seguir o exemplo
das crianças, os divinos atributos
delas podem ser a chave para destravar o nosso próprio crescimento
espiritual.
Sempre serei grata pela bênção que
são meus próprios filhos. O exemplo
de cada um tem me ensinado lições
de que necessito. Eles têm me ajudado
a mudar para melhor.
Presto meu humilde, mas firme
testemunho de que Jesus é o Cristo.
Ele é o único Filho perfeito —
submisso, manso, humilde, paciente
e tão cheio de amor. Que tenhamos
a coragem de seguir Seu exemplo,
de tornar-nos como criancinhas para,
assim, voltar ao lar celestial. Essa é
minha oração, em nome de Jesus
Cristo. Amém. ◼
Élder Walter F. González
Da Presidência dos Setenta
Seguidores de Cristo
Os que seguem a Cristo moldam a vida no Salvador
a fim de andar na luz.
E
m outubro passado, minha esposa
e eu acompanhamos o Élder
Neil L. Andersen e sua esposa
para a abertura de terra do novo templo em Córdoba, Argentina. Como de
costume, após a cerimônia houve uma
entrevista coletiva. Uma jornalista que
não era membro da Igreja comentou
que notara que os maridos tratavam
muito bem as esposas. Depois, inesperadamente fez-me uma pergunta: “Isso
é verdade ou ficção?” Tenho certeza
de que ela viu e sentiu algo diferente
entre nossos membros. Talvez ela
tenha percebido o desejo de nossos membros de seguir a Cristo. Os
membros de todo o mundo sentem tal
desejo. Ao mesmo tempo, milhões de
pessoas que não são da Igreja também
têm o desejo de segui-Lo.
Recentemente, minha esposa e eu
ficamos muito impressionados com o
povo de Gana e da Nigéria. A maior
parte dele não é membro de nossa
Igreja. Ficamos contentes diante do
desejo de seguir a Cristo expressado
por muitos em nossas conversas —
nas casas, nos carros, nos muros e
cartazes. Nunca vimos tantas igrejas
cristãs próximas umas das outras.
Nós, membros da Igreja, temos o
dever de convidar milhões de pessoas
assim, a virem e verem o que nossa
Igreja pode acrescentar às boas coisas
que elas já têm. Qualquer pessoa, de
qualquer continente, clima ou cultura
pode saber por si mesmo que o Profeta Joseph Smith viu o Pai e o Filho.
Qualquer um pode saber que o sacerdócio foi restaurado por mensageiros
celestiais e que o Livro de Mórmon é
outro testamento de Jesus Cristo. Nas
palavras do Senhor a Enoque: “Justiça
[foi enviada] dos céus; e verdade [brotou] da terra para prestar testemunho
do (…) Unigênito [do Pai]”. 1
O Salvador prometeu: “Quem me
segue não andará em trevas, mas
terá a luz da vida”. 2 Os que seguem
a Cristo moldam a vida no Salvador a
fim de andar na luz. Duas características ajudam-nos a ver até que ponto
nós O seguimos: Primeira, os seguidores de Cristo são um povo dedicado.
Segunda, os seguidores de Cristo
fazem convênios e os guardam.
A primeira característica, que é ter
amor, foi provavelmente uma coisa
que a jornalista de Córdoba percebeu
nos membros da Igreja. Seguimos a
Cristo porque O amamos. Quando
seguimos o Redentor por amor, seguimos o exemplo que Ele mesmo nos
deu. Por amor, o Salvador obedecia à
vontade do Pai em quaisquer circunstâncias. O Salvador foi obediente
mesmo quando, para isso, teve que
enfrentar grande sofrimento físico e
emocional; mesmo quando, por isso,
foi açoitado e desprezado; mesmo
quando, por isso, foi torturado por
Seus inimigos e abandonado pelos
amigos. O sacrifício expiatório, que
foi um elemento ímpar da missão do
Salvador, foi a maior manifestação de
amor de todos os tempos. “O castigo
que nos traz a paz estava sobre ele, e
pelas suas pisaduras fomos sarados.” 3
Da mesma forma que Cristo seguiu
o Pai sob qualquer circunstância,
devemos seguir Seu Filho. Se o fizermos, não importa o tipo de perseguição, sofrimento, tristeza ou “espinho
na carne” 4 que enfrentemos. Não
estamos sozinhos. Cristo nos ajudará.
Suas ternas misericórdias nos tornarão
fortes, sob qualquer circunstância. 5
Seguir a Cristo talvez signifique
abandonar muitas coisas queridas,
como o fez Rute, a moabita. Como
recém-conversa, por amor a Deus e a
Noemi, ela deixou tudo para trás para
viver sua religião. 6
Talvez signifique resistir à adversidade e às tentações. Quando jovem,
José foi vendido como escravo. Foi-lhe
tirado tudo o que amava. Depois foi
tentado a deixar de ser casto. Ele resistiu à tentação e disse: “Como pois faria
eu tamanha maldade, e pecaria contra
Deus?” 7 Seu amor por Deus era mais
poderoso do que qualquer adversidade ou tentação.
Hoje em dia temos Rutes e Josés
modernos em todo o mundo. Quando
o irmão Jimmy Olvera, de Guayaquil
no Equador, recebeu seu chamado
missionário, sua família se opôs grandemente. No dia de sua partida, foilhe dito que se saísse de casa, perderia
a família. Com o coração partido, ele
saiu. Durante a missão, a mãe pediulhe que ficasse por mais tempo no
campo, porque eles estavam recebendo muitas bênçãos. Hoje o irmão
Olvera serve como patriarca de estaca.
Maio de 2011
13
O amor verdadeiro a Cristo dános a força de que precisamos para
segui-Lo. O próprio Senhor demonstrou-nos isso ao perguntar três vezes
a Pedro: “Amas-me?” Depois de ter
afirmado em voz alta que O amava, o
Senhor descreveu a Pedro as dificuldades que estavam por vir. Foi então
que veio o chamado: “Segue-me”.
A pergunta que o Salvador fez a
Pedro também pode ser feita a nós:
“Amas-me?” seguida do chamado a
agir: “Segue-me”. 8
O amor é uma poderosa influência
no coração em nosso empenho de
sermos obedientes. O amor ao Salvador inspira-nos a guardar Seus mandamentos. O amor por uma mãe, pai ou
cônjuge também é capaz de inspirar
nossa obediência aos princípios do
evangelho. A forma como tratamos as
outras pessoas, refletem até que ponto
14
A Liahona
seguimos nosso Salvador em nosso
amor ao próximo. 9 Mostramos nosso
amor a Ele quando paramos para
ajudar outras pessoas, quando somos
“perfeitamente honestos e justos em
todas as coisas” 10, e quando fazemos e
guardamos os convênios.
A segunda característica dos seguidores de Cristo é fazer convênios e
guardá-los, como Ele o fez. Morôni
enfatizou que: “[é] por meio do
derramamento do sangue de Cristo,
que está no convênio do Pai para a
remissão de vossos pecados, que vos
[tornais] santos, sem mácula”. 11
O Profeta Joseph Smith ensinou
que, mesmo antes da organização
desta Terra, fizemos convênios no
céu. 12 Os antigos profetas e patriarcas
fizeram convênios.
O próprio Salvador deu o exemplo.
Ele foi batizado para cumprir toda
a justiça por quem possuía a devida
autoridade. Por meio do Seu batismo,
o Salvador testificou ao Pai que seria
obediente e cumpriria todos os Seus
mandamentos. 13 Da mesma maneira
que na Antiguidade, nós também
seguimos a Cristo e fazemos convênios por meio das ordenanças do
sacerdócio.
Fazer convênios é algo que milhões
de pessoas que não são membros da
Igreja podem acrescentar às coisas
excelentes que já têm. Fazer convênios é uma expressão de amor. É uma
maneira de dizer-Lhe: “Sim, eu Te
seguirei porque Te amo”.
Convênios incluem promessas,
“até mesmo a vida eterna”. 14 Todas as
coisas trabalharão juntas para nosso
bem, se nos lembrarmos de nossos
convênios. 15 Eles precisam ser feitos
e cumpridos para que plenamente
recebamos as promessas neles contidas. Amar o Salvador e lembrar de
nossos convênios, vão ajudar-nos a
cumpri-los. Partilhar do sacramento
a cada semana é uma forma de
lembrar nossos convênios. 16 Outra
forma é ir ao templo com frequência.
Lembro-me de um jovem casal na
América do Sul que queria divorciar-se porque não conseguia se
entender. Um líder do sacerdócio
aconselhou-os a irem ao templo e
prestarem atenção especifica às palavras e promessas dos convênios ali
feitos. Eles o fizeram e o casamento
foi salvo. O poder de nossos convênios é maior do que qualquer desafio
que enfrentamos ou que venhamos a
enfrentar.
Aos membros que não são ativos
na Igreja, por favor, voltem! Participem da bênção que é recordar-se dos
convênios e renová-los por meio do
sacramento e da frequência ao templo. Fazer isso é uma manifestação de
amor que demonstra sua disposição
de serem verdadeiros seguidores de
Cristo. Isso vai qualificá-los para receber todas as bênçãos prometidas.
A quem não é membro de nossa
Igreja: convido-os a terem fé, arrependerem-se e qualificarem-se a receber
o convênio do batismo na Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias. Fazendo isso, demonstrarão que
amam o Pai Celestial e estão dispostos
a seguir a Cristo.
Testifico-lhes que somos mais
felizes quando seguimos os ensinamentos do evangelho de Jesus Cristo.
À medida que nos empenharmos em
segui-Lo, receberemos as bênçãos do
céu. Sei que as promessas do Senhor
serão cumpridas à medida que fizermos convênios e os guardarmos e tornarmo-nos verdadeiros seguidores de
Cristo. Presto testemunho do grande
amor que Ele tem a cada um de nós,
em nome de Jesus Cristo. Amém. ◼
NOTAS
1. Moisés 7:62.
2. João 8:12.
3. Isaías 53:5.
4. II Coríntios 12:7.
5. Ver 1 Néfi 1:20.
6. Ver Rute 1:16.
7. Ver Gênesis 39:7–9.
8. Ver João 21:15–19.
9. Ver João13:15.
10. Alma 27:27.
11. Morôni 10:33.
12. Ver Ensinamentos dos Presidentes da
Igreja: Joseph Smith, 2007, p. 45; “ver
também Spencer W. Kimball, “Be Ye
Therefore Perfect” (devocional, Salt Lake
Institute of Religion, 10 de janeiro de 1975):
“We made vows, solemn vows, in the
heavens before we came to this mortal life).
… We have made covenants. We made
them before we accepted our position here
on the earth.”
13. Ver 2 Néfi 31:5–7.
14. Ver Abraão 2:11. Ver também John A.
Widtsoe, “Temple Worship” (discurso,
Assembly Hall, Salt Lake City, 12 de
outubro de 1920, p. 10: “The covenant
gives life to truth; and makes possible the
blessings that reward all those who use
knowledge properly”).
15. Ver Doutrina e Convênios 90:24.
16. Ver, por exemplo, 3 Néfi 18:7–11.
Élder Kent F. Richards
Dos Setenta
A Expiação Cobre
Toda Dor
Nosso grande desafio pessoal na mortalidade é tornar-nos
“santos pela expiação de Cristo”.
S
endo cirurgião, percebi que
passo uma parte significativa de
meu tempo no trabalho lidando
com a questão da dor. Por ser necessário, eu a inflijo quase diariamente
nas cirurgias — e grande parte de
meus esforços são dedicados depois
ao controle e alívio da dor.
Tenho ponderado sobre o propósito da dor. Nenhum de nós é imune à
dor. Vi pessoas que lidam com ela de
maneiras variadas. Algumas se afastam
de Deus, com raiva, e outras permitem
que seu sofrimento as aproxime de
Deus.
Tal como vocês, eu mesmo já senti
dor. A dor é um medidor do processo
de cura. Em geral, ela nos ensina
paciência. Talvez seja por isso que
usamos o termo paciente ao referirnos ao doente.
O Élder Orson F. Whitney escreveu: “Nenhuma dor que sofremos,
nenhuma provação por que passamos, é em vão. Ela ministra a nossa
educação para o desenvolvimento de
qualidades como paciência, fé, força
e humildade. (…) É por meio das
tristezas e do sofrimento, da labuta e
da tribulação que obtemos a educação
que viemos adquirir neste mundo”. 1
Na mesma linha, o Élder Robert D.
Hales disse:
“A dor leva-nos à humildade que
nos permite ponderar. Sou grato por
ter passado por essa experiência. (…)
Aprendi que a dor física e a cura
do corpo após uma cirurgia delicada
são extraordinariamente similares à
dor espiritual e à cura da alma no
processo de arrependimento”. 2
Grande parte de nosso sofrimento
não é obrigatoriamente culpa nossa.
Acontecimentos inesperados, situações contraditórias ou frustrantes,
doenças incapacitantes ou até a morte
são coisas que nos cercam e permeiam nossa vida mortal. Além disso,
podemos sofrer aflições por causa dos
atos de outras pessoas. 3 Leí declarou
que Jacó tinha “[sofrido] aflições e
muito pesar por causa da rudeza de
[seus] irmãos”. 4 A oposição faz parte
do plano de felicidade dado pelo Pai
Celestial. Todos nós recebemos o suficiente para termos ciência do amor de
nosso Pai e da necessidade que temos
do auxílio do Salvador.
O Salvador não é um observador
silencioso. Ele próprio conhece de
modo pessoal e infinito a dor que
enfrentamos.
Maio de 2011
15
“Ele sofre as dores dos homens,
sim, as dores de toda criatura vivente,
tanto homens como mulheres e
crianças.” 5
“Cheguemos, pois, com confiança
ao trono da graça, para que possamos
alcançar misericórdia e achar graça,
a fim de sermos ajudados em tempo
oportuno.” 6
Às vezes, ao sofrer dores profundas, somos tentados a perguntar: “Porventura não há bálsamo em Gileade?
Ou não há lá médico?” 7 Testifico que
a resposta é sim, há um médico. A
Expiação de Jesus Cristo cobre todas
essas situações e os propósitos da
mortalidade.
Há outro tipo de dor pela qual
somos responsáveis. Essa dor espiritual
nos penetra profundamente a alma e
pode parecer inextinguível, como se
fôssemos atormentados com “inexprimível horror”, conforme descreveu
Alma. 8 Ela decorre de nossos atos
pecaminosos e da falta de arrependimento. Para essa dor, também há uma
cura universal e absoluta. Ela vem do
Pai, por intermédio do Filho, e é para
todos os que estão dispostos a fazer
tudo o que for necessário para arrepender-se. Cristo disse: “Não volvereis
a mim agora, (…) convertendo-vos,
para que eu vos cure?” 9
O próprio Cristo ensinou:
“E meu Pai enviou-me para que eu
fosse levantado na cruz; e depois que
eu fosse levantado na cruz, pudesse
atrair a mim todos os homens. (…)
E por esta razão fui levantado; portanto, de acordo com o poder do Pai,
atrairei todos os homens a mim”. 10
Talvez Sua obra mais significativa
seja Seu empenho contínuo por nós,
individualmente, para elevar-nos,
abençoar-nos, fortalecer-nos, susternos, guiar-nos e perdoar-nos.
Conforme Néfi contemplou em
visão, grande parte do ministério
16
A Liahona
mortal de Cristo foi dedicado à bênção e cura de doentes com todo tipo
de enfermidades — físicas, emocionais e espirituais. “E vi multidões de
pessoas doentes e afligidas com toda
espécie de moléstias. (…) E foram
curadas pelo poder do Cordeiro de
Deus”. 11
Alma também profetizou que “ele
seguirá, sofrendo dores e aflições e
tentações de toda espécie; e (…) ele
tomará sobre si as dores e as enfermidades de seu povo. (…)
Para que se lhe encham de misericórdia as entranhas, (…) para que
saiba, segundo a carne, como socorrer seu povo, de acordo com suas
enfermidades”. 12
Tarde da noite, num leito de hospital, dessa vez como paciente e não
como médico, li inúmeras vezes esses
versículos. Ponderei: “Como isso acontece? Para quem? O que é exigido para
nos qualificar? Isso é como o perdão
do pecado? Temos que conquistar
Seu amor e Sua ajuda?” Ao ponderar,
compreendi que durante Sua vida
mortal Cristo decidiu sentir dores e
aflições para que pudesse compreender-nos. Talvez também necessitemos
Guayaquil, Equador
sentir a profundeza da mortalidade
para adquirir entendimento Dele e de
nosso propósito eterno. 13
O Presidente Henry B. Eyring
ensinou: “Somos consolados enquanto
esperamos aflitos pelo alívio prometido do Salvador, de que Ele sabe, por
experiência própria, como curar-nos e
ajudar-nos. (…) A fé que temos nesse
poder nos torna pacientes, à medida
que oramos, trabalhamos e esperamos pela ajuda. O Senhor poderia ter
adquirido conhecimento sobre como
socorrer-nos por simples revelação,
mas decidiu aprender por experiência
própria”. 14
Naquela noite, senti-me envolvido
nos braços de Seu amor. 15 Meu travesseiro ficou molhado com lágrimas de
gratidão. Mais tarde, ao ler em Mateus
sobre o ministério mortal de Cristo,
fiz outra descoberta: “E, chegada a
tarde, trouxeram-lhe muitos (…) e
ele (…) curou todos os que estavam
enfermos”. 16 Ele curou todos os que
O procuraram. Não deu as costas a
ninguém.
Como ensinou o Élder Dallin H.
Oaks: “As bênçãos de cura vêm de
várias formas, cada uma adaptada a
nossas necessidades individuais, que
são conhecidas por Aquele que mais
nos ama. Às vezes a ‘cura’ elimina
nossa doença ou alivia nosso fardo.
Em outras ocasiões, porém, somos
‘curados’ ao recebermos forças, compreensão ou paciência para suportarmos os fardos recebidos”. 17 E todo
aquele que se achegar poderá ser
“envolvido pelos braços de Jesus”. 18
Toda alma pode ser curada por Seu
poder. Toda dor pode ser aliviada.
Nele, podemos encontrar descanso
para nossa alma. 19 Nossa situação mortal talvez não mude de imediato, mas
nossa dor, preocupação, sofrimento
e temor podem ser sobrepujados por
Sua paz e Seu bálsamo de cura.
Percebi que as crianças geralmente
aceitam com mais naturalidade a dor
e o sofrimento. Elas suportam serenamente com humildade e mansidão.
Senti um belo e doce espírito envolvendo aqueles pequeninos.
Sherrie, de treze anos, foi submetida a uma cirurgia de quatorze
horas devido a um tumor na medula
espinhal. Ao recobrar a consciência,
na unidade de terapia intensiva, ela
disse: “Pai, a tia Cheryl está aqui… e…
o vovô Norman… e a vovó Brown…
estão aqui. E pai, quem está de pé
a seu lado?… Ele parece com você,
porém é mais alto. … Ele diz que é
seu irmão Jimmy”. O tio dela, Jimmy,
havia morrido de fibrose cística, aos
treze anos.
“Por quase uma hora, Sherrie
descreveu seus visitantes, todos eles
familiares falecidos. Exausta, ela então
pegou no sono.”
Mais tarde, ela disse ao pai: “Papai,
todas as crianças que estão aqui na
unidade de terapia intensiva têm anjos
ajudando elas”. 20
Para todos nós, o Salvador disse:
“Eis que vós sois criancinhas e não
podeis suportar todas as coisas agora;
é preciso que cresçais em graça e no
conhecimento da verdade.
Não temais, filhinhos, porque sois
meus. (…)
Portanto estou em vosso meio e
sou o bom pastor”. 21
Nosso grande desafio pessoal na
mortalidade é tornar-nos santos “pela
expiação de Cristo”. 22 A dor que cada
um de nós sofre pode ser o modo
de medir esse processo. Quando é
extrema, podemos tornar-nos como
crianças no coração, humilhando-nos
e orando, trabalhando e esperando 23
pacientemente a cura de nosso corpo
e de nossa alma. Tal como Jó, depois
de sermos refinados pelas provações,
“[sairemos] como o ouro”. 24
Presto testemunho de que Ele
é nosso Redentor, nosso Amigo,
nosso Advogado, o Grande Médico,
o Grande Curador. Nele podemos
encontrar paz e consolo para nossas
dores e nossos pecados se apenas
viermos a Ele com o coração humilde.
Sua graça basta. 25 Em nome de Jesus
Cristo. Amém. ◼
NOTAS
1. Orson F. Whitney, Spencer W. Kimball,
Faith Precedes the Miracle (1972), p. 98.
2. Robert D. Hales, “A Cura da Alma e do
Corpo”, A ­Liahona, janeiro de 1999, p. 16.
3. Ver Alma 31:31, 33.
4. 2 Néfi 2:1.
5. 2 Néfi 9:21.
6. Hebreus 4:16. Paulo nos ensinou a olhar
para o Salvador como exemplo ao lidar
com “contradições dos pecadores contra
[nós], para que não [enfraqueçamos],
desfalecendo em [nossos] ânimos”
(Hebreus 12:3).
7. Jeremias 8:22.
8. Alma 36:14.
9. 3 Néfi 9:13.
10. 3 Néfi 27:14–15; grifo do autor.
11. 1 Néfi 11:31.
12. Alma 7:11–12; grifo do autor.
13. Ver John Taylor, Mediation and Atonement,
1882, p. 97. O Presidente Taylor refere-se
a um “convênio” feito entre o Pai e o Filho
nos conselhos pré-mortais para a realização
da redenção expiatória da humanidade.
O sofrimento voluntário de Cristo durante
Sua vida foi acrescido ao sofrimento que
passou no jardim e na cruz (ver Mosias
3:5–8).
14. Henry B. Eyring, “Adversidade”,
A ­Liahona, maio de 2009,
pp. 23–27; grifo do autor.
15. Ver Doutrina e Convênios 6:20.
16. Mateus 8:16; grifo do autor.
17. Dallin H. Oaks, “Ele Cura os Oprimidos”,
A ­Liahona, novembro de 2006, pp. 7–8.
18. Mórmon 5:11.
19. Ver Mateus 11:29.
20. Ver Michael R. Morris, “Sherrie’s Shield of
Faith”, ­Ensign, junho de 1995, p. 46.
21. Doutrina e Convênios 50:40–41, 44.
22. Mosias 3:19.
23. Ver Henry B. Eyring, A ­Liahona, maio de
2009, p. 24.
24. Ver Jó 23:10.
25. II Coríntios 12:9; ver também Éter 12:26–
27; Doutrina e Convênios 18:31.
Maio de 2011
17
Élder Quentin L. Cook
Do Quórum dos Doze Apóstolos
As Mulheres da Igreja
São Incríveis!
Muito do que realizamos na Igreja deve-se ao serviço
abnegado das mulheres.
O
escritor e historiador Wallace
Stegner escreveu sobre a
migração e a coligação mórmon no Vale do Lago Salgado. Ele não
aceitava nossa religião e, em muitos
aspectos, fez críticas; no entanto, ficou
impressionado com a dedicação e o
heroísmo dos primeiros membros da
Igreja, especialmente das mulheres.
Ele declarou: “Suas mulheres eram
incríveis”.1 Faço eco a esse sentimento
hoje. Nossas mulheres da Igreja são
incríveis!
Deus colocou nas mulheres qualidades divinas de força, virtude, amor
e disposição de sacrifício para criar
as futuras gerações de Seus filhos
espirituais.
Um recente estudo americano
afirma que as mulheres de todas as
religiões “acreditam mais fervorosamente em Deus” e participam de mais
serviços religiosos do que os homens.
“Em praticamente todas as formas de
avaliação, elas são mais religiosas.” 2
Não fiquei surpreendido com esse
resultado, particularmente ao refletir
sobre o papel preeminente da família
e das mulheres em nossa religião.
Nossa doutrina é clara: as mulheres
são filhas de nosso Pai Celestial, que
18
A Liahona
as ama. A esposa está à altura de seu
marido. O casamento exige uma plena
parceria em que a mulher e o marido
trabalhem lado a lado para atender às
necessidades da família.3
Sabemos que existem muitos desafios para as mulheres, inclusive para
aquelas que se empenham em viver
o evangelho.
Herança de Irmãs Pioneiras
Um atributo predominante na
vida de nossos antepassados pioneiros foi a fé das irmãs. As mulheres,
por natureza divina, têm maior dom
e responsabilidade pelo lar e pelos
filhos, nutrindo-os naquela circunstância e em outras. Em vista disso, a fé
expressa pelas irmãs, ao se disporem
a abandonar suas casas para atravessar
as planícies rumo ao desconhecido,
é inspiradora. Se alguém tivesse de
caracterizar seu atributo mais importante, seria a sua inabalável fé no
evangelho restaurado do Senhor
Jesus Cristo.
O relato heroico do que aquelas
mulheres pioneiras sacrificaram e realizaram enquanto atravessavam as planícies é um legado inestimável para a
Igreja. Senti-me tocado pelas palavras
de Elizabeth Jackson, cujo marido,
Aaron, morreu após a última travessia
do Rio Plate, com a companhia Martin
de carrinhos de mão. Ela escreveu:
“Não tentarei descrever meus sentimentos ao encontrar-me assim, viúva
e com três filhos, em tais circunstâncias torturantes. (…) Eu acredito (…)
que meus sofrimentos por causa do
evangelho serão santificados para o
meu bem. (…)
[Recorri] ao Senhor, (…) Ele que
prometera ser um marido para a
viúva, e um pai para os órfãos. Recorri
a Ele, e Ele veio em meu auxílio”.4
Elizabeth disse que estava escrevendo aquela história em nome
daqueles que passaram por situações
semelhantes, com a esperança de
que a posteridade estivesse disposta
a sofrer e a sacrificar todas as coisas
pelo reino de Deus.5
As Mulheres na Igreja Hoje São Fortes
e Valorosas
Creio que as mulheres da Igreja
hoje enfrentam esse desafio e são
igualmente fortes e fiéis. A liderança
do sacerdócio da Igreja, em todos
os níveis, reconhece com gratidão o
serviço, o sacrifício, o empenho e a
contribuição das irmãs.
Muito do que realizamos na Igreja
deve-se ao serviço abnegado das
mulheres. Seja na Igreja ou em casa, é
uma coisa bonita de se ver o sacerdócio e a Sociedade de Socorro trabalhando em perfeita harmonia. Esse
relacionamento é como uma orquestra
bem afinada, e a sinfonia que resulta
disso inspira-nos a todos.
Quando fui recentemente designado a participar de uma conferência
na Estaca Mission Viejo Califórnia,
senti-me tocado pelo relato do que
aconteceu no baile da juventude, de
quatro estacas, no Ano Novo. Após o
baile, foi encontrada uma bolsa sem
identificação externa. Quero compartilhar com vocês parte do que a
irmã Monica Sedgwick, presidente
das Moças da Estaca Laguna Niguel,
relatou: “Não queríamos bisbilhotar,
era um objeto pessoal de alguém! Por
isso, nós a abrimos com cuidado e
pegamos a primeira coisa que estava
em cima, esperando que isso identificasse a dona. E identificou — mas
de outra forma. Era um folheto Para
o Vigor da Juventude. Uau! Isso nos
dizia muito sobre a moça. Então,
pegamos o que havia em seguida,
um caderninho que certamente nos
daria a resposta, mas não do tipo que
esperávamos. Na primeira página
havia uma lista de escrituras favoritas
e havia mais cinco páginas com outras
escrituras e anotações pessoais”.
As irmãs quiseram imediatamente
conhecer aquela valorosa jovem.
Voltaram a procurar na bolsa algo que
a identificasse. Tiraram dali algumas
pastilhas de hortelã, sabonete, loção e
uma escova. Adorei seus comentários:
“Oh, coisas boas provêm de sua boca,
ela tem as mãos limpas e macias, e
cuida bem de si mesma”.
Ansiaram por ver o tesouro
seguinte. Encontraram uma esmerada
bolsinha de moedas feita em casa com
papelão de caixa de suco, e um pouco
de dinheiro, num bolso com zíper.
Exclamaram: “Ah, ela é criativa e está
preparada!” Sentiram-se como crianças
na manhã de Natal. O que tiraram em
seguida surpreendeu-as ainda mais:
uma receita de bolo de chocolate floresta negra, e um bilhete lembrando-a
de fazer um bolo de aniversário para
uma amiga. Elas quase gritaram: “Ela
sabe COZINHAR! É prestativa e gosta
de servir”. Então, finalmente, surgiu
uma identificação. As líderes das
jovens sentiram-se muito abençoadas
“ao verem o sereno exemplo de uma
moça que vivia o evangelho”.6
Esse relato ilustra a dedicação de
nossas moças aos padrões da Igreja.7
Também é um exemplo de quão
carinhosas, interessadas e dedicadas
são as líderes das Moças do mundo
inteiro. Elas são incríveis!
As irmãs têm papéis vitais na Igreja,
na vida familiar e individualmente, os
quais são essenciais ao plano do Pai
Celestial. Muitas dessas responsabilidades não têm remuneração financeira, mas sem dúvida proporcionam
satisfação e têm importância eterna.
Recentemente, uma mulher notável
e muito capaz da junta editorial de
um jornal solicitou uma descrição do
papel das mulheres na Igreja. Foilhe explicado que nenhuma líder de
nossas congregações era remunerada.
Ela interrompeu para dizer que seu
interesse havia diminuído significativamente. Ela disse: “Não creio que as
mulheres precisem de mais empregos
não remunerados ”.
Destacamos que a organização mais
importante da Terra é a família, na qual
“pais e mães são parceiros iguais”.8
Nem um nem outro recebe remuneração financeira, mas as bênçãos são
indescritíveis. Evidentemente, falamos
para ela da Sociedade de Socorro, da
organização das Moças e da Primária,
que são lideradas por presidentes
que são mulheres. Salientamos que
desde o princípio de nossa história,
tanto homens quanto mulheres oram,
executam a música, fazem discursos e
cantam no coro, até na reunião sacramental, nossa reunião mais sagrada.
Um livro muito aclamado recentemente, American Grace, relata
a situação das mulheres de muitas
religiões. Foi observado que as
mulheres da Igreja são diferentes
das demais por estarem amplamente
satisfeitas com seu papel na liderança
da Igreja.9 Além disso, os santos dos
últimos dias como um todo, homens
e mulheres, têm o maior apego a sua
fé dentre todas as religiões incluídas
no estudo.10
Nossas mulheres não são incríveis
por terem conseguido evitar as dificuldades da vida — muito pelo contrário.
Elas são incríveis por causa do modo
como enfrentam as provações da
vida. Apesar dos desafios e testes que
a vida oferece — com o casamento,
ou a falta dele, as escolhas dos filhos,
problemas de saúde, falta de oportunidades e muitos outros problemas —
elas continuam extraordinariamente
fortes, inamovíveis e leais à fé. Nossas
irmãs de toda a Igreja constantemente
Maio de 2011
19
“[socorrem] os fracos, [erguem] as
mãos que pendem e [fortalecem] os
joelhos enfraquecidos”.11
Uma presidente de Sociedade
de Socorro que reconheceu esse
extraordinário serviço disse: “Até
quando as irmãs servem, elas ficam
pensando: ‘Eu bem que poderia ter
feito mais!’” Embora não sejam perfeitas e todas enfrentem problemas
pessoais, sua fé em um Pai Celestial
amoroso e a certeza do sacrifício
expiatório do Salvador permeiamlhes a vida.
O Papel das Irmãs na Igreja
Nos últimos três anos, a Primeira
Presidência e o Quórum dos Doze
buscaram orientação, inspiração e
revelação ao reunirem-se em conselho
com líderes do sacerdócio e das auxiliares para elaborar os novos manuais
da Igreja. Nesse processo, senti imensa
gratidão pelo papel essencial que as
irmãs, tanto casadas quanto solteiras,
desempenharam historicamente e hoje
em dia, tanto na família quanto na
Igreja.
Todos os membros da Igreja de
Jesus Cristo devem “[trabalhar] em sua
vinha para a salvação da alma dos
homens”.12 “Esse trabalho de salvação inclui o trabalho missionário dos
membros, a retenção de conversos, a
ativação de membros menos ativos,
o trabalho do templo e de história da
família, o ensino do evangelho”13 e o
cuidado dos pobres e necessitados. 14
Isso é administrado primordialmente
por meio do conselho da ala.15
Especificamente pretende-se,
nos novos manuais, que os bispos,
sensíveis às demandas existentes,
deleguem mais responsabilidades. Os
membros precisam saber que o bispo
foi instruído a delegar. Os membros
precisam apoiá-lo quando ele seguir
esse conselho. Isso permitirá que
20
A Liahona
o bispo passe mais tempo com os
jovens, com os jovens adultos solteiros e com sua própria família. Ele
vai delegar outras responsabilidades importantes para os líderes do
sacerdócio, para as presidentes das
auxiliares e individualmente para
homens e mulheres. Na Igreja, o papel
da mulher no lar é altamente respeitado.16 Quando a mãe recebe um chamado na Igreja que lhe demande um
tempo significativo, o pai geralmente
deve receber um chamado menos
exigente, a fim de manter o equilíbrio
na vida familiar.
Há vários anos, assisti a uma
conferência de estaca em Tonga. No
domingo pela manhã, as três fileiras da
frente da capela estavam repletas de
homens entre 26 e 35 anos de idade.
Presumi que fizessem parte de um
coro de homens. Mas quando foram
tratados os assuntos da conferência,
todos aqueles homens, 63 no total,
levantaram-se quando seus nomes
foram lidos e foram apoiados para
serem ordenados ao Sacerdócio de
Melquisedeque. Fiquei feliz e surpreso.
Após a sessão, perguntei ao
presidente Mateaki, o presidente da
estaca, como aquele milagre tinha
acontecido. Ele me disse que, em uma
reunião de conselho da estaca, foi
abordada a reativação. A presidente
da Sociedade de Socorro da estaca,
a irmã Leinata Va’enuku, perguntou
se seria adequado ela dizer alguma
coisa. Enquanto ela falava, o Espírito
confirmou ao presidente que o que
ela estava sugerindo era verdade.
Ela explicou que havia na estaca
um grande número de maravilhosos
jovens na faixa dos 20 e 30 anos de
idade que não tinham servido missão.
Ela disse que muitos deles sabiam ter
decepcionado seus bispos e líderes do sacerdócio, que fortemente
os incentivaram a servir missão, e
agora se sentiam como membros de
segunda classe da Igreja. Ela salientou
que aqueles jovens tinham passado da
idade de ser missionários. Expressou
seu amor e preocupação por eles.
Explicou que todas as ordenanças de
salvação ainda estavam disponíveis
para eles, e que o enfoque deveria
ser a ordenação ao sacerdócio e às
ordenanças do templo. Ela observou
que, embora alguns daqueles jovens
ainda fossem solteiros, a maioria
deles havia-se casado com mulheres
maravilhosas — algumas ativas, algumas inativas e algumas que não eram
membros.
Após trocarem ideias no conselho da estaca, foi decidido que os
homens do sacerdócio e as mulheres
da Sociedade de Socorro procurariam
resgatar aqueles homens e as esposas,
enquanto os bispos passariam mais de
seu tempo com os rapazes e as moças
nas alas. Os envolvidos no resgate
enfocaram principalmente a preparação para o sacerdócio, o casamento
eterno e as ordenanças de salvação
realizadas no templo. Nos dois anos
subsequentes, quase todos os 63
homens que haviam sido apoiados
para receber o Sacerdócio de Melquisedeque na conferência da qual
participei receberam a investidura no
templo e foram selados ao cônjuge.
Esse relato é apenas um exemplo de
como nossas irmãs são essenciais para
o trabalho de salvação em nossas alas
e estacas e como elas facilitam a revelação, especialmente na família e nos
conselhos da Igreja.17
O Papel das Irmãs na Família
Reconhecemos que existem forças
imensas mobilizadas contra as mulheres e as famílias. Estudos recentes
mostram um declínio na devoção ao
casamento, com uma diminuição no
número de adultos que se casam.18
Kiev, Ucrânia
Para alguns, o casamento e a família
estão-se tornando “uma opção de
menu em vez do princípio organizador central da nossa sociedade”.19
As mulheres se deparam com muitas opções e precisam ponderar em
espírito de oração sobre as escolhas
que fazem e em como essas escolhas
afetam a família.
Quando estive na Nova Zelândia,
no ano passado, li em um jornal de
Auckland que algumas mulheres,
que não eram da Igreja, se debatiam
com essas questões. Uma mãe disse
que percebeu, em seu caso, que sua
decisão entre trabalhar ou ficar em
casa girava em torno de um tapete
novo e de um segundo carro dos
quais ela realmente não precisava.
Outra mulher, no entanto, sentia que
o maior inimigo da “vida familiar feliz
não era o trabalho remunerado —
mas, sim, a televisão”. Ela disse que as
famílias despendiam mais tempo assistindo à TV do que com a família.20
Essas são decisões muito pessoais
e delicadas, mas há dois princípios que devemos sempre ter em
mente. Em primeiro lugar, nenhuma
mulher deve jamais sentir a necessidade de pedir desculpas ou de
achar que sua contribuição é menos
significativa, por estar-se dedicando
principalmente à criação e à educação dos filhos. Nada poderia ser mais
significativo no plano de nosso Pai
Celestial. Em segundo lugar, todos
devemos ter cuidado para não julgar
ou supor que as irmãs sejam menos
valorosas, se elas tomarem a decisão
de trabalhar fora de casa. Raramente
compreendemos ou reconhecemos
plenamente as circunstâncias das
pessoas. O marido e a mulher devem
aconselhar-se fervorosamente,
sabendo que são responsáveis
perante Deus por suas decisões.
A vocês, irmãs que criam sozinhas os filhos seja qual for o motivo,
de coração lhes estendemos nosso
apreço. Os profetas deixaram bem
claro “que muitas mãos estão prontas
a ajudá-las. O Senhor não Se esqueceu
de vocês. Nem Sua Igreja”.21 Espero
que os santos dos últimos dias estejam
na vanguarda quanto à criação de um
ambiente no local de trabalho que
seja mais receptivo e acolhedor para
as mulheres e os homens em suas
responsabilidades como pais.
Vocês, valorosas e fiéis irmãs
solteiras, saibam que as amamos e
que lhes somos gratos, e asseguramos
que nenhuma bênção eterna lhes será
negada.
A extraordinária mulher pioneira
Emily H. Woodmansee escreveu a
letra do hino “Irmãs em Sião”. Ela corretamente declarou que “missão qual
dos anjos [às mulheres] é dada”.22 Isso
foi descrito como “nada menos que
uma convocação direta e urgente de
nosso Pai Celestial, e ‘esse é um dom
que (…) as irmãs (…) reivindicam
para si.’” 23
Queridas irmãs, amamos e admiramos vocês. Agradecemos o seu serviço
no reino do Senhor. Vocês são incríveis! Expresso minha gratidão especial
pelas mulheres presentes em minha
vida. Presto testemunho da realidade
da Expiação, da divindade do Salvador
e da Restauração de Sua Igreja, em
nome de Jesus Cristo. Amém. ◼
NOTAS
1. Wallace Stegner, The Gathering of Zion:
The Story of the Mormon Trail, 1971, p. 13.
2. Robert D. Putnam and David E. Campbell,
American Grace: How Religion Divides
and Unites Us, 2010, p. 233.
3. Ver Manual 2: Administração da Igreja,
2010, 1.3.1; ver também Moisés 5:1, 4,
12, 27.
4. Andrew D. Olsen, The Price We Paid:
The Extraordinary Story of the Willie and
Martin Handcart Pioneers, 2006, p. 445.
5. Ver “Leaves from the Life of Elizabeth
Horrocks Jackson Kingsford,” Sociedade
Histórica do Norte de Utah, Manuscrito
A 719; em “Remembering the Rescue,”
­Ensign, agosto de 1997, p. 47.
6. Versão resumida de um e-mail enviado por
Monica Sedgwick, presidente das Moças da
Maio de 2011
21
Estaca Laguna Niguel Califórnia, e de um
discurso proferido por Leslie Mortensen,
presidente das Moças da Estaca Mission
Viejo Califórnia.
7. Extraído de um artigo intitulado “Why
Do We Let Them Dress Like That?” (Wall
Street Journal, março 19–20 de 2011, C3),
uma mãe judia solícita defende os padrões
de vestimenta e modéstia e reconhece o
exemplo das mulheres mórmons.
8. “A Família: Proclamação ao Mundo”,
A ­Liahona, novembro de 2010, última
contracapa.
9. Ver Putnam and Campbell, American
Grace, pp. 244–245.
10. Ver Putnam and Campbell, American
Grace, p. 504.
11. Doutrina e Convênios 81:5; ver também
Mosias 4:26.
12. Doutrina e Convênios 138:56.
13. Manual 2: Administração da Igreja, 2010,
p. 24.
14. Ver Manual 2, 6.1.
15. Ver Manual 2, 4.5.
16. Ver Emily Matchar, “Why I Can’t Stop
Reading Mórmon Housewife Blogs,”
salon.com/life/feature/2011/01/15/
feminist_obsessed_with_mormon_blogs.
Essa mulher que se identifica como sendo
feminista e ateia admite o fato e diz que
é viciada em ler blogs de donas de casa
mórmons.
17. De conversas com o Presidente da Estaca
Nuku’alofa Tonga Ha’akame, Presidente
Lehonitai Mateaki (que posteriormente
serviu como presidente da Missão
Papua-Nova Guiné Port Moresby) e da
presidente da Sociedade de Socorro
Leinata Va’enuku.
18. Ver D’Vera Cohn e Richard Fry, “Women,
Men, and the New Economics of Marriage,”
Centro de Pesquisas Pew, Tendências
Sociais e Demográficas, pewsocialtrends
.org. O número de crianças nascidas
também diminuiu significativamente em
muitos países. Isso tem sido chamado de
Inverno Demográfico.
19. “A Troubling Marriage Trend,” Deseret
News, 22 de novembro de 2010, A14,
citando um relatório do msnbc.com.
20. Ver Simon Collins, “Put Family before
Moneymaking Is Message from Festival,”
Nova Zelândia Herald, 1º de fevereiro de
2010, A2.
21. Gordon B. Hinckley, “Mulheres da Igreja,”
A ­Liahona, janeiro de 1997, p. 72; ver
também Spencer W. Kimball, “Nossas Irmãs
na Igreja,” A ­Liahona, março de 1980, p. 72
[traduções atualizadas].
22. “Irmãs em Sião,” Hinos, nº 200.
23. Karen Lynn Davidson, Our Latter-Day
Hymns: The Stories and the Messages, ed.
Rev., 2009, pp. 338–339.
22
A Liahona
Presidente Henry B. Eyring
Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência
Oportunidades de
Fazer o Bem
Mas a maneira do Senhor de ajudar os que passam
necessidades materiais sempre requer pessoas que, por
amor, consagraram a si mesmas — e as coisas que possuem
— a Deus e Sua obra.
M
eus queridos irmãos e irmãs, o
propósito de minha mensagem
é honrar e comemorar o que
o Senhor fez e está fazendo para servir
aos pobres e aos necessitados que estão
entre Seus filhos na Terra. Ele ama Seus
filhos necessitados e também aqueles
que querem ajudar. E Ele criou meios
de abençoar tanto os que necessitam de
ajuda quanto os que a oferecem.
Nosso Pai Celestial ouve as orações de Seus filhos do mundo inteiro
que rogam pedindo alimento, roupas
para cobrir o corpo e a dignidade que
advém da capacidade de se sustentarem. Esses pedidos chegam até Ele
desde que Ele colocou o homem e a
mulher na Terra.
Vocês ficam sabendo dessas necessidades no lugar onde moram e no
mundo inteiro. Seu coração fica muitas vezes tocado por um sentimento
de compaixão. Quando encontram
alguém com dificuldade para conseguir emprego, sentem o desejo de
ajudar. Sentem isso quando vão à casa
de uma viúva e percebem que ela
não tem comida. Sentem isso quando
veem fotografias de crianças chorando
junto às ruínas de sua casa destruída
por um terremoto ou pelo fogo.
Como o Senhor ouve o choro
dessas pessoas e sente a profunda
compaixão que vocês têm por elas,
desde o princípio dos tempos Ele
proveu meios para que Seus discípulos possam ajudar. Ele convidou Seus
filhos a consagrarem seu tempo, seus
recursos e a si mesmos, unindo-se a
Ele no serviço ao próximo.
Sua maneira de ajudar às vezes foi
chamada de “viver a lei da consagração”. Em outra época, a maneira Dele
se chamava “ordem unida”. Em nossa
época, ela se chama Programa de
Bem-Estar da Igreja.
Os nomes e detalhes de operação
mudam para condizer com as necessidades e condições das pessoas. Mas
a maneira do Senhor de ajudar os que
passam necessidades materiais sempre
requer pessoas que, por amor, consagraram a si mesmas — e as coisas que
possuem — a Deus e Sua obra.
Ele convidou-nos e ordenou-nos a
participar de Seu trabalho de ajudar os
necessitados. Assumimos o convênio
de fazer isso nas águas do batismo e
nos templos sagrados de Deus. Renovamos esse convênio aos domingos,
quando tomamos o sacramento.
Meu objetivo hoje é descrever algumas oportunidades que Ele nos proveu para ajudar pessoas necessitadas.
Não posso mencionar todas no pouco
tempo que temos. Minha esperança é
renovar e fortalecer seu compromisso
de agir.
Há um hino sobre o convite do
Senhor para essa obra, que tenho
cantado desde menino. Em minha
infância, prestei mais atenção na alegre melodia do que no poder da letra.
Oro para que vocês sintam hoje essa
letra em seu coração. Ouçam novamente a letra do hino:
Neste mundo, acaso, fiz hoje eu
A alguém um favor ou bem?
Se ainda não fiz ser alguém mais feliz,
Falhei ante os céus, também!
A carga de alguém mais leve fiz eu,
Porque um auxílio lhe dei?
Ou, acaso, ao pobre que as mãos
estendeu
Um pouco do meu ofertei?
Desperta e faz algo mais,
Não queiras somente sonhar
Pelo bem que fazemos a paz
ganharemos
No céu que será nosso lar.1
O Senhor envia-nos regularmente
avisos para despertar. Às vezes, pode
ser um súbito sentimento de compaixão por alguém necessitado. Um pai
pode sentir isso ao ver um filho cair e
ralar o joelho. Uma mãe pode sentir
isso ao ouvir o grito assustado do
filho, durante a noite. Um filho pode
sentir compaixão por alguém que
pareça triste ou temeroso na escola.
Todos já fomos tocados por um
sentimento de compaixão por pessoas
que nem sequer conhecemos. Por
exemplo: ao ouvir as notícias das
ondas que varreram o Pacífico após
o terremoto ocorrido no Japão, vocês
sentem preocupação pelos que
podem ter-se ferido.
Milhares de vocês sentiram compaixão quando souberam das inundações
em Queensland, Austrália. As notícias
apenas nos relatam uma estimativa do
número de pessoas necessitadas. Muitos de vocês, porém, sofreram a dor
que as pessoas estão sentindo. Cerca
de 1.500 ou mais voluntários membros
da Igreja atenderam à convocação
para despertar e ofereceram ajuda e
consolo na Austrália.
Transformaram seu sentimento
de compaixão na decisão de agir
de acordo com seus convênios. Vi
as bênçãos recebidas pela pessoa
necessitada que recebe ajuda e pela
pessoa que aproveita a oportunidade
de oferecê-la.
Os pais sábios enxergam em toda
necessidade alheia uma maneira de
trazer bênçãos para a vida dos próprios filhos. Recentemente, três crianças levaram recipientes contendo um
jantar delicioso até a porta de nossa
casa. Os pais delas souberam que precisávamos de ajuda e envolveram os
filhos na oportunidade de nos servir.
Aqueles pais abençoaram nossa
família com seu serviço generoso.
Graças a sua decisão de fazer com
que os filhos participassem da doação,
estenderam as bênçãos a seus futuros
netos. O sorriso das crianças ao saírem
de nossa casa deixou-me confiante
no que vai acontecer. Elas vão contar
a seus próprios filhos a alegria que
sentiram ao prestarem bondosamente
serviço ao Senhor. Lembro-me do
sentimento de serena satisfação que
tive em minha infância, quando arranquei ervas daninhas do jardim de um
vizinho a convite de meu pai. Sempre
que sou convidado a doar, lembro-me
com fé da letra do hino “Doce É o
Trabalho, Ó Senhor”.2
Sei que essa letra foi escrita para
descrever a alegria resultante da
adoração ao Senhor em Seu dia.
Mas aquelas crianças que trouxeram
comida a nossa porta sentiram num
dia de semana a alegria de fazer a
obra do Senhor. E os pais viram a
oportunidade de fazer o bem e de
espalhar alegria ao longo de gerações.
A maneira do Senhor de cuidar
dos necessitados proporciona outra
oportunidade para os pais abençoarem os filhos. Vi isso acontecer numa
capela num domingo. Um menininho
entregou um envelope de doação ao
bispo quando este entrou na capela,
antes da reunião sacramental.
Eu conhecia a família e o menino.
A família soubera que alguém da
ala estava necessitado. O pai do
menino disse algo assim para o filho
ao colocar uma oferta de jejum mais
generosa do que a comum no envelope: “Jejuamos e oramos hoje pelas
pessoas necessitadas. Por favor, entregue este envelope ao bispo por nós.
Sei que ele vai usá-lo para ajudar os
que passam necessidades maiores que
as nossas.”
Maio de 2011
23
Em vez de sentir as dores da fome,
naquele domingo, o menino vai-se
lembrar desse dia com ternura. Percebi
por seu sorriso e pelo modo como
segurava o envelope, com tanta força,
que ele sentia a grande confiança
que o pai depositara nele para levar a
oferta da família para os pobres. Ele vai
lembrar-se daquele dia em que era um
diácono, talvez para sempre.
Vi essa mesma felicidade no rosto
de pessoas que ajudaram outras para
o Senhor, em Idaho, há vários anos. A
represa Teton ruiu no dia 5 de junho
de 1976, um sábado. Onze pessoas
morreram. Milhares tiveram que abandonar suas casas em poucas horas.
Algumas casas foram arrastadas pela
enchente. E centenas de casas se tornaram habitáveis somente por meio de
esforços e recursos que estavam muito
além do que os proprietários tinham.
Aqueles que ouviram falar da
tragédia sentiram compaixão e
alguns foram compelidos a fazer o
bem. Vizinhos, bispos, presidentes
de Sociedade de Socorro, líderes de
quórum, mestres familiares e professoras visitantes deixaram suas casas
e empregos para limpar as casas de
24
A Liahona
outros que estavam inundadas.
Um casal de Rexburg voltara das
férias, pouco depois da inundação.
Não foram ver sua própria casa.
Em vez disso, procuraram o bispo
para saber onde poderiam ajudar.
Ele os encaminhou a uma família
necessitada.
Após alguns dias, foram verificar
a própria casa. Ela havia sido levada
pela enxurrada. Voltaram para o bispo
e perguntaram: “Agora, o que gostaria
que fizéssemos?”
Onde quer que vocês morem, já
viram esse milagre de compaixão
transformar-se em atos altruístas.
Talvez não tenha sido após uma
grande catástrofe natural. Já vi isso
em um quórum do sacerdócio, no
qual um irmão se levantou para
descrever as necessidades de uma
pessoa que procurava uma oportunidade de trabalho para sustentar
a si mesma e a sua família. Senti
a compaixão na sala, mas alguns
sugeriram nomes de pessoas que
poderiam empregá-la.
O que aconteceu naquele quórum
de sacerdócio e o que aconteceu
nas casas inundadas de Idaho é uma
manifestação da maneira do Senhor
de ajudar os que passam grandes
necessidades a tornarem-se autossuficientes. Sentimos compaixão e sabemos como agir à maneira do Senhor
para ajudar.
Este ano, comemoramos o aniversário de 75 anos do Programa de
Bem-Estar da Igreja. Ele foi criado
para atender às necessidades dos
que perderam emprego, fazendas
e até a casa na esteira do que se
tornou conhecido como a Grande
Depressão.
Os filhos do Pai Celestial passam
grandes necessidades materiais em
nossa época, como aconteceu e como
acontecerá em todas as épocas. Os
princípios que alicerçam o Programa
de Bem-Estar da Igreja não são apenas
para uma época ou um lugar. São
para todas as épocas e para todos os
lugares.
Esses princípios são espirituais e
eternos. Por esse motivo, a compreensão deles e sua aplicação prática, do
fundo do coração, permitem que vejamos e aproveitemos as oportunidades
de ajudar, sempre e onde quer que o
Senhor nos convide a fazê-lo.
Eis alguns princípios que me guiaram quando eu quis ajudar à maneira
do Senhor e quando fui ajudado por
outros.
Em primeiro lugar, todos se sentem
mais felizes e têm mais respeito próprio se puderem sustentar a si mesmos e a sua família, e depois estender
a mão para cuidar de outros. Tenho
sido grato por aqueles que me ajudaram a atender as minhas necessidades.
E tenho sido ainda mais grato, ao
longo dos anos, por aqueles que me
ajudaram a ser autossuficiente. E sinto
a maior gratidão por aqueles que me
mostraram como usar meus excedentes para ajudar outros.
Aprendi que a maneira de ter
excedentes é gastar menos do que
ganho. Com esse excedente pude
aprender que realmente é melhor
doar do que receber. Isso acontece
em parte porque quando ajudamos à
maneira do Senhor, Ele nos abençoa.
O Presidente Marion G. Romney
disse o seguinte sobre o trabalho
de bem-estar: “Não é possível você
tornar-se pobre ao doar-se neste
trabalho”. Em seguida, ele citou seu
presidente de missão, Melvin J. Ballard:
“Ninguém doa uma casca de pão ao
Senhor sem receber um pão inteiro
como retribuição”.3
Descobri que isso é verdade em
minha vida. Quando sou generoso
para com os filhos necessitados do Pai
Celestial, Ele é generoso comigo.
Um segundo princípio do evangelho que tem me guiado no trabalho
de bem-estar é o poder e a bênção da
união. Quando unimos as mãos para
servir aos necessitados, o Senhor une
nosso coração. O Presidente J. Reuben
Clark Jr. explicou: “Essa doação (…)
proporcionou (…) um sentimento de
irmandade, quando homens de todo
tipo de formação e profissão trabalharam lado a lado na horta do Bem-Estar
ou em outro projeto.” 4
Esse sentimento maior de irmandade é real tanto para o que recebe
quanto para o que doa. Até hoje, o
homem com quem trabalhei lado a
lado, removendo lama em sua casa
inundada em Rexburg, tem um forte
vínculo de amizade comigo. E ele
sente mais dignidade pessoal por ter
feito tudo o que podia por si mesmo e
por sua família. Se tivéssemos trabalhado sozinhos, ambos teríamos
perdido uma bênção espiritual.
Isso nos leva a meu terceiro princípio de ação no trabalho de bem-estar:
envolva sua família em seu trabalho
para que aprendam a cuidar uns dos
outros ao cuidarem de outras pessoas.
É mais provável que seus filhos que
trabalharem com você para servir
outras pessoas necessitadas ajudem-se
mutuamente quando estiverem
necessitados.
Aprendi o quarto princípio valioso
do Bem-Estar da Igreja quando era
bispo. Isso aconteceu quando segui o
mandamento das escrituras de buscar
os pobres. É dever do bispo procurar
os que necessitam de ajuda e oferecerlhes auxílio, depois de tudo o que eles
e sua família puderem fazer. Descobri
que o Senhor envia o Espírito Santo
que nos permite “buscar e encontrar” 5,
tanto no auxílio aos pobres quanto
na busca pela verdade. Mas também
aprendi a envolver a presidente da
Sociedade de Socorro nessa busca. É
possível que ela receba a revelação
antes de vocês.
Alguns de vocês precisarão dessa
inspiração nos meses que virão. Para
comemorar o aniversário de 75 anos
do Programa de Bem-Estar da Igreja,
os membros do mundo inteiro serão
convidados a participar de um dia de
serviço. Os líderes e membros deverão
buscar revelação ao elaborar os projetos, onde quer que sejam feitos.
Farei três sugestões para seu planejamento do projeto de serviço.
Em primeiro lugar, preparem a si
mesmos e àqueles a quem lideram
espiritualmente. Somente quando seu
coração for abrandado pela Expiação
do Salvador é que vocês verão claramente que o objetivo do projeto é ser
uma bênção tanto espiritual quanto
material para a vida dos filhos do Pai
Celeste.
Minha segunda sugestão é que
escolham como beneficiários de seu
projeto de serviço pessoas, tanto da
Igreja quanto da comunidade, cujas
necessidades vão tocar o coração
daqueles que prestarem o serviço. As
pessoas a quem eles servirem sentirão o seu amor. Isso pode fazer mais
para deixá-las felizes, como promete o
hino, do que atender somente as suas
necessidades materiais.
Minha última sugestão é a de que
planejem utilizar a força dos laços
que unem famílias, quóruns, organizações auxiliares e pessoas que vocês
conhecem em sua comunidade. O
sentimento de união vai multiplicar
os bons efeitos do serviço que vocês
prestarem. E esse sentimento de união
na família, na Igreja e na comunidade
vai crescer e tornar-se um legado
duradouro, bem depois do término
do projeto.
Esta é minha oportunidade de
dizer-lhes o quanto lhes sou grato.
Pelo serviço amoroso que vocês
ofereceram ao Senhor recebi o agradecimento das pessoas que vocês
ajudaram, ao encontrar-me com elas
pelo mundo afora.
Vocês descobriram um meio de
elevá-las ao ajudarem à maneira do
Senhor. Vocês e outros humildes
discípulos do Salvador prestaram
serviço às pessoas, e elas procuraram
oferecer-me abundante gratidão como
retribuição.
Maio de 2011
25
S E S S Ã O D A TA R D E D E S Á B A D O | 2 d e a b r il d e 2 0 1 1
Ouço a mesma gratidão ser
expressa pelas pessoas que trabalharam com vocês. Lembro-me de estar
certa vez ao lado do Presidente Ezra
Taft Benson. Estávamos conversando
sobre o serviço de Bem-Estar na Igreja
do Senhor. Ele surpreendeu-me com
seu vigor juvenil ao dizer, agitando as
mãos, entusiasmado: “Adoro este trabalho, e é trabalho!”
Agradeço ao Mestre pelo trabalho que vocês realizaram para servir
aos filhos de nosso Pai Celestial. Ele
conhece vocês e vê seu empenho,
sua diligência e sacrifício. Oro para
que Ele lhes conceda a bênção de ver
os frutos de seu trabalho na felicidade daqueles que vocês ajudaram e
daqueles com quem trabalharam em
nome do Senhor.
Sei que Deus, o Pai, vive e que Ele
ouve nossas orações. Sei que Jesus é o
Cristo. Vocês e aqueles a quem vocês
servem podem ser purificados e fortalecidos ao servi-Lo e ao guardar Seus
mandamentos. Vocês podem saber,
como eu sei, pelo poder do Espírito
Santo, que Joseph Smith foi o profeta
de Deus para restaurar a Igreja verdadeira e viva, que é esta. Testifico que
o Presidente Thomas S. Monson é o
profeta vivo de Deus. Ele é um grande
exemplo daquilo que o Senhor fez:
andar fazendo o bem. Oro para que
aproveitemos nossas oportunidades
de “[erguer] as mãos que pendem e
[fortalecer] os joelhos enfraquecidos”. 6
No sagrado nome de Jesus Cristo.
Amém. ◼
NOTAS
1. “Neste Mundo”, Hinos, nº 136.
2. “Doce É o Trabalho”, Hinos, nº 54.
3. Marion G. Romney, “Welfare Services: The
Savior’s Program,” ­Ensign, novembro de
1980, p. 93.
4. J. Reuben Clark Jr., Conference Report,
outubro de 1943, p. 13.
5. Ver Mateus 7:7–8; Lucas 11:9–10; 3 Néfi
14:7–8.
6. Doutrina e Convênios 81:5.
26
A Liahona
Apresentado pelo Presidente Dieter F. Uchtdorf
Segundo Conselheiro na Primeira Presidência
Apoio aos Líderes
da Igreja
É
proposto que apoiemos Thomas
Spencer Monson como profeta,
vidente e revelador, e Presidente
de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias; Henry Bennion
Eyring como Primeiro Conselheiro na
Primeira Presidência, e Dieter Friedrich Uchtdorf como Segundo Conselheiro na Primeira Presidência.
Os que forem a favor,
manifestem-se.
Os que se opuserem, se houver,
manifestem-se.
É proposto que apoiemos Boyd
Kenneth Packer como Presidente
do Quórum dos Doze Apóstolos, e
os seguintes como membros desse
quórum: Boyd K. Packer, L. Tom
Perry, Russell M. Nelson, Dallin H.
Oaks, M. Russell Ballard, Richard G.
Scott, Robert D. Hales, Jeffrey R.
Holland, David A. Bednar, Quentin L.
Cook, D. Todd Christofferson e Neil L.
Andersen.
Os que forem a favor,
manifestem-se.
Se alguém se opuser, manifeste-se.
É proposto que apoiemos os
conselheiros na Primeira Presidência
e os Doze Apóstolos como profetas,
videntes e reveladores.
Os que forem a favor,
manifestem-se.
Os que se opuserem, se houver
alguém, pelo mesmo sinal.
É proposto que desobriguemos os
seguintes como Setentas de Área, a
vigorar a partir de 1º de maio de 2011:
José L. Alonso, Nelson L. Altamirano,
John S. Anderson, Ian S. Ardern,
Sergio E. Avila, David R. Brown,
D. Fraser Bullock, Donald J. Butler,
Vladimiro J. Campero, Daniel M.
Cañoles, Carl B. Cook, I. Poloski
Cordon, J. Devn Cornish, Federico F.
Costales, LeGrand R. Curtis Jr.,
Heber O. Diaz, Andrew M. Ford,
Julio G. Gaviola, Manuel Gonzalez,
Daniel M. Jones, Donald J. Keyes,
Domingos S. Linhares, B. Renato
Maldonado, Raymundo Morales,
J. Michel Paya, Stephen D. Posey, Juan
M. Rodriguez, Gerardo L. Rubio, Jay
L. Sitterud, Dirk Smibert, Eivind Sterri,
Ysrael A. Tolentino, W. Cristo Waddell
e Gary W. Walker.
Os que quiserem juntar-se a nós e
expressar gratidão por seu excelente
serviço, manifestem-se.
É proposto que apoiemos como
novos membros do Primeiro Quórum dos Setenta: Don R. Clarke,
José L. Alonso, Ian S. Ardern, Carl B.
Cook, LeGrand R. Curtis Jr., W. Cristo
Waddell e Kazuhiko Yamashita; e
como novos membros do Segundo
Quórum dos Setenta: Randall K.
Bennett, J. Devn Cornish, O. Vincent
Haleck e Larry Y. Wilson.
Os que forem a favor,
manifestem-se.
Os que se opuserem, pelo mesmo
sinal.
É proposto que apoiemos os
seguintes como novos Setentas de
Área: Kent J. Allen, Stephen B. Allen,
Winsor Balderrama, R. Randall Bluth,
Hans T. Boom, Patrick M. Boutoille,
Marcelo F. Chappe, Eleazer S. Collado, Jeffrey D. Cummings, Nicolas L.
Di Giovanni, Jorge S. Dominguez,
Gary B. Doxey, David G. Fernandes,
Hernán D. Ferreira, Ricardo P. Giménez,
Allen D. Haynie, Douglas F. Higham,
Robert W. Hymas, Lester F. Johnson,
Matti T. Jouttenus, Chang Ho Kim,
Alfred Kyungu, Remegio E. Meim Jr.,
Ismael Mendoza, Cesar A. Morales,
Rulon D. Munns, Ramon C. Nobleza,
Abenir V. Pajaro, Gary B. Porter,
José L. Reina, Esteban G. Resek,
George F. Rhodes Jr., Lynn L.
Summerhays, Craig B. Terry, David J.
Thomson, Ernesto R. Toris, Arnulfo
Valenzuela, Ricardo Valladares,
Fabian I. Vallejo, Emer Villalobos e
Terry L. Wade.
Os que forem a favor,
manifestem-se.
Quem se opuser, manifeste-se.
É proposto que apoiemos as
demais Autoridades Gerais, Setentas de Área e presidências gerais
das auxiliares como presentemente
constituídas.
Os que forem a favor,
manifestem-se.
Se alguém se opuser, manifeste-se.
Presidente Monson, pelo que pude
observar, a votação no Centro de Conferências foi unânime a favor do que
foi proposto.
Obrigado, irmãos e irmãs, por seu
voto de apoio, por sua fé, devoção e
orações contínuas. ◼
Maio de 2011
27
Relatório
do Departamento
de Auditoria da Igreja
para 2010
Apresentado por Robert W. Cantwell
Diretor Administrativo do Departamento de Auditoria da Igreja
À Primeira Presidência de A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias
P
rezados irmãos: Como prescrito
por revelação na seção 120 de
Doutrina e Convênios, o Conselho sobre a Disposição dos Dízimos
autoriza o dispêndio dos fundos da
Igreja. Esse conselho é composto pela
Primeira Presidência, pelo Quórum
dos Doze Apóstolos e pelo Bispado
28
A Liahona
Presidente. Esse conselho aprova os
orçamentos dos departamentos, das
operações e alocações relacionadas
às unidades eclesiásticas da Igreja.
Os departamentos da Igreja fazem
uso desses fundos de acordo com os
orçamentos aprovados e segundo as
normas e os procedimentos da Igreja.
O Departamento de Auditoria da
Igreja tem acesso a todos os registros
e sistemas necessários para avaliar
a adequação dos controles de recebimentos e das despesas de fundos,
bem como para a proteção dos
recursos da Igreja. O Departamento de
Auditoria da Igreja realiza seu trabalho independentemente de todos os
outros departamentos e as operações
da Igreja, e sua equipe consiste de
contadores públicos credenciados,
auditores internos credenciados,
auditores de sistemas de informações
credenciados e outros profissionais
credenciados.
Com base nas auditorias realizadas,
a opinião do Departamento de Auditoria da Igreja é de que, sob todos os
aspectos materiais, as contribuições
recebidas, as despesas e os recursos
da Igreja no ano de 2010 foram registrados e administrados de acordo com
as devidas práticas contábeis, com os
orçamentos aprovados e com as normas e os procedimentos da Igreja.
Respeitosamente,
Departamento de Auditoria da
Igreja
Robert W. Cantwell
Diretor Administrativo ◼
Relatório Estatístico
de 2010
Apresentado por Brook P. Hales
Líderes Gerais da Igreja e Outros Que
Faleceram desde a Conferência Geral de
Abril do Ano Passado.
Secretário da Primeira Presidência
A
Primeira Presidência divulgou
o seguinte relatório estatístico
da Igreja referente ao ano
de 2010. Até 31 de dezembro de
2010, havia 2.896 estacas, 340 missões, 614 distritos e 28.660 alas
e ramos.
O total de membros da Igreja no
final de 2010 era de 14.131.467.
Havia 120.528 novas crianças registradas na Igreja e 272.814 conversos
foram batizados em 2010.
O número de missionários de
de Cebu Filipinas e o Templo de Kiev
Ucrânia.
O Templo de Laie Havaí, nos Estados Unidos, foi rededicado em 2010.
O número total de templos em
funcionamento, no mundo todo,
era de 134.
tempo integral no campo, ao final
do ano, era de 52.225.
O número de missionários em
serviço da Igreja atuantes era de
20.813, muitos dos quais moram na
própria casa e são chamados para dar
suporte a uma variedade de funções
da Igreja.
Quatro templos foram dedicados
durante o ano: o Templo de Vancouver Colúmbia Britânica, no Canadá;
o Templo de Gila Valley Arizona, nos
Estados Unidos; o Templo da Cidade
Élderes W. Grant Bangerter,
Adney Y. Komatsu, Hans B. Ringger,
LeGrand R. Curtis, Richard P. Lindsay,
Donald L. Staheli e Richard B. Wirthlin,
ex-membros do Quórum dos Setenta;
Barbara B. Smith, ex-presidente geral
da Sociedade de Socorro; Ruth H.
Funk, ex-presidente geral das Moças;
Norma Jane B. Smith, ex-conselheira
na Presidência Geral das Moças; Helen
Fyans, viúva do Élder J. Thomas Fyans,
Autoridade Geral emérita; Arnold D.
Friberg, artista e ilustrador; e J. Elliot
Cameron, ex-Comissário de Educação
da Igreja. ◼
Maio de 2011
29
Presidente Boyd K. Packer
Presidente do Quórum dos Doze Apóstolos
Guiados pelo
Santo Espírito
Todos podemos ser guiados pelo espírito de revelação
e pelo dom do Espírito Santo.
F
az 400 anos desde a publicação
da versão do rei Jaime da Bíblia,
com significativas contribuições de
William Tyndale, um grande herói a
meus olhos.
O clero não queria que a Bíblia
fosse publicada em inglês comum.
Caçaram Tyndale de um lugar a outro.
Ele disse a eles: “Se Deus poupar
minha vida, farei com que daqui a
vários anos um rapaz que conduz o
arado saiba mais sobre as escrituras
do que vocês”.1
Tyndale foi traído e confinado a
uma prisão escura e fria, em Bruxelas, por mais de um ano. Suas roupas
estavam em trapos. Ele rogou a seus
captores que lhe dessem seu casaco,
um capuz e uma vela, dizendo: “É
realmente muito aborrecido ficar sentado sozinho no escuro”.2 Essas coisas
lhe foram negadas. Por fim, tiraram-no
da prisão e, diante de uma grande
multidão, ele foi enforcado e queimado numa estaca. Mas o trabalho e
a morte de mártir de William Tyndale
não foram em vão.
Como as crianças da Igreja são
ensinadas desde a infância a conhecer
as santas escrituras, em certa medida
elas cumprem a profecia feita há
30
A Liahona
quatro séculos por William Tyndale.
Nossas escrituras atualmente consistem na Bíblia, no Livro de Mórmon:
Outro Testamento de Jesus Cristo, na
Pérola de Grande Valor e em Doutrina
e Convênios.
Por causa do Livro de Mórmon,
somos frequentemente chamados de a
Igreja Mórmon, um título que não nos
incomoda, mas que realmente não é
correto.
No Livro de Mórmon, o Senhor
voltou a visitar os nefitas porque
eles oraram ao Pai em Seu nome. O
Senhor disse:
“Que desejais que eu vos dê?
E eles responderam-lhe: Senhor,
desejamos que nos digas o nome que
devemos dar a esta igreja, porque há
controvérsias entre o povo a respeito
deste assunto.
E o Senhor disse-lhes: (…) Por
que é que o povo murmura e discute
sobre este assunto?
Não leram as escrituras, que dizem
que deveis tomar sobre vós o nome
de Cristo (…)? Porque por esse nome
sereis chamados no último dia.(…) Portanto tudo quanto fizerdes, vós
o fareis em meu nome; por conseguinte chamareis a igreja pelo meu
nome; e invocareis o Pai em meu
nome, a fim de que ele abençoe a
igreja por minha causa.
E como será a minha igreja, se não
tiver o meu nome? Porque se uma
igreja for chamada pelo nome de
Moisés, então será a igreja de Moisés;
ou se for chamada pelo nome de um
homem, então será a igreja de um
homem; mas se for chamada pelo
meu nome, então será a minha igreja,
desde que estejam edificados sobre o
meu evangelho”.3
Obedientes à revelação, chamamonos de A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias, e não a Igreja
Mórmon. Uma coisa é que os outros
se refiram à Igreja como a Igreja
Mórmon ou a nós como mórmons,
mas é bem diferente se nós fizermos
o mesmo.
A Primeira Presidência declarou:
“O uso do nome revelado, A Igreja
de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias (D&C 115:4), é cada vez mais
importante em nossa responsabilidade
de proclamar o nome do Salvador
ao mundo inteiro. Por esse motivo,
pedimos que, ao referir-nos à Igreja,
usemos seu nome completo, sempre
que possível. (…) Ao referir-nos aos membros da
Igreja, sugerimos ‘membros da Igreja
de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias’. Como referência abreviada, é
preferível o termo ‘santos dos últimos
dias’”. 4
“[Nós, santos dos últimos dias]
falamos de Cristo, regozijamo-nos em
Cristo, pregamos a Cristo, profetizamos de Cristo e escrevemos de acordo
com nossas profecias, para que nossos
filhos saibam em que fonte procurar a
remissão de seus pecados.” 5
O mundo pode chamar-nos do que
quiserem, mas em nosso falar sempre
lembramos que pertencemos à Igreja
de Jesus Cristo.
Alguns afirmam que não somos
cristãos. Ou eles nos desconhecem
inteiramente ou estão equivocados a
nosso respeito.
Na Igreja, toda ordenança é realizada pela autoridade de Jesus Cristo
e em nome de Jesus Cristo.6 Temos a
mesma organização existente na Igreja
original, com apóstolos e profetas.7
No passado, o Senhor chamou e
ordenou doze apóstolos. Ele foi traído
e crucificado. Após Sua Ressurreição,
o Salvador ensinou Seus discípulos
por 40 dias e depois ascendeu ao
céu.8
Mas ainda faltava algo. Poucos dias
depois, os Doze se reuniram em uma
casa e “de repente veio do céu um
som, como de um vento veemente e
impetuoso, e encheu toda a casa em
que estavam assentados. (…) E (…)
línguas repartidas (…) de fogo (…)
pousaram sobre cada um deles. E (…)
foram cheios do Espírito Santo”.9 Seus
apóstolos passaram a ter poder. Eles
sabiam que a autoridade dada pelo
Salvador e o dom do Espírito Santo
eram essenciais para o estabelecimento de Sua Igreja. Foram ordenados a batizar e a conferir o dom do
Espírito Santo.10
Após algum tempo, os apóstolos e
o sacerdócio que eles portavam já não
existiam. A autoridade e o poder de
ministrar precisavam ser restaurados.
Por séculos, os homens ansiaram pelo
retorno da autoridade e pelo estabelecimento da Igreja do Senhor.
Em 1829, o sacerdócio foi restaurado a Joseph Smith e Oliver
Cowdery, por João Batista e pelos
Apóstolos Pedro, Tiago e João. Agora,
os membros da Igreja dignos, do sexo
masculino, são ordenados ao sacerdócio. Essa autoridade e o dom do
Espírito Santo, que é conferido a todos
os membros da Igreja após o batismo,
distinguem-nos das outras igrejas.
Uma antiga revelação ordena “que
todo homem, porém, fale em nome
de Deus, o Senhor, sim, o Salvador
do mundo”.11 O trabalho da Igreja é
atualmente realizado por homens e
mulheres comuns que são chamados
e apoiados para presidir, ensinar e
ministrar. É pelo poder da revelação
e pelo dom do Espírito Santo que
as pessoas chamadas são guiadas
para conhecer a vontade do Senhor.
Os outros talvez não aceitem coisas
como profecias, revelação e o dom do
Espírito Santo, mas se quiserem compreender-nos, precisam compreender
que aceitamos essas coisas.
O Senhor revelou a Joseph Smith
uma lei de saúde, a Palavra de
Sabedoria, muito antes de os perigos
serem conhecidos pelo mundo. Todos
somos ensinados a abster-nos de chá
preto, café, bebidas alcoólicas, fumo
e, é claro, de várias drogas e substâncias que viciam, que estão sempre
diante de nossos jovens. Àqueles que
obedecem a essa revelação é prometido que “receberão saúde para
o umbigo e medula para os ossos;
e encontrarão sabedoria e grandes
tesouros de conhecimento, sim,
tesouros ocultos;
E correrão e não se cansarão; e
caminharão e não desfalecerão”. 12
Em outra revelação, o padrão de
Maio de 2011
31
moralidade do Senhor ordena que os
poderes sagrados de gerar vida sejam
protegidos e empregados apenas
entre homem e mulher casados entre
si.13 Os únicos pecados mais graves do
que o uso indevido desse poder são
o derramamento de sangue inocente
e a negação do Espírito Santo.14 Se
alguém transgredir a lei, a doutrina do
arrependimento ensina como apagar
os efeitos dessa transgressão.
Todos são testados. Alguém pode
achar injusto o fato de ser diferente
e de estar sujeito a uma tentação
específica, mas esse é o propósito da
vida mortal — sermos testados. E a
resposta é a mesma para todos: Precisamos e podemos resistir a todo tipo
de tentação.
“O grande plano de felicidade” 15
centraliza-se na vida em família. O
marido é o cabeça do lar e a mulher,
o coração do lar, sendo o casamento
uma parceria entre iguais. Um santo
dos últimos dias é um homem de
família, responsável e fiel ao evangelho. Ele é um marido e pai carinhoso
São Luis, Brasil
32
A Liahona
e devotado. Ele reverencia a feminilidade da mulher. A esposa apoia o
marido. Tanto o pai quanto a mãe
nutrem o crescimento espiritual dos
filhos.
Os santos dos últimos dias são
ensinados a amar uns aos outros e a
perdoar sinceramente as ofensas.
Minha vida mudou graças a um
patriarca muito virtuoso. Ele casou-se
com sua amada. Estavam profundamente apaixonados, e logo ela ficou
grávida de seu primeiro filho.
Na noite em que o bebê nasceu,
houve complicações. O único médico
disponível naquela zona rural estava
atendendo a um doente. Depois de
muitas horas de trabalho de parto, as
condições da futura mãe tornaram-se
desesperadoras. Por fim, o médico foi
localizado. Naquela emergência, ele
agiu rapidamente e, pouco depois, o
bebê nasceu, e a crise estava aparentemente terminada. Mas alguns
dias depois, a jovem mãe morreu da
mesma infecção que o médico estivera
tratando em outra casa naquela noite.
O mundo do rapaz ruiu a seus
pés. À medida que as semanas se
passaram, sua dor aumentou. Ele não
conseguia pensar em mais nada e,
em sua amargura, tornou-se vingativo. Hoje, sem dúvida, ele teria sido
instado a mover uma ação por erro
médico, como se o dinheiro resolvesse
qualquer coisa.
Certa noite, alguém bateu em
sua porta. Uma menina disse simplesmente: “Meu pai quer que você
venha a nossa casa. Ele quer conversar com você”.
“O pai” era o presidente da estaca.
O conselho daquele sábio líder foi
simplesmente: “John, esqueça. Nada
do que você faça vai trazê-la de volta.
Tudo o que você fizer vai piorar a
situação. John, esqueça”.
Essa foi a provação de meu amigo.
Como ele poderia esquecer? Um erro
terrível fora cometido. Ele se debateu
para controlar-se e, por fim, decidiu
que devia ser obediente e seguir o
conselho daquele sábio presidente de
estaca. Ele esqueceria.
Ele disse: “Foi só quando fiquei
velho que finalmente consegui entender a vida daquele pobre médico do
interior: sobrecarregado de trabalho,
mal pago, correndo sem recursos de
um paciente a outro, com poucos
medicamentos, sem hospital, com
poucos instrumentos, lutando para
salvar vidas, e tendo sucesso na maioria dos casos. Ele tinha chegado a um
momento de crise, quando duas vidas
estavam em risco, e agiu sem demora.
Finalmente compreendi!” Ele disse:
“Eu teria arruinado a minha vida e a
de outros”.
Ele agradeceu muitas vezes ao
Senhor de joelhos por aquele sábio
líder do sacerdócio que aconselhou
simplesmente: “John, esqueça”.
Ao nosso redor, vemos membros
da Igreja que se ofenderam. Alguns se
ofendem com incidentes da história da
Igreja ou com seus líderes, e sofrem a
vida inteira, incapazes de deixar para
trás o erro de outras pessoas. Não
esquecem. Acabam ficando inativos.
Essa atitude é parecida com a de
um homem que leva uma paulada.
Ofendido, ele pega um pedaço de
madeira e fica batendo na própria
cabeça com ele todos os dias de sua
vida. Que tolice! Que tristeza! Que
tipo de vingança está infligindo a si
mesmo? Se vocês foram ofendidos,
perdoem, esqueçam.
O Livro de Mórmon traz esta
admoestação: “E agora, se há falhas,
são erros dos homens; não condeneis,
portanto as coisas de Deus, para que
sejais declarados sem mancha no
tribunal de Cristo”.16
Um santo dos últimos dias é uma
pessoa bem comum. Estamos em
todos os lugares do mundo, somos
catorze milhões. Esse é apenas o
início. Somos ensinados a estar no
mundo, mas a não ser do mundo.17
Portanto, levamos uma vida comum
em uma família comum, em meio à
população geral.
Somos ensinados a não mentir nem
enganar.18 Não dizemos palavrões.
Somos otimistas e felizes, e não temos
medo da vida.
Estamos “dispostos a chorar com
os que choram (…) e consolar os
que necessitam de consolo e servir
de testemunhas de Deus em todos os
momentos e em todas as coisas e em
todos os lugares”.19
Se alguém procura uma igreja que
exija muito pouco, não será esta aqui.
Não é fácil ser um santo dos últimos
dias, mas a longo prazo é o único
caminho verdadeiro.
A despeito da oposição ou de “guerras, rumores de guerra e terremotos em
diversos lugares”, 20 nenhum poder ou
influência pode parar esta obra. Todos
podemos ser guiados pelo espírito
de revelação e pelo dom do Espírito Santo. “Seria tão inútil o homem
estender seu braço débil para deter o
rio Missouri em seu curso ou fazê-lo ir
correnteza acima, como o seria impedir
que o Todo-Poderoso derramasse
conhecimento do céu sobre a cabeça
dos santos dos últimos dias.” 21
Se você estiver carregando um
fardo, esqueça, deixe para lá. Perdoe muito e arrependa-se um pouco
e você receberá a visita do Espírito
Santo e receberá confirmação por
meio de um testemunho que você não
sabia existir. Você estará protegido e
abençoado — você e os seus. Este é
um convite de vir a Cristo. Nesta igreja
— A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias, “a única igreja
verdadeira e viva na face de toda a
Terra”, 22 conforme o próprio Cristo
declarou — é onde encontramos “o
grande plano de felicidade”. 23 Disto
presto testemunho em nome de Jesus
Cristo. Amém. ◼
NOTAS
1. David Daniell, introduction to Tyndale’s
New Testament, 1989, p. viii.
2. Em Daniell, introduction to Tyndale’s New
Testament, p. ix.
3. 3 Néfi 27:2–5, 7–8.
4. Carta da Primeira Presidência, 23 de
fevereiro de 2001.
5. 2 Néfi 25:26.
6. Ver Moisés 5:8; batismo: ver 2 Néfi
31:12; 3 Néfi 11:27; 18:16; bênção dos
enfermos: ver Doutrina e Covênios 42:44;
conferir o Espírito Santo: ver Morôni 2:2;
ordenação ao sacerdócio: ver Morôni 3:1–3;
sacramento: ver Morôni 4:1–3; milagres: ver
Doutrina e Convênios 84:66–69.
7. Ver Regras de Fé 1:6.
8. Ver Atos 9:3–18.
9. Atos 2:2–4.
10. Ver Atos 2:38.
11. Doutrina e Convênios 1:20.
12. Doutrina e Convênios 89:18–20.
13. Ver “A Família: Proclamação ao Mundo”,
A Liahona, novembro de 2010, última
contracapa.
14. Ver Alma 39:4–6.
15. Alma 42:8.
16. Livro de Mórmon, página de rosto.
17. Ver João 17:14–19.
18. Ver Êxodo 20:15–16.
19. Mosias 18:9.
20. Mórmon 8:3.
21. Doutrina e Convênios 121:33.
22. Doutrina e Convênios 1:30.
Maio de 2011
33
Élder Russell M. Nelson
Do Quórum dos Doze Apóstolos
Encarar o Futuro
com Fé
Verdades, convênios e ordenanças nos permitem sobrepujar o
temor e encarar o futuro com fé!
M
eus amados irmãos e irmãs,
obrigado por seu apoio, não
apenas por levantarem a mão,
mas por seu serviço inspirador no
lar, na Igreja e em suas comunidades.
Gostamos imensamente de estar com
vocês e de vê-los com seus familiares
e amigos. Onde quer que morem,
observamos seus esforços para tornar
este mundo melhor. Apoiamos vocês!
Nós os amamos! Assim como oram
por nós, oramos por vocês!
Visualizamos sua família reunida
ao redor da televisão ou do computador para assistir à conferência
geral em casa. Uma mãe e um pai
atentos enviaram-me a cópia de uma
fotografia que tiraram durante uma
conferência. Eles observaram a reação
de seu filho de dezoito meses, que
reconheceu a imagem e a voz do orador. O menino começou a jogar beijos
para a televisão. Ele queria chegar
mais perto. Por isso, sua prestativa
irmã mais velha rapidamente ergueu
o irmãozinho nos ombros e o levou
para mais perto da televisão. Aqui está
a fotografia.
Sim, a imagem na televisão é a
minha, e essas crianças são nossos
netos. Em poucos anos, esse menino
34
A Liahona
será um élder, com a investidura do
templo e pronto para sua missão. Mais
tarde, ele será selado à companheira
eterna que escolher. Podem vê-lo, um
dia, como pai e marido, com seus próprios filhos? E então, ele se despedirá
de seus avós, com a firme certeza de
que a morte faz parte da vida.
É verdade. Vivemos para morrer,
e morremos para viver de novo. Da
perspectiva eterna, a única morte que
é realmente prematura é a de alguém
que não está preparado para encontrar-se com Deus.
Como apóstolos e profetas, preocupamo-nos não apenas com nossos
filhos e netos, mas também com os
seus, e com cada um dos filhos de
Deus. Tudo o que o futuro reserva
para cada filho sagrado de Deus será
moldado por seus pais, familiares,
amigos e professores. Portanto, a fé
que temos agora se torna parte da fé
que nossa posteridade terá depois.
Cada pessoa trilhará o próprio
caminho num mundo em constante
mudança — um mundo de ideologias que competem entre si. As forças
do mal estarão sempre em oposição
às forças do bem. Satanás se esforça
constantemente para influenciar-nos
a seguir seus caminhos e tornar-nos
miseráveis, assim como ele é. 1 E os
riscos normais da vida como as enfermidades, os ferimentos e os acidentes
estarão sempre presentes.
Vivemos numa época tumultuada.
Terremotos e tsunamis causam devastação, governos caem, as dificuldades econômicas são muito graves, a
família está sob ataque e o índice de
divórcios está crescendo. Temos muitos motivos para nos preocupar. Mas
não precisamos deixar que os temores
ocupem o lugar de nossa fé. Podemos
combater esses temores, fortalecendo
nossa fé.
Comecem por seus filhos. A vocês,
pais, cabe a responsabilidade primordial de fortalecer a fé que eles têm.
Façam com que sintam a fé que vocês
têm, mesmo quando enfrentarem
dolorosas provações. Façam com que
sua fé se concentre em nosso amoroso
Pai Celestial e em Seu Filho Amado, o
Senhor Jesus Cristo. Ensinem essa fé
com profunda convicção. Ensinem a
cada preciosa criança que ela é uma
filha de Deus, criada à imagem Dele,
com propósito e potencial sagrados.
Cada uma nasce com desafios para
superar e fé para desenvolver. 2
Ensinem a respeito da fé no plano
de salvação de Deus. Ensinem que
nossa jornada mortal é um período de
provação, uma época de testes para
ver se faremos tudo o que o Senhor
nos ordenar. 3
Ensinem sobre a fé para cumprir
todos os mandamentos de Deus,
sabendo que eles foram dados para
abençoar Seus filhos e proporcionarlhes alegria. 4 Alertem-nos de que
encontrarão pessoas que escolhem
quais mandamentos vão cumprir,
ignorando os outros, que decidem
quebrar. Chamo isso de obediência
do tipo lanchonete. Essa prática
de escolher o que cumprir não
funcionará. Ela vai conduzi-los à
infelicidade. Para nos preparar para
encontrar Deus, é preciso cumprir
todos os Seus mandamentos. É preciso
ter fé para obedecer a eles, e o cumprimento de Seus mandamentos vai
fortalecer essa fé.
A obediência permite que as bênçãos de Deus sejam derramadas sem
restrições. Ele vai abençoar Seus filhos
obedientes, livrando-os do cativeiro
e da desgraça. E vai abençoá-los com
mais luz. Por exemplo: cumprimos
a Palavra de Sabedoria, sabendo
que essa obediência não apenas nos
livrará de vícios, mas também nos
acrescentará bênçãos de sabedoria e
tesouros de conhecimento. 5
Ensinem sobre a fé para saberem
que a obediência aos mandamentos
de Deus vai trazer-nos proteção física
e espiritual. E lembrem-se: os santos
anjos de Deus estão sempre prontos
a ajudar-nos. O Senhor declarou: “Irei
adiante de vós. Estarei a vossa direita
e a vossa esquerda e meu Espírito
estará em vosso coração e meus anjos
ao vosso redor para vos suster”. 6 Que
promessa! Se formos fiéis, Ele e Seus
anjos vão ajudar-nos.
A fé inabalável é fortalecida pela
oração. Suas súplicas sinceras são
importantes para Ele. Pensem nas orações intensas e fervorosas do Profeta
Joseph Smith nos terríveis dias em que
esteve preso na Cadeia de Liberty. O
Senhor respondeu, mudando a perspectiva do Profeta. Ele disse: “Sabe,
meu filho, que todas essas coisas te
servirão de experiência e serão para o
teu bem”. 7
Se orarmos com uma perspectiva
eterna, não precisaremos questionar
se nossas súplicas sinceras e sofridas
serão ouvidas. Essa promessa do
Senhor está registrada na seção 98 de
Doutrina e Convênios:
“Vossas orações chegaram aos
ouvidos do Senhor (…) e estão registradas com este selo e testamento — o
Senhor jurou e decretou que serão
atendidas.
Portanto ele vos faz essa promessa,
com um convênio imutável de que
serão cumpridas; e todas as coisas que
vos tiverem afligido reverterão para
o vosso bem e para a glória do meu
nome, diz o Senhor”. 8
O Senhor escolheu Suas palavras
mais fortes para nos assegurar! Selo!
Testamento! Jurou! Decretou! Convênio imutável! Irmãos e irmãs, creiam
Nele! Deus vai atender a suas orações
sinceras, e sua fé será fortalecida.
Para desenvolver uma fé duradoura, um compromisso duradouro
de ser dizimista integral é essencial. A
princípio, é preciso ter fé para pagar
o dízimo. Depois, o dizimista desenvolve mais fé, a ponto de o dízimo
tornar-se um privilégio precioso. O
dízimo é uma antiga lei de Deus. 9 Ele
prometeu a Seus filhos abrir “as janelas do céu, e (…) derramar sobre [eles]
uma bênção tal até que não haja lugar
suficiente para a recolherdes”. 10 Não
apenas isso. O dízimo vai manter seu
nome alistado entre o povo de Deus e
vai protegê-los no “dia da vingança e
queima”. 11
Por que precisamos de uma fé tão
firme? Porque temos dias difíceis pela
frente. É bem pouco provável que, no
futuro, seja fácil ou bem aceito ser um
fiel santo dos últimos dias. Cada um
de nós será testado. O Apóstolo Paulo
advertiu que, nos últimos dias, aqueles
Maio de 2011
35
que diligentemente seguirem o Senhor
“padecerão perseguições”. 12 Essa
mesma perseguição pode esmagar-nos
em nossa silente fraqueza ou motivarnos para que sejamos mais exemplares
e corajosos em nossa vida diária.
O modo como vocês lidam com as
provações da vida faz parte do desenvolvimento de sua fé. A força vem
quando vocês lembram que têm uma
natureza divina, um legado de infinito
valor. O Senhor lembrou que vocês,
seus filhos e netos são herdeiros legítimos, que foram reservados no céu
para, em uma época e um local específicos, nascerem, crescerem e tornarem-se portadores de Seu estandarte e
Seu povo do convênio. Ao trilharem o
caminho de retidão do Senhor, serão
abençoados para que continuem em
Sua benignidade e sejam uma luz e
um salvador para Seu povo. 13
Estão ao alcance de cada um de
vocês, irmãos e irmãs, as bênçãos
obtidas por intermédio do poder do
Sacerdócio de Melquisedeque. Essas
bênçãos podem mudar as circunstâncias de sua vida, em questões
como saúde, a companhia do Espírito
Santo, os relacionamentos pessoais
e as oportunidades para o futuro. O
poder e a autoridade desse sacerdócio
36
A Liahona
possuem as chaves para todas as bênçãos espirituais da Igreja. 14 E o mais
extraordinário, é que o Senhor declarou que Ele vai suster essas bênçãos,
de acordo com a vontade Dele. 15
As maiores de todas as bênçãos do
sacerdócio são concedidas nos templos sagrados do Senhor. A fidelidade
aos convênios ali feitos vai qualificar
vocês e sua família para as bênçãos da
vida eterna. 16
Suas recompensas não virão
somente na vida futura. Muitas bênçãos
serão suas nesta vida, entre seus filhos
e netos. Vocês, santos fiéis, não precisam lutar as batalhas da vida sozinhos.
Pensem nisso! O Senhor declarou: “Eu
contenderei com os que contendem
contigo, e os teus filhos eu remirei”. 17
Mais tarde, veio esta promessa a Seu
povo fiel: “E eu, o Senhor, lutaria suas
batalhas e as batalhas de seus filhos e
as dos filhos de seus filhos, (…) até a
terceira e a quarta geração”. 18
Nosso amado Presidente Thomas S.
Monson deixou-nos seu testemunho
profético. Ele disse: “Testifico a vocês
que as bênçãos que nos foram prometidas são imensuráveis. Embora se formem nuvens de tempestade, embora
a chuva seja derramada sobre nós,
nosso conhecimento do evangelho e
nosso amor pelo Pai Celestial e por
nosso Salvador vão consolar-nos e
dar-nos alento e alegria ao coração, se
andarmos em retidão e guardarmos os
mandamentos”.
O Presidente Monson continuou,
dizendo: “Meus amados irmãos e
irmãs, não temam. Tenham bom
ânimo. O futuro é tão brilhante quanto
sua fé”. 19
À vigorosa declaração do Presidente Monson acrescento a minha.
Testifico que Deus é nosso Pai. Jesus
é o Cristo. Sua Igreja foi restaurada
na Terra. Suas verdades, convênios e
ordenanças nos permitem sobrepujar
o temor e encarar o futuro com fé!
Disso presto testemunho, no sagrado
nome de Jesus Cristo. Amém. ◼
NOTAS
1. Ver 2 Néfi 2:27.
2. Pedro ensinou esse conceito quando expressou a esperança de que “fiqueis participantes
da natureza divina, havendo escapado da
corrupção, que pela concupiscência há no
mundo” (II Pedro 1:4).
3. Ver Abraão 3:25.
4. Ver 2 Néfi 2:25.
5. Ver Doutrina e Convênioss 89:19; ver
também Isaías 45:3.
6. Doutrina e Convênios 84:88.
7. Doutrina e Convênios 122:7. Outro
exemplo de mudança de perspectiva está
registrado em Salmos: “Guarda a minha
alma, (…) ó Deus meu, salva o teu servo,
que em ti confia. Tem misericórdia de mim,
ó Senhor, pois a ti clamo todo o dia. (…)
Louvar-te-ei, Senhor Deus meu, com todo o
meu coração, e glorificarei o teu nome para
sempre” (Salmos 86:2–3, 12).
8. Doutrina e Convênios 98:2–3.
9. O dízimo é mencionado em oito livros
do Velho Testamento: Gênesis, Levítico,
Números, Deuteronômio, II Crônicas,
Neemias, Amós e Malaquias.
10. Malaquias 3:10.
11. Doutrina e Convênios 85:3.
12. II Timóteo 3:12.
13. Ver Doutrina e Convênios 86:8–11.
14. Ver Doutrina e Convênios 107:18.
15. Ver Doutrina e Convênios 132:47, 59.
16. Ver Abraão 2:11.
17. Isaías 49:25; ver também Doutrina e
Convênios 105:14.
18. Doutrina e Convênios 98:37.
19. Thomas S. Monson, “Tenham Bom Ânimo”,
A Liahona, maio de 2009, p. 89
Élder Richard J. Maynes
Dos Setenta
Criar um Lar
Centralizado em Cristo
Nós compreendemos e acreditamos na natureza eterna
da família. Esse entendimento e essa crença devem
inspirar-nos a fazer tudo ao nosso alcance para criar
um lar centralizado em Cristo.
N
o início de meu serviço como
jovem missionário no Uruguai
e no Paraguai, percebi que
uma das coisas que mais atraíam
as pessoas que queriam conhecer
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias era o interesse
em nossa doutrina relacionada à
família. Na verdade, desde a Restauração do evangelho de Jesus Cristo,
as pessoas que buscam a verdade
são atraídas pela doutrina de que a
família pode permanecer unida para
sempre.
O princípio de que a família é
eterna é um elemento essencial do
grande plano do Pai Celestial para
Seus filhos. Parte fundamental desse
plano é entendermos que nós temos
uma família celestial bem como uma
família terrena. O Apóstolo Paulo
ensinou que o Pai Celestial é o pai de
nosso espírito:
“Para que buscassem ao Senhor
(…) [e] o pudessem achar; (…)
Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; (…) Pois somos
também sua geração”.1
O fato de termos sidos gerados
por um Pai Celestial que nos ama é
um princípio tão básico do evangelho
de Jesus Cristo que até as crianças
proclamam essa verdade, ao cantarem
o hino da Primária “Sou um Filho de
Deus”. Lembram-se da letra?
Sou um filho de Deus,
Por Ele estou aqui.
Mandou-me à Terra, deu-me um lar
E pais tão bons pra mim.
Ensinai-me, ajudai-me
as leis de Deus guardar,
Para que um dia eu vá
com Ele habitar.2
Reconhecer que temos uma família
celestial ajuda-nos a compreender
a natureza eterna de nossa família
terrena. O livro de Doutrina e Convênios ensina que a família é fundamental à ordem do céu: “A mesma
sociabilidade que existe entre nós,
aqui, existirá entre nós lá, só que será
acompanhada de glória eterna”.3
O entendimento da natureza eterna
da família é um elemento crítico para
compreendermos o plano do Pai
Maio de 2011
37
Celestial para Seus filhos. O adversário, por outro lado, quer fazer tudo a
seu alcance para destruir o plano do
Pai Celestial. Em sua tentativa de derrubar o plano de Deus, ele lidera um
ataque sem precedentes à instituição
da família. Entre as armas mais poderosas que ele usa nesse ataque estão
o egoísmo, a ganância e a pornografia.
Nossa felicidade eterna não está
entre os objetivos de Satanás. Ele sabe
que privá-los dos laços familiares
de potencial eterno é a chave essencial para que homens e mulheres se
tornem tão miseráveis quanto ele.
Satanás compreende que a verdadeira
felicidade nesta vida e na eternidade
encontra-se na família e, portanto, faz
tudo o que pode para destruí-la.
Alma, o profeta da Antiguidade,
chama o plano de Deus para Seus
filhos de “o grande plano de felicidade”. 4 A Primeira Presidência e o
Quórum dos Doze Apóstolos, a quem
apoiamos como profetas, videntes e
reveladores, deram-nos este conselho
inspirado quanto à felicidade e à vida
familiar: “A família foi ordenada por
Deus. O casamento entre o homem e
a mulher é essencial para Seu plano
eterno. Os filhos têm o direito de nascer dentro dos laços do matrimônio e
de ser criados por pai e mãe que honrem os votos matrimoniais com total
fidelidade. A felicidade na vida familiar
é mais provável de ser alcançada
quando fundamentada nos ensinamentos do Senhor Jesus Cristo ”.5
Essa felicidade citada por Alma
e, mais recentemente, pela Primeira
Presidência e pelo Quórum dos Doze
Apóstolos encontra-se com absoluta certeza no lar e na família. Nós
a encontraremos em abundância se
fizermos tudo o que pudermos para
criar um lar centralizado em Cristo.
A irmã Maynes e eu aprendemos
alguns princípios importantes quando
38
A Liahona
iniciamos o processo de criar um lar
centralizado em Cristo, ainda no início
de nosso casamento. Começamos
por seguir os conselhos dos líderes
da Igreja e passamos a reunir nossos
filhos e realizar a noite familiar semanalmente, bem como a orar e estudar
as escrituras diariamente. Nem sempre
era fácil ou conveniente e nem sempre dava certo, mas com o tempo,
esses simples momentos passados
juntos transformaram-se em tradições
queridas da família.
Aprendemos que, mesmo que
mais adiante na semana nossos filhos
não se lembrassem de tudo o que foi
dito na lição da noite familiar, eles se
lembrariam de que fizemos a reunião.
Descobrimos que mais tarde naquele
dia, na escola, eles dificilmente se
lembrariam das palavras exatas das
escrituras ou da oração, mas lembrariam que lemos as escrituras e oramos.
Irmãos e irmãs, recebemos grande
força e proteção, tanto nós como nossos filhos, quando criamos tradições
celestiais no lar.
O ato de aprender, ensinar e praticar os princípios do evangelho de
Jesus Cristo em casa ajuda-nos a criar
uma cultura que convida a presença
do Espírito. Se estabelecermos essas
tradições familiares em casa, seremos
capazes de deixar para trás as falsas
tradições do mundo e aprender a
colocar as necessidades e os assuntos
da família em primeiro lugar.
A responsabilidade de criar um
lar centralizado em Cristo é tanto
dos pais quanto dos filhos. Os pais
têm a responsabilidade de ensinar os
filhos com amor e retidão. Eles terão
de prestar contas ao Senhor quanto
ao cumprimento dessas responsabilidades sagradas. Os pais ensinam
os filhos por meio de palavras e pelo
próprio exemplo. Este poema de C.
C. Miller, intitulado “O Eco”, ilustra
a importância dos pais e a grande
influência que têm sobre os filhos:
Uma ovelha, não um cordeiro,
se desgarrou
Na parábola que Jesus nos contou,
Foi uma ovelha adulta que se
extraviou
Das noventa e nove que ficaram
no redil.
E por que devemos essa ovelha buscar
E com sinceridade esperar e orar?
Pois, quando as ovelhas se perdem,
há perigo:
Elas levam os cordeiros consigo.
Sabem, os cordeiros hão de seguir as
ovelhas,
Onde quer que elas se percam.
Se a ovelha se perder e andar a esmo,
Em breve, os cordeiros farão o mesmo.
Às ovelhas, sinceramente, suplicamos
Pelo bem-estar dos cordeiros nos
preocupamos;
Pois se uma ovelha vier a se desgarrar,
Que preço terrível
Os cordeiros terão de pagar! 6
As consequências para os pais que
fazem com que os filhos se percam
foram explicadas de modo bem claro
pelo Senhor, em Doutrina e Convênios: “E também, se em Sião (…)
houver pais que, tendo filhos, não os
ensinarem a compreender a doutrina
do arrependimento, da fé em Cristo, o
Filho do Deus vivo, e do batismo e do
dom do Espírito Santo pela imposição
das mãos, (…) sobre a cabeça dos
pais seja o pecado”.7
Nunca é demais reafirmar o quanto
é importante que os pais ensinem
tradições celestiais aos filhos por meio
de palavras e do exemplo. Os filhos
também têm um papel central na criação de um lar centralizado em Cristo.
Quero falar-lhes de um discurso feito
por Will, meu neto de oito anos, que
ilustra esse princípio:
“Gosto de andar a cavalo e laçar
animais com o meu pai. Para isso, usamos uma corda que é feita de vários
cordões entrelaçados para que ela
fique forte. Se a corda fosse feita de
um cordão só, não serviria para nada;
mas, como é feita de mais cordões
que trabalham juntos, ela pode ser
usada para muitas coisas e é forte.
A família pode ser como uma
corda: Quando só uma pessoa se
esforça para fazer o que é certo, a
família não é tão forte como seria se
todo mundo se esforçasse para ajudar
uns aos outros.
Sei que, quando eu faço o que é
certo, ajudo minha família. Quando
trato bem minha irmã, Isabelle, nós
dois nos divertimos e minha mãe e
meu pai ficam contentes. Se minha
mãe precisa fazer alguma coisa, posso
ajudar brincando com meu irmãozinho, Joey. Também posso ajudar
minha família deixando meu quarto
Dortmund, Alemanha
arrumado e ajudando de boa vontade
sempre que puder. Como eu sou o
filho mais velho, sei que é importante
dar um bom exemplo. Posso-me
esforçar ao máximo para fazer o que é
certo e guardar os mandamentos.
Sei que as crianças podem ajudar
a família a ser tão forte quanto uma
corda bem forte. Quando todo mundo
se esforça ao máximo e é unido, a
família fica feliz e forte.”
Quando os pais presidem a família
com amor e retidão e ensinam o
evangelho de Jesus Cristo aos filhos
por meio de palavras e pelo exemplo
que dão, e quando os filhos amam
e apoiam os pais, aprendendo e
praticando os princípios que os pais
ensinam, criarão, como resultado, um
lar centralizado em Cristo.
Irmãos e irmãs, nós, membros
da Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias, compreendemos
e acreditamos na natureza eterna da
família. Esse entendimento e essa
crença devem inspirar-nos a fazer
tudo ao nosso alcance para criar um
lar centralizado em Cristo. Prestolhes meu testemunho de que, se nos
empenharmos nisso, passaremos a
praticar mais plenamente o amor e
o serviço ao próximo — dos quais a
vida e a Expiação de nosso Salvador
Jesus Cristo são um exemplo — e o
resultado será que nossa casa passará
a ser um pedacinho do céu na Terra.
Em nome de Jesus Cristo. Amém. ◼
NOTAS
1. Atos 17:27–28.
2. “Sou Um Filho de Deus”, Hinos, nº 193.
3. Doutrina e Convênios 130:2; ver também
Robert D. Hales, “A Família Eterna,” Ensign,
novembro de 1996, p. 64.
4. Alma 42:8.
5. “A Família: Proclamação ao Mundo”,
A Liahona, novembro de 2004, última
contracapa.
6. C. C. Miller, “The Echo,” em Best-Loved
Poems of the LDS People, ed. Jack M. Lyon e
outros, 1996, pp. 312–313.
7. Doutrina e Convênios 68:25; grifo do autor.
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Élder Cecil O. Samuelson Jr.
Dos Setenta
Testemunho
Os fundamentos da aquisição e conservação de um
testemunho do evangelho de Jesus Cristo são simples,
claros e acessíveis a todas as pessoas.
U
ma das grandes bênçãos da
minha vida, durante muitos
anos, foi a oportunidade de
estar cercado por jovens da Igreja e
de trabalhar com eles. Considero esse
convívio e amizade uma das coisas
mais belas e valiosas da minha vida.
Eles também são grande parte do
alicerce do otimismo que tenho em
relação ao futuro da Igreja, da sociedade e do mundo.
Nessas interações, também tive o
privilégio de conversar com alguns
que tinham muitas dúvidas ou
desafios em relação a seu testemunho. Embora as situações específicas
fossem variadas e, às vezes, únicas,
muitas das dúvidas e dos motivos de
confusão eram bem semelhantes. Da
mesma forma, essas dúvidas e preocupações não se restringem a nenhum
grupo demográfico ou etário. Elas
podem incomodar aqueles que são
membros da Igreja há várias gerações,
os membros da Igreja relativamente
novos e também aqueles que estão
conhecendo A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias. Suas
dúvidas são geralmente a consequência de questionamentos sinceros ou
curiosidade. Como as implicações são
extremamente significativas e sérias
para cada um de nós, pareceu-me
40
A Liahona
adequado abordar o assunto de nosso
testemunho. Em nosso contexto santo
dos últimos dias chamamos de testemunho a nossa certeza da veracidade
do evangelho de Jesus Cristo, que
é obtida por revelação recebida por
intermédio do Espírito Santo.
Embora essa definição de testemunho seja simples e clara, ela pode suscitar muitas dúvidas, tais como: Quem
tem direito a ter um testemunho? Como
alguém pode obter a revelação necessária? Quais são os passos para se obter
um testemunho? A aquisição de um testemunho é um evento ou um processo
contínuo? Cada uma dessas dúvidas e
várias outras têm seus próprios corolários, mas os fundamentos da aquisição
e conservação de um testemunho do
evangelho de Jesus Cristo são simples,
claros e acessíveis a todas as pessoas.
Deixem-me responder rapidamente
a essas possíveis incertezas e, em
seguida, abordar algumas ideias que
me foram compartilhadas recentemente por amigos de confiança, que
são jovens adultos que tiveram uma
experiência pessoal na busca de um
testemunho. Eles também tiveram a
oportunidade de ministrar a outros
que tinham desafios ou dificuldades
em relação a alguns aspectos de sua fé
e suas crenças.
Em primeiro lugar: quem tem
direito a ter um testemunho? Todos
os que estiverem dispostos a pagar o
preço — ou seja, guardar os mandamentos — podem ter um testemunho.
“Portanto a voz do Senhor chega aos
confins da Terra, para que ouçam os
que quiserem ouvir” (D&C 1:11). Um
motivo fundamental da Restauração
do evangelho foi para que “todo
homem (…) fale em nome de Deus,
o Senhor, sim, o Salvador do mundo;
para que a fé também aumente na
Terra” (D&C 1:20–21).
Em segundo lugar, como é que
podemos obter a revelação necessária
e quais são os passos fundamentais
para se conseguir isso? O padrão tem
sido claro e constante ao longo dos
tempos. A promessa dada para se
ganhar um testemunho do Livro de
Mórmon também se aplica ao evangelho como um todo:
“E quando receberdes estas coisas”
— ou seja, você ouviu, leu, estudou
e ponderou a dúvida em questão
—, “(…) [pergunte] a Deus, o Pai
Eterno, em nome de Cristo, se estas
coisas não são verdadeiras” — isso
significa que você vai orar de forma
ponderada, específica e reverente,
com o firme compromisso de seguir a
resposta que receber —; “e se perguntardes com um coração sincero e com
real intenção, tendo fé em Cristo, ele
vos manifestará a verdade delas pelo
poder do Espírito Santo.
E pelo poder do Espírito Santo
podeis saber a verdade de todas as
coisas” (Morôni 10:4–5).
Em terceiro lugar, a aquisição de
um testemunho é um evento ou um
processo contínuo? O testemunho
é semelhante a um organismo vivo
que cresce e se desenvolve quando
é adequadamente tratado. Ele precisa de constante nutrição, cuidado e
proteção para crescer e prosperar. Da
mesma forma, a negligência ou o afastamento do padrão de vida condizente
com o testemunho pode levar-nos à
perda ou diminuição dele. As escrituras advertem que a transgressão ou
violação dos mandamentos de Deus
pode resultar na perda do Espírito e
até mesmo na negação do testemunho
que a pessoa já teve (ver D&C 42:23).
Permitam-me agora compartilhar
dez coisas que meus fiéis e valorosos
jovens amigos sugeriram. As ideias
que eles partilharam têm algo em
comum com o que vocês pensam
e sentem, portanto, é provável que
não sejam novidade para nenhum de
nós. Mas, principalmente em nossos
momentos de dificuldade e sofrimento, podemos esquecer temporariamente deles ou achar que não se
aplicam a nós, pessoalmente.
Em primeiro lugar, todos temos
valor, porque somos todos filhos de
Deus. Ele nos conhece e nos ama e
quer que consigamos retornar a Ele.
Precisamos aprender a confiar no
amor Dele e em Sua escolha do tempo
certo, e não em nossos próprios desejos impacientes e imperfeitos.
Em segundo lugar, embora acreditemos plenamente na vigorosa
mudança no coração descrita nas
escrituras (ver Mosias 5:2; Alma 5:12–
14, 26), devemos entender que isso
muitas vezes ocorre de forma gradual,
e não de modo instantâneo ou global,
e vem em resposta a dúvidas, experiências e preocupações específicas,
bem como por meio de nosso estudo
e oração.
Em terceiro lugar, precisamos
lembrar que a finalidade fundamental
da vida é sermos testados e provados
até nosso limite. Portanto, devemos
aprender a crescer com nossos desafios e a ser gratos pelas lições que não
poderíamos aprender de uma maneira
mais fácil.
Khayelitsha, África do Sul
Quarto, devemos aprender a confiar nas coisas em que acreditamos
ou que sabemos, para nos suster nos
momentos de incerteza ou nas dúvidas que tivermos.
Em quinto lugar, como Alma ensinou, a aquisição de um testemunho
é normalmente uma progressão ao
longo de uma linha contínua que vai
da esperança à crença e chega, por
fim, ao conhecimento da veracidade
de um determinado princípio ou doutrina, ou do próprio evangelho (ver
Alma 32).
Em sexto lugar, quando ensinamos o que sabemos a alguém isso
fortalece nosso próprio testemunho
e o da outra pessoa. Quando você
doa dinheiro ou comida, fica com
menos. Mas quando presta testemunho, tanto o seu testemunho quanto o
daquele que o ouve são fortalecidos e
aumentam.
Em sétimo lugar, precisamos fazer
coisas pequenas, porém necessárias
todos os dias, regularmente. A oração,
o estudo das escrituras e do evangelho, as reuniões da Igreja, a adoração
no templo, as visitas de mestre familiar
e de professora visitante e outros
encargos, tudo isso fortalece nossa fé
e promove a presença do Espírito em
nossa vida. Quando negligenciamos
qualquer desses privilégios, colocamos em risco o nosso testemunho.
Em oitavo lugar, não devemos exigir dos outros padrões mais elevados
que os nossos. Com muita frequência, deixamos que erros ou falhas
alheias, especialmente de líderes ou
membros da Igreja, influenciem nossa
autoimagem ou nosso testemunho. As
dificuldades das outras pessoas não
são desculpa para nossas próprias
deficiências.
Em nono lugar, é bom lembrar que
o excesso de severidade com nossos
próprios erros pode ser tão negativo
quanto a indiferença a nossa necessidade de real arrependimento.
E em décimo lugar, precisamos
sempre saber que a Expiação de
Cristo está plena e continuamente
válida para cada um de nós, se o
permitirmos. Assim, tudo o mais
entrará nos eixos, ao nos depararmos
com certos detalhes, hábitos ou peças
que aparentemente estão faltando no
mosaico de nossa fé.
Sinto-me grato pela sensatez, força
Maio de 2011
41
e pelo testemunho de muitos de
meus jovens e exemplares amigos e
conhecidos. Quando estou com eles,
sinto-me fortalecido, e quando sei que
eles estão com outros, sinto-me incentivado por saber do bem que estão
fazendo e do serviço que prestam
em nome do Mestre que adoram e a
Quem se esforçam em obedecer.
As pessoas fazem coisas boas e
importantes porque têm um testemunho. Embora isso seja verdade, também adquirimos testemunho por meio
daquilo que fazemos. Jesus disse:
“A minha doutrina não é minha,
mas daquele que me enviou.
Se alguém quiser fazer a vontade
dele, pela mesma doutrina conhecerá
se ela é de Deus, ou se eu falo de
mim mesmo” ( João 7:16–17).
“Se me amais, guardai os meus
mandamentos” ( João 14:15).
Tal como Néfi e Mórmon, no passado, “não conheço (…) o significado
de todas as coisas” (1 Néfi 11:17; ver
também Palavras de Mórmon 1:7),
mas quero dizer-lhes o que sei.
Sei que Deus nosso Pai Celestial
vive e nos ama. Sei que Seu Filho
especial, Jesus Cristo, é nosso Salvador e Redentor e o líder da Igreja que
leva Seu nome. Sei que Joseph Smith
viu tudo o que ele contou e ensinou
a respeito da Restauração do evangelho em nossos dias. Sei que somos
liderados por apóstolos e profetas
hoje, e que o Presidente Thomas S.
Monson possui todas as chaves do
sacerdócio necessárias para abençoar
nossa vida e levar adiante a obra do
Senhor. Sei que temos direito a esse
conhecimento e que, se vocês estão
tendo dificuldades, podem confiar
na veracidade dos testemunhos que
ouvirem deste púlpito nesta conferência. Sei essas coisas e presto testemunho delas, em nome de Jesus Cristo.
Amém. ◼
42
A Liahona
Élder Dallin H. Oaks
Do Quórum dos Doze Apóstolos
Desejo
Para alcançar nosso destino eterno temos que desejar
e trabalhar para adquirir as qualidades exigidas para
tornar-nos seres eternos.
D
ecidi falar sobre a importância
do desejo. Espero que examinemos nosso coração para ver
quais são realmente nossos desejos
e em que ordem de importância os
classificamos.
Os desejos determinam nossas
prioridades, as prioridades moldam
nossas decisões, e as decisões determinam nossas ações. Os desejos que
são colocados em prática determinam
como mudamos, o que realizamos e
em que nos tornamos.
Primeiramente, falarei de alguns
desejos comuns. Sendo seres mortais,
temos algumas necessidades físicas
básicas. O desejo de satisfazer essas
necessidades compele nossas escolhas e determina algumas de nossas
ações. Três exemplos demonstram
como muitas vezes substituímos esses
desejos por outros que consideramos
mais importantes.
Em primeiro lugar, comida. Temos
a necessidade básica de alimentar-nos,
mas por algum tempo ela pode ser
substituída pelo desejo mais forte de
jejuar.
Em segundo lugar, abrigo. Quando
eu tinha doze anos, resisti ao desejo
de buscar abrigo por causa de meu
desejo maior de cumprir um requisito
do escotismo de passar uma noite no
bosque. Fui um dos vários rapazes
que deixaram suas tendas confortáveis
e descobriram um meio de construir
um abrigo e de fazer uma cama primitiva usando materiais naturais que
conseguimos achar.
Em terceiro lugar, sono. Até esse
desejo básico pode ser substituído
temporariamente por outro ainda mais
importante. Quando eu era um jovem
soldado na Guarda Nacional de Utah,
vi um exemplo disso na vida de um
oficial experiente em combate.
Nos primeiros meses da Guerra
da Coreia, uma bateria de artilharia
de campo de Richfield, da Guarda
Nacional de Utah, foi convocada para
lutar. Aquela bateria, comandada pelo
capitão Ray Cox, era formada por
uns 40 soldados mórmons. Depois
de alguns treinamentos e reforçados
por reservistas de outros lugares, logo
foram enviados à Coreia, onde vivenciaram algumas das batalhas mais
ferozes daquela guerra. Em uma delas,
tiveram que repelir um ataque direto
de centenas de soldados da infantaria
inimiga, do tipo que já havia vencido
e destruído outras baterias de artilharia de campo.
O que isso tem a ver com o
desejo de dormir? Numa noite
crucial, quando a infantaria inimiga
transpôs a frente de batalha e chegou
à retaguarda ocupada pela artilharia, o capitão fez com que as linhas
telefônicas fossem conectadas a sua
barraca e ordenou que seus muitos
guardas de perímetro telefonassem
pessoalmente para ele a cada hora, a
noite inteira. Isso manteve os guardas acordados, mas também fez com
que o sono do capitão Cox fosse
interrompido muitas vezes. “Como
conseguiu fazer isso?” perguntei a ele.
A resposta mostra a força que tem
um desejo premente.
“Eu sabia que se conseguisse voltar
para casa encontraria os pais daqueles
rapazes, nas ruas de nossa pequena
cidade, e eu não poderia encarar
nenhum deles se o filho deles não
tivesse voltado para casa por causa
de algo que deixei de fazer como seu
comandante.” 1
Que grande exemplo da força de
um desejo premente sobre as prioridades e as ações. Que poderoso
exemplo para todos nós que somos
responsáveis pelo bem-estar de outros
— pais, líderes e professores da Igreja!
Concluindo essa ilustração, bem
cedo pela manhã, após a noite insone,
o capitão Cox liderou seus soldados
em um contra-ataque à infantaria inimiga. Fizeram mais de 800 prisioneiros, e só dois dos seus ficaram feridos.
Cox foi condecorado por bravura,
e sua bateria recebeu uma Menção
Honrosa Presidencial de Unidade por
seu extraordinário heroísmo. E tal
como os jovens guerreiros de Helamã
(ver Alma 57:25–26), todos voltaram
para casa.2
O Livro de Mórmon contém muitos
ensinamentos sobre a importância do
desejo.
Depois de suplicar ao Senhor por
muitas horas, Enos ouviu que seus
pecados haviam sido perdoados. Ele
então “[começou] a desejar” o bemestar de seus irmãos (Enos 1:9). Enos
escreveu: “E (…) após ter orado e me
empenhado com toda a diligência, o
Senhor disse-me: Por causa de tua fé
conceder-te-ei de acordo com teus
desejos” (versículo 12). Observem os
três conceitos essenciais que precederam a bênção prometida: Desejo,
trabalho e fé.
Em seu sermão sobre a fé, Alma
ensina que ela pode começar com
nada “mais que o desejo de acreditar”
se deixarmos “que esse desejo opere
em [nós]” (Alma 32:27).
Outro grande ensinamento sobre
o desejo, especialmente sobre qual
deve ser nosso maior desejo, ocorreu
quando o rei lamanita foi ensinado
pelo missionário Aarão. Quando os
ensinamentos de Aarão lhe atraíram
o interesse, o rei perguntou: “Que
deverei fazer para nascer de Deus”
e “conseguir essa vida eterna?” Alma
22:15. Aarão respondeu: “Se desejas
isto, (…) se te arrependeres de todos
os teus pecados e te curvares diante
de Deus e invocares o seu nome com
fé, acreditando que receberás, então
obterás a esperança que desejas”
(versículo 16).
O rei fez isso e declarou em
vigorosa oração: “Abandonarei todos
os meus pecados para conhecer-te”
(versículo 18). Com esse comprometimento e essa identificação de seu
maior desejo, sua oração foi respondida de modo milagroso.
O profeta Alma tinha grande
desejo de clamar arrependimento a
todos, mas compreendeu que não
deveria desejar o poder de compelir
as pessoas porque concluiu que “um
Deus justo (…) concede aos homens
segundo os seus desejos, sejam estes
para a morte ou para a vida” (Alma
29:4). De modo semelhante, o Senhor
declarou em revelação moderna que
julgará “todos os homens segundo
suas obras, segundo o desejo de seu
coração” (D&C 137:9).
Maio de 2011
43
Será que estamos verdadeiramente
preparados para que o Juiz Eterno
atribua esse enorme significado àquilo
que realmente desejamos?
Muitas escrituras falam do que
desejamos em termos daquilo que
buscamos. “Aquele que cedo me
buscar achar-me-á e não será abandonado” (D&C 88:83). “Procurai com
zelo os melhores dons” (D&C 46:8).
“Pois aquele que procurar diligentemente achará” (1 Néfi 10:19). “Achegai-vos a mim e achegar-me-ei a vós;
procurai-me diligentemente e acharme-eis; pedi e recebereis; batei e servos-á aberto” (D&C 88:63).
Não é fácil reajustar nossos desejos
para dar maior prioridade às coisas
da eternidade. Todos somos tentados
a desejar o quarteto mundano: da
posse, preeminência, presunção e do
poder. Podemos desejar essas coisas,
mas não devemos torná-las nossas
maiores prioridades.
Aqueles cujo maior desejo é ter
posses caem na armadilha do materialismo. Deixam de dar ouvidos ao
aviso: “Não busques as riquezas nem
44
A Liahona
as coisas vãs deste mundo” (Alma
39:14; ver também Jacó 2:18).
Aqueles que desejam preeminência
ou poder deviam seguir o exemplo do
valoroso capitão Morôni, que não serviu buscando “poder” nem as “honras
do mundo” (Alma 60:36).
Como desenvolvemos desejos?
Poucos terão o tipo de crise que motivou Aron Ralston, 3 mas a experiência
pessoal dele deixa uma valiosa lição
sobre o desenvolvimento do desejo.
Quando Ralston excursionava por um
desfiladeiro remoto no sul de Utah,
uma rocha de quase meia tonelada
soltou-se de repente, prendendo-lhe
o braço. Por cinco dias solitários, ele
fez de tudo para libertar-se. Quando
estava prestes a desistir e aceitar a
morte, teve a visão de um menino
de três anos que corria em sua
direção e a quem ele abraçava com
o braço esquerdo. Compreendendo
que aquela era uma visão de seu
futuro filho, garantindo-lhe que ele
poderia sobreviver, Ralston reuniu
coragem e executou a drástica ação
para salvar a vida antes de perder as
forças. Ele quebrou os dois ossos do
braço direito preso e depois usou a
lâmina de seu canivete para cortar
fora o braço. Depois reuniu forças
para percorrer oito quilômetros em
busca de ajuda.4 Que grande exemplo da força de um desejo premente!
Quando temos a visão daquilo em
que podemos nos tornar, nosso desejo
e nosso poder de agir aumentam
enormemente.
A maioria de nós jamais enfrentará
uma crise tão extrema, mas todos
enfrentamos armadilhas potenciais
que vão impedir o progresso rumo
a nosso destino eterno. Se forem
suficientemente intensos, os nossos
desejos justos nos motivarão a cortar
fora vícios e outras tendências pecaminosas e prioridades erradas que
impedem nosso progresso eterno.
Devemos lembrar que os desejos
justos não podem ser superficiais,
impulsivos ou temporários. Precisam
ser sinceros, inabaláveis e permanentes. Motivados dessa maneira, procuraremos aquela condição descrita pelo
Profeta Joseph Smith, na qual teremos
“[superado] todas as coisas ruins da
vida e [perdido] toda a vontade de
pecar”.5 Essa é uma decisão muito
pessoal. Como disse o Élder Neal A.
Maxwell:
“Quando se diz que as pessoas
‘perderam todo o desejo de pecar’,
significa que elas, e somente elas,
decidiram, de modo deliberado,
perder esses desejos iníquos, voluntariamente ‘abandonando todos os
seus pecados’ a fim de conhecerem
a Deus.
Assim, o que insistentemente
desejamos no decorrer da vida é o
que acabaremos nos tornando e o que
receberemos na eternidade”.6
Por mais importante que seja a
perda de todo o desejo de pecar, a
vida eterna exige mais que isso. Para
alcançar nosso destino eterno temos
que desejar e trabalhar para adquirir
as qualidades exigidas a fim de tornarnos seres eternos. Por exemplo: os
seres eternos perdoam todos aqueles
que os injuriaram. Eles colocam o
bem-estar das outras pessoas acima
deles mesmos. E amam todos os filhos
de Deus. Se isso parecer difícil — e
sem dúvida não é fácil para nenhum
de nós — então devemos começar
com o desejo de ter essas qualidades e rogar a ajuda do amoroso Pai
Celestial para lidarmos com nossos
sentimentos. O Livro de Mórmon nos
ensina que devemos rogar ao Pai, com
toda a energia de nosso coração, que
sejamos cheios desse amor que Ele
concedeu a todos os que são verdadeiros seguidores de Seu Filho, Jesus
Cristo (ver Morôni 7:48).
Encerro com um último exemplo
de desejo que deve ser de extrema
importância para todos os homens
e mulheres, tanto casados quanto
solteiros. Todos devemos desejar e
esforçar-nos seriamente para garantir
um casamento eterno. Aqueles que
já se casaram no templo devem fazer
tudo o que puderem para preservar
seu casamento. Os solteiros devem
desejar um casamento no templo e
dar a máxima prioridade para consegui-lo. Os jovens e os jovens adultos
devem resistir ao conceito politicamente correto, mas falso do ponto de
vista eterno, de que o casamento e os
filhos não são importantes.7
Vocês, homens solteiros, pensem no desafio lançado nesta carta
escrita por uma irmã solteira. Ela
rogava pelas “filhas dignas de Deus,
que sinceramente procuram um
companheiro digno, mas os homens
parecem cegos e confusos em relação
a terem ou não a responsabilidade
de procurar essas filhas maravilhosas e especiais do Pai Celestial e
namorá-las, estando dispostos a fazer
e cumprir convênios sagrados na casa
do Senhor”. Ela conclui, dizendo: “Há
muitos homens SUD solteiros que
ficam felizes em sair e divertir-se a
dois ou em grupo, mas que não têm
absolutamente nenhum desejo de
assumir qualquer tipo de compromisso com uma mulher”.8
Tenho certeza que alguns rapazes
que buscam ansiosamente uma companheira gostariam que eu acrescentasse que há moças cujo desejo de ter
um casamento e filhos é bem menor
do que seu desejo de ter uma carreira
profissional ou outras honras mortais.
Tanto os homens quanto as mulheres
necessitam ter desejos justos que vão
conduzi-los à vida eterna.
Lembremos que os desejos determinam nossas prioridades, as prioridades moldam nossas decisões, e as
decisões determinam nossas ações.
Além disso, são nossas ações e nossos
desejos que nos fazem tornar-nos
alguma coisa, seja um amigo verdadeiro, um professor talentoso ou
alguém qualificado para a vida eterna.
Presto testemunho de Jesus Cristo,
cujo amor, cujos ensinamentos e cuja
Expiação tornaram tudo isso possível.
Oro para que desejemos acima de
tudo nos tornarmos como Ele para
que um dia possamos retornar a Sua
presença e receber a plenitude de
Sua alegria. Em nome de Jesus Cristo.
Amém. ◼
NOTAS
1. Ray Cox, entrevistado pelo autor, em 1º
de agosto de 1985, Mount Pleasant, Utah,
confirmando o que me contara em Provo,
Utah, aproximadamente em 1953.
2. Ver Richard C. Roberts, Legacy: The History
of the Utah National Guard, 2003, pp. 307–
314; “Self-Propelled Task Force”, National
Guardsman, maio de 1971, última capa;
Miracle at Kapyong: The History of the
213th (filme produzido pela Universidade
do Sul de Utah, 2002).
3. Ver Aron Ralston, Between a Rock and a
Hard Place, 2004.
4. Ralston, Between a Rock and a Hard Place,
p. 248.
5. Ver Ensinamentos dos Presidentes da
Igreja: Joseph Smith, 2007, p. 220.
6. 6. Ver Neal A. Maxwell, “Segundo o Desejo
de [Nossos] Corações”, A Liahona, janeiro
de 1997, pp. 21–23.
7. Ver Julie B. Beck, “Ensinar a Doutrina
da Família”, A Liahona, Março 2011,
pp. 32–37.
8. Carta de 14 de setembro de 2006.
Maio de 2011
45
Élder M. Russell Ballard
Do Quórum dos Doze Apóstolos
Encontrar Alegria no
Serviço Amoroso
Mostremos nosso amor e apreço pelo sacrifício expiatório
do Salvador, por meio de nossos atos simples e compassivos
de serviço.
I
rmãos e irmãs, espero que aqueles
que estão visitando Salt Lake tenham a
oportunidade de apreciar as cores e o
perfume das belas flores de primavera
no terreno do Templo de Salt Lake.
A primavera traz uma renovação
de luz e vida — lembrando-nos, por
meio do ciclo das estações, da vida,
do sacrifício e da Ressurreição de
nosso Senhor e Redentor, Jesus Cristo,
pois “todas as coisas prestam testemunho [Dele]” (Moisés 6:63).
Contrastando com esse bonito
cenário de primavera e com seu simbolismo de esperança, há um mundo
de incerteza, complexidade e confusão. As exigências da vida cotidiana
— educação, emprego, a criação dos
filhos, a administração e os chamados
da Igreja, as atividades seculares e até
mesmo a dor e o sofrimento de uma
doença inesperada ou uma tragédia
— podem desgastar-nos. Como podemos livrar-nos dessa teia emaranhada
de desafios e incertezas e encontrar
paz de espírito e felicidade?
Muitas vezes somos como certo
jovem comerciante de Boston, que
em 1849, segundo conta a história, foi
contagiado pelo fervor da corrida do
46
A Liahona
ouro na Califórnia. Ele vendeu tudo
o que possuía para tentar a sorte nos
rios da Califórnia, que lhe disseram
estar repletos de pepitas de ouro tão
grandes que dificilmente podiam ser
carregadas.
Dia após dia, numa rotina interminável, o jovem mergulhava sua
peneira no rio, que voltava vazia. Sua
única recompensa era uma pilha cada
vez maior de pedras. Desanimado
e sem dinheiro, ele estava prestes a
desistir, até que, um dia, um garimpeiro velho e experiente lhe disse: “É
um belo monte de pedras esse que
você está juntando aí, meu rapaz”.
O rapaz respondeu: “Não há ouro
aqui. Vou voltar para casa”.
Aproximando-se da pilha de
pedras, o velho garimpeiro disse: “Oh,
há ouro aqui, sim. Você só tem que
saber onde encontrá-lo”. Ele pegou
duas pedras e bateu uma na outra.
Uma das pedras rachou revelando
vários filetes de ouro brilhando ao sol.
Percebendo a bolsa de couro carregada, presa à cintura do garimpeiro,
o jovem disse: “Estou à procura de
pepitas como as de sua bolsa, e não
apenas minúsculos filetes”.
O velho garimpeiro estendeu a
bolsa para o rapaz, que olhou dentro
dela esperando ver muitas pepitas
grandes. Ficou surpreso ao ver que
a bolsa estava cheia de milhares de
filetes de ouro.
O velho garimpeiro disse: “Filho,
parece-me que você está tão ocupado
procurando pepitas grandes, que está
deixando de encher sua bolsa com
esses preciosos filetes de ouro. O acúmulo paciente desses pequenos filetes
me trouxe uma grande riqueza”.
Essa história ilustra a verdade espiritual que Alma ensinou a seu filho
Helamã:
“Por meio de coisas pequenas e simples que as grandes são
realizadas. (…)
E por meios muito pequenos o
Senhor (…) efetua a salvação de muitas almas” (Alma 37:6–7).
Irmãos e irmãs, o evangelho de
Jesus Cristo é simples, não importa o
quanto tentemos torná-lo complicado.
Devemos esforçar-nos para manter
nossa vida igualmente simples, livre
de influências externas, e concentrarnos nas coisas que mais importam.
Quais são as coisas preciosas e
simples do evangelho que trazem clareza e propósito a nossa vida? Quais
são os filetes de ouro do evangelho
cujo paciente acúmulo ao longo de
nossa vida nos recompensa com o
supremo tesouro — o dom precioso
da vida eterna?
Creio que há um princípio simples,
porém profundo — até sublime —
que abrange a totalidade do evangelho de Jesus Cristo. Se adotarmos
sinceramente esse princípio e fizermos
dele o ponto central de nossa vida, ele
vai purificar-nos e santificar-nos para
que possamos viver novamente na
presença de Deus.
O Salvador falou desse princípio
quando respondeu a um fariseu que
Lhe perguntou: “Mestre, qual é o
grande mandamento na lei?
E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor
teu Deus de todo o teu coração, e
de toda a tua alma, e de todo o teu
pensamento.
Este é o primeiro e grande
mandamento.
E o segundo, semelhante a este,
é: Amarás o teu próximo como a ti
mesmo” (Mateus 22:36–40).
Só quando amamos a Deus e a
Cristo de todo o coração, alma e
mente, é que somos capazes de compartilhar esse amor com nossos semelhantes, por meio de atos de bondade
e de serviço — da maneira que o
Salvador amaria e serviria a todos nós,
se estivesse em nosso meio hoje.
Quando esse puro amor de Cristo
— ou caridade — nos envolve, pensamos, sentimos e agimos mais como
o Pai Celestial e Jesus pensariam, sentiriam e agiriam. Nosso desejo sincero
e motivação são mais semelhantes aos
do Salvador. Ele compartilhou esse
desejo com Seus apóstolos na véspera
de Sua crucificação. Ele disse:
“Um novo mandamento vos dou:
Que vos ameis uns aos outros; como
eu vos amei a vós. (…)
Nisto todos conhecerão que sois
meus discípulos, se vos amardes uns
aos outros” ( João 13:34–35).
O amor do Salvador é descrito
como um amor ativo. Não se manifesta por meio de feitos grandes e
heroicos, mas sim por simples gestos
de bondade e de serviço.
Há uma infinidade de maneiras e
situações nas quais podemos servir e
amar as pessoas. Gostaria de sugerir
algumas.
Em primeiro lugar, a caridade
começa no lar. O princípio mais
importante que deve governar todo
lar é a prática da Regra de Ouro — a
admoestação do Senhor de que “tudo
o que vós quereis que os homens
vos façam, fazei-lho também vós”
(Mateus 7:12). Pare um pouco e imagine como você se sentiria se fosse
alvo de palavras ou atos irrefletidos.
Por meio de nosso exemplo, ensinemos nossos familiares a ter amor uns
pelos outros.
Outro lugar em que temos amplas
oportunidades de servir é na Igreja.
Nossas alas e ramos devem ser lugares em que a Regra de Ouro sempre
guie as palavras e ações de uns para
com os outros. Ao tratarmos uns
aos outros com bondade, dizendo
palavras de apoio e incentivo e sendo
sensíveis às necessidades alheias,
podemos criar uma união carinhosa
entre os membros da ala. Onde existe
caridade, não há lugar para fofocas
ou palavras rudes.
Os membros da ala, tanto adultos quanto jovens, podem unir-se na
prestação de um serviço significativo para abençoar a vida de outros.
Poucas semanas atrás, o Presidente
da Área América do Sul Noroeste, o
Élder Marcus B. Nash, dos Setenta,
relatou que ao designar que os “fortes
de espírito fortalecessem os fracos”,
eles estavam resgatando centenas de
adultos e jovens menos ativos. Por
meio do amor e do serviço, “um a
um”, estavam retornando. Esses atos
de bondade criam um vínculo forte e
duradouro entre todos os envolvidos
— tanto os que ajudaram quanto os
que foram ajudados. Muitas lembranças preciosas giram em torno de
serviços assim.
Quando penso em meus muitos
anos de administração na Igreja,
algumas de minhas lembranças mais
marcantes são da época em que me
uni aos membros da ala para ajudar
alguém.
Lembro-me, por exemplo, de
quando era bispo e trabalhei com
vários membros de minha ala para
limpar o poço de silagem da fazenda
de bem-estar da estaca. Não era uma
tarefa agradável! Um irmão menos
ativo que não frequentava a Igreja,
havia muitos anos, foi convidado
Maio de 2011
47
para ajudar-nos. Devido ao amor e à
amizade que sentiu enquanto conversávamos naquele poço de silagem
mal-cheiroso, ele voltou à Igreja e foi
mais tarde selado no templo a sua
esposa e seus filhos. Nossa integração
por meio do serviço abençoou seus
filhos, netos e agora bisnetos. Muitos
deles serviram missão, casaram-se no
templo e estão criando uma família
eterna — um grande trabalho que
foi fruto de um simples ato — um
pequeno filete de ouro.
Uma terceira área em que podemos
servir é em nossa comunidade. Como
pura expressão de nosso amor e preocupação, podemos estender a mão
para aqueles que necessitam de nossa
ajuda. Muitos de vocês já vestiram
uma camiseta Mãos Que Ajudam e trabalharam incansavelmente para aliviar
o sofrimento de suas comunidades e
48
A Liahona
melhorá-las. Os jovens adultos solteiros da estaca Sendai Japão prestaram
recentemente um serviço inestimável
na busca de membros, após a devastação do terremoto e do tsunami. Há
inúmeras oportunidades de servir!
Por meio de nossa bondade e
nosso serviço sinceros podemos
fazer amizade com aqueles a quem
servimos. Dessas amizades surge
uma melhor compreensão de nossa
devoção ao evangelho e um desejo de
saber mais a nosso respeito.
Meu bom amigo, o Élder Joseph B.
Wirthlin, falou do poder desse princípio: “A bondade é a essência da grandeza. (…) É a chave que abre portas
e molda os bons amigos. Ela suaviza
corações e molda os relacionamentos
que podem perdurar a vida toda”
(“A Virtude da Bondade”, A Liahona,
maio de 2005, p. 26).
Outro modo pelo qual podemos
servir aos filhos do Pai Celestial é por
meio do serviço missionário — não
apenas como missionários de tempo
integral, mas também como amigos
e vizinhos. O crescimento futuro da
Igreja não acontecerá apenas batendo
em portas de estranhos. Acontecerá
quando os membros, juntamente com
nossos missionários, cheios do amor
de Deus e de Cristo, discernirem as
necessidades e as atenderem, no espírito do serviço caridoso.
Quando fizermos isso, irmãos e
irmãs, os honestos de coração sentirão
nossa sinceridade e nosso amor. Muitos vão querer conhecer mais a nosso
respeito. Então, e somente então, a
Igreja crescerá para encher toda a
Terra. Isso não pode ser realizado
somente pelos missionários, mas exige
o interesse e o serviço de todos os
membros.
Em todo nosso serviço, precisamos
estar receptivos aos sussurros do Espírito Santo. A voz mansa e delicada vai
indicar-nos quem necessita de nossa
ajuda e o que podemos fazer para
ajudá-los.
O Presidente Spencer W. Kimball
disse: “É vital que sirvamos uns aos
outros no reino. (…) Com muita
frequência, nossos atos de serviço
consistem em dar um simples incentivo ou oferecer ajuda em atividades
cotidianas, mas que consequências
gloriosas podem resultar de atos cotidianos (…), mas conscientes!” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja:
Spencer W. Kimball, 2006, p. 92.)
E o Presidente Thomas S. Monson
aconselhou:
“Há pessoas necessitadas em toda
parte, e todos nós podemos fazer algo
para ajudar alguém.
(…) A menos que nos entreguemos totalmente ao serviço ao próximo, haverá pouco propósito em
S E S S Ã O D O S A C E R D Ó C I O | 2 d e a b r il d e 2 0 1 1
nossa vida” (“O Que Fiz Hoje por
Alguém?”, A Liahona, novembro de
2009, p. 86).
Irmãos e irmãs, gostaria de enfatizar novamente que o atributo mais
importante do Pai Celestial e de Seu
Filho amado, que devemos desejar e
esforçar-nos para ter dentro de nós,
é o dom da caridade, “o puro amor
de Cristo” (Morôni 7:47). Desse dom
emana nossa capacidade de amar
e servir às pessoas — como fez o
Salvador.
O profeta Mórmon ensinou-nos
a suprema importância desse dom e
nos disse como podemos recebê-lo:
“Portanto, meus amados irmãos, rogai
ao Pai, com toda a energia de vosso
coração, que sejais cheios desse amor
que ele concedeu a todos os que são
verdadeiros seguidores de seu Filho,
Jesus Cristo; que vos torneis os filhos
de Deus; que quando ele aparecer,
sejamos como ele, porque o veremos
como ele é; que tenhamos esta esperança; que sejamos purificados, como
ele é puro” (Morôni 7:48).
Grandes coisas são realizadas por
meio de simples e pequenas coisas.
Como os pequenos filetes de ouro
que se acumulam com o tempo para
formar um grande tesouro, nossos
pequenos e simples atos de bondade
e serviço vão-se acumular em uma
vida cheia de amor pelo Pai Celestial,
de devoção ao trabalho do Senhor
Jesus Cristo e de um sentimento de
paz e alegria, sempre que estendermos a mão uns para os outros.
Ao aproximar-nos da época da
Páscoa, que mostremos nosso amor
e apreço pelo sacrifício expiatório do
Salvador, por meio de nossos atos
simples e compassivos de serviço a
nossos irmãos e irmãs em casa, na
Igreja e em nossas comunidades. Essa
é minha humilde oração, em nome de
Jesus Cristo. Amém. ◼
Élder Neil L. Andersen
Do Quórum dos Doze Apóstolos
Preparar o Mundo
para a Segunda Vinda
Sua missão será uma oportunidade sagrada de conduzir
pessoas a Cristo e ajudar a preparar o mundo “para a
Segunda Vinda do Salvador”.
D
irijo-me hoje, em especial, aos
rapazes de 12 a 25 anos que
portam o sacerdócio de Deus.
Nós pensamos muito em vocês e
oramos por vocês. Certa vez contei a
história de um neto de quatro anos
que deu um empurrão no irmãozinho.
Depois de consolar aquele que chorava, minha esposa, Kathy, voltou-se
para o de quatro anos e perguntou
seriamente: “Por que você empurrou
seu irmãozinho?”. Ele olhou para a avó
e disse: “Mimi, sinto muito. Perdi meu
anel do CTR e não consigo escolher
o que é certo”. Sabemos que vocês
sempre se empenham em fazer o que
é certo. Nós os amamos muito.
Já pensaram no motivo pelo qual
foram enviados à Terra nesta época
específica? Vocês não nasceram na
época de Adão e Eva, nem enquanto
os faraós governavam o Egito, nem
durante a dinastia Ming. Vieram à
Terra nesta época, vinte séculos
depois da primeira vinda de Cristo. O
sacerdócio de Deus foi restaurado na
Terra, e o Senhor estendeu a mão para
preparar o mundo para Seu glorioso
retorno. Esta é uma época de grandes
oportunidades e de importantes responsabilidades. Esta é a sua época.
Com o batismo, vocês declararam
sua fé em Jesus Cristo. Com sua ordenação ao sacerdócio, seus talentos e
capacidades espirituais foram ampliados. Uma de suas importantes responsabilidades é a de ajudar a preparar
o mundo para a Segunda Vinda do
Salvador.
O Senhor nomeou um profeta, o
Presidente Thomas S. Monson, para
dirigir o trabalho de Seu sacerdócio.
Para vocês, o Presidente Monson
disse: “O Senhor precisa de missionários”.1 “Todo rapaz digno e capaz deve
preparar-se para servir uma missão.
O serviço missionário é um dever do
sacerdócio — uma obrigação que o
Senhor espera de [vocês], que tanto
[receberam] Dele”.2
O serviço missionário exige sacrifício. Sempre haverá algo que deixarão
para trás ao aceitarem o chamado do
profeta para servir.
Aqueles que acompanham os jogos
de rúgbi sabem que a equipe All
Maio de 2011
49
Blacks, da Nova Zelândia, nome que
lhes foi dado por causa da cor de seu
uniforme, é o mais famoso time de
rúbgi de todos os tempos.3 O privilégio de ser escolhido para integrar
os All Blacks da Nova Zelândia seria
comparável ao de participar da seleção da Copa do Mundo de futebol.
Em 1961, aos dezoito anos de
idade, sendo portador do Sacerdócio
Aarônico, Sidney Going, estava-se
tornando um astro do rúbgi, na Nova
Zelândia. Devido a suas habilidades
extraordinárias, muitos acharam que
ele seria escolhido no ano seguinte
para integrar a equipe dos All Blacks.
Aos dezenove anos, num momento
crítico de sua carreira ascendente no
rúgbi, Sidney declarou que iria abandonar o esporte para servir missão.
Alguns o chamaram de louco. Outros
o chamaram de tolo.4 Alegaram que
aquela oportunidade no rúgbi nunca
aconteceria de novo.
Para Sid, o importante não era o
que ele deixava para trás, mas a oportunidade e a responsabilidade que
havia pela frente. Ele tinha o dever do
sacerdócio de oferecer dois anos de
sua vida para declarar a realidade do
Senhor Jesus Cristo e de Seu evangelho restaurado. Nada — nem mesmo
a chance de jogar na seleção nacional, com toda a consagração que isso
50
A Liahona
lhe proporcionaria — o impediria de
cumprir aquele dever.5
Ele foi chamado por um profeta
de Deus para servir na Missão Canadense Ocidental. Há quarenta e oito
anos, neste mês, o jovem Élder Sidney
Going, de dezenove anos, partiu da
Nova Zelândia para servir como missionário da Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias.
Sid contou-me uma experiência
pessoal que teve em sua missão. Era
noite, e ele e o companheiro estavam
prestes a retornar ao apartamento.
Decidiram visitar mais uma família. O
pai os deixou entrar, e o Élder Going
e seu companheiro prestaram testemunho do Salvador. A família aceitou
um exemplar do Livro de Mórmon. O
pai o leu a noite inteira. Uma semana
e meia depois, o pai tinha completado
a leitura do Livro de Mórmon, de Doutrina e Convênios e de A Pérola de
Grande Valor. Poucas semanas depois,
a família foi batizada.6
Uma missão, em vez de uma posição no time All Blacks da Nova Zelândia? Sid respondeu: “A bênção de levar
o evangelho para as pessoas é muito
maior do que qualquer sacrifício que
você venha a fazer”.7
Vocês provavelmente estão-se
perguntando: o que aconteceu com
Sid Going depois da missão. O mais
importante: um casamento eterno com
sua namorada, Collenn, cinco nobres
filhos e uma geração de netos. Por
toda a vida, ele confiou em seu Pai
Celestial, guardou os mandamentos e
serviu ao próximo.
E o rúgbi? Depois de sua missão,
Sid Going tornou-se um dos melhores
zagueiros da história do All Blacks,
disputando onze campeonatos,
atuando por muitos anos como capitão do time.8
Será que Sid Going era bom? Ele
era tão bom que sua agenda de treinos
e jogos foi alterada, porque ele não
jogava aos domingos.9 Sid era tão bom
que a rainha da Inglaterra reconheceu
sua contribuição para o rúgbi. 10 Era
tão bom que um livro foi escrito a respeito dele, intitulado Super Sid.
E se Sid não tivesse recebido essas
honras depois da missão? Um dos
maiores milagres do serviço missionário desta Igreja é ver que Sid Going
e milhares de missionários como ele
nunca perguntaram: “O que eu ganho
com minha missão?” Mas, sim: “O que
posso oferecer?”
Sua missão será uma oportunidade
sagrada de conduzir pessoas a Cristo
e ajudar a preparar o mundo “para a
Segunda Vinda do Salvador”.
O Senhor fala há muito tempo
da preparação necessária para Sua
Segunda Vinda. Para Enoque Ele
declarou: “E justiça enviarei dos céus;
e verdade farei brotar da terra (…)
e justiça e verdade farei varrerem
a Terra, como um dilúvio, a fim de
reunir meus eleitos dos quatro cantos
da Terra”.11 O profeta Daniel profetizou que nos últimos dias o evangelho
iria rolar até os confins da Terra, como
“uma pedra [cortada] sem auxílio de
mãos”. 12 Néfi falou da Igreja dos últimos dias, que teria poucos membros,
mas estaria espalhada por toda a face
da Terra. 13 O Senhor declarou, nesta
dispensação: “Sois chamados para efetuardes a reunião de meus eleitos”. 14
Meus jovens irmãos, sua missão é uma
grande oportunidade e responsabilidade, importante para essa coligação
prometida e vinculada a seu destino
eterno.
Desde os primórdios da Restauração, os líderes gerais levam muito
a sério seu encargo de proclamar
o evangelho. Em 1837, apenas sete
anos depois da organização da Igreja,
numa época de pobreza e perseguição, foram enviados missionários para
ensinar o evangelho na Inglaterra. Nos
anos seguintes, havia missionários
pregando em lugares como Áustria,
Polinésia Francesa, Índia, Barbados,
Chile e China.15
O Senhor abençoou esse trabalho,
e a Igreja está sendo estabelecida no
mundo inteiro. Esta nossa reunião
está sendo traduzida para 92 idiomas.
Somos gratos pelos 52.225 missionários de tempo integral que servem em
mais de 150 países.16 O sol nunca se
põe sobre os missionários justos que
prestam testemunho do Salvador. Pensem na força espiritual de 52.000 missionários, investidos com o Espírito do
Senhor, declarando destemidamente
que “nenhum outro nome se dará,
nenhum outro caminho ou meio pelo
qual a salvação seja concedida aos
filhos dos homens, a não ser em nome
e pelo nome de Cristo”. 17 Expressamos gratidão às dezenas de milhares
de missionários que retornaram do
campo e que ofereceram e continuam
a oferecer o melhor de si. O mundo
está sendo preparado para a Segunda
Vinda do Salvador em grande parte
por causa do trabalho do Senhor realizado por Seus missionários.
O serviço missionário é um
trabalho espiritual. A dignidade e a
preparação são essenciais. O Presidente Monson disse: “Rapazes, eu
os admoesto a prepararem-se para
servir como missionários. Mantenham-se limpos, puros e dignos de
representar o Senhor”.18 Nos anos que
antecederem sua missão, lembrem-se
da sagrada atribuição que têm pela
frente. Suas ações antes da missão
vão influenciar em muito o poder do
sacerdócio que levarão para a missão.
Preparem-se bem.
O Presidente Monson disse que
“Todo rapaz digno e capaz deve preparar-se para servir uma missão”.19 Em
certos casos, devido à saúde ou outros
motivos, talvez o rapaz não possa servir. Vocês saberão se têm capacidade
para servir, conversando com seus pais
e com o bispo. Se esse for seu caso,
não se sintam menos importantes em
relação ao nobre compromisso que
têm diante de vocês. O Senhor é muito
generoso com aqueles que O amam, e
Ele abrirá as portas para vocês.
Alguns talvez estejam se perguntando se já são velhos demais para
servir. Um amigo meu da China
conheceu a Igreja no Camboja quando
tinha mais de vinte anos. Ele se
perguntava se ainda deveria pensar
em servir missão. Depois de orar e
de conversar com o bispo, ele foi
chamado e serviu honrosamente na
Cidade de Nova York. Se sua idade os
preocupam, orem e conversem com
seu bispo. Ele os orientará.
Cinquenta por cento dos missionários servem no próprio país. É assim
que deve ser. O Senhor prometeu que
“todo homem ouvirá a plenitude do
evangelho em sua própria língua e
em seu próprio idioma”.20 Vocês serão
chamados por profecia e vão servir
onde forem mais necessários.
Adoro reunir-me com os missionários em todo o mundo. Recentemente, ao visitar a Missão Austrália
Sydney, adivinhem quem encontrei!
O Élder Sidney Going — o legendário jogador de rúgbi neozelandês. Ao
67 anos, ele está de novo servindo
uma missão, mas desta vez com a
companheira que ele mesmo escolheu, a Síster Colleen Going. Ele me
contou sobre uma família que ensinaram. Os pais eram membros, mas
tinham ficado menos ativos na Igreja
por muitos e muitos anos. O Élder
e a Síster Going ajudaram a reaquecer a fé da família. O Élder Going
contou-me sobre o poder que sentiu
no batismo, ao ficar perto do chefe
da família enquanto seu filho mais
velho, agora portador do sacerdócio,
batizava seu irmão e sua irmã mais
novos. Ele expressou a alegria de
testemunhar a busca da vida eterna
por uma família unida.21
Falando a vocês, a Primeira Presidência declarou:
“Vocês são espíritos escolhidos
que nasceram nestes dias em que
as responsabilidades e oportunidades, assim como as tentações, são as
maiores. Maio de 2011
51
(…) Oramos por (…) vocês (…)
para que possam realizar o grande
trabalho que se encontra a sua frente
(…) e para que possam ser dignos [e
dispostos] de levar adiante as responsabilidades de edificar o reino
de Deus e preparar o mundo para a
Segunda Vinda do Salvador”.22
Adoro a pintura da Segunda Vinda
do Salvador feita por Harry Anderson.
Ela me faz lembrar que Ele virá em
majestade e poder. Haverá acontecimentos assombrosos na Terra e nos
céus.23
Aqueles que aguardam a vinda
do Salvador “[estarão] esperando
[por Ele]”. E Ele prometeu: “Eis que
virei”. Os justos O verão “nas nuvens
do céu, revestido de poder e grande
glória, com todos os santos anjos”.24
“Um anjo soará sua trombeta, e os
santos [dos quatro cantos da Terra] 25
[serão] arrebatados para encontrá-lo.” 26 Aqueles “que dormiram”,
ou seja, os santos dignos que
morreram, “ressurgirão para
[encontrá-Lo]”.27
Lemos nas escrituras: “O Senhor
assentará o pé sobre [o] monte” 28 e
“fará soar sua voz e todos os confins
da Terra ouvi-la-ão”.29
Meus jovens irmãos no sacerdócio,
presto-lhes testemunho da grandiosidade, mas, acima de tudo, da certeza
desse magnífico acontecimento. O
Salvador vive. Ele vai voltar à Terra.
E, quer deste lado do véu ou do
outro, todos nós vamos nos regozijar com Sua vinda, e daremos graças
ao Senhor por Ele ter-nos enviado à
Terra nesta época para cumprir nosso
sagrado dever, de ajudar a preparar o
mundo para Sua volta. Em nome de
Jesus Cristo. Amém. ◼
NOTAS
1. Thomas S. Monson, “O Senhor Precisa
de Missionários”, A ­Liahona, janeiro de
2011, p. 4.
52
A Liahona
2. Thomas S. Monson, “Ao Voltarmos a Nos
Encontrar”, A ­Liahona, novembro de
2010, p. 5.
3. Ver stats.allblacks.com.
4. Ver Bob Howitt, Super Sid: The Story of a
Great All Black [Super Sid: A História de
um Grande All Black], 1978, p. 27.
5. Conversa pelo telefone com o Presidente
Maxwell Horsford, Estaca Kaikohe Nova
Zelândia, março de 2011
6. Conversa pelo telefone com o Élder Sidney
Going, março de 2011.
7. Correspondência por e-mail com o Élder
Sidney Going, março de 2011.
8. Ver stats.allblacks.com/asp/profile
.asp?ABID=324.
9. Conversa pelo telefone com o Presidente
Maxwell Horsford, Estaca Kaikohe Nova
Zelândia, março de 2011.
10. Sid Going recebeu o prêmio MBE (Membro
da Ordem do Império Britânico) em 1978,
por sua contribuição ao esporte rúgbi (ver
Howitt, Super Sid, p. 265).
11. Moisés 7:62.
12. Daniel 2:45.
13. Ver 1 Néfi 14:12–14.
14. Doutrina e Convênios 29:7.
15. Ver Deseret News 2011 Church Almanac,
2011, pp. 430, 432, 458, 463, 487, 505.
16. Até 31 de dezembro de 2010.
17. Mosias 3:17.
18. Thomas S. Monson, A ­Liahona, janeiro de
2011, p. 4.
19. Thomas S. Monson, A ­Liahona, novembro
de 2010, p. 5.
20. Doutrina e Convênios 90:11.
21. Conversa pelo telefone com o Élder Sidney
Going, março de 2011.
22. “Mensagem da Primeira Presidência”,
Para o Vigor da Juventude: Cumprir
Nosso Dever para com Deus, livreto,
2001, pp. 2–3.
23. Ver Doutrina e Convênios 43:18; 45:40.
24. Doutrina e Convênios 45:44.
25. Doutrina e Convênios 45:45, 46.
26. Doutrina e Convênios 88:96.
27. Doutrina e Convênios 45:45; ver também
Doutrina e Convênios 29:13; 88:96–97.
28. Doutrina e Convênios 45:48.
29. Doutrina e Convênios 45:49.
Élder Steven E. Snow
Da Presidência dos Setenta
Esperança
Nossa esperança na Expiação investe-nos de uma
perspectiva eterna.
N
ossa família cresceu nos planaltos desérticos do sul de Utah.
Ali é raro chover, e grande é a
esperança de que haja suficiente umidade para o calor do verão seguinte.
Naquela época, como agora, esperamos que chova, oramos para que
chova e, nos tempos difíceis, jejuamos
para que chova.
Conta-se ali a história do avô que
levou o neto para passear na cidade.
Acabaram chegando a uma pequena
mercearia da avenida principal, na qual
entraram para tomar um refrigerante
gelado. Um carro de outro estado
parou ali, e o motorista puxou conversa com o avô. Apontando para uma
pequena nuvem no céu, o forasteiro
perguntou: “Acha que vai chover?”
“Espero que sim”, respondeu o
homem idoso, “não por mim, mas
pelo menino. Eu já vi chuva”.
A esperança é uma emoção que
enriquece nossa vida cotidiana. É
definida como “o sentimento de que
as coisas terão um final feliz”. Quando
exercemos esperança, “ansiamos
pelo futuro (…) com grande desejo
e razoável confiança” (dictionary.
reference.com/browse/hope). Dessa
forma, a esperança proporciona uma
influência tranquilizadora para nossa
vida, ao aguardarmos com confiança
os acontecimentos futuros.
Às vezes, esperamos por coisas sobre as quais temos pouco ou
nenhum controle. Esperamos que
faça bom tempo. Esperamos que a
primavera chegue logo. Esperamos
que nosso time ganhe a Copa do
Mundo, ou os torneios mundiais de
sua modalidade.
Essas esperanças tornam nossa
vida interessante e com frequência
podem induzir-nos a um comportamento incomum, até supersticioso. Por
exemplo: meu sogro é grande aficionado de esportes, mas está convencido
de que se não assistir ao jogo do seu
time preferido na televisão, será mais
provável que o time ganhe. Quando
eu tinha doze anos, insisti em calçar o
mesmo par de meias sujas em todos os
jogos do campeonato de beisebol, na
esperança de vencer. Minha mãe me
fazia deixá-las na varanda dos fundos.
Em outras ocasiões, nossas esperanças podem levar-nos a ter sonhos
que nos inspirem a agir. Se tivermos
esperança de tirar melhores notas na
escola, essa esperança pode ser realizada por meio de estudo dedicado
e sacrifício. Se tivermos esperança de
jogar num time vencedor, essa esperança pode levar-nos a treinar constantemente com dedicação e espírito
de equipe, até acabarmos vencendo.
Roger Bannister era um estudante
de medicina, na Inglaterra, que tinha
uma esperança grandiosa. Desejava
ser o primeiro homem a correr uma
milha (1,6 km) em menos de quatro
minutos. Durante grande parte da primeira metade do início do Século XX,
os entusiastas do atletismo ansiaram
pelo dia em que a barreira dos quatro
minutos seria quebrada. Ao longo
dos anos muitos corredores famosos
chegaram bem perto, mas a barreira
de quatro minutos não foi derrubada.
Bannister dedicou-se a um ambicioso programa de treinamento, com
a esperança de atingir sua meta de
estabelecer um novo recorde mundial.
Alguns integrantes da comunidade
esportiva começaram a duvidar que a
barreira de quatro minutos para correr
uma milha pudesse ser quebrada.
Alguns supostos especialistas chegaram a levantar a hipótese de que o
corpo humano era fisiologicamente
incapaz de correr a essa velocidade
por uma distância tão grande. Num
dia nublado, em 6 de maio de 1954,
o grande sonho de Roger Bannister
foi realizado! Ele cruzou a linha de
chegada em 3 minutos, 59 segundos
e quatro décimos: um novo recorde
mundial. Sua esperança de quebrar
a barreira de uma milha em quatro
minutos tornou-se um sonho que foi
realizado por meio de treinamento,
trabalho árduo e dedicação.
A esperança pode inspirar sonhos
e impulsionar-nos a realizar esses
sonhos. A esperança sozinha, porém,
não nos faz ter sucesso. Muitas
esperanças honrosas ficaram sem ser
cumpridas, naufragando nos recifes
das boas intenções e da preguiça.
Como pais, vemos nossas maiores
esperanças concentrar-se em nossos
filhos. Esperamos que eles cresçam
para levar uma vida responsável e
justa. Essas esperanças podem ser
facilmente desfeitas se não agirmos
Maio de 2011
53
como bons exemplos. A esperança
por si só não faz com que nossos
filhos cresçam em retidão. Precisamos passar tempo com eles na noite
familiar e em atividades familiares que
valem a pena. Precisamos ensiná-los a
orar. Precisamos ler as escrituras com
eles e ensinar-lhes importantes princípios do evangelho. Somente então
será possível que nossas mais almejadas esperanças se tornem realidade.
Jamais devemos deixar que a esperança seja substituída pelo desespero.
O Apóstolo Paulo escreveu que devemos “lavrar com esperança” (I Coríntios 9:10). O exercício da esperança
enriquece-nos a vida e ajuda-nos a
ansiar pelo futuro. Tanto ao arar um
campo quanto na vida é preciso que
nós, santos dos últimos dias, tenhamos
esperança.
No evangelho de Jesus Cristo, a
esperança é o desejo de Seus seguidores de alcançar a salvação eterna por
meio da Expiação do Salvador.
Essa é verdadeiramente a esperança
que todos devemos ter. É isso que
nos diferencia do restante do mundo.
Pedro admoestou os antigos seguidores de Cristo a estarem “sempre preparados para responder com mansidão
e temor a qualquer que vos pedir a
razão da esperança que há em vós”
(I Pedro 3:15).
Nossa esperança na Expiação
investe-nos de uma perspectiva eterna.
Essa perspectiva permite que olhemos
para além do aqui e agora, para a
promessa das eternidades. Não temos
que ficar confinados às limitadas e
54
A Liahona
inconstantes expectativas da sociedade. Estamos livres para almejar a
glória celestial, selados a nossa família
e a nossos entes queridos.
No evangelho, a esperança está
quase sempre relacionada à fé e
à caridade. O Presidente Dieter F.
Uchtdorf ensinou: “A esperança é
uma das pernas de um banco de três
pernas, ao lado da fé e da caridade.
Essas três pernas estabilizam nossa
vida, qualquer que seja a aspereza ou
a irregularidade das superfícies que
encontrarmos na ocasião” (“O Poder
Infinito da Esperança”, A ­Liahona,
novembro de 2008, p. 21).
No último capítulo do Livro de
Mórmon, Morôni escreveu:
“Portanto é preciso haver fé; e se
é preciso haver fé, também é preciso
haver esperança; e se é preciso haver
esperança, é preciso também haver
caridade.
E a não ser que tenhais caridade,
não podeis de modo algum ser salvos
no reino de Deus; tampouco podeis
ser salvos no reino de Deus se não
tendes fé e se não tendes esperança”
(Morôni 10:20–21).
O Élder Russell M. Nelson ensinou
que: “A fé está enraizada em Jesus
Cristo. A esperança centraliza-se na
Expiação. A caridade manifesta-se
no ‘puro amor de Cristo’. Esse três
atributos estão entrelaçados como os
fios dentro de um cabo e nem sempre
podem ser precisamente distinguidos
uns dos outros. Juntos, eles se tornam
nossa conexão com o reino celestial”
(“A More Excellent Hope”, ­Ensign,
fevereiro de 1997, p. 61).
Quando Néfi profetizou a respeito
de Jesus Cristo, no final de seu registro, ele escreveu: “Deveis, pois, prosseguir com firmeza em Cristo, tendo
um perfeito esplendor de esperança
e amor a Deus e a todos os homens”
(2 Néfi 31:20).
Esse “perfeito esplendor de
esperança” a que Néfi se refere é a
esperança na Expiação, a salvação
eterna possibilitada pelo sacrifício de
nosso Salvador. Essa esperança levou
homens e mulheres a fazer coisas
extraordinárias ao longo das eras. Os
antigos apóstolos viajaram por todo o
mundo e prestaram testemunho Dele
e, por fim, deram a vida a Seu serviço.
Nesta dispensação, muitos dos
primeiros membros da Igreja abandonaram suas casas com o coração cheio
de esperança e fé, ao viajarem para o
oeste através das Grandes Planícies,
até o Vale do Lago Salgado.
Em 1851, Mary Murray Murdoch
filiou-se à Igreja na Escócia, quando
era uma viúva de 67 anos. Ela era uma
mulher baixinha, de 1,20 metro de
altura e com menos de 41 quilos, que
teve oito filhos, seis dos quais viveram
até a idade adulta. Devido a sua baixa
estatura, seus filhos e netos a chamavam afetuosamente de “vovozinha”.
Seu filho, John Murdoch e a esposa
filiaram-se à Igreja e partiram para Utah
em 1852 com seus dois filhos pequenos. Apesar das dificuldades da própria
família, quatro anos depois, John
enviou a sua mãe o dinheiro necessário
para que ela se unisse à família em Salt
Lake City. Com uma esperança bem
maior do que sua baixa estatura, Mary
começou a árdua viagem para o oeste,
rumo a Utah, aos 73 anos de idade.
Depois de uma travessia segura
do Atlântico, ela acabou unindo-se à
desventurada companhia Martin de
carrinhos de mão. No dia 28 de junho,
aqueles pioneiros de carrinho de mão
começaram sua jornada para o oeste.
O sofrimento daquela companhia é
bem conhecido. Dos 576 membros
do grupo, quase um quarto morreu
antes de chegarem a Utah. Mais teriam
perecido se não fosse pelo trabalho
de resgate organizado pelo Presidente
Brigham Young, que enviou carroções
e suprimentos para procurar os santos
perdidos na neve.
Mary Murdoch morreu no dia 2 de
outubro de 1856, perto de Chimney
Rock, Nebraska. Ali, ela morreu devido
à fadiga e exposição às intempéries da
jornada. Seu frágil corpo simplesmente
não suportou o sofrimento físico com
que os santos se depararam. Quando
estava prestes a morrer, seus pensamentos estavam com a família, em
Utah. As últimas palavras daquela fiel
mulher pioneira foram: “Diga ao John
que morri com o rosto voltado para
Sião” (ver Kenneth W. Merrell, Scottish
Shepherd: The Life and Times of John
Murray Murdoch, Utah Pioneer,
2006, pp. 34, 39, 54, 77, 94–97, 103,
112–113, 115).
Mary Murray Murdoch é um exemplo da esperança e fé que tinham
muitos dos antigos pioneiros que
empreenderam a corajosa jornada
para o oeste. As jornadas espirituais
de hoje exigem tanta esperança e
fé quanto a que tinham os antigos
pioneiros. Nossos desafios podem ser
diferentes, mas as dificuldades são
igualmente grandes.
É minha oração que nossas esperanças nos conduzam à realização de
nossos sonhos justos. Oro particularmente para que nossa esperança na
Expiação fortaleça nossa fé e caridade
e nos dê uma perspectiva eterna de
nosso futuro. Que todos tenhamos
aquele perfeito esplendor de esperança, é minha oração, em nome de
Jesus Cristo. Amém. ◼
Larry M. Gibson
Primeiro Conselheiro na Presidência Geral dos Rapazes
As Sagradas Chaves
do Sacerdócio
Aarônico
O Senhor quer que todo portador do Sacerdócio Aarônico
convide todos a virem a Cristo — começando pela própria
família.
U
m de meus filhos, aos doze anos,
decidiu criar coelhos. Fizemos
gaiolas e compramos um grande
coelho macho e duas fêmeas, de um
vizinho. Eu não tinha ideia do que nos
aguardava. Em pouco tempo, o viveiro
ficou lotado de coelhinhos. Agora que
meu filho está crescido, devo confessar
minha surpresa ao ver o modo como
eles eram controlados: um cachorro do
vizinho entrava de vez em quando no
viveiro e reduzia sua população.
Mas, emocionava-me ao ver como
meu filho e seus irmãos cuidavam
daqueles coelhos e os protegiam. E
agora, como maridos e pais, eles são
portadores do sacerdócio dignos que
amam, fortalecem a própria família e
zelam por ela.
Sinto-me tocado ao observar vocês,
rapazes do Sacerdócio Aarônico,
zelando pelas pessoas ao seu redor,
dando-lhes apoio e fortalecendo-as,
inclusive as de sua família, os membros de seu quórum e muitos outros.
Eu os amo muito.
Recentemente, vi um rapaz de treze
anos ser designado presidente do
quórum de diáconos. Depois disso, o
bispo apertou-lhe a mão e o chamou de “presidente”, explicando aos
membros do quórum que “o chamava
de presidente para salientar a natureza
sagrada do chamado dele. O presidente do quórum de diáconos é uma
das quatro únicas pessoas da ala que
têm chaves de presidência. Com essas
chaves, ele e seus conselheiros vão
liderar o quórum sob a inspiração do
Senhor”. Aquele bispo compreendeu
o poder de uma presidência liderada por um presidente que possui e
exerce as sagradas chaves do sacerdócio (ver D&C 124:142–143).
Mais tarde, perguntei àquele rapaz
se ele estava preparado para presidir
aquele grande quórum. Sua resposta
foi: “Estou nervoso. Não sei o que um
presidente de quórum de diáconos
faz. Poderia me dizer?”
Eu disse que ele tinha um bispado
e consultores maravilhosos que o
Maio de 2011
55
ajudariam a tornar-se um poderoso e
bem-sucedido líder do sacerdócio. Eu
sabia que eles respeitariam as sagradas
chaves de presidência que ele possuía.
Perguntei-lhe, então: “Você acha
que o Senhor o chamaria para
este importante cargo sem lhe dar
orientações?”
Ele pensou e em seguida respondeu: “Onde as encontro?”
Depois de conversarmos um
pouco, ele se deu conta de que
encontraria orientações nas escrituras,
nas palavras dos profetas vivos e nas
respostas a suas orações. Decidimos
procurar uma escritura que fosse um
ponto de partida em sua pesquisa
para descobrir as responsabilidades
de seu novo chamado.
Abrimos na seção 107 de Doutrina
e Convênios, versículo 85. Aquele versículo mencionava que um presidente
de quórum de diáconos devia sentar-se em conselho com os membros
de seu quórum e ensinar-lhes seus
deveres. Observamos que o quórum
não é simplesmente uma classe, mas
também um conselho de rapazes, e
eles devem fortalecer e edificar uns
aos outros, sob a direção do presidente. Expressei confiança de que ele
seria um ótimo presidente, que confiaria na inspiração do Senhor e magnificaria seu sagrado chamado, ao ensinar
aos outros diáconos seus deveres.
Depois, perguntei: “Sabendo que
você deve ensinar aos diáconos seus
deveres, você sabe quais são esses
deveres?”
Novamente abrimos as escrituras e
encontramos:
1. Um diácono está encarregado de
zelar pela Igreja e de ser um ministro local (ver D&C 84:111).
56
A Liahona
Como a família é a unidade
básica da Igreja, o lugar mais
importante em que o portador do
Sacerdócio Aarônico pode cumprir
esse dever é no próprio lar. Ele
presta serviço no sacerdócio ao pai
e à mãe, na tarefa que eles têm de
liderar a família. Também zela por
seus irmãos e irmãs, pelos rapazes de seu quórum e pelos outros
membros da ala.
2. O diácono auxilia o mestre em
todos os seus deveres na Igreja,
conforme as necessidades (ver
D&C 20:57).
Concluímos que, se o diácono
deve auxiliar nos deveres dos
mestres, ele precisa conhecer esses
deveres. Procuramos nas escrituras e rapidamente identificamos
diversos deveres do ofício de mestre (ver D&C 20:53–59; 84:111).
Que vigorosa experiência pessoal
seria para todo rapaz — e para
seu pai, seus consultores e todos
nós — se ele fizesse exatamente o
que aquele jovem fez: consultar as
escrituras e descobrir por si mesmo
quais são seus deveres. Suspeito
que muitos de nós ficaríamos
surpresos — e inspirados — com
o que encontraríamos. O programa
Dever para com Deus contém
resumos úteis dos deveres do
Sacerdócio Aarônico e é um bom
recurso para o desenvolvimento
espiritual. Recomendo que o usem
frequentemente.
3. Os diáconos e mestres também
devem “admoestar, explicar, exortar
e ensinar e convidar todos a virem
a Cristo” (D&C 20:59; ver os versículos 46 e 68 para os sacerdotes).
Muitos rapazes acham que sua
experiência missionária começará
quando fizerem dezenove anos e
entrarem no Centro de Treinamento
Missionário. Aprendemos nas escrituras que ela começa bem antes
disso. O Senhor quer que todo
portador do Sacerdócio Aarônico
convide todos a virem a Cristo —
começando pela própria família.
Em seguida, para ajudar o jovem
presidente a compreender que ele —
e somente ele — era o líder presidente do quórum, sugeri que ele lesse
três vezes o primeiro dever citado em
Doutrina e Convênios 107:85. Ele leu:
“Presidir doze diáconos”. Perguntei:
“O que o Senhor está dizendo-lhe
pessoalmente sobre seu dever como
presidente?”
“Bem”, disse ele, “várias coisas me
vieram à mente enquanto conversávamos. Acho que o Pai Celestial quer
que eu seja presidente de doze diáconos. Há apenas cinco que frequentam,
e um vem apenas às vezes. Então,
como podemos ter doze?”
Ora, nunca vi alguém interpretar
aquela escritura da maneira que ele o
fez, mas ele tinha as chaves sagradas
que eu não tinha. Fui ensinado por
um presidente de quórum de diáconos de treze anos a respeito do poder
de revelação que resulta das chaves
sagradas da presidência, independentemente do intelecto, estatura ou
idade.
Respondi: “Não sei. O que você
acha?”
E ele disse: “Precisamos descobrir
um meio de fazer com que ele continue vindo. Sei que há dois outros que
deveriam estar em nosso quórum, mas
não frequentam, e não os conheço.
Talvez eu possa fazer amizade com
um deles e pedir que meus conselheiros trabalhem com os outros. Se
todos vierem, teríamos sete, mas onde
conseguiremos mais cinco?”
“Não sei”, foi minha resposta, “mas,
se o Pai Celestial quer que eles frequentem, Ele sabe”.
“Então precisamos orar como presidência e como quórum para descobrir
o que fazer.” Ele então perguntou:
“Sou responsável por todos os rapazes
da idade de diácono de nossa ala, até
os que não são membros?”
Admirado, eu disse: “Do ponto
de vista do Senhor, será que o bispo
tem responsabilidade apenas pelos
membros da ala, ou por todos os que
moram dentro dos limites dela?”
Aquele jovem “ministro local”
entendeu. Ele reconheceu o papel
que todo diácono, mestre e sacerdote
tem de zelar pela Igreja e de convidar
todos a virem a Cristo.
Meus pensamentos se voltaram
para uma escritura, ao pensar nos
nossos maravilhosos rapazes e moças
da Igreja — uma escritura que Morôni
citou para Joseph Smith, dizendo que
aquilo “não havia sido cumprido, mas
logo o seria” ( Joseph Smith—História 1:41) — “E há de ser que, depois
derramarei o meu Espírito sobre toda
a carne, e vossos filhos e vossas filhas
profetizarão, (…) os vossos jovens
terão visões” ( Joel 2:28).
O que “veio à mente” daquele
jovem presidente foi uma visão do
que o Pai Celestial queria que o quórum dele fosse. Foi a revelação que
ele precisava receber para fortalecer
os membros ativos de seu quórum,
resgatar os que estavam tendo dificuldades e convidar todos a virem
a Cristo. Tendo essa inspiração, ele
fez planos para realizar a vontade do
Senhor.
O Senhor ensinou àquele jovem
presidente que sacerdócio significa
estender a mão e servir ao próximo. Como nosso amado profeta,
o Presidente Thomas S. Monson,
explicou: “O sacerdócio, mais do que
uma dádiva, é um comissionamento
para servir, um privilégio de elevar,
e uma oportunidade de abençoar
outras vidas” (“Nosso Sagrado Voto de
Confiança do Sacerdócio”, A ­Liahona,
maio de 2006, p. 54).
O serviço é o próprio alicerce do
sacerdócio: o serviço ao próximo,
como exemplificado pelo Salvador.
Testifico-lhes que este é Seu sacerdócio, que estamos a serviço Dele, e que
Ele mostrou a todos os portadores do
sacerdócio o caminho para o serviço
fiel no sacerdócio.
Convido todas as presidências
de quóruns de diáconos, mestres
e sacerdotes a aconselharem-se
mutuamente, estudar e orar para
conhecer a vontade do Senhor para
seu quórum e, depois, colocá-la em
prática. Usem o livreto Dever para
com Deus para ajudá-los a ensinar
aos membros do seu quórum quais
são os deveres deles. Convido cada
membro de quórum a apoiar seu
presidente de quórum e a buscar conselhos dele, ao aprender e
cumprir dignamente todos os seus
deveres do sacerdócio. E rogo que
cada um de nós veja esses extraordinários jovens como o Senhor os
vê: um vigoroso instrumento para a
edificação e o fortalecimento de Seu
reino, aqui e agora.
Vocês, rapazes maravilhosos, são
portadores do Sacerdócio Aarônico,
restaurado por João Batista a Joseph
Smith e Oliver Cowdery, perto de
Harmony, Pensilvânia. Seu sacerdócio possui as chaves sagradas que
abrem as portas para que todos
os filhos do Pai Celestial se acheguem a Seu Filho, Jesus Cristo, e O
sigam. Isso é feito por intermédio do
“evangelho do arrependimento, e do
batismo por imersão para a remissão
de pecados”, pela ordenança semanal do sacramento e pela “ministração de anjos” (D&C 13:1; Joseph
Smith—História 1:69). Vocês são
realmente “ministros”, que precisam
ser limpos, dignos e fiéis portadores
do sacerdócio, em todos os momentos e em todos os lugares.
Por quê? Ouçam as palavras de
nossa amada Primeira Presidência,
dirigidas a cada um de vocês em seu
livreto Dever para com Deus:
“Você tem a autoridade para
ministrar as ordenanças do Sacerdócio Aarônico. (…) Você abençoará
abundantemente a vida daqueles ao
seu redor. (…)
O Pai Celestial deposita grande
confiança em você e tem uma importante missão para você cumprir”
(Cumprir Meu Dever para com Deus:
Para os Portadores do Sacerdócio
Aarônico, 2010, p. 5).
Sei que essas palavras são verdadeiras e oro para que cada um de nós
tenha aquele mesmo testemunho.
Digo essas coisas no sagrado nome
Daquele, Cujo sacerdócio portamos:
Jesus Cristo. Amém. ◼
Maio de 2011
57
Presidente Dieter F. Uchtdorf
Segundo Conselheiro na Primeira Presidência
Seu Potencial,
Seu Privilégio
Ao lerem as escrituras e ouvirem as palavras dos profetas
com toda mente e de todo coração, o Senhor lhes dirá como
viver a plenitude de seus privilégios do sacerdócio.
E
ra uma vez um homem cujo
sonho de sua vida era subir a
bordo de um navio de cruzeiro
e viajar pelo Mar Mediterrâneo. Ele
sonhava em andar pelas ruas de
Roma, Atenas e Istambul. Ele economizou cada centavo até juntar o
suficiente para sua passagem. Como
o dinheiro era escasso, levou consigo
uma mala cheia de latas de feijão,
caixas de biscoitos e saquinhos de
limonada em pó, e era isso que ele
consumia todos os dias.
Ele teria adorado participar das
muitas atividades oferecidas no navio
— exercitar-se na sala de ginástica,
jogar mini-golfe e nadar na piscina.
Invejava aqueles que iam ao cinema,
aos shows e às apresentações culturais. E, oh, como ele ansiava por
provar um pouco que fosse da comida
incrível que viu no navio — cada
refeição parecia um banquete! Mas
o homem não queria gastar muito,
por isso não participou de nenhuma
daquelas coisas. Conseguiu ver as
cidades que havia desejado visitar,
mas durante a maior parte da viagem,
ficou em sua cabine e só consumiu
seu parco alimento.
58
A Liahona
No último dia do cruzeiro, um
membro da tripulação perguntoulhe em qual das festas de despedida
ele estaria presente. Foi então que o
homem ficou sabendo que não só a
festa de despedida, mas quase tudo
a bordo do navio de cruzeiro — a
comida, o entretenimento, todas as atividades — já estava incluído no preço
da sua passagem. O homem percebeu
tarde demais que estivera vivendo
bem abaixo de seus privilégios.
A questão levantada por essa
parábola é: Será que, como portadores do sacerdócio, também estamos
vivendo abaixo de nossos privilégios
no tocante ao poder sagrado, às dádivas e bênçãos sagradas que são nosso
privilégio e direito como portadores
do sacerdócio de Deus?
A Glória e a Grandiosidade
do Sacerdócio
Todos sabemos que o sacerdócio
é muito mais do que somente um
nome ou título. O Profeta Joseph
Smith ensinou que “o sacerdócio é um
princípio eterno e existiu com Deus
desde a eternidade (…) por toda a
eternidade, sem princípio de dias ou
fim de anos”.1 Ele possui “a chave do
conhecimento de Deus”.2 Na verdade,
por meio do sacerdócio, “manifesta-se
o [verdadeiro] poder da divindade”.3
As bênçãos do sacerdócio transcendem nossa capacidade de compreensão. Os fiéis portadores do Sacerdócio
de Melquisedeque podem “[tornar-se]
(…) os eleitos de Deus”.4 Eles são
“santificados pelo Espírito para a renovação do corpo” 5 e podem, no final,
receber “tudo o que [o] Pai possui”.6
Isso pode ser difícil de compreender,
mas é maravilhoso, e testifico que é
verdade.
O fato de nosso Pai Celestial ter
confiado esse poder e responsabilidade ao homem é uma prova de Seu
grande amor por nós e um prenúncio
de nosso potencial como filhos de
Deus no futuro.
No entanto, muitas vezes nossas
ações sugerem que vivemos bem
aquém do nosso potencial. Quando
questionados sobre o sacerdócio, muitos de nós podem recitar uma definição correta; mas, em nossa vida diária,
talvez haja pouca evidência de que
nosso entendimento se estenda além
do nível de um roteiro ensaiado.
Irmãos, estamos diante de uma
escolha. Podemos satisfazer-nos com
uma experiência pobre como portadores do sacerdócio, e nos contentar
com algo bem aquém de nossas prer­
ro­ga­ti­vas, ou podemos participar de
um farto banquete de oportunidades
espirituais e de bênçãos abrangentes
do sacerdócio.
O que podemos fazer para viver à altura
do nosso potencial?
As palavras escritas nas escrituras e
proferidas na conferência geral devem,
sim, “aplicar-se a nossa vida”, 7 e não
ser apenas para ler ou ouvir.8 Muitas vezes, participamos de reuniões
e fazemos que sim com a cabeça;
podemos até sorrir com aprovação e
concordar. Anotamos alguns pontos
práticos, e podemos dizer a nós mesmos: “Isso é algo que vou fazer”. Mas
em algum lugar entre o ato de ouvir,
de anotar um lembrete em nosso celular e de realmente agir, o nosso seletor
de ações passa da posição “fazer” para
a posição “mais tarde”. Irmãos, certifiquemo-nos de girar nosso seletor de
“fazer” para a posição “agora”!
Ao lerem as escrituras e ouvirem as
palavras dos profetas, com toda mente
e de todo coração, o Senhor lhes
dirá como viver a plenitude de seus
privilégios do sacerdócio. Não deixem
passar um dia sequer sem fazer algo
para colocar em prática os sussurros
do Espírito.
Primeiro: Leiam o Manual
do Proprietário
Se você tivesse o computador mais
avançado e caro do mundo, será que
o usaria apenas como enfeite de mesa?
O computador pode parecer impressionante. Pode ter todo tipo de potencial. Mas, só quando estudar o manual
do proprietário, aprender a usar os
programas e o ligar à tomada é que
poderá ter acesso a esse potencial.
O santo sacerdócio de Deus também tem um manual do proprietário.
Comprometamo-nos a ler as escrituras
e os manuais com mais propósito
e mais concentração. Comecemos
relendo as seções 20, 84, 107 e 121 de
Doutrina e Convênios. Quanto mais
estudarmos o propósito, o potencial
e a utilização prática do sacerdócio,
mais nos surpreenderemos com seu
poder, e o Espírito vai-nos ensinar
como acessar e usar esse poder para
abençoar nossa família, nossa comunidade e a Igreja.
Como povo, justificadamente
damos alta prioridade ao aprendizado secular e ao desenvolvimento
profissional. Queremos e devemos
destacar-nos nas aptidões profissionais
e nos estudos. Cumprimento vocês
que lutam arduamente para conseguir
uma educação e se tornar peritos em
seu campo. Convido-os também a
tornarem-se especialistas nas doutrinas do evangelho, especialmente a
doutrina do sacerdócio.
Vivemos em uma época em que
as escrituras e as palavras dos profetas estão mais acessíveis do que em
qualquer momento da história do
mundo. No entanto, é nosso privilégio, dever e responsabilidade estudar
e compreender seus ensinamentos.
Os princípios e as doutrinas do
sacerdócio são sublimes e grandiosos.
Quanto mais estudarmos a doutrina
e o potencial e aplicar o objetivo
prático do sacerdócio, mais a nossa
alma se ampliará, nossa compreensão
aumentará, e veremos o que o Senhor
reservou para nós.
Segundo: Buscar as Revelações
do Espírito
Um testemunho firme de Jesus
Cristo e de Seu evangelho restaurado
exige mais do que conhecimento —
exige revelação pessoal, confirmada
pela aplicação sincera e dedicada dos
princípios do evangelho. O Profeta
Joseph Smith explicou que o sacerdócio é um canal para a revelação: “É
o meio pelo qual o Todo-Poderoso
começou a revelar Sua glória no princípio da criação desta Terra e o meio
pelo qual continuará a revelar-Se aos
filhos dos homens até o presente
momento”.9
Se não estamos buscando fazer
uso desse canal de revelação, estamos
vivendo abaixo de nossos privilégios
do sacerdócio. Por exemplo, há aqueles que acreditam, mas não sabem que
acreditam. Receberam várias respostas
por meio da voz mansa e delicada
ao longo de muito tempo, mas como
Maio de 2011
59
Bucareste, Romênia
essa inspiração parece tão pequena
e insignificante, não a reconhecem
como realmente é. Como resultado,
permitem que dúvidas os impeçam
de atingir seu pleno potencial como
portadores do sacerdócio.
A revelação e o testemunho nem
sempre chegam com força esmagadora. Para muitos, o testemunho
chega lentamente, um pouco de cada
vez. Às vezes, chega de forma tão gradual que é difícil recordar o momento
exato em que soubemos realmente
que o evangelho era verdadeiro. O
Senhor nos dá “linha sobre linha, preceito sobre preceito, um pouco aqui e
um pouco ali”.10
De certa forma, nosso testemunho
é como uma bola de neve que cresce
a cada vez que rola. Começamos com
uma pequena quantidade de luz,
mesmo que seja apenas um desejo
de acreditar. Gradualmente, “a luz se
apega à luz”, 11 e “aquele que recebe
luz e persevera em Deus recebe
mais luz; e essa luz se torna mais e
mais brilhante, até o dia perfeito”, 12
quando, então, “no devido tempo,
[receberemos] de sua plenitude”.13
Imaginem que coisa gloriosa seria
ultrapassar nossas limitações terrenas,
vendo abrir os olhos de nosso entendimento e recebendo luz e conhecimento das fontes celestiais! Temos
o privilégio e a oportunidade, como
60
A Liahona
portadores do sacerdócio, de buscar
revelações pessoais e aprender a reconhecer a verdade por nós mesmos,
por meio do testemunho seguro do
Espírito Santo.
Busquemos sinceramente a luz
da inspiração pessoal. Roguemos ao
Senhor que conceda a nossa mente
e alma aquela centelha de fé que
nos permitirá receber e reconhecer a
divina ministração do Espírito Santo,
especificamente para a nossa situação
na vida e por nossos desafios e deveres do sacerdócio.
Terceiro: Encontrar Alegria no Serviço
do Sacerdócio
Durante minha carreira como piloto
de avião, tive a oportunidade de ser
oficial de verificação de proficiência e
treinamento. Como parte desse trabalho, eu treinava e testava pilotos experientes para garantir que eles tivessem
suficiente conhecimento e perícia para
pilotar com segurança e eficácia aqueles grandes e magníficos jatos.
Descobri que havia pilotos que,
mesmo após muitos anos de carreira
profissional, nunca deixaram de sentir
a emoção de subir para a atmosfera,
“escapando dos laços mal-humorados
da Terra para dançar pelos céus com
sorridentes asas prateadas”.14 Adoravam o impetuoso sibilo do ar, o rosnar
das potentes turbinas, a sensação de
ser “um com o vento e um com o céu
escuro e as estrelas à frente”.15 Seu
entusiasmo era contagiante.
Também havia uns poucos que
pareciam estar simplesmente cumprindo a rotina. Tinham aprendido a
lidar com os sistemas e a manejar os
jatos, mas em algum lugar ao longo
do caminho tinham perdido a alegria
de voar “onde nenhuma cotovia, ou
mesmo uma águia, já voou”.16 Tinham
perdido o sentimento de admiração
diante de um reluzente nascer do sol
e da beleza das criações de Deus ao
atravessarem oceanos e continentes.
Se cumprissem os requisitos oficiais, eu liberava sua licença, mas ao
mesmo tempo sentia pena deles.
Vocês poderiam perguntar a si
mesmos se estão apenas cumprindo
a rotina como portadores do sacerdócio — fazendo o que é esperado,
mas sem sentir a alegria que deveriam ter. O sacerdócio nos oferece
muitas oportunidades de sentir a
alegria descrita por Amon: “Não
temos, portanto, motivo para regozijar-nos? (…) Fomos instrumentos [nas]
mãos [do Senhor] para realizar esta
grande e maravilhosa obra. Gloriemonos, portanto (…) no Senhor; sim,
rejubilar-nos-emos”.17
Irmãos, nossa religião é cheia de
alegria! Temos a grande bênção de
sermos portadores do sacerdócio
de Deus! No livro de Salmos, lemos:
“Bem-aventurado o povo que conhece
o som alegre; andará, ó Senhor, na
luz da tua face”.18 Podemos sentir essa grande alegria: basta que a
procuremos.
Muitas vezes deixamos de sentir
a felicidade decorrente da prática
diária do serviço do sacerdócio.
Às vezes, nossos encargos podem
parecer fardos. Irmãos, que não
passemos a vida imersos em três As:
afadigados, angustiados e cheios de
autopiedade. Vivemos aquém de
nossos privilégios quando permitimos que âncoras mundanas nos
afastem da alegria abundante que
advém do serviço dedicado e fiel no
sacerdócio, especialmente dentro
da nossa própria casa. Vivemos
aquém de nossos privilégios quando
deixamos de participar do banquete
de felicidade, paz e alegria que Deus
concede tão abundantemente aos
fiéis servos do sacerdócio.
Rapazes, se o ato de chegar cedo à
Igreja para ajudar a preparar o sacramento lhes parecer mais uma tarefa
árdua do que uma bênção, convido
vocês a pensarem no que essa ordenança sagrada pode significar para
um membro da ala que talvez tenha
tido uma semana difícil. Irmãos, se
seus esforços no ensino familiar
parecerem pouco eficazes, convido-os a ver com os olhos da fé o que
uma visita de um servo do Senhor
poderá fazer por uma família que tem
problemas que ninguém vê. Quando
compreenderem o divino potencial
do seu serviço no sacerdócio, o
Espírito de Deus vai encher-lhes o
coração e a mente, e vai brilhar em
seus olhos e em seu rosto.
Como portadores do sacerdócio,
que jamais nos tornemos insensíveis
às coisas maravilhosas e extraordinárias que o Senhor nos confiou.
Conclusão
Meus queridos irmãos, busquemos
aprender a doutrina do santo sacerdócio; fortaleçamos nosso testemunho
linha sobre linha, recebendo as revelações do Espírito, e encontremos a
verdadeira alegria do serviço diário no
sacerdócio. Se fizermos essas coisas,
vamos começar a viver de acordo com
nosso potencial e nossos privilégios
como portadores do sacerdócio, e
vamos ser capazes de fazer “todas as
coisas em Cristo que [nos] fortalece”.19
Disso presto testemunho, como
apóstolo do Senhor, e deixo-lhes
minha bênção, no sagrado nome de
Jesus Cristo. Amém. ◼
NOTAS
1. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja:
Joseph Smith, 2007, p. 109.
2. Doutrina e Convênios 84:19.
3. Doutrina e Convênios 84:20.
4. Doutrina e Convênios 84:34.
5. Doutrina e Convênios 84:33.
6. Doutrina e Convênios 84:38.
7. Ver 1 Néfi 19:24.
8. Ver Tiago 1:22.
9. Ensinamentos: Joseph Smith, pp. 113–114.
10. 2 Néfi 28:30.
11. Doutrina e Convênios 88:40.
12. Doutrina e Convênios 50:24.
13. Doutrina e Convênios 93:19.
14. John Gillespie Magee Jr., “High Flight”,
Diane Ravitch, ed., The American Reader:
Words That Moved a Nation, 1990, p. 486.
15. Richard Bach, Stranger to the Ground,
1963, p. 9.
16. Magee, “High Flight”, p. 486.
17. Alma 26:13, pp. 15–16.
18. Salmos 89:15.
19. Filipenses 4:13.
Maio de 2011
61
Presidente Henry B. Eyring
Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência
Aprendizado no
Sacerdócio
Se forem obedientes e diligentes no sacerdócio, sobre vocês
serão derramados tesouros de conhecimento espiritual.
S
into-me grato por estar com
vocês nesta reunião do sacerdócio de Deus. Estamos em muitos
lugares diferentes nesta noite e em
muitos estágios de nosso serviço no
sacerdócio. Ainda assim, com toda
nossa variedade de circunstâncias
temos uma necessidade em comum.
É a de aprender nossos deveres no
sacerdócio e aumentar nossa capacidade de desempenhá-los.
Quando eu era diácono, senti fortemente essa necessidade. Morava num
pequeno ramo da Igreja, em Nova
Jersey, na Costa Leste dos Estados
Unidos. Eu era o único diácono no
ramo — não apenas o único ativo,
mas o único nos registros. Meu irmão
mais velho, Ted, era o único mestre.
Ele está aqui esta noite.
Enquanto eu ainda era diácono,
minha família mudou-se para Utah.
Aqui, encontrei três coisas maravilhosas que aceleraram meu crescimento
no sacerdócio. A primeira foi um
presidente que sabia como se sentar
em conselho com os membros de seu
quórum. A segunda era uma grande
fé em Jesus Cristo que nos levou a
ter o grande amor de que ouvíramos
falar — amor uns pelos outros. E a
62
A Liahona
terceira foi a convicção compartilhada
por todos, de que o propósito global
do sacerdócio era o de trabalhar pela
salvação dos homens.
Não foi a ala bem estabelecida que
fez a diferença. O que havia naquela
ala pode existir em qualquer lugar, em
qualquer unidade da Igreja em que
vocês estejam.
Essas três coisas podem ser uma
parte tão constante do que vivenciam no sacerdócio, que talvez mal a
tenham percebido. Outros talvez não
tenham sentido essa necessidade de
crescimento, de modo a tornar esses
auxílios invisíveis a vocês. Seja como
for, oro para que o Espírito me ajude a
torná-las claras e atraentes para vocês.
Meu objetivo ao abordar esses
três auxílios para o crescimento no
sacerdócio é fazer com que vocês os
valorizem e usem. Se fizerem isso, seu
serviço se tornará muito melhor. E se
for magnificado, seu serviço no sacerdócio vai abençoar os filhos do Pai
Celestial mais do que vocês possam
imaginar ser possível hoje.
Descobri a primeira quando fui
recebido calorosamente no quórum
de sacerdotes, tendo o bispo como
nosso presidente. Pode parecer uma
coisa pequena e comum para vocês,
mas isso deu-me uma sensação de
poder no sacerdócio e mudou meu
serviço no sacerdócio desde aquele
momento. Começou pelo modo como
ele nos liderava.
Pelo que posso lembrar, ele tratava
a opinião dos jovens sacerdotes como
se fosse a dos homens mais sábios do
mundo. Ele esperava até que todos
tivessem terminado de falar. Ele ouvia.
E quando decidia o que devia ser
feito, parecia-me que o Espírito confirmava as decisões para nós e para ele.
Dou-me conta hoje de que senti o
que significa a escritura que diz que o
presidente deve sentar-se em conselho
com os membros de seu quórum. 1 E
anos mais tarde, com meu quórum de
sacerdotes, quando eu era bispo, tanto
eles quanto eu fomos ensinados pelo
que eu havia aprendido quando era
um jovem sacerdote.
Vinte anos depois, também como
bispo, tive a oportunidade de ver a eficácia de um conselho, não apenas na
capela, mas também nas montanhas.
Numa atividade de sábado, um membro de nosso quórum passou a noite
perdido na floresta. Pelo que sabíamos, estava sozinho e sem agasalho,
comida ou abrigo. Nós o procuramos
sem ter sucesso.
Lembro-me que oramos juntos,
o quórum dos sacerdotes e eu, e
então pedi que cada um falasse. Ouvi
atentamente e pareceu-me que eles
também o fizeram. Depois de algum
tempo, tivemos um sentimento de paz.
Senti que o membro perdido de nosso
quórum estava seguro e protegido da
chuva em algum lugar.
Ficou claro para mim o que o
quórum devia fazer e o que não devia.
Quando as pessoas que o encontraram descreveram o lugar no bosque
em que ele se abrigara, senti que o
reconheci. Mas, para mim, o maior
milagre foi ver a fé em Jesus Cristo
demonstrada por um conselho do
sacerdócio unido, trazendo revelação
ao homem que possuía as chaves
do sacerdócio. Todos crescemos em
poder no sacerdócio naquele dia.
A segunda chave para um maior
aprendizado é ter o amor mútuo que
resulta de uma grande fé. Não tenho
certeza do que vem primeiro, mas
parece-me que as duas coisas estão
sempre presentes onde quer que
haja grande e rápido aprendizado no
sacerdócio. Joseph Smith ensinou-nos
isso pelo exemplo.
No início da Igreja, nesta dispensação, ele recebeu um mandamento de
Deus no qual lhe foi ordenado edificar
a força no sacerdócio. Ele foi orientado a criar escolas para os portadores
do sacerdócio. O Senhor exigiu que
ali houvesse amor uns pelos outros
entre aqueles que iriam ensinar e ser
ensinados. Eis as palavras do Senhor
sobre o estabelecimento de um lugar
de aprendizado no sacerdócio e sobre
como ele deveria ser para os que fossem aprender ali:
“Organizai-vos (…) e estabelecei
uma casa (…) de aprendizado, (…)
uma casa de ordem (…).
Dentre vós designai um professor
e não falem todos ao mesmo tempo;
mas cada um fale a seu tempo e
todos ouçam suas palavras, para que
quando todos houverem falado, todos
sejam edificados por todos, para que
todos tenham privilégios iguais”. 2
O Senhor descreveu o que vimos
ser a força de um conselho ou classe
do sacerdócio para proporcionar revelação pelo Espírito. A revelação é a
única maneira de sabermos que Jesus
é o Cristo. Essa grande fé é o primeiro
degrau da escada que subimos para
aprender os princípios do evangelho.
Na seção 88 de Doutrina e Convênios, nos versículos 123 e 124, o
Senhor salientou que devemos amar
uns aos outros e não achar faltas uns
nos outros. Cada pessoa entrava na
escola do sacerdócio estabelecida pelo
profeta do Senhor erguendo a mão
para fazer o convênio de ser “amigo e
irmão (…) nos laços do amor”. 3
Não seguimos essa prática hoje em
dia, mas sempre que vejo um aprendizado extraordinário no sacerdócio,
lá existem esses laços de amor. Pelo
que vi, isso foi tanto causa quanto
efeito do aprendizado de verdades do
evangelho. O amor propicia a presença do Espírito Santo para confirmar
a verdade. E a alegria de aprender
verdades divinas cria amor no coração das pessoas que compartilham a
experiência de aprendizado.
O contrário também é verdade. A
discórdia ou a inveja inibem a capacidade de o Espírito Santo ensinar-nos
e inibe nossa capacidade de receber
luz e verdade. E o dissabor invariavelmente resultante gera discórdia e
críticas ainda maiores, em meio aos
que deveriam ter uma experiência de
aprendizado que não acontece.
Sempre me parece que entre
os portadores do sacerdócio, que
aprendem juntos, há grandes pacificadores. Vocês veem isso nas classes
do sacerdócio e nos conselhos. É o
dom de ajudar as pessoas a encontrar pontos em comum, quando elas
têm diferenças de opinião. É o dom
do pacificador de ajudar as pessoas a
verem que o que a outra disse foi uma
contribuição e não uma correção.
Com bastante do puro amor de
Cristo e o desejo de ser um pacificador, a união é possível nos conselhos
Maio de 2011
63
do sacerdócio e nas classes. É preciso
paciência e humildade, mas vi isso
acontecer mesmo quando as questões
são difíceis e as pessoas do conselho
ou da classe têm formação muito
diferente.
É possível erguer-nos ao sublime
padrão estabelecido pelo Senhor para
os portadores do sacerdócio ao tomarem decisões nos quóruns. É possível
quando ali existe grande fé e amor, e
não há contendas. Eis o que Senhor
exige para que Ele endosse nossas
decisões: “E toda decisão tomada
por um desses quóruns deve sê-lo
pelo voto unânime do mesmo; isto é,
cada membro de cada quórum deve
concordar com suas decisões, a fim de
que estas tenham o mesmo poder ou
validade entre si”. 4
O terceiro auxílio para o aprendizado no sacerdócio advém da con­vic­
ção que compartilhamos do motivo
pelo qual o Senhor nos abençoa com
Seu sacerdócio e confia que o portemos e o exerçamos, isto é, trabalharmos para a salvação dos homens. Essa
convicção compartilhada proporciona
união nos quóruns. Podemos começar
a aprender a respeito disso no relato
das escrituras sobre como os filhos
espirituais foram preparados, antes
de nascer, para esta grande honra de
possuir o sacerdócio.
Falando daqueles a quem foi
confiada a grande responsabilidade
64
A Liahona
no sacerdócio nesta vida, o Senhor
disse: “Mesmo antes de nascerem,
eles, com muitos outros, receberam
suas primeiras lições no mundo
dos espíritos e foram preparados
para nascer no devido tempo do
Senhor, a fim de trabalharem em sua
vinha para a salvação da alma dos
homens”. 5
No sacerdócio, compartilhamos o
sagrado dever de trabalhar pela alma
dos homens. Precisamos fazer mais do
que aprender que esse é nosso dever.
Isso precisa penetrar profundamente
nosso coração de modo que nem as
muitas demandas de nossas atividades
na flor da vida nem as provações que
vêm com a idade nos desviem desse
propósito.
Recentemente, visitei um sumo
sacerdote. Ele já não consegue
frequentar nossas reuniões de quórum. Mora sozinho. Sua linda esposa
faleceu e seus filhos moram longe. A
idade e a doença limitam sua capacidade de servir. Ele ainda ergue pesos
para manter o que puder de sua força,
outrora vigorosa.
Quando entrei em sua casa, ele
levantou-se com seu andador para
cumprimentar-me. Convidou-me a
sentar numa poltrona perto dele. Conversamos sobre nosso feliz convívio
no sacerdócio.
Então, com grande emoção, ele
perguntou-me: “Por que ainda estou
vivo? Por que ainda estou aqui? Não
consigo fazer nada”.
Eu disse que ele estava fazendo
algo por mim. Estava elevando-me
com sua fé e amor. Mesmo em nossa
breve visita, ele fez-me querer ser
melhor. Seu exemplo de determinação
em fazer algo que tenha importância
inspirou-me a esforçar-me mais para
servir às pessoas e ao Senhor.
Mas pela tristeza que senti em sua
voz e por seu olhar percebi que eu
não tinha respondido a suas perguntas.
Ele ainda se perguntava por que Deus
permitia que vivesse com tamanhas
limitações em sua capacidade de servir.
Com a generosa atitude que lhe é
costumeira, agradeceu-me por ter ido
vê-lo. Quando me levantei para sair, a
enfermeira que passa algumas horas
em sua casa todos os dias entrou na
sala, vindo de outro aposento. Em
nossa conversa particular, ele contou-me um pouco a respeito dela.
Disse-me que ela era maravilhosa. Ela
havia morado em meio a santos dos
últimos dias durante a maior parte da
vida, mas ainda não era membro.
Ela acompanhou-me até a porta.
Ele apontou para ela e disse com um
sorriso: “Como vê, parece que não
consigo fazer nada. Venho tentando
fazer com que ela se batize na Igreja,
mas não tem dado certo”. Ela sorriu de
volta para ele e para mim. Saí da casa
dele, e dirigi-me a minha casa.
Percebi, então, que as respostas
a suas dúvidas estavam plantadas
em seu coração havia muito tempo.
Ele era um valoroso sumo sacerdote
que procurava cumprir o dever que
lhe fora ensinado em décadas no
sacerdócio.
Ele sabia que a única maneira
pela qual aquela jovem poderia ter
a bênção de salvação por meio do
evangelho de Jesus Cristo era fazendo
um convênio ao ser batizada. Ele tinha
sido ensinado de acordo com os convênios, por todos os presidentes de
todos os quóruns, desde os diáconos
até os sumos sacerdotes.
Ele lembrava e sentia seu próprio
juramento e convênio do sacerdócio.
Ainda o estava cumprindo.
Era uma testemunha e um missionário para o Salvador, aonde quer
que a vida o levasse. Já estava em seu
coração. O desejo de seu coração era
que o coração dela fosse mudado
por meio da Expiação de Jesus Cristo
e pelo cumprimento de convênios
sagrados.
Seu tempo na escola do sacerdócio
nesta vida será relativamente breve
comparado com a eternidade. Mas,
mesmo nesse curto período de tempo,
ele aprendeu bem o currículo eterno.
Ele vai levar consigo, aonde quer que
o Senhor o chamar, lições do sacerdócio de valor eterno.
Vocês devem não apenas estar
ávidos para aprender suas lições do
sacerdócio nesta vida, mas também
ser otimistas sobre o que é possível.
Alguns talvez bloqueiem mentalmente
a possibilidade de aprender aquilo
que o Senhor coloca diante de nós em
Seu serviço.
Um rapaz deixou sua pequena vila
galesa no início da década de 1840,
ouviu os apóstolos de Deus e entrou
para Seu reino na Terra. Viajou de
navio com os santos para a América
e conduziu um carroção para o oeste,
atravessando as planícies. Ele esteve
na companhia que seguiu para este
vale após a companhia de Brigham
Young. Seu serviço no sacerdócio
incluiu o preparo e a aragem da terra
para uma fazenda.
Ele vendeu a fazenda por bem
menos do que ela valia, a fim de servir
uma missão para o Senhor, nos desertos, onde hoje é Nevada, cuidando
de ovelhas. Foi chamado após esse
encargo para outra missão além-mar,
na própria vila que ele havia deixado em sua pobreza, para seguir ao
Senhor.
Em tudo isso, ele encontrou um
meio de aprender com seus irmãos
do sacerdócio. Sendo um missionário
destemido, caminhou por uma estrada
do País de Gales até a casa de verão
de um homem que havia sido quatro
vezes primeiro-ministro da Inglaterra,
para oferecer-lhe o evangelho de
Jesus Cristo.
Aquele grande homem permitiu
que ele entrasse em sua mansão. Era
formado no Eton College e na Universidade de Oxford. O missionário
conversou com ele sobre as origens
do homem, sobre o papel central de
Jesus Cristo na história do mundo e
até sobre o destino das nações.
No final de sua discussão, o
anfitrião declinou a oferta de aceitar
o batismo. Mas, ao se despedirem,
aquele líder de um dos grandes impérios do mundo perguntou ao humilde
missionário: “Onde foi que você
adquiriu sua instrução?” Sua resposta:
“No sacerdócio de Deus”.
Pode ser que vocês tenham
imaginado, alguma vez, quão melhor
seria sua vida se tivessem sido aceitos
para estudar em alguma escola. Oro
para que vejam a grandiosidade do
amor de Deus por vocês e a oportunidade que Ele lhes deu de entrarem em
Sua escola do sacerdócio.
Se forem obedientes e diligentes no
sacerdócio, sobre vocês serão derramados tesouros de conhecimento
espiritual. Vocês vão crescer em sua
capacidade de resistir ao mal e de
proclamar a verdade que conduz à
salvação. Terão alegria na felicidade
daqueles que vocês conduzirem à
exaltação. Sua família vai tornar-se um
lugar de aprendizado.
Testifico que as chaves do sacerdócio foram restauradas. O Presidente
Thomas S. Monson possui e exerce
essas chaves. Deus vive e conhece
vocês perfeitamente. Jesus Cristo vive.
Vocês foram escolhidos para terem a
honra de possuir o santo sacerdócio.
Em nome de Jesus Cristo. Amém. ◼
NOTAS
1. Ver Doutrina e Convênios 107:87.
2. Doutrina e Convênios 88:119, 122.
3. Doutrina e Convênios 88:133.
4. Doutrina e Convênios 107:27.
5. Doutrina e Convênios 138:56.
Maio de 2011
Presidente Thomas S. Monson
O Poder do Sacerdócio
Que sejamos hoje e sempre portadores dignos do poder divino
do sacerdócio que possuímos. Que ele abençoe nossa vida e
que o usemos para abençoar a vida de outros.
O
rei e estudei muito sobre o
que diria nesta noite. Não
quero que ninguém se
ofenda. Pensei: “Quais são os nossos
desafios? Com que questões lido todos
os dias que me levam às lágrimas, às
vezes, tarde da noite?” Pensei em abordar nesta noite alguns desses desafios.
Alguns se aplicam aos rapazes. Outros
se aplicam àqueles que estão na meiaidade. Outros ainda se aplicam àqueles que já passaram da meia-idade.
Não falamos sobre velhice.
Assim, quero começar simplesmente dizendo que tem sido bom
para nós nos reunirmos nesta noite.
Ouvimos mensagens maravilhosas
e oportunas sobre o sacerdócio de
Deus. Todos fomos edificados e
inspirados.
Nesta noite, gostaria de abordar
assuntos que não me saíram da mente
nos últimos tempos e que me senti
inspirado a compartilhar com vocês.
De um modo ou de outro, todos se
relacionam com a dignidade pessoal
exigida para se receber e exercer o
sagrado poder do sacerdócio que
possuímos.
Gostaria de começar lendo algo da
seção 121 de Doutrina e Convênios:
“Os direitos do sacerdócio são inseparavelmente ligados com os poderes
66
A Liahona
do céu e (…) os poderes do céu não
podem ser controlados nem exercidos
a não ser de acordo com os princípios
da retidão.
Que eles nos podem ser conferidos, é verdade; mas quando nos
propomos a encobrir nossos pecados
ou satisfazer nosso orgulho, nossa
vã ambição ou exercer controle ou
domínio ou coação sobre a alma
dos filhos dos homens, em qualquer
grau de iniquidade, eis que os céus
se afastam; o Espírito do Senhor se
magoa e, quando se afasta, amém
para o sacerdócio ou a autoridade
desse homem”. 1
Irmãos, essa é a palavra definitiva do Senhor sobre Sua autoridade
divina. Não podemos duvidar quanto
à obrigação que isso coloca sobre os
ombros de cada um de nós que possuímos o sacerdócio de Deus.
Viemos à Terra em tempos conturbados. A bússola moral das multidões desviou-se gradualmente para
uma posição em que “quase tudo é
permitido”.
Já vivi o suficiente para testemunhar grande parte da metamorfose
ocorrida nos valores morais da
sociedade. Antigamente os padrões
da Igreja e os da sociedade eram em
grande parte compatíveis, mas hoje há
um grande abismo entre nós, que está
tornando-se cada vez maior.
Muitos filmes e programas de
televisão retratam comportamentos
que estão em franca oposição às leis
de Deus. Não se submetam às insinuações ou à total imundície que com
frequência neles encontramos. A letra
de grande parte da música atual cai
nessa mesma categoria. A linguagem
profana tão difundida a nossa volta
hoje em dia jamais teria sido tolerada
num passado não muito distante. O
nome do Senhor é tomado em vão
muitas e muitas vezes. Relembrem
comigo o mandamento — um dos
dez — que o Senhor revelou a Moisés
no Monte Sinai: “Não tomarás o nome
do Senhor teu Deus em vão; porque
o Senhor não terá por inocente o que
tomar o seu nome em vão”.2 Entristece-me saber que qualquer um de nós
esteja sujeito à linguagem profana e
rogo para que não a usem. Imploro
que não digam nem façam qualquer
coisa da qual não possam orgulhar-se.
Permaneçam completamente afastados da pornografia. Não se permitam vê-la, jamais. Comprovou-se que
ela é um vício dificílimo de se vencer.
Abstenham-se de bebidas alcoólicas,
de fumo e de qualquer outra droga,
que também são vícios que lhes serão
difíceis de sobrepujar.
O que vai protegê-los do pecado
e do mal que os rodeiam? Afirmo que
um forte testemunho de nosso Salvador e de Seu evangelho vai ajudá-los
a manterem-se seguros. Se ainda não
leram o Livro de Mórmon, leiam-no.
Não vou pedir que levantem a mão.
Se fizerem isso em espírito de oração
e com sincero desejo de conhecer a
verdade, o Espírito Santo vai manifestar a veracidade do Livro de Mórmon
a vocês. Se ele for verdadeiro — como
realmente é — então Joseph Smith foi
um profeta que viu Deus, o Pai, e Seu
Filho Jesus Cristo. A Igreja é verdadeira. Se ainda não têm um testemunho dessas coisas, façam o que for
necessário para obtê-lo. É essencial
que vocês tenham seu próprio testemunho, porque o testemunho dos
outros não vai levá-los muito longe.
Depois de adquirido, seu testemunho
precisa ser mantido vivo e forte, por
meio da obediência aos mandamentos
de Deus, pela oração e pelo estudo
regular das escrituras. Frequentem a
igreja. Vocês, rapazes, frequentem o
seminário ou o instituto, se houver no
lugar em que moram.
Se houver qualquer coisa errada
em sua vida, há um caminho de volta
para vocês. Cessem todas as iniquidades. Conversem com seu bispo.
Seja qual for o problema, ele pode ser
resolvido com o devido arrependimento. Vocês podem tornar-se limpos
novamente. O Senhor disse, referindo-se aos que se arrependem: “Ainda
que os vossos pecados sejam como
a escarlata, eles se tornarão brancos
como a neve”,3 “e eu, o Senhor, deles
não mais me lembro”.4
O Salvador da humanidade descreveu-Se como alguém que estava no
mundo, mas não era do mundo.5 Nós
também podemos estar no mundo
sem ser do mundo, se rejeitarmos conceitos e ensinamentos falsos e permanecermos fiéis ao que Deus ordenou.
Tenho pensado muito em vocês,
rapazes, que estão em idade de casar,
mas ainda não decidiram fazê-lo. Vejo
moças adoráveis que desejam casar e
criar uma família, mas suas oportunidades estão limitadas porque há tantos
rapazes que adiam o casamento.
Essa não é uma situação nova.
Muito foi dito a esse respeito pelos
presidentes anteriores da Igreja. Quero
compartilhar com vocês apenas um ou
dois exemplos dos seus conselhos.
O Presidente Harold B. Lee disse:
“Não estamos cumprindo nosso dever
como portadores do sacerdócio se
passarmos da idade de casar e fugirmos de um casamento honroso com
uma dessas adoráveis mulheres”.6
O Presidente Gordon B. Hinckley
disse o seguinte: “Sinto o coração
tocado por (…) nossas irmãs solteiras, que anseiam por casar-se e não
parecem conseguir. (…) Tenho bem
menos compaixão pelos rapazes que,
pelos costumes de nossa sociedade,
têm a prerrogativa de tomar a iniciativa nesse assunto, mas em muitos
casos deixam de fazê-lo”.7
Sei que há muitos motivos pelos
quais vocês podem estar hesitantes
em dar o passo para o casamento.
Se estiverem preocupados com o
sustento financeiro de uma esposa e
família, asseguro-lhes de que não é
vergonha um casal ter de pechinchar
e economizar. É geralmente nessa
época desafiadora que vocês vão
tornar-se mais próximos, ao aprenderem a sacrificar-se e a tomar decisões
difíceis. Talvez tenham medo de fazer
a escolha errada. Quanto a isso digo
que precisam exercer fé. Encontrem
alguém que lhes possa ser compatível. Compreendam que não serão
capazes de prever todos os desafios
que podem surgir no casamento, mas
tenham a certeza de que quase tudo
pode ser resolvido se forem flexíveis
e se estiverem comprometidos a fazer
seu casamento dar certo.
Talvez estejam se divertindo um
pouco demais com a vida de solteiro,
com viagens extravagantes, com a
compra de carros e brinquedos caros
ou simplesmente levando a vida
despreocupadamente com os amigos.
Encontrei grupos de rapazes realizando atividades juntos, e admito que
me perguntei por que não estavam
saindo com as moças.
Irmãos, há um momento de se
pensar seriamente no casamento e
de procurar uma companheira com
quem desejam passar a eternidade.
Se vocês escolherem com sabedoria e
se comprometerem a ter sucesso no
casamento, nada há nesta vida que
lhes trará maior felicidade.
Quando se casarem, irmãos, desejarão casar-se na casa do Senhor. Para
vocês que possuem o sacerdócio,
não deve haver outra opção. Tomem
cuidado para não destruir sua elegibilidade para esse casamento. Vocês
podem continuar seu namoro, dentro
dos devidos limites, e ainda assim desfrutar momentos maravilhosos.
Irmãos, quero agora passar a outro
assunto que me senti inspirado a
Maio de 2011
67
abordar com vocês. Nos três anos
desde que fui apoiado como Presidente da Igreja, creio que a responsabilidade mais triste e desanimadora
que tive foi a de ter que lidar cada
semana com cancelamentos de selamentos. Cada um deles foi precedido
de um feliz casamento na casa do
Senhor, onde um casal amoroso iniciou uma vida nova juntos, ansiando
por passar o restante da eternidade
um com o outro. E então, passaram-se
meses e anos e, por um motivo ou
outro, o amor desapareceu. Pode ser
devido a problemas financeiros, falta
de comunicação, temperamentos descontrolados, interferência da família,
envolvimento em pecado. Há inúmeros motivos. Na maioria dos casos, o
resultado não tem que ser o divórcio.
A grande maioria dos pedidos de
cancelamento de selamento parte de
mulheres que tentaram desesperadamente fazer o casamento dar certo,
mas que, no final, não conseguiram
sobrepujar os problemas.
Escolham uma companheira de
modo cuidadoso e fervoroso. E quando
se casarem, sejam ferrenhamente leais
um ao outro. Vi um conselho inestimável numa placa emoldurada que
estava na casa de meu tio e minha
tia. Nela estava escrito: “Escolha seu
amor, ame sua escolha”. Há grande
sabedoria nessas poucas palavras. O
68
A Liahona
comprometimento no casamento é
absolutamente essencial.
Sua esposa é sua parceira igual.
No casamento, nenhum é superior
ou inferior ao outro. Vocês caminham
lado a lado, como filho e filha de
Deus. Ela não deve ser menosprezada
nem insultada, mas, sim, respeitada
e amada. O Presidente Gordon B.
Hinckley disse: “Qualquer homem
desta Igreja que (…) exercer sobre [a
esposa] injusto domínio não é digno
de possuir o sacerdócio. Ainda que
ele tenha sido ordenado, os céus se
afastarão, o Espírito do Senhor Se
magoará e amém para a autoridade do
sacerdócio desse homem”. 8
O Presidente Howard W. Hunter
disse o seguinte sobre o casamento: “A
felicidade e o sucesso no casamento
geralmente não é tanto uma questão
de casar com a pessoa certa, mas, sim,
de você ser a pessoa certa”. Gosto dessa
frase. “O esforço consciente de fazer
plenamente a sua parte é o elemento
que mais contribui para o sucesso.” 9
Há muitos anos, na ala que presidi
como bispo, havia um casal que
sempre tinha desavenças muito sérias
e acaloradas. Realmente discordâncias fortes. Cada qual tinha certeza de
sua opinião. Nenhum cedia ao outro.
Quando não estavam discutindo, mantinham o que eu chamaria de trégua
desconfortável.
Certo dia, às 2 horas da manhã,
recebi um telefonema do casal.
Queriam conversar comigo, e tinha
de ser naquele momento. Arrastei-me
para fora da cama, vesti-me e fui até
a casa deles. Sentaram-se em lados
opostos da sala, sem falar um com o
outro. A esposa comunicava-se com
o marido conversando comigo. Ele
respondia, falando comigo. Pensei:
“De que modo vamos conseguir unir
esse casal?”
Orei por inspiração e tive a ideia
de fazer-lhes uma pergunta. Eu disse:
“Há quanto tempo vocês estiveram
no templo para testemunhar um
selamento?” Eles admitiram que fazia
muito tempo. Em todos os outros
aspectos, eram pessoas dignas que
possuíam uma recomendação para o
templo e que iam ao templo e faziam
ordenanças por outras pessoas.
Perguntei-lhes então: “Aceitam vir
ao templo comigo na quarta-feira pela
manhã, às 8 horas? Vamos testemunhar uma cerimônia de selamento”.
Ao mesmo tempo, os dois perguntaram: “De quem será a cerimônia?”
Respondi: “Não sei. Será de quem
quer que esteja casando-se naquela
manhã”.
Na quarta-feira seguinte, na hora
marcada, reunimo-nos no Templo
de Salt Lake. Fomos os três a uma
das belas salas de selamento, sem
conhecer uma única pessoa na sala,
exceto o Élder ElRay L. Christiansen,
que era Assistente do Quórum dos
Doze, um cargo dentre as Autoridades Gerais que existia na época.
O Élder Christiansen iria realizar
a cerimônia de selamento de um
casal, justamente naquela sala,
naquela manhã. Tenho certeza de
que a noiva e a família dela pensaram: “Devem ser amigos do noivo”.
E que a família do noivo pensou:
“Devem ser amigos da noiva”. Meu
casal estava sentado num pequeno
sofá, com uns trinta centímetros de
espaço entre eles.
O Élder Christiansen começou
dando alguns conselhos aos jovens
que se casavam, e o fez de modo
muito belo. Mencionou como o
marido deve amar a esposa, como
deve tratá-la com respeito e cortesia, honrando-a como a rainha do
lar. Depois, falou para a noiva sobre
o modo pelo qual ela devia honrar
o marido, como o cabeça do lar, e
apoiá-lo de todas as maneiras.
Percebi que, à medida que o Élder
Christiansen falava para os noivos,
meu casal foi aproximando-se aos
poucos um do outro. Em breve, estavam sentados um ao lado do outro. O
que mais me agradou foi que ambos
se moveram na mesma velocidade.
No final da cerimônia, meu casal
estava sentado bem juntinho um do
outro, como se eles próprios fossem
os recém-casados. Os dois sorriam.
Saímos do templo naquele dia, sem
que ninguém soubesse quem éramos
ou por que estávamos ali, mas meus
amigos estavam de mãos dadas ao se
dirigirem para a porta de saída. Suas
diferenças tinham sido deixadas de
lado. Não precisei dizer uma única
palavra. Como podem ver, eles se lembraram do dia de seu próprio casamento e dos convênios que fizeram na
casa de Deus. Estavam comprometidos a começar de novo e a esforçar-se
mais dessa vez.
Se algum de vocês está tendo
dificuldades em seu casamento, peço
que façam tudo o que puderem para
reparar o que for necessário, a fim
de que sejam tão felizes como eram
quando seu casamento começou. Nós,
que nos casamos na casa do Senhor,
fazemos isso para esta vida e por toda
a eternidade, para depois nos empenharmos o quanto for necessário para
que isso aconteça. Sei que há situações em que o casamento não pode
ser salvo, mas sinto fortemente que
na maior parte dos casos ele pode e
deve ser salvo. Não deixem que seu
casamento chegue ao ponto de estar
em risco.
O Presidente Hinckley ensinou que
cabe a cada um de nós, que possuímos o sacerdócio de Deus, disciplinar-nos para que estejamos acima
dos caminhos do mundo. É essencial
que sejamos homens honrados e
decentes. Nossas ações devem ser
irrepreensíveis.
As palavras que falamos, o modo
como tratamos as pessoas e a maneira
que levamos a vida, tudo isso afeta
nossa eficácia como homens e rapazes
que possuem o sacerdócio.
A dádiva do sacerdócio é inestimável. Ela traz consigo a autoridade de
agir como servos de Deus, de ministrar aos enfermos, de abençoar nossa
família e outras pessoas também. Sua
autoridade pode estender-se além do
véu da morte, pelas eternidades. Nada
há que se compare a ele no mundo
inteiro. Protejam-no, entesourem-no e
sejam dignos dele.10
Meus amados irmãos, que a retidão
nos guie em todos os passos de nossa
jornada pela vida. Que sejamos hoje
e sempre portadores dignos do poder
divino do sacerdócio que possuímos.
Que ele abençoe nossa vida e que
o usemos para abençoar a vida dos
outros, como o fez Aquele que viveu
e morreu por nós, sim, Jesus Cristo,
nosso Senhor e Salvador. Essa é minha
oração, em Seu sagrado nome, Seu
santo nome. Amém. ◼
NOTAS
1. Doutrina e Convênios 121:36–37.
2. Êxodo 20:7.
3. Isaías 1:18.
4. Doutrina e Convênios 58:42.
5. Ver João 17:14; Doutrina e Convênios 49:5.
6. “President Harold B. Lee’s General
Priesthood Address”, ­Ensign, janeiro de
1974, p. 100.
7. Gordon B. Hinckley, “What God Hath
Joined Together”, ­Ensign, maio de 1991,
p. 71.
8. Gordon B. Hinckley, “Dignidade Pessoal
para Exercer o Sacerdócio”, A ­Liahona,
julho de 2002, p. 60.
9. The Teachings of Howard W. Hunter, ed.
Clyde J. Williams, 1997, p. 130.
10. Ver Gordon B. Hinckley, A ­Liahona, julho
de 2002, pp. 58–61.
Maio de 2011
69
S E S S Ã O D A M A N H Ã D E D O M I N G O | 3 de a b r il d e 2 0 1 1
Presidente Dieter F. Uchtdorf
Segundo Conselheiro na Primeira Presidência
À Espera, na Estrada
para Damasco
Aqueles que buscam com diligência aprender a respeito
de Cristo, acabam por conhecê-Lo
U
m dos acontecimentos mais
marcantes da história do mundo
aconteceu na estrada para
Damasco. Vocês conhecem bem a
história de Saulo, um jovem que “assolava a igreja, entrando pelas casas; e
(…), encerrava [os santos] na prisão”.1
Saulo era tão hostil que muitos membros da Igreja primitiva fugiram de
Jerusalém, na esperança de escapar de
sua ira.
Saulo os perseguiu. Mas “chegando
perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu.
E, caindo em terra, ouviu uma voz
que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que
me persegues?” 2
Aquele momento de transformação mudou Saulo para sempre. Na
verdade, mudou o mundo.
Sabemos que manifestações como
essa acontecem. Na verdade, testificamos que uma experiência divina
semelhante aconteceu em 1820, para
um rapaz chamado Joseph Smith.
Nosso testemunho é claro e seguro de
que os céus estão abertos novamente
e que Deus fala a Seus profetas e
apóstolos. Deus ouve e responde as
70
A Liahona
orações de Seus filhos.
No entanto, existem alguns que
acham que, a menos que tenham uma
experiência semelhante à de Saulo
ou à de Joseph Smith, não podem
acreditar. Estão à beira das águas do
batismo, mas não entram. Esperam
no limiar do testemunho, mas não
conseguem reconhecer a verdade.
Em vez de dar pequenos passos de fé
no caminho do discipulado, querem
algum acontecimento dramático para
compeli-los a acreditar.
Passam seus dias à espera, na
estrada para Damasco.
Começamos a Acreditar Um Passo
por Vez
Uma querida irmã tinha sido
membro fiel da Igreja toda a vida. Mas
ela carregava consigo uma tristeza
secreta. Alguns anos antes, sua filha
havia morrido depois de uma breve
enfermidade, e as feridas daquela
tragédia ainda a assombravam. Ela se
angustiava com o profundo questionamento que acompanha uma
experiência como essa. Admitiu francamente que o seu testemunho não
era o que costumava ser. Sentia que a
menos que os céus se abrissem para
ela, jamais seria capaz de acreditar
novamente.
Portanto, estava à espera.
Existem muitos outros que, por
diferentes motivos, encontram-se
também à espera, na estrada para
Damasco. Eles adiam a decisão de tornarem-se totalmente engajados como
discípulos. Querem muito receber o
sacerdócio, mas hesitam em tornarem-se dignos desse privilégio. Desejam entrar no templo, mas retardam
o ato final de fé para se qualificarem.
Continuam esperando que Cristo lhes
seja entregue como um quadro de
Carl Bloch, para eliminar de uma vez
por todas as suas dúvidas e temores.
A verdade é que, aqueles que
buscam com diligência aprender a
respeito de Cristo, acabam por conhecê-Lo. Eles recebem pessoalmente um
retrato divino do Mestre, embora, na
maioria das vezes, isso venha na forma
de uma peça de quebra-cabeça —
uma de cada vez. Cada peça individual
talvez não seja facilmente reconhecida
como tal — pode não ficar claro como
ela se relaciona com o todo. Cada peça
nos ajuda a ver um pouco mais claro
o quadro geral. Por fim, depois de um
número suficiente de peças ter sido
encontrado, reconhecemos a grande
beleza de tudo isso. Então, recordando
o que vivenciamos, vemos que o
Salvador havia de fato vindo para ficar
conosco, afinal — não de uma vez,
mas silenciosa e serenamente, quase
despercebido.
Essa pode ser a nossa experiência,
se avançarmos com fé e não ficarmos
tempo demasiado à espera, na estrada
para Damasco.
Ouvir e Atender
Testifico a vocês que nosso Pai
Celestial ama Seus filhos. Ele nos
Claudio R. M. Costa
Jeffrey R. Holland
Robert D. Hales
Ronald A. Rasband
L. Tom Perry
Boyd K. Packer
Thomas S. Monson
Presidente
Quentin L. Cook
Dallin H. Oaks
Steven E. Snow
Walter F. González
L. Whitney Clayton
A PRESIDÊNCIA DOS SETENTA
David A. Bednar
Russell M. Nelson
Jay E. Jensen
D. Todd Christofferson
M. Russell Ballard
Dieter F. Uchtdorf
Segundo Conselheiro
O QUÓRUM DOS DOZE APÓSTOLOS
Henry B. Eyring
Primeiro Conselheiro
A PRIMEIRA PRESIDÊNCIA
Donald L. Hallstrom
Neil L. Andersen
Richard G. Scott
Abril de 2011
As Autoridades Gerais de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
José L. Alonso
Gary J. Coleman
Carlos A. Godoy
Patrick Kearon
Paul B. Pieper
Gary E. Stevenson
William R. Walker
Marcos A. Aidukaitis
Don R. Clarke
Eduardo Gavarret
Paul V. Johnson
Anthony D. Perkins
Ulisses Soares W. Christopher Waddell
F. Michael Watson
Michael John U. Teh
Rafael E. Pino
Yoshihiko Kikuchi
Christoffel Golden Jr.
Carl B. Cook
Carlos H. Amado
Mervyn B. Arnold
Kazuhiko Yamashita
José A. Teixeira
Bruce D. Porter
Paul E. Koelliker
Gerrit W. Gong
Claudio D. Zivic
Jorge F. Zeballos
W. Craig Zwick
Francisco J. Viñas
Michael T. Ringwood
Dale G. Renlund
Juan A. Uceda
Marcus B. Nash
Richard J. Maynes
Keith K. Hilbig
John B. Dickson
Benjamín De Hoyos
James J. Hamula
Shayne M. Bowen
David S. Baxter
Octaviano Tenorio
Carl B. Pratt
Erich W. Kopischke
C. Scott Grow
Lawrence E. Corbridge LeGrand R. Curtis Jr.
Ian S. Ardern
(em ordem alfabética)
O PRIMEIRO QUÓRUM DOS SETENTA
Joseph W. Sitati
Kevin W. Pearson
Daniel L. Johnson
Enrique R. Falabella
Craig C. Christensen
H. David Burton
Bispo Presidente
Jairo Mazzagardi
Won Yong Ko
Stanley G. Ellis
Craig A. Cardon
Wilford W. Andersen
Keith B. McMullin
Segundo Conselheiro
O BISPADO PRESIDENTE
Cecil O. Samuelson Jr.
Allan F. Packer
Marlin K. Jensen
David F. Evans
Yoon Hwan Choi
Richard C. Edgley
Primeiro Conselheiro
Lynn G. Robbins
Brent H. Nielson
Richard G. Hinckley
Kevin R. Duncan
Gérald Caussé
Paul K. Sybrowsky
Kent F. Richards
Larry R. Lawrence
Bradley D. Foster
Bruce A. Carlson
Koichi Aoyagi
Kent D. Watson
Larry Y. Wilson
Lowell M. Snow
James B. Martino
Per G. Malm
Gregory A. Schwitzer
O. Vincent Haleck
Keith R. Edwards
Tad R. Callister
Larry W. Gibbons
J. Devn Cornish
Randall K. Bennett
(em ordem alfabética)
O SEGUNDO QUÓRUM DOS SETENTA
“Concidadãos dos santos” (Efésios 2:19) reúnem-se no mundo
todo para participar da 181ª
Conferência Geral Anual da
Igreja. No sentido do horário,
a partir do alto à esquerda,
vemos os santos em Lusaka,
Zâmbia; Kiev, Ucrânia, St.
Catherine, Jamaica; São Paulo,
Brasil; Odenton, Maryland,
EUA; Dortmund, Alemanha;
e Coimbra, Portugal.
ama. Ele ama você. Quando necessário, o Senhor vai até erguê-lo para
transpor obstáculos, se você procurar
Sua paz com um coração quebrantado e um espírito contrito. Muitas
vezes Ele nos fala de um modo que
só podemos ouvir com o coração.
Para melhor ouvir a Sua voz, seria
aconselhável abaixar o volume dos
ruídos do mundo em nossa vida.
Se ignorarmos ou bloquearmos os
sussurros do Espírito, seja qual for
o motivo, eles se tornarão menos
perceptíveis, até que deixamos de
ouvi-los totalmente. Que possamos
aprender a dar ouvidos aos sussurros
do Espírito e, depois, ter avidez em
segui-los.
Nosso amado profeta, Thomas S.
Monson, é o nosso exemplo disso.
Inúmeras são as histórias sobre ocasiões em que ele atendeu aos sussurros do Espírito. O Élder Jeffrey R.
Holland nos relata um desses
exemplos:
Certa vez, quando o Presidente
Monson estava cumprindo uma designação na Louisiana, um presidente de
estaca perguntou se ele teria tempo
para visitar uma menina de dez anos,
chamada Christal, que estava em fase
terminal devido a um câncer. A família
de Christal estivera orando para que
o Presidente Monson os visitasse.
Mas a casa deles ficava muito longe,
e a agenda era tão apertada que não
havia tempo. Então, em vez disso, o
Presidente Monson pediu aos que
fariam as orações durante a conferência de estaca que incluíssem Christal
em suas orações. Certamente o Senhor
e a família dela iriam entender.
Durante a sessão de sábado da
conferência, quando o Presidente
Monson se levantou para falar, o
Espírito sussurrou: “Deixai vir os
meninos a mim, e não os impeçais;
porque dos tais é o reino de Deus”.3
“Ele não conseguia ler suas anotações. Ele tentou seguir o tema da
reunião como indicado, mas o nome
e a imagem [da menina] não lhe saíam
da mente”.4
Ele deu ouvidos ao Espírito e
reorganizou sua agenda. Na manhã
seguinte, o Presidente Monson deixou
as noventa e nove e viajou muitos
quilômetros para estar junto ao leito
de uma.
Ao chegar lá, ele “olhou para
aquela criança extremamente enferma,
fraca demais para falar. A doença já a
tinha deixado cega. Profundamente
tocado pela cena e pelo Espírito do
Senhor, o irmão Monson segurou a
frágil mão da criança. ‘Christal’, sussurrou, ‘estou aqui’.
Com grande esforço, ela sussurrou
em resposta: ‘Irmão Monson, eu sabia
que você viria’.” 5
Meus queridos irmãos e irmãs,
vamos esforçar-nos para estar entre
aqueles em quem o Senhor confia que
irão ouvir Seus sussurros e responder,
como Saulo fez em seu caminho para
Damasco: “Senhor, que queres que
eu faça?” 6
Servir
Outro motivo pelo qual às vezes
não reconhecemos a voz do Senhor
em nossa vida é porque as revelações
do Espírito podem não nos chegar
diretamente como resposta a nossas
orações.
Nosso Pai Celestial espera que
primeiro estudemos bem a questão e
depois oremos pedindo orientação, ao
buscarmos respostas para as dúvidas
e preocupações de nossa vida. Nosso
Pai Celestial deu-nos a certeza de que
Ele vai ouvir nossas orações e responder a elas. A resposta pode vir por
meio da voz e da sabedoria de amigos
e familiares, das escrituras e das palavras dos profetas.
Sei por experiência própria que
alguns dos sussurros mais fortes que
recebemos não são apenas para nosso
próprio benefício, mas também para
o benefício de outros. Se pensarmos
apenas em nós mesmos, podemos
perder algumas das experiências
espirituais mais vigorosas, e as mais
profundas revelações de nossa vida.
O Presidente Spencer W. Kimball
ensinou esse conceito, quando disse:
“Deus está atento a nós e preocupa-Se
conosco. Contudo, é por meio de
outras pessoas que Ele costuma atender a nossas necessidades. Portanto,
é vital que sirvamos uns aos outros”.7
Irmãos e irmãs, cada um de nós tem
uma responsabilidade assumida como
convênio de estar atento às necessidades das pessoas e de servir como o
Salvador fez — para estender a mão,
abençoar e elevar os que nos rodeiam.
Maio de 2011
75
Muitas vezes, a resposta a nossa
oração não vem quando estamos de
joelhos, mas quando estamos de pé,
servindo ao Senhor e servindo àqueles
que nos rodeiam. Os abnegados atos
de serviço e de consagração refinam
nosso espírito, removem as escamas
dos nossos olhos espirituais e abrem
as janelas do céu. Ao tornar-nos a
resposta da oração de outra pessoa, é
comum encontrarmos a resposta para
a nossa própria oração.
Compartilhar
Há momentos em que o Senhor
nos revela coisas que são destinadas
apenas a nós. No entanto, em muitos
outros casos, Ele confia um testemunho da verdade aos que Ele sabe
que irão compartilhá-lo com outros.
Foi isso que aconteceu com todos os
profetas desde os tempos de Adão. O
76
A Liahona
Senhor espera também que os membros de Sua Igreja, “[abram] a boca em
todas as ocasiões, declarando [Seu]
evangelho em tom de regozijo”.8
Isso nem sempre é fácil. Alguns
preferem puxar um carrinho de mão
ao longo de mil quilômetros de pradarias do que abordar o tema da fé
e religião com seus amigos e colegas
de trabalho. Eles se preocupam sobre
como serão vistos ou como isso vai
prejudicar seu relacionamento. Não
precisa ser assim, porque temos uma
mensagem feliz para compartilhar —
temos uma mensagem de alegria.
Há vários anos, nossa família
morou e trabalhou entre pessoas
que, quase todas, não eram da
nossa religião. Quando nos perguntavam como tinha sido nosso fim
de semana, procurávamos ignorar os temas habituais — eventos
esportivos, filmes ou o tempo — e
tentávamos compartilhar algumas
experiências religiosas que tivéramos
como família no fim de semana. Por
exemplo: o que um jovem orador
dissera sobre os padrões de Para
o Vigor da Juventude, ou como
havíamos sido tocados pelas palavras
de um jovem que estava saindo em
missão, ou como o evangelho e a
Igreja nos ajudaram como família a
superar um desafio específico que
tivemos. Tentávamos não ser enfadonhos ou autoritários. Minha mulher,
Harriet, sempre era a que melhor
conseguia encontrar algo inspirador,
animador ou humorístico para compartilhar. Isso muitas vezes levava a
discussões mais profundas. Curiosamente, sempre que conversávamos
com os amigos sobre como lidar com
os desafios da vida, muitas vezes
ouvíamos o comentário: “É fácil para
vocês, vocês têm sua igreja”.
Com tantos recursos de mídia
social e uma infinidade de dispositivos, alguns mais e outros menos úteis
a nossa disposição, é mais fácil compartilhar as boas novas do evangelho,
e os resultados são mais abrangentes
do que nunca. Na verdade, receio que
alguns que me ouvem já enviaram
mensagens de texto dizendo algo
como: “Ele já está falando há dez
minutos, e ainda não fez nenhuma
analogia com a aviação!” Meus queridos jovens amigos, talvez o incentivo
do Senhor para que “[abram] a boca” 9
poderia incluir, em nossos dias, “usem
as mãos”, para escrever no blog ou
enviar mensagens de texto sobre o
evangelho para o mundo inteiro! Mas
lembrem-se: tudo na hora certa e no
lugar certo.
Irmãos e irmãs, com as bênçãos
da tecnologia moderna, podemos
expressar gratidão e alegria pelo
grande plano de Deus para Seus
filhos, de uma forma que pode ser
ouvida não só em nosso local de
trabalho, mas no mundo inteiro. Às
vezes, uma única frase de testemunho pode colocar em movimento
algo que influenciará a vida de
alguém por toda a eternidade.
A maneira mais eficaz de pregar o
evangelho é por meio do exemplo.
Se vivermos de acordo com nossas
crenças, as pessoas vão notar. Se o
São Paulo, Brasil
semblante de Jesus Cristo brilhar em
nossa vida,10 se estivermos alegres e
em paz com o mundo, as pessoas vão
querer saber o motivo disso. Um dos
maiores sermões já proferidos sobre
o trabalho missionário é este simples
pensamento, atribuído a São Francisco
de Assis: “Pregue o evangelho a toda
hora e, se necessário, use palavras”.11
Temos muitas oportunidades de fazer
isso a nossa volta. Não as percam,
esperando muito tempo na estrada
para Damasco.
Nossa Estrada para Damasco
Testifico-lhes que o Senhor fala
a Seus profetas e apóstolos nos dias
de hoje. Ele também fala a todos que
vêm a Ele com um coração sincero e
com real intenção.12
Não duvidem. Lembrem-se: “Bemaventurados os que não viram e
creram”.13 Deus ama vocês. Ele ouve
suas orações. Ele fala a Seus filhos e
oferece consolo, paz e compreensão
para aqueles que O buscam e O honram, andando em Seu caminho. Presto
meu testemunho sagrado de que a
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias segue seu curso. Temos
um profeta vivo. Ela é liderada por
Aquele Cujo nome tomamos sobre
nós, sim, o Salvador, Jesus Cristo.
Irmãos e irmãs, queridos amigos,
não esperemos muito tempo em nosso
caminho para Damasco. Em vez disso,
sigamos corajosamente em frente, com
fé, esperança e caridade, e seremos
abençoados com a luz que todos procuramos no caminho do verdadeiro discipulado. Essa é minha oração, e deixo
com vocês minha bênção, no sagrado
nome de Jesus Cristo. Amém. ◼
NOTAS
1. Atos 8:3.
2. Atos 9:3–4.
3. Marcos 10:14.
4. Ver Jeffrey R. Holland, “President
Thomas S. Monson: Always ‘on the Lord’s
Errand,’” Tambuli, outubro–novembro de
1986, p. 20.
5. Jeffrey R. Holland, Tambuli, outubro–
novembro de 1986, p. 20.
6. Atos 9:6.
7. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja:
Spencer W. Kimball, 2006, p. 92.
8. Doutrina e Convênios 28:16.
9. Doutrina e Convênios 60:2.
10. Ver Alma 5:14.
11. William Fay and Linda Evans Shepherd,
Share Jesus without Fear, 1999, p. 22.
12. Ver Morôni 10:3–5.
13. João 20:29.
Maio de 2011
77
Élder Paul V. Johnson
Dos Setenta
“Mais do que
Vencedores, por Aquele
Que Nos Amou”
As provações não são apenas para nos testar. Elas são de
importância vital no processo de obtenção da natureza divina.
A
vida na Terra inclui testes, provações e tribulações, e algumas
provações que enfrentamos
podem ser muito dolorosas. Sejam
enfermidades, traição, tentações, a
perda de um ente querido, catástrofes
naturais ou outras adversidades, a
aflição faz parte de nossa vida mortal.
Muitos se perguntam por que precisam enfrentar desafios tão difíceis.
Sabemos que uma das razões é a de
testar a nossa fé para ver se faremos
tudo o que o Senhor nos ordena.1
Felizmente, a vida na Terra é o cenário
perfeito para enfrentar — e passar —
nesses testes.2
Mas essas provações não são apenas para nos testar. Elas são de importância vital no processo de obtenção
da natureza divina.3 Se lidarmos devidamente com essas aflições, elas serão
consagradas para nosso benefício.4
O Élder Orson F. Whitney disse:
“Nenhuma dor que sofremos,
nenhuma provação por que passamos será em vão. (…) Tudo o que
sofremos e tudo o que suportamos,
78
A Liahona
particularmente se o fizermos com
paciência, edifica nosso caráter,
purifica-nos o coração, expande
nossa alma e nos torna mais ternos e
caridosos, (…) e é por meio da dor e
do sofrimento, do trabalho árduo e da
tribulação, que obtemos a educação
que aqui viemos receber”.5
Recentemente um menino de nove
anos foi acometido de um raro tipo
de câncer ósseo. O médico explicou o
diagnóstico e o tratamento, que incluía
meses de quimioterapia e algumas
cirurgias de grande porte. Ele disse
que seria um período muito difícil para
o menino e sua família, mas depois
acrescentou: “As pessoas me perguntam: ‘Serei o mesmo depois que isso
terminar?’ Eu lhes digo: ‘Não, você não
será o mesmo. Será muito, muito mais
forte. Será muito fabuloso!’”
Às vezes, pode parecer que
nossas provações se concentram em
certos aspectos de nossa vida e de
nossa alma com os quais pensávamos ser incapazes de lidar. Como o
crescimento pessoal é um resultado
esperado desses desafios, não deveríamos nos admirar que essas provações
possam ser bem pessoais — como
se fossem guiadas com precisão
para nossas necessidades e fraquezas específicas. E ninguém está livre
disso, especialmente os santos que
se esforçam para fazer o que é certo.
Alguns santos obedientes podem-se
perguntar: “Por que eu? Estou tentando ser bom! Por que o Senhor
está permitindo que isso aconteça?”
A fornalha da aflição ajuda a purificar
até os melhores santos, retirando as
impurezas de sua vida até restar o
ouro puro.6 Até os minérios mais ricos
precisam ser refinados para remover
impurezas. Ser bom não é o bastante.
Queremos tornar-nos como o Salvador, que aprendeu ao sofrer “dores e
aflições e tentações de toda espécie”.7
A Trilha Crimson, no desfiladeiro
de Logan, é um dos meus passeios
preferidos. A parte principal da trilha
serpeia pelo alto de elevadas escarpas
calcárias, de onde temos uma bela
vista do desfiladeiro e do vale abaixo.
Mas não é fácil chegar ao topo das
escarpas. A trilha ali é uma subida
constante, e pouco antes de chegar
ao topo, o alpinista se depara com a
parte mais íngreme da trilha, onde a
vista do desfiladeiro fica oculta pelas
próprias escarpas. O esforço final vale
imensamente a pena, porque depois
que o alpinista chega ao topo, a vista
é de tirar o fôlego. O único modo de
contemplar aquela vista é fazendo a
escalada.
Um padrão nas escrituras e na vida
mostra que muitas vezes os testes
mais tenebrosos e perigosos vêm
imediatamente antes de acontecimentos extraordinários e de imenso
crescimento pessoal. “Após muitas
tribulações vêm as bênçãos”.8 Os
filhos de Israel ficaram encurralados
diante do Mar Vermelho, antes de ele
se abrir.9 Néfi enfrentou perigos, a ira
de seus irmãos e vários fracassos antes
de poder obter as placas de latão.10
Joseph Smith foi subjugado por um
poder maligno tão forte que parecia estar destinado a uma completa
destruição. Quando estava prestes a se
entregar ao desespero ele se esforçou
para invocar Deus e, naquele exato
momento, recebeu a visita do Pai e do
Filho.11 Frequentemente os pesquisadores enfrentam oposição e tribulação
quando estão prestes a ser batizados.
As mães sabem que os desafios do
parto precedem o milagre do nascimento. Vez após vez vemos bênçãos
maravilhosas logo após grandes
provações.
Quando minha avó estava com
aproximadamente dezenove anos,
foi acometida de uma doença que
a deixou muito mal. Mais tarde ela
disse: “Não conseguia andar. Meu
pé esquerdo ficou todo deformado
depois de eu passar vários meses na
cama. Os ossos estavam frágeis como
uma esponja e, quando tocava o pé
no chão, era como se tivesse tomado
um choque”.12 Enquanto estava confinada ao leito e no auge de seu sofrimento, ela recebeu e estudou folhetos
de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias. Foi convertida e,
mais tarde, foi batizada. Muitas vezes,
um desafio pessoal ajuda a prepararnos para algo de vital importância.
Em meio aos problemas, é quase
impossível ver que as bênçãos reservadas são muito maiores do que a dor,
a humilhação e o sofrimento que estamos vivenciando no momento. “Toda
a correção, ao presente, não parece ser
de gozo, senão de tristeza, mas depois
produz um fruto pacífico de justiça
nos exercitados por ela”.13 O Apóstolo
Paulo ensinou: “Porque a nossa leve e
momentânea tribulação produz para
nós um peso eterno de glória mui
excelente”.14 É interessante notar que
Paulo usa o termo “leve tribulação”.
Isso foi dito por alguém que tinha sido
espancado, apedrejado, que sofreu
um naufrágio, foi aprisionado e sofreu
muitas outras provações.15 Duvido que
muitos de nós rotulariam nossas tribulações de leves. Mas em comparação
às bênçãos e ao crescimento pessoal
que teremos no final, tanto nesta vida
quanto na eternidade, nossas aflições
são verdadeiramente leves.
Não buscamos testes, problemas
nem tribulações. Nossa jornada pessoal pela vida vai prover-nos a medida
certa para nossas necessidades. Muitas
provações são apenas uma parte
natural de nossa existência mortal,
mas desempenham um papel muito
importante em nosso progresso.
Quando o ministério mortal do
Salvador chegava ao fim, Ele passou
pela provação mais difícil de todos os
tempos: o incrível sofrimento no Getsêmani e no Gólgota. Isso precedeu
a gloriosa Ressurreição e a promessa
de que todos os nossos sofrimentos serão, um dia, eliminados. Seu
sofrimento foi um pré-requisito para
o sepulcro vazio da manhã de Páscoa
e para a nossa futura imortalidade e
vida eterna.
Às vezes queremos ter crescimento
sem desafios e desenvolver forças
sem nenhum esforço. Mas o crescimento não pode vir quando seguimos
o caminho fácil. Compreendemos
claramente que um atleta que não se
submete a um treinamento rigoroso
jamais se tornará um atleta de nível
mundial. Precisamos tomar cuidado
para não nos ressentirmos exatamente
com as coisas que vão ajudar-nos a
adquirir a natureza divina.
Maio de 2011
79
Sei que Deus vive e que Seu Filho,
Jesus Cristo, vive. Também sei que
por meio da ajuda Deles podemos
tornar-nos “mais do que vencedores”
das tribulações que enfrentamos nesta
vida. Podemos tornar-nos semelhantes a Eles. Em nome de Jesus Cristo.
Amém. ◼
NOTAS
Nenhuma das provações e tribulações que enfrentamos estão além de
nosso limite, porque temos acesso à
ajuda do Senhor. Podemos fazer todas
as coisas em Cristo que nos fortalece.16
Depois de se recuperar de graves problemas de saúde, o Élder
Robert D. Hales contou o seguinte
na conferência geral: “Em poucas
ocasiões, disse ao Senhor que havia
certamente aprendido as lições a
serem ensinadas e que não seria
necessário que eu passasse por mais
sofrimento. Essas súplicas parecem
ter sido em vão, porque me foi mostrado com clareza que esse processo
de purificação e testes deveria ser
suportado no tempo do Senhor e
à maneira Dele. (…) Aprendi que
eu não estaria só ao enfrentar essas
provações e reveses, mas que anjos
protetores me amparariam. De fato,
algumas pessoas eram quase anjos
em forma de médicos, enfermeiras e
acima de tudo minha amada companheira, Mary. E, em alguns momentos, quando o Senhor assim desejou,
fui consolado com visitas de hostes
celestiais que me trouxeram consolo
e tranquilidade eterna em minhas
horas de necessidade”.17
Nosso Pai Celestial nos ama, e
“[sabemos] que aqueles que confiarem
em Deus serão auxiliados em suas
tribulações e em suas dificuldades e
80
A Liahona
em suas aflições; e serão elevados no
último dia”.18 Um dia, quando chegarmos ao outro lado do véu, não queremos apenas que alguém nos diga:
“Bem, está terminado”. Em vez disso,
queremos que o Senhor diga: “Bem
está, servo bom e fiel”.19
Adoro estas palavras de Paulo:
“Quem nos separará do amor de
Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou
a perseguição, ou a fome, ou a nudez,
ou o perigo, ou a espada? (…)
Mas em todas estas coisas somos
mais do que vencedores, por aquele
que nos amou”.20
Bucareste, Romênia
1. Ver I Pedro 1:6–8; Abraão 3:25.
2. Ver I Pedro 2:20.
3. Ver II Pedro 1:4.
4. Ver 2 Néfi 2:2.
5. Orson F. Whitney, Spencer W. Kimball,
Faith Precedes the Miracle, 1972, p. 98.
6. Ver Isaías 48:10; 1 Néfi 20:10.
7. Ver Alma 7:11–12.
8. Doutrina e Convênios 58:4.
9. Ver Êxodo 14:5–30.
10. Ver 1 Néfi 3–4.
11. Ver Joseph Smith—História 1:15–17.
12. Amalie Hollenweger Amacher, história não
publicada em posse do autor.
13. Hebreus 12:11.
14. II Coríntios 4:17.
15. Ver II Coríntios 11:23–28.
16. Ver Filipenses 4:13.
17. Robert D. Hales, “O Convênio do Batismo:
Estar no Reino e Ser do Reino”, A ­Liahona,
janeiro de 2001, p. 6.
18. Alma 36:3.
19. Mateus 25:21.
20. Romanos 8:35, 37.
Bispo H. David Burton
Bispo Presidente
O Trabalho Santificador
do Bem-Estar
O trabalho de cuidar dos outros e de ser “bondosos com os
pobres” é um trabalho santificador, ordenado pelo Pai.
B
om dia, irmãos e irmãs. Em 1897,
o jovem David O. McKay parou
diante de uma porta com um
folheto na mão. Sendo missionário
em Stirling, Escócia, ele já havia feito
aquilo muitas vezes. Mas naquele dia,
uma senhora muito abatida abriu a
porta e se pôs diante dele. Estava mal
vestida e tinha o rosto magérrimo e os
cabelos desarrumados.
Ela pegou o folheto que o Élder
McKay lhe ofereceu e disse seis palavras que ele jamais esqueceria: “Será
que isso me compra pão?”
Aquele encontro deixou uma
impressão duradoura no jovem
missionário. Mais tarde, ele escreveu:
“Daquele momento em diante, compreendi mais profundamente o que a
Igreja de Cristo deveria ser, e o que ela
é: uma igreja interessada na salvação
física do homem. Deixei aquela porta
sentindo que aquela [mulher], com
(…) tamanha amargura no coração
contra os homens e contra Deus,
não [estava] em condições de receber a mensagem do evangelho. [Ela]
precisava de auxílio material, e não
havia em Stirling, pelo que consegui
descobrir, nenhuma organização que
[lhe] pudesse oferecer isso.” 1
Poucas décadas depois, o mundo
se angustiou sob o fardo da Grande
Depressão. Foi naquela época, em
6 de abril de 1936, que o Presidente
Heber J. Grant e seus conselheiros,
J. Reuben Clark e David O. McKay,
anunciaram o que mais tarde viria a
ser conhecido como o Programa de
Bem-Estar da Igreja. Coincidência ou
não, duas semanas depois, o Élder
Melvin J. Ballard e Harold B. Lee
foram respectivamente nomeados
primeiro presidente e primeiro diretor
administrativo do programa.
Não foi um empreendimento
comum. Embora o Senhor tenha
chamado pessoas extraordinárias para
administrá-lo, o Presidente J. Reuben
Clark deixou bem claro que “o estabelecimento do sistema [de bem-estar]
veio por revelação do Espírito Santo
ao Presidente Grant, e ele tem sido
administrado desde aquela época por
meio de revelações semelhantes que
foram dadas aos irmãos encarregados
do programa”. 2
O comprometimento dos líderes
da Igreja com a tarefa de aliviar o
sofrimento humano foi firme e irrevogável. O Presidente Grant queria
“um sistema que auxiliasse as pessoas
e cuidasse delas, não importando os
custos”. Ele disse que chegaria ao
ponto de “suspender os seminários,
de interromper o trabalho missionário
por algum tempo, ou até de fechar os
templos, mas não deixaria as pessoas
passarem fome”.3
Eu estava ao lado do Presidente
Gordon B. Hinckley, em Manágua,
Nicarágua, quando ele falou para 1.300
membros da Igreja que haviam sobrevivido a um furacão devastador que
ceifou mais de 11.000 vidas. “Enquanto
a Igreja tiver recursos”, disse ele, “não
deixaremos que passem fome ou que
fiquem sem ter o que vestir ou onde se
abrigar. Faremos tudo o que pudermos para auxiliá-los da maneira que o
Senhor determinou que fosse feito.” 4
Uma das características marcantes
desse trabalho, que é centrado no
evangelho, é sua ênfase na responsabilidade individual e na autossuficiência. O Presidente Marion G. Romney
explicou: “Muitos programas foram
criados por pessoas bem-intencionadas para auxiliar os necessitados. Contudo, muitos desses programas foram
elaborados com o objetivo de curto
prazo de ‘ajudar as pessoas’, em vez
de ‘ajudar as pessoas a ajudarem-se a
si mesmas’”. 5
A autossuficiência é fruto do viver
previdente e do exercício da autodisciplina financeira. Desde o início,
a Igreja ensinou que a família — na
medida do possível — precisa assumir
a responsabilidade pelo próprio bemestar material. É primordial que cada
geração aprenda de novo os princípios fundamentais da autossuficiência:
evitar dívidas, implementar os princípios da frugalidade, preparar-se para
tempos difíceis, ouvir e seguir as palavras dos oráculos vivos, desenvolver
disciplina para distinguir necessidades
de desejos e, depois, viver segundo
esses princípios.
Maio de 2011
81
O propósito, as premissas e os
princípios que fortalecem nosso
trabalho de cuidar do pobre e do
necessitado se estendem muito além
dos limites da mortalidade. Esse trabalho sagrado não apenas beneficia
e abençoa os que sofrem ou passam
necessidades. Como filhos e filhas de
Deus, não podemos herdar plenamente a vida eterna sem estarmos
completamente investidos do cuidado
de outros, enquanto estamos aqui na
Terra. É na benevolente prática do
sacrifício e da doação pessoal a outros
que aprendemos os princípios celestiais do sacrifício e da consagração.6
O grande rei Benjamim ensinou
que um dos motivos pelos quais
dividimos o que temos com os pobres
e lhes oferecemos auxílio é para que
possamos preservar a remissão de
nossos pecados dia a dia e andar sem
culpa perante Deus.7
Desde a fundação do mundo,
as sociedades justas sempre foram
tecidas com os fios dourados da
caridade. Ansiamos por um mundo
pacífico e por comunidades prósperas.
Oramos por uma sociedade bondosa
e virtuosa, na qual a iniquidade seja
abolida e prevaleçam a virtude e a
retidão. Não importa quantos templos
construamos, não importa o quanto
cresça o número de membros, não
importa quão bem sejamos vistos aos
olhos do mundo — se deixarmos de
82
A Liahona
cumprir o grande e vital mandamento
de “[socorrer] os fracos, [erguer] as
mãos que pendem e [fortalecer] os
joelhos enfraquecidos”,8 ou se desviarmos o coração dos que sofrem e
choram, estaremos sob condenação e
não poderemos agradar ao Senhor,9 e
a esperança jubilosa de nosso coração
estará sempre distante.
Em todo o mundo, 28.000 bispos
procuram os pobres para atender
a suas necessidades. Cada bispo é
auxiliado por um conselho de ala, formado por líderes do sacerdócio e das
auxiliares, incluindo uma dedicada
presidente da Sociedade de Socorro.
Eles podem “apressar-se em auxiliar o
estrangeiro, (…) deitar azeite e vinho
no coração ferido do aflito, (…) e
secar as lágrimas do órfão e fazer o
coração da viúva rejubilar”.10
O coração dos membros e líderes
da Igreja do mundo inteiro está sendo
influenciado positivamente e guiado
pelas doutrinas e pelo divino espírito
de carinho e amor ao próximo.
Um líder do sacerdócio na América do Sul estava preocupado com
a fome e a pobreza dos membros de
sua pequena estaca. Não querendo
deixar que as crianças passassem
fome, ele procurou um terreno livre e
organizou o sacerdócio para cultivá-lo
e semeá-lo. Encontraram um velho
cavalo, atrelaram a ele um arado
primitivo e começaram a trabalhar o
solo. Mas antes que pudessem terminar, aconteceu uma tragédia e o velho
cavalo morreu.
Em vez de deixar que seus irmãos
e irmãs passassem fome, os irmãos do
sacerdócio atrelaram o velho arado às
próprias costas e o puxaram ao longo
do terreno implacável. Literalmente
tomaram sobre si o jugo do sofrimento
e da carga de seus irmãos e irmãs.11
Um episódio da história da minha
própria família exemplifica o compromisso de cuidar dos necessitados.
Muitos ouviram falar das companhias
de carrinhos de mão Willie e Martin, e
de como aqueles fiéis pioneiros sofreram e morreram ao enfrentar o gélido
inverno e as condições debilitantes
de sua jornada para o Oeste. Robert
Taylor Burton, um dos meus trisavôs,
foi uma das pessoas a quem Brigham
Young pediu que fossem resgatar
aqueles santos queridos e aflitos.
A respeito daquela ocasião, vovô
escreveu em seu diário: “A neve estava
St. Catherine, Jamaica
bem alta e muito gelada (…). Fazia
tanto frio que não conseguíamos nos
mover. O termômetro marcava 24
graus abaixo de zero (…) estava tão
frio que as pessoas não conseguiam
viajar”.12
Foram distribuídos mantimentos
para salvar a vida dos santos aflitos,
mas “apesar de tudo o que [os resgatadores] puderam fazer, muitos foram
enterrados à beira do caminho”. 13
Quando os santos resgatados
atravessavam uma parte da trilha que
passava pelo desfiladeiro de Echo
Canyon, vários carroções pararam
para ajudar na chegada de um bebê
— uma menina. Robert notou que a
jovem mãe não tinha roupas suficientes para aquecer o bebê recémnascido. Apesar das temperaturas
congelantes, ele “tirou sua camisa feita
em casa e a deu à mãe para envolver
o bebê”. 14 A criança recebeu o nome
de Echo — Echo Squires — em lembrança do local e das condições de
seu nascimento.
Anos mais tarde, Robert foi chamado para o Bispado Presidente da
Igreja, onde serviu por mais de três
décadas. Aos 86 anos de idade, Robert
Taylor Burton ficou doente. Ele reuniu
a família junto a seu leito para dar-lhes
sua última bênção. Entre suas últimas
palavras estava este conselho simples,
porém muito profundo: “Sejam bondosos com os pobres”. 15
Irmãos e irmãs, honramos aqueles
gigantes inovadores que o Senhor
levantou para organizar e administrar
o empreendimento institucional de
auxílio aos membros necessitados de
Sua Igreja. Honramos aqueles que,
em nossos dias, estendem a mão de
maneiras incontáveis e muitas vezes
silenciosas para “ser bondosos com
os pobres”, alimentar o faminto, vestir
o nu, ministrar ao enfermo e visitar
o cativo.
Esse é o trabalho sagrado que o
Salvador espera de Seus discípulos.
É o trabalho que Ele amava quando
esteve neste mundo. É o trabalho que
sabemos que O veríamos fazer se
estivesse entre nós hoje.16
Há setenta e cinco anos, um sistema dedicado à salvação espiritual
e material da humanidade surgiu de
modo bem humilde. Desde aquela
época, ele enobreceu e abençoou
a vida de dezenas de milhões de
pessoas no mundo inteiro. O plano
profético de bem-estar não é uma
mera nota de rodapé na história da
Igreja. Os princípios sobre os quais
ele se baseia definem quem somos
como povo. É a essência de quem
somos como discípulos individuais
de nosso Salvador e nosso exemplo,
Jesus Cristo.
O trabalho de cuidar dos outros e
de ser “bondosos com os pobres” é
um trabalho santificador, ordenado
pelo Pai e divinamente atribuído para
abençoar, refinar e exaltar Seus filhos.
Que possamos seguir o conselho
do Salvador a certo advogado na
parábola do bom samaritano: “Vai, e
faze da mesma maneira”.17 Disso eu
testifico, em nome de Jesus Cristo.
Amém. ◼
NOTAS
1. Cherished Experiences from the Writings
of President David O. McKay, comp. Clare
Middlemiss, 1955, p. 189.
2. J. Reuben Clark Jr., “Testimony of Divine
Origin of Welfare Plan,” Church News, 8 de
agosto de 1951, p. 15; ver também Glen L.
Rudd, Pure Religion, 1995, p. 47.
3. Glen L. Rudd, Pure Religion, p. 34.
4. “President Hinckley Visits Hurricane Mitch
Victims and Mid-Atlantic United States,”
­Ensign, fevereiro de 1999, p. 74.
5. Marion G. Romney, “A Natureza Celestial
da Autossuficiência”, A ­Liahona, março de
2009, p. 15.
6. Ver Doutrina e Convênios 104:15–18; ver
também Doutrina e Convênios 105:2–3.
7. Ver Mosias 4:26–27.
8. Doutrina e Convênios 81:5; ver também
Mateus 22:36–40.
9. Ver Doutrina e Convênios 104:18.
10. Joseph Smith, in History of the Church,
vol.4, pp. 567–568.
11. Entrevista com Harold C. Brown, antigo
diretor administrativo do Departamento de
Serviços de Bem-Estar.
12. Diário de Robert T. Burton, Church History
Library, Salt Lake City, 2–6 de novembro de
1856.
13. Robert Taylor Burton, Janet Burton
Seegmiller, ”Be Kind to the Poor”: The Life
Story of Robert Taylor Burton, 1988, p. 164.
14. Lenore Gunderson, Jolene S. Allphin,
Tell My Story, Too, tellmystorytoo.com/
art_imagepages/image43.html.
15. Robert Taylor Burton, Seegmiller, “Be Kind
to the Poor”, p. 416.
16. Ver Dieter F. Uchtdorf, “Vós Sois Minhas
Mãos,” A ­Liahona, maio de 2010, p. 68.
17. Lucas 10:37.
Maio de 2011
83
Silvia H. Allred
Primeira Conselheira na Presidência Geral
da Sociedade de Socorro
A Essência do
Discipulado
Quando o amor se torna o princípio orientador do serviço
que prestamos às pessoas, isso se torna o evangelho em ação.
D
esde o princípio dos tempos, o
Senhor ensinou que para tornarnos Seu povo precisamos ser
unos de coração e mente. 1 O Salvador
também explicou que os dois grandes
mandamentos da lei são: “Amarás o
Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo
o teu pensamento” e “Amarás o teu
próximo como a ti mesmo”. 2 Por fim,
logo após a Igreja ser restaurada, o
Senhor deu aos santos o mandamento
de “visitar os pobres e os necessitados
e ministrar-lhes auxílio”. 3
Qual é o tema comum de todos
esses mandamentos? É o de que
precisamos amar uns aos outros e
servir uns aos outros. Essa é, de fato, a
essência do discipulado na verdadeira
Igreja de Jesus Cristo.
Ao comemorarmos os 75 anos do
Programa de Bem-Estar da Igreja,
são-nos lembrados os propósitos do
Bem-Estar, que são: ajudar os membros a tornar-se autossuficientes,
cuidar dos pobres e necessitados, e
prestar serviço. A Igreja organizou
seus recursos para ajudar os membros
a prover o bem-estar físico, espiritual,
social e emocional deles próprios, de
seus familiares e de outras pessoas. O
84
A Liahona
ofício de bispo traz consigo a obrigação especial de cuidar dos pobres e
necessitados e de administrar esses
recursos para os membros de sua ala.
Ele é auxiliado nesse trabalho pelos
quóruns do sacerdócio, pela Sociedade de Socorro e, principalmente,
pelos mestres familiares e pelas professoras visitantes.
A Sociedade de Socorro sempre esteve no âmago do Bem-Estar.
Quando o Profeta Joseph Smith
organizou a Sociedade de Socorro,
em 1842, ele disse às mulheres: “Este
é o início de dias melhores” para os
pobres e necessitados. 4 Ele disse às
irmãs que o propósito da sociedade
era “socorrer os pobres, os desamparados, a viúva e o órfão e colocar em
prática todos os propósitos benevolentes. (…) Derramarão óleo e vinho
no coração ferido do aflito; enxugarão
as lágrimas do órfão e farão o coração
da viúva regozijar-se”. 5
Ele também declarou que a
Sociedade “incentivaria os irmãos
a realizarem boas obras atendendo
às necessidades dos pobres —
buscando pessoas que necessitem de
caridade e cuidando de suas necessidades — auxiliando a corrigir a
moralidade e fortalecendo as virtudes
da comunidade”. 6
Hoje em dia, os homens e as
mulheres da Igreja participam juntos
no trabalho de auxiliar os necessitados. Os portadores do sacerdócio dão
o apoio essencial para os que necessitam de auxílio e orientação espiritual.
Mestres familiares inspirados abençoam a vida das pessoas e proporcionam as bênçãos do evangelho a todas
as famílias. Além disso, empregam sua
força e talentos de outras maneiras,
como ao ajudar uma família necessitada a realizar consertos no lar ou a
mudar-se, ou ao ajudar um irmão a
encontrar emprego.
A presidente da Sociedade de
Socorro visita os lares para avaliar as
necessidades para o bispo. Professoras
visitantes inspiradas zelam pelas irmãs
e famílias e cuidam delas. Geralmente
são as primeiras a atender ao chamado nos momentos de necessidade
imediata. As irmãs da Sociedade de
Socorro oferecem refeições, prestam
serviço compassivo e dão apoio constante nos momentos de provação.
Os membros da Igreja no mundo
inteiro se regozijaram no passado
e devem regozijar-se hoje com as
oportunidades que têm de servir ao
próximo. Nosso esforço conjunto proporciona auxílio aos pobres, famintos,
aflitos ou angustiados, salvando almas
com isso.
Todo bispo tem à disposição o
armazém do Senhor, que é estabelecido quando “os membros fiéis dão ao
bispo de seu tempo, talentos, habilidades, solidariedade, recursos financeiros e materiais, para ajudar os pobres
e edificar o reino de Deus na Terra”. 7
Todos podemos contribuir para o
armazém do Senhor quando pagamos
nossas ofertas de jejum e disponibilizamos nossos recursos para que o
bispo auxilie os necessitados.
Apesar de o mundo estar em rápida
mudança, os princípios de bem-estar
não mudaram com o passar do tempo,
porque são uma verdade inspirada
e revelada por Deus. Quando um
membro da Igreja e sua família fazem
tudo o que podem para sustentar-se
e ainda assim não conseguem suprir
suas necessidades básicas, a Igreja
está pronta a ajudar. Dá-se atenção
imediata às necessidades de curto
prazo, e estabelece-se um plano
para ajudar o beneficiário a tornar-se
autossuficiente. A autossuficiência é a
capacidade de prover as necessidades
espirituais e materiais da vida para si
mesmo e para a família.
Ao elevarmos nosso próprio nível
de autossuficiência, aumentamos
nossa capacidade de ajudar e servir
ao próximo, como o Salvador fez.
Seguimos o exemplo do Salvador
quando ministramos aos necessitados,
aos enfermos e aos aflitos. Quando o
amor se torna o princípio orientador
do serviço que prestamos às pessoas,
isso se torna o evangelho em ação.
Esse é o evangelho em sua melhor
expressão. É religião pura.
Em minhas várias atribuições na
Igreja, senti-me humilde com o amor
e a preocupação que os bispos e
as líderes da Sociedade de Socorro
demonstraram por seus rebanhos.
Quando eu servia como presidente da
Sociedade de Socorro no Chile, no início da década de 1980, o país passava
por uma profunda recessão e a taxa
de desemprego era de 30%. Testemunhei o modo como heróicas presidentes da Sociedade de Socorro e fiéis
professoras visitantes “faziam bem” 8,
naquelas difíceis circunstâncias. Elas
exemplificavam a escritura encontrada
em Provérbios 31:20: “[Ela] abre a sua
mão ao pobre, e estende as suas mãos
ao necessitado”.
Havia irmãs, cuja própria família
tinha bem pouco, que ajudavam constantemente as que consideravam ter
necessidades maiores. Foi então que
compreendi mais claramente o que
o Salvador viu, quando declarou em
Lucas 21:3–4:
“Em verdade vos digo que lançou
mais do que todos, esta pobre viúva;
Porque todos aqueles deitaram
para as ofertas de Deus do que lhes
sobeja; mas esta, da sua pobreza, deitou todo o sustento que tinha”.
Poucos anos depois, testemunhei
a mesma coisa como presidente da
Sociedade de Socorro da estaca, na
Argentina, quando a hiperinflação
assolou o país e o colapso econômico
subsequente afetou muitos de nossos
membros fiéis. Testemunhei isso de
novo em minhas recentes visitas a
Kinshasa, na República Democrática
do Congo; em Antananarivo, Madagascar; e em Bulawayo, no Zimbábue.
Em toda parte, há membros da ala e,
em especial, irmãs da Sociedade de
Socorro, que continuam a edificar a
fé, a fortalecer pessoas e famílias, e a
ajudar os necessitados.
É admirável pensar que uma irmã
ou irmão humilde, com um chamado
na Igreja, pode ir a uma casa onde
há pobreza, sofrimento, doença ou
aflição e levar paz, apoio e felicidade.
Maio de 2011
85
Não importa onde seja a ala ou o
ramo, ou quão grande ou pequeno
seja o grupo, todo membro no mundo
tem essa oportunidade. Isso acontece
todos os dias e está acontecendo em
algum lugar neste exato momento.
Karla é uma jovem mãe com
dois filhos. Seu marido Brent trabalha muitas horas e viaja uma hora
para chegar ao local de trabalho.
Logo depois do nascimento de sua
segunda filhinha, ela conta a seguinte
experiência pessoal: “Um dia, depois
de receber o chamado para servir
como conselheira na Sociedade de
Socorro da minha ala, senti que era
demais para mim. Como eu poderia
assumir a responsabilidade de cuidar
das mulheres de minha ala, se estava
tendo dificuldades para simplesmente
cumprir meu papel de esposa e de
mãe de uma filha muito ativa, de dois
anos, e de um bebê recém-nascido?
Enquanto refletia sobre esses sentimentos, minha filha de dois anos
86
A Liahona
ficou doente. Não sabia muito bem
o que fazer por ela e ainda cuidar
do bebê ao mesmo tempo. Foi então
que a irmã Wasden, uma de minhas
professoras visitantes, apareceu
inesperadamente em casa. Como ela
era mãe de filhos crescidos, sabia
exatamente o que fazer para me
ajudar. Disse-me o que eu precisava
fazer enquanto ela ia até a farmácia
comprar algumas coisas. Mais tarde,
ela providenciou para que alguém
fosse à estação ferroviária buscar
meu marido, para que ele voltasse
logo para casa, a fim de me ajudar.
Sua atitude, que acredito ter sido
inspirada pelo Espírito Santo, somada
a sua disposição de servir, foram a
confirmação que eu precisava receber
do Senhor de que Ele ia ajudar-me a
cumprir meu novo chamado”.
O Pai Celestial nos ama e conhece
nossa situação e nossas capacidades especiais. Embora busquemos
diariamente Sua ajuda por meio da
oração, geralmente é por meio de
outra pessoa que Ele atende a nossas
necessidades. 9
O Senhor disse: “Nisto todos
conhecerão que sois meus discípulos,
se vos amardes uns aos outros”. 10
O puro amor de Cristo se expressa
quando prestamos serviço abnegado.
A oportunidade de ajudar-nos uns aos
outros é uma experiência santificadora, que exalta o que recebe e torna
humilde o que doa. Ela nos ajuda a
tornar-nos verdadeiros discípulos de
Cristo.
O plano de Bem-Estar sempre foi a
aplicação prática de princípios eternos
do evangelho. Ele é verdadeiramente
prover à maneira do Senhor. Vamos
todos renovar nosso desejo de fazer
parte do armazém do Senhor para
abençoar as pessoas.
Oro para que o Senhor abençoe
cada um de nós com maior sentimento de misericórdia, caridade e
compaixão. Rogo que tenhamos mais
desejo e capacidade de estender a
mão e ajudar os menos afortunados,
os aflitos e os que sofrem. Que suas
necessidades sejam satisfeitas, que sua
fé seja fortalecida, que seu coração se
encha de gratidão e amor.
Que o Senhor abençoe cada um de
nós ao prosseguirmos sendo obedientes a Seus mandamentos, a Seu
evangelho e a Sua luz. Em nome de
Jesus Cristo. Amém. ◼
NOTAS
1. Ver Moisés 7:18.
2. Ver Mateus 22:36–40.
3. Doutrina e Convênios 44:6.
4. Joseph Smith, in History of the Church,
vol. 4, p. 607.
5. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja:
Joseph Smith, 2007, p. 475.
6. Ensinamentos: Joseph Smith, p. 475.
7. Ver Prover à Maneira do Senhor: Guia do
Líder para o Bem-Estar, 1990, p. 11.
8. Atos 10:38; Regras de Fé 1:13.
9. Ver Ensinamentos dos Presidentes da
Igreja: Spencer W. Kimball, 2006, p. 92.
10. João 13:35.
Élder David A. Bednar
Do Quórum dos Doze Apóstolos
O Espírito de Revelação
O espírito de revelação é real — e pode de fato funcionar
em nossa vida individual e na Igreja.
E
xpresso minha gratidão pela
inspiração que orientou a escolha do hino que será cantado
após minhas palavras, “Neste Mundo”
(Hinos, nº 136). Entendi a sutil
sugestão.
Convido-os a pensarem em duas
experiências que a maioria de nós já
teve com relação à luz.
A primeira experiência ocorreu
depois de entrarmos em um quarto
escuro e termos acionado o interruptor. Lembrem-se de como uma
iluminação intensa e brilhante encheu
o quarto e fez com que a escuridão desaparecesse. O que antes era
invisível e incerto tornou-se claro e
reconhecível. Essa experiência caracterizou-se pelo imediato e intenso
reconhecimento da luz.
A segunda experiência ocorreu
ao observarmos a noite tornar-se
dia. Lembram-se do aumento lento e
quase imperceptível da luz no horizonte? Em contraste com o acender a
luz no quarto escuro, a luz do amanhecer não apareceu imediatamente.
Em vez disso, a intensidade da luz
aumentou gradual e continuamente,
e a escuridão da noite foi substituída
pela radiante manhã. Por fim, o sol
apareceu acima do horizonte. Porém, a
evidência visual da chegada iminente
do sol estava presente horas antes de
ele realmente aparecer no horizonte.
Essa experiência caracterizou-se pelo
discernimento sutil e gradual da luz.
Com essas duas experiências
comuns com a luz, podemos aprender
muito sobre o espírito de revelação.
Oro para que o Espírito Santo nos
inspire e instrua ao nos concentrarmos
no espírito de revelação e nos padrões
básicos pelos quais a revelação é
recebida.
O Espírito de Revelação
Revelação é a comunicação de
Deus a Seus filhos na Terra e é uma
das grandes bênçãos associadas ao
dom e à companhia constante do
Espírito Santo. O Profeta Joseph Smith
ensinou: “O Espírito Santo é um
revelador” e “ninguém pode receber o
Espírito Santo sem receber revelações”
(Ensinamentos dos Presidentes da
Igreja: Joseph Smith, 2007, p. 139).
O espírito de revelação está à disposição de todo aquele que recebe, pela
devida autoridade do sacerdócio, as
ordenanças salvadoras do batismo por
imersão para a remissão dos pecados
e a imposição de mãos para o dom
do Espírito Santo — e que está agindo
com fé para cumprir a determinação
do sacerdócio de receber o Espírito
Santo. Tal bênção não se restringe às
autoridades presidentes da Igreja, mas
pertence e deve produzir efeito na
vida de todo homem, toda mulher e
criança que atinge a idade da responsabilidade e faz convênios sagrados. O
desejo sincero e a dignidade convidam
o espírito de revelação a nossa vida.
Joseph Smith e Oliver Cowdery
obtiveram valiosa experiência com o
espírito de revelação ao traduzirem
o Livro de Mórmon. Esses irmãos
Maio de 2011
87
aprenderam que podiam receber
todo o conhecimento necessário para
concluir sua obra se pedissem com fé,
com um coração honesto e crendo que
receberiam. Com o passar do tempo,
eles, cada vez mais, compreendiam
que o espírito de revelação ocorre
geralmente por meio de pensamentos
e sentimentos que vêm à mente e ao
coração pelo poder do Espírito Santo
(ver D&C 8:1–2; 100:5–8). Assim o
Senhor os instruiu: “Ora, eis que este
é o espírito de revelação; eis que este
é o espírito pelo qual Moisés conduziu os filhos de Israel através do Mar
Vermelho, em terra seca. Portanto este
é teu dom; usa-o” (D&C 8:3–4).
Enfatizo a frase “usa-o” em relação
ao espírito de revelação. Nas escrituras, a influência do Espírito Santo é
frequentemente descrita como uma
“voz mansa e delicada” (I Reis 19:12;
1 Néfi 17:45; ver também 3 Néfi 11:3)
e uma “voz (…) de perfeita suavidade”
(Helamã 5:30). Devido ao Espírito sussurrar a nós, suave e delicadamente,
é fácil compreender porque devemos
evitar mídia imprópria, pornografia
e substâncias e comportamentos
destrutivos ou viciantes. Essas armas
do adversário podem impedir e, por
fim, destruir nossa capacidade de
reconhecer e responder às mensagens
sutis de Deus dadas pelo poder de
Seu Espírito. Cada um de nós deve
considerar seriamente e ponderar, em
oração, sobre como podemos rejeitar
a sedução do diabo e, dignamente
“usá-lo”, sim, o espírito de revelação,
em nossa vida pessoal e familiar.
Padrões de Revelação
As revelações são concedidas de
várias maneiras, inclusive, por exemplo, por meio de sonhos, visões,
conversas com mensageiros celestiais
e inspiração. Algumas revelações são
recebidas imediata e intensamente;
88
A Liahona
outras são reconhecidas gradual e
sutilmente. As duas experiências com
a luz que descrevi nos ajudam a compreender melhor esses dois padrões
básicos de revelação.
Uma luz acendida em um quarto
escuro é como receber uma mensagem de Deus rápida, completa
e integralmente. Muitos de nós já
vivenciamos esse padrão de revelação
ao recebermos respostas a orações
sinceras ou proteção e orientação
necessárias, de acordo com a vontade
de Deus e a Seu tempo. Descrições de
tais manifestações imediatas e intensas
encontram-se nas escrituras, na história da Igreja e são evidenciadas na
vida de muitos. De fato, tais milagres
poderosos ocorrem. No entanto, esse
padrão de revelação tende a ser mais
raro e incomum.
O aumento gradual de luz que
irradia do sol nascente é como receber uma mensagem de Deus “linha
sobre linha, preceito sobre preceito”
(2 Néfi 28:30). Mais frequentemente,
a revelação vem em pequenos incrementos ao longo do tempo e é dada
de acordo com o desejo, a dignidade
e a preparação. Essas comunicações
do Pai Celestial gradual e mansamente
“[destilam-se] sobre [nossa] alma como
o orvalho do céu” (D&C 121:45). Esse
padrão de revelação tende a ser mais
comum do que raro e está evidente
nas experiências de Néfi, enquanto
ele experimentava diversas abordagens para obter as placas de latão de
Labão (ver 1 Néfi 3–4). Por fim, ele
foi levado pelo Espírito a Jerusalém
“não sabendo de antemão o que
deveria fazer” (1 Néfi 4:6). Tampouco
ele aprendeu a construir um navio de
projeto inusitado, de uma só vez; ao
contrário, o Senhor mostrou a Néfi “de
tempos em tempos, de que maneira
[ele] deveria trabalhar as madeiras do
navio” (1 Néfi 18:1).
Tanto a história da Igreja quanto
nossa vida pessoal estão repletas de
exemplos do padrão estabelecido
pelo Senhor para recebermos revelação “linha sobre linha, preceito sobre
preceito”. Por exemplo, as verdades
fundamentais do evangelho restaurado
não foram dadas ao Profeta Joseph
Smith todas de uma vez no Bosque
Sagrado. Esses tesouros inestimáveis
foram revelados à medida que as circunstâncias e a ocasião eram propícias.
O Presidente Joseph F. Smith explicou como esse padrão de revelação
ocorreu em sua vida: “Quando garoto
(…), eu, com frequência, (…) pedia
ao Senhor que me mostrasse maravilhas, para que eu pudesse receber um
testemunho. Mas o Senhor reteve as
maravilhas e mostrou-me a verdade
linha sobre linha (…) até me fazer
saber a verdade, do alto da minha
cabeça até a sola dos meus pés, e até
que a dúvida e o medo fossem completamente purgados de mim. Ele não
teve de mandar um anjo dos céus para
fazer isso, nem teve de falar com a
trombeta de um arcanjo. Com os sussurros daquela voz mansa do Espírito
do Deus vivo, deu-me o testemunho
que possuo. E por esse princípio de
poder, Ele dará aos filhos dos homens
um conhecimento da verdade que
ficará com eles, e os fará conhecer a
verdade como Deus a conhece, e a
fazer a vontade do Pai, como Cristo
faz. E nenhuma profusão de manifestações maravilhosas poderia realizar
isso” (Conference Report, abril de
1900, pp. 40–41).
Como membros da Igreja, tendemos a enfatizar tanto as maravilhosas
e dramáticas manifestações espirituais,
que podemos deixar de apreciar e
até podemos subestimar o padrão
costumeiro pelo qual o Espírito Santo
realiza Sua obra. A própria “simplicidade do método” (1 Néfi 17:41) de
receber aos poucos impressões espirituais pequenas, que a longo prazo
e na totalidade constituem a resposta
desejada ou a orientação necessária,
pode levar-nos a “[olhar] para além do
marco” ( Jacó 4:14).
Tenho conversado com muitas
pessoas que questionam a força de
seu testemunho pessoal e subestimam
sua capacidade espiritual, porque
não recebem impressões frequentes,
miraculosas e fortes. Talvez, ao considerarmos as experiências de Joseph
no Bosque Sagrado, ou a de Saulo na
estrada de Damasco, e a de Alma, o
filho, venhamos a crer que algo está
errado ou falta em nós, por não termos em nossa vida tais exemplos tão
conhecidos e espiritualmente admiráveis. Se vocês já tiveram pensamentos
e dúvidas semelhantes, saibam que
são muito normais. Apenas sigam em
frente obedientemente, com fé no Salvador. Fazendo isso, “não vos podeis
enganar” (D&C 80:3).
O Presidente Joseph F. Smith
aconselhou: “Mostrem-me santos dos
últimos dias que precisam nutrir-se de
milagres, sinais e visões para manterem-se firmes na Igreja, e eu lhes
mostrarei membros (…) que não estão
em boa situação diante de Deus e que
andam por caminhos escorregadios.
Não é por meio de manifestações
maravilhosas que seremos estabelecidos na verdade, mas, sim, pela
humildade e pela fiel obediência aos
mandamentos e às leis de Deus” (Conference Report, abril de 1900, p. 40).
Outra experiência comum com a
luz nos ajuda a aprender outra verdade
sobre o padrão de revelação de “linha
sobre linha, preceito sobre preceito”.
Às vezes, o sol nasce em uma manhã
nublada e nevoenta. Devido às condições do tempo, é mais difícil perceber
a luz e identificar o momento preciso
em que o sol surge acima do horizonte. Mas, apesar de tudo, mesmo
em uma manhã como essa podemos
ter luz suficiente para reconhecer um
novo dia e cuidar da vida.
Similarmente, muitas vezes recebemos revelação sem reconhecer precisamente como ou quando estamos
recebendo revelação. Um importante
episódio da história da Igreja ilustra
esse princípio.
Na primavera de 1829, Oliver Cowdery era professor em uma escola de
Palmyra, Nova York. Ao saber sobre
Joseph Smith e o trabalho de tradução
do Livro de Mórmon, Oliver sentiu-se
inspirado a oferecer ajuda ao jovem
profeta. Consequentemente, viajou
para Harmony, Pensilvânia, e tornou-se
o escriba de Joseph. Sua chegada e
ajuda oportunas foram vitais para o
aparecimento do Livro de Mórmon.
Logo depois o Salvador revelou
a Oliver que, sempre que ele orava
pedindo orientação, recebia instrução
do Espírito do Senhor. “Se assim não
fora”, declarou o Senhor, “não terias
chegado ao lugar onde agora estás. Eis
que tu sabes que me inquiriste e que
te iluminei a mente; e agora te digo
estas coisas para que saibas que foste
iluminado pelo Espírito da verdade”
(D&C 6:14–15).
Assim, Oliver recebeu uma revelação por meio do Profeta Joseph Smith
informando-o de que ele estivera
recebendo revelação. Evidentemente,
Oliver não tinha reconhecido como
e quando recebera orientação de
Deus e precisava dessa instrução para
aumentar seu entendimento sobre o
espírito de revelação. Na verdade, Oliver estivera andando na luz enquanto
o sol se levantava em uma manhã
nublada.
Maio de 2011
89
Em muitas incertezas e desafios
que enfrentamos na vida, Deus requer
que façamos o melhor que pudermos, agindo por nós mesmos e não
recebendo a ação (ver 2 Néfi 2:26),
e que confiemos Nele. Talvez não
vejamos anjos, nem ouçamos vozes
celestes, nem recebamos impressões
espirituais marcantes. Em geral podemos ir em frente, esperando e orando
— mas com certeza absoluta — de
que estamos agindo de acordo com a
vontade de Deus. Mas ao honrarmos
nossos convênios e guardarmos os
mandamentos, ao procurarmos consistentemente fazer o bem e melhorar,
podemos caminhar com a certeza
de que Deus guiará nossos passos.
E podemos falar com segurança que
Deus inspirará o que dissermos. Isso,
em parte, é o significado da escritura
que declara: “Então tua confiança
se fortalecerá na presença de Deus”
(D&C 121:45).
Ao procurarem devidamente o
espírito de revelação e o aplicarem,
prometo-lhes que “[andarão] na luz
do Senhor” (Isaías 2:5; 2 Néfi 12:5).
Às vezes o espírito de revelação operará imediata e intensamente; outras
vezes o fará sutil e gradualmente e
com frequência, com tal delicadeza
que talvez não o notem nem reconheçam conscientemente. Mas seja
qual for o padrão pelo qual essa
bênção seja recebida, a luz que ela
traz iluminará e ampliará a sua alma,
iluminará seu entendimento (ver
Alma 5:7; 32:28) e dirigirá e protegerá você e sua família.
Declaro meu testemunho apostólico de que o Pai e o Filho vivem.
O espírito de revelação é real — e
pode de fato funcionar em nossa vida
individual e na Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias. Testifico
dessas verdades no sagrado nome do
Senhor Jesus Cristo. Amém. ◼
90
A Liahona
Presidente Thomas S. Monson
O Templo Sagrado —
Um Farol para o
Mundo
As bênçãos mais importantes e sublimes de nossa condição de
membros da Igreja são as que recebemos nos templos de Deus.
M
eus amados irmãos e irmãs,
expresso meu amor e saudações a cada um de vocês e
oro para que nosso Pai Celestial guie
meus pensamentos e inspire minhas
palavras ao lhes falar hoje.
Gostaria de começar com um ou
dois comentários sobre as excelentes mensagens que ouvimos da irmã
Allred e do Bispo Burton e de outros,
nesta manhã, referentes ao Programa
de Bem-Estar da Igreja. Conforme
mencionado, comemoramos neste
ano o aniversário de 75 anos desse
programa inspirado que já abençoou
a vida de tantos. Tive o privilégio de
conhecer pessoalmente alguns dos
pioneiros desse grande empreendimento: homens cheios de compaixão
e previsão.
Como o Bispo Burton, a irmã Allred e outros mencionaram, o bispo da
ala tem a responsabilidade de cuidar
dos necessitados que moram dentro dos limites de sua ala. Tive esse
privilégio quando presidi, como jovem
bispo em Salt Lake City, uma ala de
1.080 membros, que incluía 84 viúvas.
Havia muitas pessoas que precisavam
de auxílio. Quão grato fiquei pelo Programa de Bem-Estar da Igreja e pela
ajuda da Sociedade de Socorro e dos
quóruns do sacerdócio.
Declaro que o Programa de BemEstar da Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias é inspirado
pelo Deus Todo-Poderoso.
Meus irmãos e irmãs, esta conferência marca os três anos desde
que fui apoiado como Presidente da
Igreja. Evidentemente foram anos
atarefados, repletos de desafios, mas
também com incontáveis bênçãos.
Para mim, a oportunidade que tive
de dedicar e rededicar templos foram
algumas das mais agradáveis e sagradas bênçãos, e é sobre o templo que
desejo falar-lhes hoje.
Na conferência geral de outubro de 1902, o Presidente da Igreja
Joseph F. Smith expressou em seu
discurso inicial a esperança de que
um dia teríamos “templos construídos
nas várias partes do [mundo] em que
fossem necessários para conveniência
das pessoas”. 1
Nos primeiros 150 anos após a
organização da Igreja, de 1830 a 1980,
21 templos foram construídos, inclusive os templos de Kirtland, Ohio, e
Nauvoo, Illinois. Comparem isso com
os 30 anos que se passaram desde
1980, durante os quais 115 templos
foram construídos e dedicados. Com
o anúncio feito ontem de três novos
templos, haverá mais 26 templos em
construção ou em estágio de préconstrução. Esses números continuarão a crescer.
A meta almejada pelo Presidente
Joseph F. Smith, em 1902, está-se
tornando realidade. Nosso desejo é
tornar o templo tão acessível quanto
possível para nossos membros.
Um dos templos atualmente em
construção é o de Manaus, Brasil. Há
muitos anos, li a respeito de um grupo
de mais de cem membros que partiu
de Manaus, que fica no coração da floresta tropical do Amazonas, para viajar
até o templo mais próximo na época,
localizado em São Paulo, Brasil — a
quase 4.000 quilômetros de Manaus.
Aqueles santos fiéis viajaram de barco
por quatro dias pelo Rio Amazonas e
por seus afluentes. Depois de terminar esse percurso por barco, subiram
em ônibus para enfrentar mais três
dias de viagem por estradas esburacadas, com quase nada para comer e
nenhum lugar confortável para dormir.
Após sete dias e noites, chegaram ao
Templo de São Paulo, onde foram
realizadas ordenanças de natureza
eterna. É claro que sua viagem de
volta foi igualmente difícil. Contudo,
eles haviam recebido as ordenanças
e bênçãos do templo e, embora estivessem sem dinheiro, estavam plenos
do espírito do templo e de gratidão
pelas bênçãos que tinham recebido. 2
Agora, muitos anos depois, nossos
membros de Manaus se regozijam ao
ver seu próprio templo tomar forma
nas margens do Rio Negro. Os templos proporcionam alegria a nossos
membros fiéis, onde quer que sejam
construídos.
Os relatos dos sacrifícios feitos para
receber as bênçãos que só podem
ser encontradas nos templos de Deus
nunca deixam de tocar-me o coração
e de proporcionar-me um renovado
sentimento de gratidão pelos templos.
Gostaria de contar o relato sobre
Tihi e Tararaina Mou Tham e seus dez
filhos. A família inteira, exceto uma
filha, filiou-se à Igreja no início da
década de 1960, quando os missionários chegaram a sua ilha, localizada
a cerca de 160 quilômetros ao sul do
Taiti. Logo, eles começaram a desejar as bênçãos do selamento de uma
família eterna no templo.
Naquela época, o templo mais
próximo da família Mou Tham era o
Templo de Hamilton Nova Zelândia,
que ficava a mais de 4.000 quilômetros a sudoeste, somente acessível por
meio de uma dispendiosa viagem de
avião. A grande família Mou Tham,
que sobrevivia com dificuldade com
a renda gerada por uma pequena
plantação, não tinha dinheiro para a
passagem de avião. Tampouco havia
qualquer oportunidade de emprego
em sua ilha do Pacífico. Por isso, o
irmão Mou Tham e seu filho Gérard
tomaram a difícil decisão de viajar
4.800 quilômetros para trabalhar em
Nova Caledônia, onde outro filho já
trabalhava. O empregador pagava a
passagem dos empregados para as
minas, mas não fornecia transporte de
volta para casa.
Os três homens da família Mou
Tham trabalharam ali por quatro anos.
O irmão Mou Tham só retornou uma
vez durante esse período, para participar do casamento de uma filha.
Maio de 2011
91
Após quatro anos, o irmão Mou
Tham e seus filhos economizaram
dinheiro suficiente para levar a família
ao Templo da Nova Zelândia. Todos
os que já eram membros foram,
exceto uma filha que estava esperando bebê. Foram selados para esta
vida e para toda a eternidade: uma
experiência indescritível e feliz.
O irmão Mou Tham voltou do
templo diretamente para a Nova Caledônia, onde trabalhou por mais dois
anos para pagar a passagem da filha
que não estivera no templo com eles:
uma filha casada, o marido e seu filho.
Já na velhice, o irmão e a irmã
Mou Tham desejaram servir no
templo. Naquela época, o Templo de
Papeete Taiti já havia sido construído
e dedicado, e eles serviram quatro
missões ali. 3
Meus irmãos e irmãs, os templos
são mais do que pedra e argamassa.
Eles estão cheios de fé e jejum. São
construídos de provações e de testemunhos. São santificados pelo sacrifício e pelo serviço.
O primeiro templo a ser construído
nesta dispensação foi o Templo de
Kirtland, Ohio. Os santos estavam
empobrecidos na época; ainda assim o
Senhor ordenou que um templo fosse
construído, então eles o construíram. O
Élder Heber C. Kimball escreveu, sobre
essa experiência: “Só o Senhor sabe as
cenas de pobreza, tribulação e aflição
92
A Liahona
por que passamos para realizar isso”. 4
E então, depois de tudo estar dolorosamente concluído, os santos foram
forçados a deixar Ohio e seu querido
templo para trás. Por fim, encontraram
refúgio, embora apenas temporário, às
margens do Rio Mississipi, no Estado
de Illinois. Eles chamaram seu povoado
de Nauvoo e, novamente dispostos a
dar tudo de si, com sua fé inabalada,
construíram outro templo a seu Deus.
No entanto, foram assolados por perseguições e, com o Templo de Nauvoo
recém-construído, foram expulsos
novamente de suas casas, buscando
refúgio em um deserto.
Recomeçaram suas lutas e sacrifícios ao trabalharem por quarenta anos
para construir o Templo de Salt Lake,
que se ergue majestosamente no quarteirão que fica logo ao sul do nosso
Centro de Conferências.
Algum grau de sacrifício sempre
esteve associado à construção de templos e à frequência ao templo. Incontáveis são os que trabalharam e lutaram
para obter para si mesmos e para sua
própria família as bênçãos que são
encontradas nos templos de Deus.
Por que há tantos que estão dispostos a dar tanto de si para receber
as bênçãos do templo? Aqueles que
compreendem as bênçãos eternas que
advêm do templo sabem que nenhum
sacrifício é grande demais, nenhum
preço é alto demais, nenhuma luta é
difícil demais para receber essas bênçãos. Nunca há quilômetros demais
para viajar, obstáculos demais para
sobrepujar ou desconforto demais
para suportar. Eles compreendem que
as ordenanças de salvação recebidas no templo, que nos permitem
um dia voltar à presença de nosso
Pai Celestial em um relacionamento
familiar eterno, além da investidura
de bênçãos e de poder do alto valem
todo sacrifício e todo esforço.
Hoje, a maioria de nós não precisa
enfrentar muitas dificuldades para ir
ao templo. Oitenta e cinco por cento
dos membros da Igreja mora hoje
a menos de 320 quilômetros de um
templo e, para muitos de nós, essa
distância é bem menor.
Se vocês já estiveram no templo
para ordenanças próprias e se moram
relativamente perto de um, seu sacrifício talvez seja o de reservar um tempo
em sua vida atarefada para irem ao
templo regularmente. Há muito a ser
feito em nossos templos em favor
daqueles que esperam além do véu.
Ao realizarmos o trabalho por eles,
saberemos que fizemos o que eles
não podem fazer por si mesmos. O
Presidente Joseph F. Smith, em vigorosa declaração, disse: “Por meio de
nosso empenho em favor deles as correntes que os prendem cairão de suas
mãos, e a escuridão que os cerca será
dissipada, para que a luz brilhe sobre
eles, e eles possam ouvir no mundo
espiritual a respeito do trabalho que
foi feito por eles por seus filhos aqui
na Terra, e eles se regozijarão com
vocês por causa do cumprimento
desses deveres”. 5 Meus irmãos e irmãs,
esse é o trabalho que temos de fazer.
Em minha própria família, algumas
de nossas experiências mais sagradas
e queridas ocorreram quando nos
reunimos no templo para realizar
ordenanças de selamento para nossos
antepassados falecidos.
Se ainda não estiveram no templo,
ou se já estiveram, mas, no momento,
não estão qualificados para uma
recomendação, não há meta mais
importante para alcançarem do que a
de serem dignos de ir ao templo. Seu
sacrifício pode ser o de tornar sua vida
condizente com o que é exigido para
receber uma recomendação, talvez
abandonando antigos hábitos que os
desqualifiquem. Pode ser o de terem
a fé e a disciplina para pagar seu
dízimo. Seja qual for esse sacrifício,
qualifiquem-se para entrar no templo
de Deus. Consigam uma recomendação para o templo e considerem-na
preciosa, porque realmente é.
Até vocês terem entrado na casa do
Senhor e recebido todas as bênçãos
que os aguardam ali, não terão obtido
tudo o que a Igreja tem a oferecer. As
bênçãos mais importantes e sublimes
de nossa condição de membros da
Igreja são as que recebemos nos templos de Deus.
Agora, vocês, meus jovens amigos
que estão na adolescência, tenham
sempre o templo em vista. Não façam
nada que os impeça de entrar por
suas portas e ali partilhar as bênçãos
sagradas e eternas. Elogio aqueles de vocês que já vão ao templo
regularmente para realizar batismos
pelos mortos, acordando bem cedo
pela manhã para poderem participar
desses batismos antes da escola. Não
consigo imaginar um modo melhor de
começar o dia.
Para vocês, pais com filhos pequenos, gostaria de compartilhar um sábio
conselho do Presidente Spencer W.
Kimball. Ele disse: “Seria muito bom se
(…) os pais tivessem em todo cômodo
da casa uma gravura do templo para
que [seus filhos], desde a infância,
pudessem olhar para a gravura todos
os dias [até] que ela se tornasse parte
de [sua] vida. Quando atingirem a
idade em que precisarão tomar a decisão muito importante [referente a irem
ao templo], ela já terá sido tomada”. 6
Nossas crianças cantam na
Primária:
Eu gosto de ver o templo,
Ali eu hei de entrar,
Sentindo o Santo Espírito,
Vou escutar e orar. 7
Rogo-lhes que ensinem a seus
filhos a importância do templo.
O mundo pode ser um lugar
desafiador e difícil de viver. Estamos
frequentemente cercados por coisas
que nos arrastam para baixo. Se todos
formos à casa sagrada de Deus, se
nos lembrarmos dos convênios que
nela fizemos, seremos mais capazes
de suportar todas as provações e de
sobrepujar cada tentação. Nesse santuário sagrado encontraremos paz e
seremos renovados e fortalecidos.
Meus irmãos e irmãs, gostaria de
mencionar mais um templo antes
de terminar. Num futuro não muito
distante, à medida que novos templos
tomam forma em todo o mundo, um
deles vai-se erguer em uma cidade
que surgiu há mais de 2.500 anos.
Refiro-me ao templo que está sendo
construído hoje em Roma, Itália.
Todo templo é uma casa de Deus,
cumprindo as mesmas funções e com
as mesmas bênçãos e ordenanças. O
Templo de Roma Itália, em especial,
está sendo construído em um dos
lugares mais históricos do mundo,
uma cidade onde os antigos Apóstolos
Pedro e Paulo pregaram o evangelho
de Cristo e foram martirizados.
Em outubro passado, ao reunirnos em um belo cenário pastoril na
extremidade nordeste de Roma, tive a
oportunidade de proferir uma oração
dedicatória, ao preparar-nos para a
cerimônia de abertura de terra. Senti-me inspirado a convidar o senador
italiano Lucio Malan e o vice-prefeito
de Roma, Giuseppe Ciardi, para que
fossem uns dos primeiros a revolver a
terra com a pá. Os dois participaram
da decisão que permitiu-nos construir
um templo em sua cidade.
O dia estava nublado, mas quente,
e embora ameaçasse chover, não caíram mais do que uma ou duas gotas.
Quando o magnífico coro cantou, em
italiano, a bela melodia do hino “Tal
Como um Facho”, sentimos como se o
céu e a Terra se unissem em glorioso
hino de louvor e gratidão ao Deus
Maio de 2011
93
S E S S Ã O D A TA R D E D E D O M I N G O | 3 d e a b r il d e 2 0 1 1
Todo-Poderoso. Não pudemos conter
as lágrimas.
Dia virá em que os fiéis daquela
Cidade Eterna receberão as ordenanças de natureza eterna em uma casa
santificada de Deus.
Expresso minha imperecível gratidão a meu Pai Celestial pelo templo
que agora está sendo construído em
Roma e por todos os nossos templos,
onde quer que estejam. Cada um
deles é um farol para o mundo, uma
expressão de nosso testemunho de
que Deus, nosso Pai Eterno, vive, de
que Ele deseja dar-nos bênçãos e realmente abençoar Seus filhos e filhas de
todas as gerações. Cada um de nossos
templos é uma expressão de nosso
testemunho de que a vida além da
morte é tão real e certa quanto nossa
vida aqui na Terra. Disso testifico.
Meus amados irmãos e irmãs, que
façamos todo e qualquer sacrifício
necessário para frequentar o templo
e para ter o espírito do templo em
nosso coração e em nosso lar. Que
sigamos os passos de nosso Senhor e
Salvador, Jesus Cristo, que fez o maior
de todos os sacrifícios por nós para
que possamos desfrutar a vida eterna
e a exaltação no reino de nosso Pai
Celestial. É a minha sincera oração,
que ofereço em nome de nosso Salvador, Jesus Cristo, o Senhor. Amém. ◼
NOTAS
1. Joseph F. Smith, Conference Report,
outubro de 1902, p. 3.
2. Ver Vilson Felipe Santiago e Linda Ritchie
Archibald, “From Amazon Basin to Temple”,
Church News, 13 de março de 1993, p. 6.
3. Ver C. Jay Larson, “Temple Moments:
Impossible Desire”, Church News, 16 de
março de 1996, p. 16.
4. Heber C. Kimball, Orson F. Whitney, Life of
Heber C. Kimball, 1945, p. 67.
5. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja:
Joseph F. Smith, 1998, p. 247.
6. The Teachings of Spencer W. Kimball, ed.
Edward L. Kimball, 1982, p. 301.
7. Janice Kapp Perry, “Eu Gosto de Ver o
Templo”, Músicas para Crianças, p. 99.
94
A Liahona
Élder Richard G. Scott
Do Quórum dos Doze Apóstolos
As Bênçãos Eternas
do Casamento
O selamento no templo adquire maior significado à medida
que a vida transcorre. Ele vai ajudá-los a achegarem-se cada
vez mais um ao outro e a terem mais alegria e satisfação na
mortalidade.
A
credito que a linda mensagem
deste magnífico coro seja o
padrão de vida de muitos de
nós: “[tentar] ser como [ Jesus]”.
Em 16 de julho de 1953, minha
amada Jeanene e eu nos ajoelhamos
como jovem casal, em um altar do
Templo de Manti, Utah. O Presidente
Lewis R. Anderson exerceu a autoridade de selamento e nos declarou
marido e mulher, casados por esta
vida e por toda a eternidade. Não consigo descrever a paz e a serenidade
que advêm da certeza de que, se eu
continuar a viver dignamente, poderei
estar para sempre com minha amada
Jeanene e nossos filhos, graças àquela
ordenança sagrada realizada com a
devida autoridade do sacerdócio, na
casa do Senhor.
Nossos sete filhos são selados a nós
pelas ordenanças sagradas do templo. Minha querida esposa, Jeanene,
e dois de nossos filhos estão além do
véu. Eles são uma forte motivação de
vida para todos os membros de nossa
família, a fim de que juntos recebamos
todas as bênçãos eternas prometidas
no templo.
Dois dos pilares fundamentais que
sustentam o plano de felicidade do Pai
Celestial são o casamento e a família.
Sua nobre importância é ressaltada
pelos esforços incansáveis de Satanás
em dividir a família e minar o significado das ordenanças do templo, que
unem a família para a eternidade. O
selamento no templo adquire maior
significado à medida que a vida
transcorre. Ele vai ajudá-los a achegarem-se cada vez mais um ao outro
e a terem mais alegria e satisfação na
mortalidade.
Aprendi uma lição importante
com minha esposa. Eu viajava muito
devido a minha profissão. Eu estivera
fora por quase duas semanas e voltei
para casa em uma manhã de sábado.
Tinha quatro horas antes de ter que
sair para outra reunião. Percebi que
a nossa pequena máquina de lavar
havia quebrado e que minha esposa
estava lavando a roupa à mão. Comecei a consertar a máquina.
Jeanene se aproximou e disse:
“Rich, o que você está fazendo?”
Eu disse: “Eu estou consertando
a máquina de lavar, assim você não
precisará fazer isso manualmente”.
Ela disse: “Não. Vá brincar com as
crianças”.
Respondi: “Posso brincar com as
crianças a qualquer hora. Quero ajudar você”.
Ela então disse: “Richard, por favor,
vá brincar com as crianças”.
Quando ela falou comigo com
tanta autoridade, obedeci.
Passei um tempo maravilhoso com
nossas crianças. Brincamos de pique e
rolamos nas folhas caídas de outono.
Depois, fui a minha reunião. Provavelmente eu teria esquecido aquela experiência, se não fosse pela lição que ela
queria que eu aprendesse.
Na manhã seguinte, por volta das 4
horas da manhã, acordei quando senti
dois bracinhos em volta do meu pescoço, um beijo na bochecha e estas
palavras sussurradas em meu ouvido,
que nunca vou esquecer: “Papai, amo
você. Você é meu melhor amigo”.
Se você não está tendo esse tipo de
experiência com sua família, está perdendo uma das alegrias mais sublimes
da vida.
Se você é um jovem em idade
adequada e não está casado, não
perca tempo em atividades inúteis.
Siga em frente na vida e concentre-se
em casar-se. Não fique à toa nesse
período da vida. Rapazes, sirvam uma
missão digna. Depois, faça com que
sua mais alta prioridade seja encontrar uma digna companheira eterna.
Quando achar que está desenvolvendo interesse por uma jovem,
mostre-lhe que você é uma pessoa
excepcional que ela acharia interessante conhecer melhor. Leve-a para
lugares que valem a pena. Mostre
uma certa criatividade. Se quer ter
uma esposa maravilhosa, você tem de
fazê-la ver em você um homem maravilhoso e um marido em perspectiva.
Se encontrou alguém, vocês podem
ter um namoro e um casamento
extraordinariamente maravilhosos,
e serem muitíssimo felizes eternamente, se permanecerem dentro dos
limites de dignidade que o Senhor
estabeleceu.
Se for casado, você é fiel ao seu
cônjuge tanto mental como fisicamente? Você é fiel a seus convênios
matrimoniais, de modo a nunca iniciar
uma conversa que você não gostaria
que sua esposa ouvisse? Você é gentil
e solidário com sua esposa e filhos?
Irmãos, vocês lideram as atividades familiares, tais como estudo de
escrituras, oração familiar e noite
familiar, ou deixam sua esposa preencher o vazio que sua falta de atenção
deixa no lar? Vocês dizem frequentemente a sua esposa o quanto a
amam? Isso trará a ela grande felicidade. Já ouvi homens me dizerem
quando pergunto isso: “Oh, ela sabe”.
Você precisa dizer a ela. Uma mulher
cresce e é grandemente abençoada
com tal afirmação. Expresse gratidão
por aquilo que seu cônjuge faz para
você. Expresse esse amor e gratidão
com frequência. Isso vai tornar a vida
bem mais preciosa, mais agradável e
cheia de propósito. Não retenha essas
expressões naturais do amor. E funciona muito melhor se você a abraçar
quando disser isso a ela.
Aprendi com minha esposa a
importância dessas expressões de
amor. No início de nosso casamento,
muitas vezes eu abria as escrituras
para dar uma mensagem em uma
reunião e encontrava um bilhete
carinhoso de apoio que a Jeanene
tinha deixado no meio das páginas.
Às vezes eram tão carinhosos que eu
mal conseguia falar. Aqueles preciosos bilhetes de uma esposa amorosa
foram e continuam a ser um tesouro
Maio de 2011
95
inestimável de consolo e inspiração.
Comecei a fazer a mesma coisa,
não percebendo o quanto isso realmente significava para ela. Lembro-me
de um ano em que não tínhamos
recursos para eu lhe dar um presente
do Dia dos Namorados, por isso
decidi pintar uma aquarela na porta
da geladeira. Fiz o melhor que pude,
só que cometi um erro. Era tinta
esmalte e não aquarela. Ela nunca me
deixou tentar remover aquela tinta
permanente da geladeira.
Lembro-me de um dia em que
peguei alguns daqueles pequenos
círculos de papel que se formam
quando você fura um papel e escrevi
neles os números de 1 a 100. No verso
de cada um, escrevi uma mensagem
para ela, uma palavra em cada círculo.
Depois, juntei-os todos e coloquei-os
em um envelope. Achei que seria algo
engraçado.
Quando ela faleceu, descobri em
meio a suas coisas pessoais o quanto
ela apreciava as mensagens simples
que compartilhávamos um com o
outro. Notei que ela havia colado
cuidadosamente cada um daqueles
círculos em uma folha de papel. Ela
não só havia guardado meus bilhetes
para ela, mas os protegera em envelopes de plástico como se fossem um
tesouro valioso. Há apenas um que ela
não colocou com os outros. Ainda está
por trás do vidro do nosso relógio de
cozinha. Nele está escrito: “Jeanene, é
96
A Liahona
hora de dizer que amo você”. Permanece lá e me lembra daquela filha
especial do Pai Celestial.
Ao recordar nossa vida juntos, percebo o quanto temos sido abençoados. Não tínhamos desentendimentos
em nossa casa nem palavras indelicadas entre nós. Agora compreendo
que tal bênção nos adveio por causa
dela. Resultou da sua disposição de
doar, de partilhar e de nunca pensar
em si mesma. Em nossa vida juntos,
mais tarde, tentei imitar seu exemplo.
Sugiro que, como marido e mulher,
façam o mesmo em casa.
O puro amor é um poder incomparavelmente forte para fazer o bem. O
amor exercido em retidão é o alicerce
de um casamento bem-sucedido. É
a principal razão de termos filhos
contentes e bem criados. Quem pode
medir adequadamente a influência
justa do amor de uma mãe? Que frutos
duradouros crescem das sementes
de verdade que uma mãe planta com
cuidado e cultiva com amor no solo
fértil da mente e do coração de um
filho que nela confia? Como mãe,
foram-lhe dados instintos divinos para
ajudar você a perceber os talentos
especiais e a capacidade sem igual de
seu filho. Com seu marido, você pode
nutrir, fortalecer e fazer com que esse
potencial floresça.
É muito gratificante estar casado.
O casamento é maravilhoso. Com o
tempo vocês começam a pensar da
mesma forma e têm as mesmas ideias
e impressões. Haverá momentos em
que estarão extremamente felizes e
haverá momentos de provação, mas o
Senhor os guiará em todas essas experiências de crescimento conjunto.
Certa noite, nosso filhinho Richard,
que tinha um problema cardíaco,
acordou chorando. Nós dois ouvimos.
Normalmente, minha esposa era quem
sempre se levantava para cuidar do
bebê chorando, mas daquela vez eu
disse: “Eu vou cuidar dele”.
Por causa de seu problema, quando
ele começava a chorar, seu coração
batia muito rapidamente. Ele vomitava e sujava toda a roupa de cama.
Naquela noite, eu o segurei bem perto
de mim para tentar acalmar-lhe o
coração acelerado e fazê-lo parar de
chorar, enquanto trocava sua roupa e
o lençol. Segurei-o até ele adormecer.
Não sabia então que, apenas alguns
meses mais tarde, ele viria a falecer.
Sempre me lembrarei de quando o
segurei em meus braços no meio
da noite.
Lembro-me bem do dia em que ele
morreu. Quando Jeanene e eu saímos
do hospital, parei o carro junto à calçada. Abracei-a. Choramos um pouco,
mas soubemos que poderíamos tê-lo
além do véu, por causa dos convênios
que fizéramos no templo. Isso fez com
que sua morte fosse um pouco mais
fácil de aceitar.
A bondade de Jeanene ensinou-me
muitas coisas valiosas. Eu era tão
imaturo, e ela era tão disciplinada e
tão espiritual. O casamento oferece
o ambiente ideal para superarmos
qualquer tendência que tenhamos de
ser egoístas ou egocêntricos. Acho
que uma das razões de sermos aconselhados a casar cedo na vida é para
evitar o desenvolvimento de traços de
caráter impróprios que sejam difíceis
de mudar.
Sinto pena de todo homem que
ainda não tomou a decisão de buscar
uma companheira eterna e dói-me o
coração de pensar nas irmãs que não
tiveram a oportunidade de se casar.
Algumas de vocês podem sentir-se
solitárias e pouco valorizadas e talvez
não consigam ver como lhes será possível terem as bênçãos do casamento
e de filhos, ou sua própria família.
Tudo é possível para o Senhor, e Ele
cumpre as promessas que inspira Seus
profetas a declarar. A eternidade é
um longo tempo. Tenham fé nessas
promessas e vivam de modo a serem
dignas delas, para que a Seu tempo o
Senhor as possa tornar realidade em
sua vida. Com certeza, vocês receberão todas as bênçãos prometidas das
quais forem dignas.
Por favor, perdoem-me por falar
de minha preciosa esposa, Jeanene,
mas somos uma família eterna.
Ela estava sempre alegre e feliz, e
muito disso resultava do serviço que
prestava às pessoas. Mesmo quando
estava bem enferma, em sua oração
da manhã, ela pedia ao Pai Celestial
que a conduzisse a alguém a quem
ela pudesse ajudar. Aquela súplica
sincera teve resposta muitas e muitas
vezes. Os fardos de muitos foram aliviados. Muitos sentiram mais luz na
vida. Ela teve continuamente a bênção de ser um instrumento guiado
pelo Senhor.
Sei o que é amar uma filha do Pai
Celestial que, com graça e devoção,
viveu o pleno esplendor de sua
digna feminilidade. Estou confiante
de que quando, em nosso futuro, eu
a encontrar de novo além do véu,
vamos reconhecer que nosso amor
se tornou ainda mais profundo.
Vamos ter ainda mais afeto um pelo
outro, depois de passar esse tempo
separados pelo véu. Em nome de
Jesus Cristo. Amém. ◼
Élder D. Todd Christofferson
Do Quórum dos Doze Apóstolos
“Eu Repreendo e
Castigo a Todos
Quantos Amo”
A própria experiência da correção duradoura pode refinar-nos
e preparar-nos para maiores privilégios espirituais.
N
osso Pai Celestial é um Deus
de grandes expectativas. Suas
expectativas a nosso respeito
foram expressas por Seu Filho, Jesus
Cristo, com estas palavras: “Quisera
que fôsseis perfeitos, assim como eu
ou como o vosso Pai que está nos
céus é perfeito” (3 Néfi 12:48). Ele
Se propõe a tornar-nos santos, para
que possamos “suportar uma glória
celestial” (D&C 88:22) e “habitar em
Sua presença” (Moisés 6:57). Ele sabe
o que é necessário e, por isso, a fim
de tornar possível essa transformação, oferece-nos Seus mandamentos
e convênios, o dom do Espírito Santo
e, o mais importante, a Expiação e a
Ressurreição de Seu Filho Amado.
Em tudo isso, o propósito de Deus
é que nós, Seus filhos, sintamos a
alegria suprema, estejamos com Ele
eternamente e nos tornemos como Ele
é. Há alguns anos, o Élder Dallin H.
Oaks explicou: “O julgamento final
não é apenas um balanço do total
de atos bons e ruins, ou seja, do que
fizemos. É a constatação do efeito final
de nossos atos e pensamentos, ou
seja, do que nos tornamos. Não basta
fazer tudo mecanicamente. Os mandamentos, ordenanças e convênios
do evangelho não são uma lista de
depósitos que precisamos fazer numa
conta bancária celestial. O evangelho
de Jesus Cristo é um plano que nos
mostra como podemos tornar-nos o
que nosso Pai Celestial deseja que nos
tornemos”. 1
Infelizmente, grande parte do
cristianismo moderno não reconhece
que Deus faz exigências reais aos que
Nele creem, vendo-O antes como um
mordomo “que atende as suas necessidades, quando convocado” ou um
terapeuta, cujo papel é ajudar as pessoas a “se sentirem bem em relação si
mesmas”. 2 É uma visão religiosa que
“não tem a mínima intenção de mudar
vidas”. 3 Como um autor declara: “Em
contraste, o Deus retratado tanto nas
escrituras hebraicas quanto nas cristãs
exige não apenas um compromisso,
mas a nossa própria vida. O Deus da
Bíblia lida com a vida e a morte, e não
com gentilezas, e exige um amor disposto a sacrifícios, e não uma religião
Maio de 2011
97
qualquer que nos pareça agradável”. 4
Gostaria de falar de determinada
atitude e prática que precisamos adotar, se quisermos satisfazer as elevadas
expectativas de nosso Pai Celestial. É
o seguinte: Aceitar de bom grado e até
mesmo solicitar a correção. A correção
é essencial, se quisermos tornar nossa
vida condizente com a de um “homem
perfeito, [ou seja], à medida da estatura completa de Cristo” (Efésios 4:13).
Paulo disse o seguinte sobre a correção ou repreensão divina: “Porque o
Senhor corrige o que ama” (Hebreus
12:6). Embora seja difícil de suportar,
devemos realmente ficar felizes por
Deus considerar válidos o tempo e o
trabalho exigidos para corrigir-nos.
A repreensão divina tem, no
mínimo, três propósitos: (1) persuadirnos a arrepender-nos, (2) aperfeiçoarnos e santificar-nos, e (3) às vezes,
redirecionar o curso de nossa vida
para um caminho que Deus sabe ser
melhor.
Consideremos em primeiro lugar o
arrependimento, a condição necessária para o perdão e a purificação.
O Senhor declarou: “Eu repreendo e
castigo a todos quantos amo; sê pois
zeloso, e arrepende-te” (Apocalipse
3:19). Novamente, Ele disse: “E meu
povo precisa ser corrigido até aprender obediência, ainda que seja pelas
coisas que sofre” (D&C 105:6; ver
também D&C 1:27). Numa revelação
moderna, o Senhor ordenou que
quatro líderes importantes da Igreja
se arrependessem (como poderia ter
ordenado a muitos de nós) por não
ensinarem adequadamente os filhos
“segundo os mandamentos” e por
não serem “mais diligentes e interessados em casa” (D&C 93:41–50). O
irmão de Jarede no Livro de Mórmon
se arrependeu quando o Senhor lhe
apareceu em uma nuvem e falou com
ele “pelo espaço de três horas (…) e
98
A Liahona
repreendeu-o por não se ter lembrado
de invocar o nome do Senhor” (Éter
2:14). Por ter prontamente respondido
àquela severa reprimenda, mais tarde,
foi dado ao irmão de Jarede o privilégio de ver o Redentor pré-mortal e de
ser instruído por Ele (ver Éter 3:6–20).
O fruto da repreensão de Deus é o
arrependimento que nos conduz à
retidão (ver Hebreus 12:11).
Além de estimular nosso arrependimento, a própria experiência da
correção duradoura pode refinar-nos e
preparar-nos para maiores privilégios
espirituais. O Senhor declarou: “Meu
povo deve ser provado em todas as
coisas a fim de preparar-se para receber a glória que tenho para ele, sim,
a glória de Sião; e quem não suporta
correção não é digno do meu reino”
(D&C 136:31). Em outra ocasião, Ele
disse: “Pois todos os que não querem
suportar a correção, mas negam-me,
não podem ser santificados” (D&C
101:5; ver também Hebreus 12:10).
Como disse o Élder Paul V. Johnson
esta manhã, devemos tomar cuidado
para não nos ressentirmos exatamente
com as coisas que vão ajudar-nos a
adquirir a natureza divina.
Os seguidores de Alma estabeleceram uma comunidade de Sião em
Helã, mas depois foram levados para
o cativeiro. Eles não mereciam aquele
sofrimento, muito pelo contrário, mas
o registro diz:
“Não obstante, o Senhor julga conveniente castigar seu povo; sim, ele
prova sua paciência e sua fé.
Entretanto, quem nele confia será
elevado no último dia. E assim foi com
este povo” (Mosias 23:21–22).
O Senhor os fortaleceu e aliviou
seus fardos até que mal podiam sentilos sobre as costas. Depois disso, no
devido tempo, Ele os libertou (ver
Mosias 24:8–22). Sua fé foi imensamente fortalecida pelo que passaram,
e mesmo depois desfrutaram um
vínculo especial com o Senhor.
Deus usa outra forma de repreensão ou correção para nos guiar a um
futuro que nem imaginamos agora,
mas que Ele sabe que é o melhor
caminho para nós. O Presidente
Hugh B. Brown, antigo membro dos
Doze e conselheiro na Primeira Presidência, compartilhou uma experiência
pessoal. Ele conta que, há muitos
anos, comprou uma fazenda em precárias condições no Canadá. Ao limpar
e consertar sua propriedade, ele se
deparou com um pé de groselha que
tinha crescido até quase dois metros
de altura e não estava dando frutos,
por isso ele o podou drasticamente,
deixando-lhe apenas pequenos cotos.
Então, viu uma gota semelhante a
uma lágrima brotando da ponta de
cada um daqueles tocos, como se o
pé de groselha estivesse chorando, e
pareceu-lhe ouvi-lo dizer:
“Como você pôde fazer isso
comigo? Eu estava crescendo de
maneira tão maravilhosa, (…) mas
agora você me reduziu a isto. Todas as
plantas do quintal vão olhar para mim
com desprezo. (…) Como você teve
coragem de fazer isso comigo? Achei
que você fosse o jardineiro.”
O Presidente Brown replicou:
“Olhe, minha pequena groselheira,
eu sou o jardineiro, e sei o que quero
que você seja. Eu não queria que você
se tornasse uma árvore para dar frutos
quaisquer ou sombra. Quero que você
seja um pé de groselha e, algum dia,
pequena groselheira, quando você
estiver carregada de frutos, você vai
dizer: ‘Obrigada, Sr. Jardineiro, por
amar-me o bastante para podar-me’”.
Anos depois, o Presidente Brown
servia na Inglaterra como oficial do
exército canadense. Quando um
oficial superior sofreu um acidente de
batalha, o Presidente Brown estava
na fila para ser promovido a general
e foi convocado para Londres. Mas,
apesar de estar totalmente qualificado, a promoção lhe foi negada por
ele ser mórmon. O comandante geral
disse, em resumo: “Você merece a
nomeação, mas não posso concedê-la a você”. A promoção pela qual
o Presidente Brown passara dez anos
esperando, orando e se preparando
escorregou-lhe por entre os dedos
naquele momento, por causa de uma
flagrante discriminação. Continuando
sua história, o Presidente Brown
lembrou:
“Peguei o trem e voltei (…) sentindo-me arrasado e cheio de amargura
na alma. (…) Quando cheguei a meu
alojamento (…) joguei o quepe na
cama. Cerrei os punhos e sacudi as
mãos para o céu, dizendo: ‘Como
pudeste fazer isso comigo, Deus? Fiz
tudo ao meu alcance para qualificar-me. Não há nada que eu pudesse
ou devesse ter feito que não fiz. Como
fizeste isso comigo?’ Meu ser era uma
taça de fel.
Então ouvi uma voz e reconheci-a.
Era a minha própria voz, e ela dizia:
‘Eu sou o jardineiro. Sei o que eu
quero que você faça’. A amargura saiu
de minha alma e caí de joelhos ao
lado da cama para pedir perdão por
minha ingratidão. (…)
E agora, quase 50 anos depois, dirijo-me a Ele e digo: ‘Obrigado, Sr. Jardineiro, por podar-me, por amar-me o
bastante para ferir-me’.” 5
Deus sabia em que Hugh B. Brown
se tornaria e o que era necessário para
que isso acontecesse, e Ele redirecionou o curso de sua vida a fim de
prepará-lo para o santo apostolado.
Se desejarmos sinceramente e
nos esforçarmos para estar à altura
das elevadas expectativas de nosso
Pai Celestial, Ele vai assegurar-Se
para que recebamos toda a ajuda de
que precisamos, seja ela de consolo, fortalecimento ou correção.
Se formos receptivos, a correção
necessária virá de muitas formas e de
muitas fontes. Pode vir no decorrer
de nossas orações, à medida que
Deus nos falar à mente e ao coração
por intermédio do Espírito Santo
(ver D&C 8:2). Pode vir na forma de
orações que são respondidas com
um “Não”, ou de forma diferente
do que esperávamos. A repreensão
pode vir ao estudarmos as escrituras
e sermos lembrados de deficiências,
de desobediência ou simplesmente
de assuntos negligenciados.
A correção pode vir por meio de
outros, especialmente daqueles que
são inspirados por Deus para promover a nossa felicidade. Na Igreja atual,
como antigamente, foram chamados
apóstolos, profetas, patriarcas, bispos
e outros, para “o aperfeiçoamento dos
santos, para a obra do ministério, para
edificação do corpo de Cristo” (Efésios
4:12). Talvez algumas das coisas ditas
nesta conferência cheguem a vocês
como um chamado ao arrependimento ou uma mudança que vai
erguê-los para um lugar mais alto, se
for seguido. Podemos ajudar uns aos
outros como membros da Igreja. Esse
é um dos principais motivos pelos
quais o Salvador estabeleceu uma
Igreja. Mesmo quando nos deparamos
com crítica negativa de pessoas que
Maio de 2011
99
não têm consideração ou amor por
nós, pode ser útil exercer mansidão
suficiente para selecionar algo que
possa nos beneficiar.
A correção — espero que gentil
— pode vir de um cônjuge. O Élder
Richard G. Scott, que acabou de nos
falar, lembra uma ocasião no início
de seu casamento em que sua esposa,
Jeanene, o aconselhou a olhar diretamente para as pessoas ao conversar
com elas. “Você olha para o chão,
para o teto, para a janela, para todos
os lugares, menos nos olhos delas”,
ela disse. Ele aceitou de coração
aquela gentil repreensão, e isso o
tornou bem mais eficaz ao aconselhar
e trabalhar com as pessoas. Como
alguém que serviu como missionário
de tempo integral sob a direção do
então Presidente Scott, posso atestar
que ele olha diretamente nos olhos
ao conversar com as pessoas. Posso
também acrescentar que, quando
alguém precisa de correção, aquele
olhar pode ser muito penetrante.
Os pais podem e devem corrigir e até repreender, para que seus
filhos não sejam lançados à deriva,
à mercê de um adversário impiedoso e daqueles que o apoiam. O
100
A Liahona
Presidente Boyd K. Packer comentou
que, quando alguém com responsabilidade de corrigir deixa de
fazer isso, ele está pensando em
si mesmo. Lembrem-se de que a
repreensão deve vir no momento
certo, com clareza e firmeza,
“quando movido pelo Espírito Santo;
e depois, mostrando então um amor
maior por aquele que repreendeste,
para que ele não te julgue seu inimigo” (D&C 121:43).
Lembrem-se de que, se resistirmos à correção, as pessoas podem
parar completamente de corrigirnos, apesar de seu amor por nós.
Se repetidamente deixarmos de dar
atenção à repreensão de um Deus
amoroso, Ele também vai desistir.
Ele disse: “Meu Espírito não lutará
para sempre com o homem” (Éter
2:15). No final, grande parte de
nossa disciplina deve vir de dentro
— devemos tornar-nos autodisciplinadores. Uma das maneiras
pelas quais nosso saudoso e amado
colega, o Élder Joseph B. Wirthlin,
tornou-se o discípulo puro e
humilde que era, foi por meio da
análise de seu desempenho em cada
tarefa e designação. Em seu desejo
de agradar a Deus, ele resolveu
determinar o que poderia ter feito
melhor e, em seguida, diligentemente aplicava cada lição aprendida.
Todos podemos satisfazer as
elevadas expectativas de Deus, por
maiores ou menores que sejam nossa
capacidade e talentos. Morôni afirma:
“Se vos negardes a toda iniquidade
e amardes a Deus com todo o vosso
poder, mente e força, então [a graça
de Deus] vos será suficiente; e por
sua graça podeis ser perfeitos em
Cristo” (Morôni 10:32). É o esforço
diligente e dedicado da nossa parte
que suscita essa graça que nos capacita e nos dá forças, um esforço que
certamente inclui a submissão à mão
disciplinadora de Deus e um arrependimento sincero e incondicional.
Oremos para receber Sua correção
inspirada pelo amor.
Que Deus os ajude em seu empenho de atender às expectativas Dele
e lhes conceda a medida plena de
felicidade e paz que naturalmente se
seguem. Sei que todos podemos tornar-nos um com Deus e com Cristo.
De nosso Pai Celestial e Seu Filho
Amado e do feliz potencial que temos
por causa Deles, presto humilde e
confiante testemunho, em nome de
Jesus Cristo. Amém. ◼
NOTAS
1. Dallin H. Oaks, “O Desafio de Tornar-se,”
A ­Liahona, janeiro de 2001, p. 40.
2. Kenda Creasy Dean, Almost Christian:
What the Faith of Our Teenagers Is Telling
the American Church [Quase Cristãos:
O Que a Fé Professada por Nossos
Adolescentes Está Dizendo à Igreja da
América], 2010, p. 17.
3. Dean, Almost Christian, 30; ver também
Christian Smith e Melinda Lundquist
Denton, Soul Searching: The Religious
and Spiritual Lives of American
Teenagers [Em Busca da Alma: A Vida
Religiosa e Espiritual dos Adolescentes
Norte-americanos], 2005, pp. 118–171.
4. Dean, Almost Christian, p. 37.
5. Hugh B. Brown, “O Pé de Groselha,”
A ­Liahona, março de 2002, p. 22.
Élder Carl B. Pratt
Dos Setenta
As Mais Ricas
Bênçãos do Senhor
Se pagarmos o dízimo fielmente, o Senhor abrirá as janelas
do céu e derramará Suas mais ricas bênçãos sobre nós.
S
ou grato por antepassados que
viveram em retidão e ensinaram
os filhos em casa, muito antes que
as noites familiares formais existissem.
Meus avós maternos chamavam-se
Ida Jesperson Whetten e John A.
Whetten. Moravam numa vilazinha
chamada Colônia Juárez, em Chihuahua, no México. Os filhos da família
Whetten aprendiam por preceito e
observando o exemplo dos pais.
No início da década de 1920, no
México, a vida era difícil. Uma revolução violenta terminara recentemente,
havia pouco dinheiro em circulação
e a maior parte do que havia era em
moedas de prata. As pessoas muitas
vezes negociavam à base de troca de
bens e serviços.
Certo dia, quase no final do verão,
meu avô John chegou em casa depois
de fechar um negócio pelo qual
recebera 100 pesos em moedas de
prata como parte do pagamento. Ele
entregou o dinheiro a minha avó Ida,
e disse-lhe que aquele dinheiro estava
reservado para as despesas escolares
dos filhos.
Minha avó ficou contente com o
dinheiro, mas lembrou a meu avô
que eles ainda não tinham pagado
o dízimo naquele verão. Eles não
tinham recebido dinheiro algum, mas
minha avó lembrou-lhe que os animais
tinham fornecido carne, ovos e leite.
A horta e o pomar haviam produzido
muitas frutas e hortaliças e eles haviam
feito negócios à base de troca, nos
quais não entrara dinheiro vivo. Ela
sugeriu que entregassem o dinheiro ao
bispo para pagar o dízimo.
Meu avô ficou um pouco decepcionado, pois o dinheiro seria de
grande ajuda para custear as despesas
escolares dos filhos, mas concordou
prontamente que era preciso pagar
o dízimo. Ele foi ao escritório de
dízimos carregando o pesado saco de
dinheiro e acertou tudo com o bispo.
Pouco depois, recebeu a notícia
de que um rico homem de negócios
dos Estados Unidos, chamado Sr.
Hord, chegaria na semana seguinte
com vários outros homens para passar
alguns dias caçando e pescando nas
montanhas.
Meu avô foi receber aquele grupo
de homens na estação próxima à
Colônia Juárez. Levou vários cavalos
selados e os animais de carga necessários, já prontos para transportar a
bagagem e o equipamento para o
acampamento nas montanhas. Passou
a semana seguinte como guia do
grupo, tratador dos animais e encarregado do acampamento.
No final da semana, os homens
voltaram para a estação onde embarcariam de volta para os Estados
Unidos. Nesse dia meu avô John
recebeu o pagamento do trabalho que
fizera, além de um saco de pesos de
prata para cobrir as outras despesas.
Depois de pagar os outros homens,
meu avô devolveu o dinheiro excedente ao Sr. Hord, que ficou surpreso,
pois não esperava que houvesse troco.
Ele perguntou a meu avô se todas as
despesas haviam sido pagas. Meu avô
respondeu que todas as despesas da
viagem estavam pagas e que aquele
era o dinheiro restante.
O trem apitou. O Sr. Hord virou-se
para ir embora, depois, voltou-se de
novo para meu avô e jogou-lhe o saco
de moedas: “Aqui, leve isso para seus
meninos”, ele disse. Meu avô pegou o
saco e se pôs a caminho de volta para
a Colônia Juárez.
Naquela noite a família se reuniu
depois do jantar para ouvir as histórias
da viagem; meu avô lembrou-se do
saco de moedas, pegou-o e colocou-o
na mesa. Disse que não sabia quanto
havia ali; então, só por diversão, esvaziaram o saco na mesa, (as moedas
formaram um monte bem grande).
Depois de contarem tudo, viram que
havia exatamente 100 pesos de prata.
É claro que todos acharam que a
viagem do Sr. Hord foi uma verdadeira
bênção. John e seus filhos tinham sido
bem pagos, mas os 100 pesos a mais
nos lembraram de que aquela fora a
exata quantia paga como dízimo na
semana anterior. Para alguns, essa
seria uma coincidência interessante,
mas para a família Whetten essa foi
claramente uma lição do Senhor, que
lhes ensinou que Ele Se lembra das
Maio de 2011
101
promessas que faz a quem paga o
dízimo fielmente.
Quando eu era criança adorava
essa história por causa da expedição
a cavalo e do acampamento nas montanhas para caçar e pescar. E adorava
a história porque ela ensinava que,
quando obedecemos aos mandamentos, somos abençoados. Todos nós
podemos aprender várias coisas sobre
o dízimo com ela.
Primeiro, vocês devem ter percebido que o pagamento do dízimo
nesse caso não teve relação alguma
com uma renda em dinheiro. A família
Whetten decidiu usar o primeiro
dinheiro que recebeu para pagar o
dízimo porque todos tinham vivido
bem com o que seus animais, horta
e pomar produziram. Fica claro que
sentiam estar em dívida com o Senhor
pelas bênçãos que receberam.
Isso nos lembra do que fica implícito nas palavras do Senhor, que perguntou: “Roubará o homem a Deus?
Todavia vós me roubais”. E as pessoas
perguntam: “Em que te roubamos?” E
102
A Liahona
o Senhor responde estrondosamente:
“Nos dízimos e nas ofertas” (Malaquias
3:8). Sim, irmãos e irmãs, naquele
verão, há várias décadas, John e
Ida Whetten estavam certos: todos
temos uma dívida com o Senhor. Não
sejamos acusados de roubar a Deus.
Sejamos honestos e paguemos o que
devemos ao Senhor. Ele só pede dez
por cento. A integridade em pagar
nossa dívida ao Senhor nos ajudará a
sermos honestos com o próximo.
Outra coisa que percebi nessa
história foi que meus avós pagaram o
dízimo apesar de serem pobres. Eles
conheciam o mandamento do Senhor,
aplicaram as escrituras a si mesmos
(ver 1 Néfi 19:23–24) e obedeceram
a lei. É isso que o Senhor espera
de todos de Seu povo. Espera que
paguemos o dízimo, não por sermos
ricos, não do que “sobra” das despesas familiares, mas de acordo com o
antigo mandamento, ou seja, das “primícias” de nossa renda, seja ela muita
ou pouca. O Senhor ordenou: “As tuas
primícias (…) não retardarás” (Êxodo
22:29). Sei por experiência própria
que a forma mais certeira de pagar o
dízimo fielmente é pagá-lo assim que
recebo qualquer renda. Na verdade,
percebi que não há outra forma.
Aprendemos com meus avós
maternos que o dízimo na verdade
não é uma questão de dinheiro (…)
é uma questão de fé — fé no Senhor,
que promete abençoar-nos se guardarmos os mandamentos. Ficou
claro que, para John e Ida Whetten,
o pagamento do dízimo foi uma
demonstração de grande fé. Demonstremos nossa fé no Senhor pagando
nosso dízimo. Paguemos o dízimo em
primeiro lugar e com honestidade.
Ensinemos nossos filhos a pagar o
dízimo até da mesada ou de outras
fontes de renda, depois, levemo-nos
conosco para o acerto do dízimo, para
que eles saibam por meio de nosso
exemplo e amor pelo Senhor.
Há margem para uma interpretação
errônea nessa história de meus avós.
Podemos concluir que, uma vez que
pagamos o dízimo em dinheiro, o
Senhor sempre nos abençoará com
dinheiro. Era isso que eu achava
quando criança. De lá para cá, aprendi
que as coisas não são bem assim.
O Senhor promete bênçãos a quem
paga o dízimo. Ele promete “abrir as
janelas do céu, e (…) derramar sobre
[nós] uma bênção tal até que não haja
lugar suficiente para a [recolhermos]”
(Malaquias 3:10). Testifico que Ele
cumpre o que promete e, se pagarmos
o dízimo fielmente, não passaremos
necessidade — mas, Ele não promete
que ficaremos ricos. O dinheiro e as
contas bancárias não são as mais ricas
bênçãos do Senhor. Ele abençoa-nos
com sabedoria para administrar nossos recursos materiais limitados, sabedoria essa que possibilita que vivamos
melhor com 90 por cento de nossa
renda do que viveríamos com 100 por
cento. Portanto, os fiéis pagadores do
dízimo compreendem o que é viver
com prudência e tendem a ser mais
autoconfiantes.
Aprendi que as mais ricas bênçãos
do Senhor são espirituais e, muitas
vezes, relacionadas à família, aos
amigos e ao evangelho. Com frequência, é como se Ele nos abençoasse
com maior sensibilidade à orientação do Espírito Santo, especialmente
quanto ao casamento e em questões
familiares, como a criação dos filhos.
Essa sensibilidade espiritual pode
ajudar-nos a ter a bênção da harmonia
e paz no lar. O Presidente James E.
Faust comentou que o pagamento do
dízimo é “um excelente seguro contra
o divórcio” (“Como Enriquecer Seu
Casamento”, A ­Liahona, abril de 2007,
pp. 2–6).
Pagar o dízimo ajuda-nos a
desenvolver um coração humilde e
submisso, e o coração grato tende a
confessar a mão do Senhor em todas
as coisas (ver D&C 59:21). O pagamento do dízimo contribui para que
desenvolvamos a generosidade, a
capacidade de perdoar e a caridade,
em um coração repleto do puro
amor de Cristo. Passamos a estar
sempre ávidos por servir e abençoar
o próximo com o coração cheio de
obediência e submissão à vontade
do Senhor. Quem paga regularmente
o dízimo tem sua fé no Senhor Jesus
Cristo fortalecida e desenvolve um
testemunho firme e duradouro do Seu
evangelho e de Sua Igreja. Nenhuma
dessas bênçãos é financeira ou
material, sob qualquer aspecto, mas
certamente estão entre as mais ricas
bênçãos do Senhor.
Testifico que, se pagarmos o dízimo
fielmente, o Senhor abrirá as janelas
do céu e derramará Suas mais ricas
bênçãos sobre nós. Em nome de Jesus
Cristo. Amém. ◼
Élder Lynn G. Robbins
Dos Setenta
“Que Tipo de Homens
[e Mulheres] Devereis
Ser?”
Que nosso empenho em desenvolver atributos semelhantes
aos de Cristo seja bem-sucedido, para que Sua imagem seja
gravada em nosso semblante e Seus atributos se manifestem
em nossa conduta.
S
“
er ou não ser” é realmente uma
boa pergunta.1 O Salvador fez
essa pergunta de modo bem
mais profundo, tornando-a uma
pergunta doutrinária vital para cada
um de nós: “Que tipo de homens [e
mulheres] devereis ser ? Em verdade
vos digo que devereis ser como eu
sou” (3 Néfi 27:27; grifo do autor). A
primeira pessoa do presente do indicativo do verbo ser é Eu sou. Ele nos
convida a tomar sobre nós Seu nome
e Sua natureza.
Para tornar-nos como Ele é, precisamos também fazer as coisas que
Ele fez : “Em verdade, em verdade vos
digo que este é o meu evangelho; e
sabeis o que deveis fazer em minha
igreja; pois as obras que me vistes
fazer, essas também fareis ” (3 Néfi
27:21; grifo do autor).
Ser e fazer são coisas inseparáveis.
Como doutrinas interdependentes,
elas reforçam e promovem uma à
outra. A fé inspira a pessoa a orar,
por exemplo, e a oração, por sua vez,
fortalece a fé que ela tem.
O Salvador com frequência denunciava os que faziam sem serem,
chamando-os de hipócritas: “Este povo
honra-me com os lábios, mas o seu
coração está longe de mim” (Marcos
7:6). Fazer sem ser é hipocrisia, ou
seja, simular o que não é: é ser fingido.
Por outro lado, ser sem fazer é
vazio, como em “a fé, se não tiver as
obras, é morta em si mesma” (Tiago
2:17; grifo do autor). Ser sem fazer
não é ser de verdade: é enganar-nos
a nós mesmos, crendo que somos
bons, simplesmente por termos boas
intenções.
Fazer sem ser (hipocrisia) passa
uma falsa imagem para os outros, ao
passo que ser sem fazer passa uma
imagem falsa para nós mesmos.
O Salvador repreendeu os escribas
e fariseus por sua hipocrisia: “Ai de
vós, escribas e fariseus, hipócritas!
pois que dizimais” — algo que eles
Maio de 2011
103
faziam — “a hortelã, o endro e o
cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a
fé” (Mateus 23:23). Em outras palavras,
eles não eram o que deviam ser.
Embora reconhecesse a importância de fazer, o Salvador identificou ser
como “o mais importante”. A importância maior de ser é ilustrada nos
seguintes exemplos:
• Entrar nas águas do batismo é algo
que fazemos. O ser que precisa vir
antes disso é a fé em Jesus Cristo e
uma vigorosa mudança no coração.
• Tomar o sacramento é algo que
fazemos. Ser dignos de tomar o
sacramento é algo bem mais sério e
importante.
• A ordenação ao sacerdócio é um
ato que fazemos. A questão mais
séria, porém, é o poder no sacerdócio, que se baseia nos “princípios
da retidão” (D&C 121:36) ou ser.
Muitos elaboram uma lista de
coisas a fazer, para lembrar-se do
que desejam realizar. Mas as pessoas
raramente fazem uma lista de coisas que devem ser. Por quê? Fazer
envolve atividades ou acontecimentos
que podem ser assinalados na lista,
quando estão feitos. Ser, porém, nunca
acaba. Não há como assinalar como
concluídas as coisas que você deve
ser. Posso levar minha mulher para
passear numa bela noite de sextafeira. Isso é algo que vou fazer. Mas
ser um bom marido não é um evento
único: é algo que precisa ser parte da
minha natureza, do meu caráter, de
quem eu sou.
Ou como pais, quando é que podemos assinalar um filho como algo feito
e acabado? Ser bons pais é algo que
nunca acaba. E para sermos bons pais,
uma das coisas mais importantes que
podemos ensinar aos nossos filhos
104
A Liahona
é como serem mais semelhantes ao
Salvador.
Não se podem ver os atributos
cristãos de que somos feitos, mas eles
são a força motivadora por trás do
que fazemos, que é algo que pode
ser visto. Quando os pais ajudam um
filho a aprender a andar, por exemplo,
vemos os pais fazendo coisas como
segurar ou elogiar o filho. Essas coisas
que eles fazem revelam o amor que
não vemos no coração deles e a sua
invisível fé e esperança no potencial
do filho. Eles continuam se esforçando
dia a dia: uma evidência do quão
pacientes e diligentes eles são.
Como o ser causa o fazer, e é o
motivo por trás do fazer, ensinar a ser
vai melhorar o comportamento mais
do que a ênfase no fazer.
Quando os filhos se comportam
mal, quando brigam entre si, por
exemplo, geralmente direcionamos
erroneamente nossa disciplina ao que
eles fizeram ou na briga que observamos. Mas o fazer — o comportamento deles — é apenas um sintoma
da motivação invisível que eles têm
no coração. Podemos perguntar-nos:
“Que atributos, se forem compreendidos pelos filhos, corrigiriam esse comportamento no futuro? Ser paciente e
perdoar quando incomodados? Amar
e ser pacificadores? Assumir responsabilidade pessoal pelos próprios atos e
não pôr a culpa nos outros?”
Como é que os pais ensinam esses
atributos aos filhos? Nunca teremos
maior oportunidade de ensinar e
demonstrar atributos cristãos a nossos
filhos do que na maneira como os disciplinamos. O termo disciplina deriva
da mesma raiz da palavra discípulo e
implica paciência e ensino da nossa
parte. Não deve ser exercida com
raiva. Podemos e devemos disciplinar
da maneira que Doutrina e Convênios 121 nos ensina: “Com persuasão,
com longanimidade, com brandura
e mansidão e com amor não fingido;
com bondade e conhecimento puro”
(versículos 41–42). Esses são atributos
de ser cristãos que devem fazer parte
de quem somos, como pais e discípulos de Cristo.
Por meio da disciplina, o filho
aprende a respeito das consequências.
Nesses momentos, é útil transformar
as coisas negativas em positivas. Se o
filho confessar ter feito algo errado,
elogie a coragem que teve para
confessar. Pergunte ao filho o que
ele aprendeu com o erro, dando a
vocês, e mais importante, ao Espírito,
a oportunidade de tocá-lo e ensiná-lo.
Quando lhe ensinamos a doutrina
pelo Espírito, essa doutrina tem o
poder de mudar a própria natureza
dele ser ao longo do tempo.
Alma descobriu esse mesmo
princípio, que “a pregação da palavra
exercia uma grande influência sobre o
povo, levando-o a praticar [ou fazer] o
que era justo — sim, surtia um efeito
mais poderoso sobre a mente do povo
do que a espada” (Alma 31:5; grifo
do autor). Por quê? Porque a espada
enfocava somente a punição do comportamento (fazer ), ao passo que a
pregação da palavra mudava a própria
natureza das pessoas — quem elas
eram ou em quem podiam tornar-se.
Um filho afável e obediente leva
os pais a matricular-se somente no
Curso Básico de como ser pais. Se
vocês forem abençoados com um
filho que ponha sua paciência à
prova, então estarão matriculados no
Curso Avançado para pais. Em vez de
questionar o que fizeram de errado
na vida pré-mortal para merecer isso,
vocês podem considerar um filho mais
desafiador como uma bênção e uma
oportunidade para vocês se tornarem
mais semelhantes a Deus. Com qual
filho sua paciência e longanimidade
e as outras virtudes cristãs têm maior
probabilidade de serem testadas,
desenvolvidas e refinadas? Quem
sabe, vocês precisem desse filho tanto
quanto ele precisa de vocês?
Ouvimos o conselho de condenar
o pecado, mas não o pecador. Da
mesma forma, quando nossos filhos
se comportam mal, precisamos tomar
cuidado para não dizer coisas que os
façam acreditar que aquilo que fizeram de errado define quem eles são.
“Jamais permitam que um fracasso
progrida de uma ação para uma identidade, usando rótulos como “burro”,
“lerdo”, “preguiçoso” ou “desastrado”.2
Nossos filhos são filhos de Deus.
Essa é sua verdadeira identidade e
seu potencial. O plano Dele é ajudar
Seus filhos a sobrepujar os erros e as
más ações e a progredir para tornarem-se como Ele é. O comportamento
decepcionante, portanto, deve ser
considerado como algo temporário,
e não permanente — um ato, e não
uma identidade.
É preciso ter cuidado, portanto,
ao usar expressões permanentes
como: “Você sempre (…)” ou “Você
nunca (…)”, quando estiver corrigindo
alguém. Evite em especial expressões
como “Você nunca leva em conta o
que estou sentindo” ou “Por que você
sempre chega atrasado?” Frases como
essas fazem as ações parecerem identidade e podem exercer uma influência contrária no autoconhecimento e
na autoestima da criança.
A confusão de identidade pode
também ocorrer quando perguntamos
aos nossos filhos o que querem ser
quando crescer, como se aquilo que
uma pessoa faz profissionalmente
definisse o que ela é. Nem as profissões nem as coisas que possuímos
podem definir a identidade ou o valor
pessoal. O Salvador, por exemplo, era
um humilde carpinteiro, mas é pouco
provável que isso definiria Sua vida.
Para ajudar nossos filhos a descobrir quem eles são e fortalecer seu
valor pessoal, podemos cumprimentálos devidamente por sua realização
ou comportamento: o fazer, mas seria
ainda mais sábio enfocar ou elogiar
principalmente seu caráter e suas
crenças: quem eles são.
Nos esportes, um modo sábio de
elogiar o desempenho dos filhos —
fazer — é por meio do ponto de vista
do ser — como sua energia, perseverança, firmeza diante do adversário,
etc. — e assim estaremos elogiando
tanto o ser quanto o fazer.
Quando pedimos a nossos filhos
que façam certas tarefas, podemos
também procurar meios de elogiá-los
pelo que eles são, como: “Fico tão
feliz quando você cumpre suas tarefas
de boa vontade”.
Quando os filhos recebem o boletim escolar, podemos elogiá-los por
suas boas notas, mas algo que talvez
tenha um benefício mais duradouro
seria elogiá-los por sua diligência:
“Você entregou todos os seus deveres.
Você é alguém que sabe lidar com
coisas difíceis e concluí-las. Estou
orgulhoso de você”.
Na hora de ler as escrituras com a
família, procurem e discutam exemplos de atributos encontrados na leitura do dia. Uma vez que os atributos
semelhantes aos de Cristo são dons
de Deus, e não podemos desenvolvê-los sem a ajuda Dele 3, orem por
esses dons na oração familiar e na
pessoal.
À mesa de jantar, conversem de vez
em quando sobre atributos, principalmente os que encontraram nas
escrituras na leitura da manhã. “De
que maneira cada um de vocês foi um
bom amigo hoje? Como demonstraram
sua solidariedade? De que maneira a
fé ajudou vocês a vencer os obstáculos
de hoje? De que maneira mostraram
que são dignos de confiança? Que
são honestos?” Generosos? Humildes?” Esses são exemplos de atributos
encontrados nas escrituras que precisam ser ensinados e aprendidos.
O modo mais importante para ensinar a ser é sermos o tipo de pais que o
Pai Celestial é para nós. Ele é um Pai
perfeito e compartilhou conosco Seu
manual para pais: as escrituras.
Meu discurso de hoje foi dirigido
principalmente aos pais, mas os princípios se aplicam a todos. Que nosso
empenho em desenvolver atributos
semelhantes aos de Cristo seja bemsucedido, para que Sua imagem seja
gravada em nosso semblante e Seus
atributos Se manifestem em nossa
conduta. Assim, quando nossos filhos
ou outras pessoas sentirem nosso
amor e virem nossa conduta, isso os
faça achegarem-se a Ele. É minha oração e testemunho, em nome de Jesus
Cristo. Amém. ◼
NOTAS
1. William Shakespeare, Hamlet, Príncipe da
Dinamarca, ato 3, cena 1, linha 56.
2. Carol Dweck, como citado em Joe Kita,
“Bounce Back Chronicles,” Reader’s Digest,
maio de 2009, p. 95.
3. Ver Pregar Meu Evangelho, Guia para o
Serviço Missionário, 2004, p. 121.
Maio de 2011
105
Élder Benjamín De Hoyos
Dos Setenta
Chamados para
Ser Santos
Quão abençoados somos por termos sido trazidos a esta
irmandade de santos dos últimos dias!
M
eus queridos irmãos e irmãs,
oro para que o Espírito Santo
me ajude a transmitir esta
mensagem.
Durante minhas visitas e conferências nas estacas, alas e nos ramos,
sempre tenho um profundo sentimento de alegria ao encontrar-me
com os membros da Igreja, aqueles
que são hoje chamados de santos, tal
como eram no meridiano dos tempos. O espírito de paz e de amor que
sempre sinto, quando estou com eles,
ajuda-me a perceber que estou em
uma das estacas de Sião.
Embora haja muitos cuja família está na Igreja há duas ou mais
gerações, muitos outros são membros
recém-conversos. Para esses, repetimos as palavras de boas-vindas do
Apóstolo Paulo aos efésios:
“Assim que já não sois estrangeiros,
nem forasteiros, mas concidadãos dos
santos, e da família de Deus;
Edificados sobre o fundamento dos
apóstolos e dos profetas, de que Jesus
Cristo é a principal pedra da esquina”
(Efésios 2:19–20).
Há alguns anos, enquanto servia
no escritório de assuntos públicos da
Igreja no México, fomos convidados
106
A Liahona
a participar de um programa de
entrevistas no rádio. O propósito do
programa era descrever e discutir as
diversas religiões do mundo. Dois de
nós fomos designados a representar
a Igreja e a responder às perguntas
que fossem feitas durante aquele
programa. Depois de vários minutos
de intervalos comerciais, como se
diz no rádio, o diretor do programa
fez o seguinte comentário: “Temos
aqui conosco esta noite dois élderes
da Igreja de Jesus Cristo dos Santos
Ushuaia, Argentina
dos Últimos Dias”. Ele fez uma pausa,
depois perguntou: “Por que a Igreja
tem um nome tão comprido? Por que
não usam um nome mais curto ou
mais comercial?”
Meu companheiro e eu sorrimos ao
ouvir uma pergunta magnífica como
aquela e começamos a explicar que
o nome da Igreja não fora escolhido
pelos homens. Foi dado pelo Salvador
por intermédio de um profeta nestes
últimos dias: “Pois assim será a minha
igreja chamada nos últimos dias, sim,
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias” (D&C 115:4). O diretor
do programa imediatamente replicou
de modo respeitoso: “É com grande
prazer que o repetimos, então”. Não
lembro quantas vezes ele repetiu o
significativo nome da Igreja, mas
lembro-me do doce espírito que estava
presente quando explicamos não
apenas o nome da Igreja, mas também
como ele se refere aos membros da
Igreja: os santos dos últimos dias.
Lemos no Novo Testamento que
os membros da Igreja de Jesus Cristo
foram chamados de cristãos pela
primeira vez em Antioquia (ver Atos
11:26), mas eles se chamavam uns
aos outros de santos. Quão emocionante deve ter sido para eles ouvir o
Apóstolo Paulo chamá-los de “concidadãos dos santos, e da família de
Deus” (Efésios 2:19) e também dizer
que eles tinham sido “chamados
[para ser] santos” (Romanos 1:7; grifo
do autor).
À medida que os membros da
Igreja vivem o evangelho e seguem
o conselho dos profetas, eles vão,
pouco a pouco, até mesmo sem
perceber, tornando-se santificados.
Os humildes membros da Igreja que
realizam diariamente a oração familiar
e o estudo das escrituras, que participam do trabalho de história da família
e consagram seu tempo para adorar
frequentemente no templo, tornam-se
santos. Eles são os que se dedicam a
criar uma família eterna. Também são
os que reservam um tempo de sua
vida atarefada para resgatar os que se
afastaram da Igreja, incentivando-os a
voltar e a sentar-se à mesa do Senhor.
Eles são os élderes, as sísteres e os
casais idosos que atendem ao chamado de servir como missionários do
Senhor. Sim, meus irmãos e irmãs, eles
se tornam santos na mesma proporção
em que descobrem aquele sentimento
cálido e maravilhoso que se chama
caridade, ou puro amor de Cristo (ver
Morôni 7:42–48).
Os santos, ou membros da Igreja,
também passam a conhecer nosso
Salvador por meio de aflições e provações. Não nos esqueçamos de que
até Ele teve de sofrer todas as coisas.
“E tomará sobre si a morte, para soltar as ligaduras da morte que prendem o seu povo; e tomará sobre si as
suas enfermidades, para que se lhe
encham de misericórdia as entranhas,
segundo a carne, para que saiba,
segundo a carne, como socorrer seu
povo, de acordo com suas enfermidades” (Alma 7:12).
Ao longo dos últimos anos, testemunhei o sofrimento de muitas
pessoas, inclusive de muitos de nossos
santos. Oramos continuamente por
eles, pedindo a intervenção do Senhor
para que sua fé não enfraqueça e que
eles possam seguir em frente com
paciência. Para esses, repetimos as
palavras de consolo do profeta Jacó,
do Livro de Mórmon:
“Ó, meus amados irmãos, vinde,
pois, ao Senhor, o Santo. Lembraivos de que seus caminhos são justos.
Eis que o caminho para o homem
é estreito, mas segue em linha reta
adiante dele; e o guardião da porta
é o Santo de Israel; e ele ali não usa
servo algum, e não há qualquer outra
passagem a não ser pela porta; porque ele não pode ser enganado, pois
Senhor Deus é o seu nome.
E a quem quer que bata, ele abrirá”
(2 Néfi 9:41–42).
Não importam as circunstâncias,
provações ou desafios que nos cerquem, a compreensão da doutrina de
Cristo e de Sua Expiação será a fonte
de nossa força e paz. Sim, irmãos e
irmãs, é essa tranquilidade interior que
é gerada pelo Espírito, e que o Senhor
concede a Seus santos fiéis. Ele nos
nutre, dizendo: “Deixo-vos a paz. (…)
Não se turbe o vosso coração, nem se
atemorize” ( João 14:27).
Há muitos anos sou testemunha
da fidelidade dos membros da Igreja,
os santos dos últimos dias, que com
fé no plano de nosso Pai Celestial e
na Expiação de nosso Salvador, Jesus
Cristo, sobrepujaram tribulações e
aflições, com coragem e grande entusiasmo, perseverando e continuando
no caminho reto e apertado da
santificação. Faltam-me palavras para
expressar minha gratidão e admiração
por todos os santos fiéis com quem
tive o privilégio de conviver!
Embora nosso entendimento do
evangelho não seja tão profundo
quanto nosso testemunho de sua
veracidade, se depositarmos nossa
confiança no Senhor, seremos amparados em todas as nossas dificuldades,
provações e aflições (ver Alma 36:3).
Essa promessa do Senhor a Seus
santos não quer dizer que estaremos
livres dos sofrimentos ou das provações, mas que seremos amparados
ao atravessá-los e saberemos que é o
Senhor Quem nos ampara.
Meus queridos irmãos e irmãs,
quão abençoados somos por termos
sido trazidos a esta irmandade de
santos dos últimos dias! Quão abençoados somos por nosso testemunho
do Salvador ser contado com o de
profetas antigos e modernos!
Testifico que nosso Senhor, o Santo
de Israel, vive e que Ele dirige Sua
Igreja, A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias, por intermédio de nosso amado profeta, Thomas S. Monson. Em nome de nosso
Senhor, Jesus Cristo. Amém. ◼
Maio de 2011
107
Élder C. Scott Grow
Dos Setenta
O Milagre da
Expiação
Não há pecado ou transgressão, dor ou pesar, que esteja fora
do poder de cura de Sua Expiação.
E
nquanto preparava meu discurso
para esta conferência, recebi um
telefonema chocante de meu pai.
Ele disse que meu irmão mais novo
morrera naquela manhã, enquanto
dormia. Fiquei de coração partido.
Ele tinha apenas 51 anos de idade.
Ao pensar nele, senti-me inspirado a
compartilhar com vocês alguns acontecimentos de sua vida. Faço isso com
permissão.
Quando jovem, meu irmão era
bonito, simpático e extrovertido —
totalmente dedicado ao evangelho.
Depois de servir uma missão honrosa,
casou-se com sua namorada no templo. Foram abençoados com um filho
e uma filha. Tinha um futuro muito
promissor.
Mas então, sucumbiu a uma
fraqueza. Decidiu adotar um estilo
de vida hedonista, que lhe custou a
saúde, seu casamento e sua condição
de membro da Igreja.
Mudou-se para longe de casa.
Continuou com seu comportamento
autodestrutivo por mais de uma
década, mas o Salvador não Se esquecera dele nem o abandonara. Por fim,
a dor de seu desespero permitiu que
um espírito de humildade entrasse
108
A Liahona
em sua alma. Seu sentimento de raiva,
rebelião e oposição começou a desaparecer. Como o filho pródigo, ele
“[tornou] em si”. 1 Começou a aproximar-se do Salvador e a tomar o rumo
de volta para o lar e para os pais fiéis
que nunca desistiram dele.
Ele trilhou o caminho do arrependimento. Não foi fácil. Depois de ficar
doze anos fora da Igreja, foi rebatizado e recebeu novamente o dom
do Espírito Santo. Seu sacerdócio e
as bênçãos do templo foram, por fim,
restaurados.
Teve a bênção de encontrar uma
mulher disposta a não se importar
com os problemas de saúde decorrentes de seu estilo de vida anterior,
e eles foram selados no templo. Tiveram dois filhos. Serviu fielmente no
bispado por vários anos.
Meu irmão morreu na manhã do
dia 7 de março, uma segunda-feira.
Na noite da sexta-feira anterior, ele e
a mulher foram ao templo. Na manhã
de domingo, um dia antes de morrer, ele deu a aula do sacerdócio a
seu grupo de sumos sacerdotes. Foi
dormir naquela noite, para nunca
mais acordar nesta vida — mas para
erguer-se na ressurreição dos justos.
Sou grato pelo milagre da Expiação
na vida de meu irmão. A Expiação do
Salvador está ao alcance de todos nós,
sempre.
Podemos ter acesso à Expiação por
meio do arrependimento. Quando
nos arrependemos, o Senhor permite
que deixemos para trás os erros do
passado.
“Eis que aquele que se arrependeu
de seus pecados é perdoado e eu, o
Senhor, deles não mais me lembro.
Desta maneira sabereis se um
homem se arrepende de seus pecados — eis que ele os confessará e
abandonará”. 2
Todos conhecemos alguma pessoa
que passou por sérios desafios na
vida — alguém que se desviou ou
enfraqueceu. Essa pessoa pode ser
um amigo ou parente, um pai, mãe
ou filho, um marido ou esposa. Essa
pessoa pode ser até você.
Falo a todos, até para você. Falo do
milagre da Expiação.
O Messias veio para redimir os
homens da Queda de Adão.3 Tudo no
evangelho de Jesus Cristo aponta para
o sacrifício expiatório do Messias, o
Filho de Deus.4
O plano de salvação não poderia
ser levado a efeito sem uma Expiação.
“Portanto o próprio Deus expia os
pecados do mundo, para efetuar o
plano de misericórdia, para satisfazer
os requisitos da justiça, a fim de que
Deus seja um Deus perfeito, justo e
também um Deus misericordioso.” 5
O sacrifício expiatório tinha de ser
realizado por alguém sem pecado,
o Filho de Deus, porque o homem
decaído não podia expiar os próprios
pecados.6 A Expiação tinha de ser infinita e eterna — para abranger todos
os homens, por toda a eternidade.7
Por meio de Seu sofrimento e
morte, o Salvador expiou os pecados
de todos os homens.8 Sua Expiação
teve início no Getsêmani e prosseguiu na cruz, culminando com a
Ressurreição.
“Sim, [ele] será conduzido, crucificado e morto, a carne sujeitando-se
à morte, a vontade do Filho sendo
absorvida pela vontade do Pai.” 9 Por
meio de Seu sacrifício expiatório, Ele
“[fez] de sua alma uma oferta pelo
pecado”.10
Como Filho Unigênito de Deus,
Ele herdou poder sobre a morte física.
Isso Lhe permitiu conservar a vida, ao
sofrer “[mais] do que o homem pode
suportar sem morrer; eis que sairá
sangue de cada um de seus poros,
tão grande será a sua angústia pelas
iniquidades e abominações de seu
povo”.11
Ele não apenas pagou o preço dos
pecados de todos os homens, mas
também tomou “sobre si as dores e
as enfermidades de seu povo”. E Ele
tomou “sobre si as suas enfermidades,
para que se lhe encham de misericórdia as entranhas, (…) para que
saiba, segundo a carne, como socorrer seu povo, de acordo com suas
enfermidades”.12
O Salvador sentiu o peso da
angústia de toda a humanidade — a
angústia do pecado e do sofrimento.
“Certamente ele tomou sobre si nossas
dores e carregou nossos pesares.” 13
Por meio de Sua Expiação, Ele cura
não apenas o transgressor, mas também o inocente que sofre por causa
dessas transgressões. À medida que o
inocente exerce fé no Salvador e em
Sua Expiação, e perdoa o transgressor,
ele também pode ser curado.
Há momentos em que todos nós
“[precisamos] do alívio do sentimento
de culpa causado [pelos] erros e pecados”.14 Se nos arrependermos, o Salvador removerá a culpa de nossa alma.
Por meio de Seu sacrifício expiatório, somos redimidos. Com exceção
dos filhos de perdição, a Expiação está
ao alcance de todos, o tempo todo,
“sob condição de arrependimento,
não importa quão grande ou pequeno
tenha sido o pecado”.15
Por causa de Seu amor infinito,
Jesus Cristo nos convida a arrepender-nos para que não tenhamos de
sofrer todo o peso de nossos próprios
pecados:
“[Arrepende-te] — Arrepende-te,
para que (…) teus sofrimentos [não]
sejam dolorosos — quão dolorosos tu
não sabes, quão intensos tu não sabes,
sim, quão difíceis de suportar tu não
sabes.
Pois eis que eu, Deus, sofri essas
coisas por todos, para que não precisem sofrer caso se arrependam;
Mas se não se arrependerem, terão
que sofrer assim como eu sofri;
Sofrimento que fez com que eu,
Deus, o mais grandioso de todos,
tremesse de dor e sangrasse por todos
os poros; e sofresse, tanto no corpo
como no espírito.” 16
O Salvador oferece cura para os
que sofrem devido ao pecado: “Não
volvereis a mim agora, arrependendovos de vossos pecados e convertendovos, para que eu vos cure?” 17
Jesus Cristo é o Grande Médico de
nossa alma. Com exceção dos pecados de perdição, não há pecado ou
transgressão, dor ou pesar, que esteja
fora do alcance do poder de cura de
Sua Expiação.
Quando pecamos, Satanás nos diz
que estamos perdidos. Por outro lado,
nosso Redentor oferece redenção a
todos, não importa o que tenhamos
feito de errado, tanto para vocês
quanto para mim.
Ao refletir sobre sua própria vida,
há coisas que você precisa mudar?
Você cometeu erros que ainda precisam ser corrigidos?
Se estiver tendo sentimentos de
culpa, remorso, amargura, ira ou
perda de fé, convido-o a buscar
alívio. Arrependa-se e abandone seus
pecados. Depois, em oração, peça a
Maio de 2011
109
Deus que o perdoe. Busque o perdão
daqueles que você magoou. Perdoe os
que o injuriaram. Perdoe a si mesmo.
Procure o bispo, se necessário. Ele
é o mensageiro de misericórdia do
Senhor. Ele vai ajudá-lo em sua luta
para tornar-se limpo por meio do
arrependimento.
Entregue-se à oração e ao estudo
das escrituras. Ao fazer isso, sentirá a
influência santificadora do Espírito. O
Salvador disse: “[Santificai-vos]; sim,
purificai o coração e lavai as mãos
(…) perante mim, para que eu vos
torne limpos”.18
Ao tornar-nos puros pelo poder
de Sua Expiação, o Salvador tornaSe nosso Advogado junto ao Pai,
rogando:
“Pai, contempla os sofrimentos
e a morte daquele que não cometeu pecado, em quem te rejubilaste;
contempla o sangue de teu Filho, que
foi derramado, o sangue daquele que
deste para que fosses glorificado;
Portanto, Pai, poupa estes meus
irmãos que creem em meu nome,
para que venham a mim e tenham
vida eterna”.19
Todos recebemos a dádiva do
arbítrio moral. “Os homens são livres
(…) para escolher a liberdade e a vida
110
A Liahona
eterna por meio do grande Mediador
de todos os homens, ou para escolherem o cativeiro e a morte, de acordo
com o (…) poder do diabo.” 20
Há vários anos, meu irmão exerceu seu arbítrio quando escolheu
um estilo de vida que lhe custou a
saúde, a família e sua condição de
membro da Igreja. Anos depois, ele
exerceu esse mesmo arbítrio quando
decidiu se arrepender, tornar sua vida
condizente com os ensinamentos do
Salvador e literalmente nascer de novo
por meio do poder da Expiação.
Presto testemunho do milagre
da Expiação. Vi seu poder de cura
na vida de meu irmão, e na minha
própria vida. O poder de cura e de
redenção oferecido pela Expiação está
ao alcance de todos nós — sempre.
Testifico-lhes que Jesus é o Cristo
— o Médico de nossa alma. Oro para
que cada um decida aceitar o convite
do Salvador: “Não volvereis a mim
agora, arrependendo-vos de vossos
pecados e convertendo-vos, para que
eu vos cure?” 21 Em nome de Jesus
Cristo. Amém. ◼
NOTAS
1. Lucas 15:17.
2. Doutrina e Convênios 58:42–43.
3. Ver 2 Néfi 2:25–26.
4. Ver Alma 34:14.
5. Alma 42:15.
6. Ver Alma 34:14.
7. Ver Alma 34:10.
8. Ver Alma 5:14.
9. Mosias 15:7.
10. Mosias 14:10.
11. Mosias 3:7.
12. Alma 7:11–12.
13. Mosias 14:4.
14. Pregar Meu Evangelho, Guia para o
Serviço Missionário, 2004, p. 2.
15. Doutrina e Convênios 18:12.
16. Doutrina e Convênios 19:15–18.
17. 3 Néfi 9:13.
18. Doutrina e Convênios 88:74.
19. Doutrina e Convênios 45:4–5.
20. 2 Néfi 2:27.
21. 3 Néfi 9:13.
Élder Jeffrey R. Holland
Do Quórum dos Doze Apóstolos
Um Estandarte
entre as Nações
Se ensinarmos pelo Espírito e você ouvir pelo Espírito,
alguém dentre nós vai abordar a sua situação.
F
iquei emocionado com cada
nota musical cantada e com cada
palavra dita até aqui e oro para ser
capaz de falar-lhes.
Antes de partir de Nauvoo, no
inverno de 1846, o Presidente Brigham
Young teve um sonho no qual viu um
anjo em pé sobre uma colina cônica,
em algum lugar do Oeste, apontando
para um vale que ficava abaixo.
Quando ele entrou no Vale do Lago
Salgado, uns dezoito meses depois,
viu na encosta das montanhas, pouco
acima de onde estamos reunidos hoje,
a mesma elevação que contemplara
em sua visão.
Como foi muitas vezes mencionado
deste púlpito, o irmão Brigham conduziu um grupo de líderes até o alto
da colina e deu-lhe o nome de Pico
Ensign, ou pico do estandarte, um
nome cheio de significado religioso
para aqueles modernos israelitas. Dois
mil e quinhentos anos antes, o profeta
Isaías declarou que “nos últimos dias
se firmará o monte da casa do Senhor
no cume dos montes, e se elevará por
cima dos outeiros (…) [e ali Ele] levantará um estandarte entre as nações”.1
Considerando o momento histórico um cumprimento parcial daquela
profecia, os irmãos desejaram hastear
ali algum tipo de bandeira para tornar
literal o conceito de “um estandarte
entre as nações”. O Élder Heber C.
Kimball forneceu um lenço amarelo.
O irmão Brigham o amarrou à bengala
do Élder Willard Richards e fincou no
chão a bandeira improvisada, declarando que o vale do Grande Lago
Salgado, com as montanhas que o
rodeavam, era o lugar profetizado do
qual sairia a palavra do Senhor nos
últimos dias.
Irmãos e irmãs, esta conferência
geral e suas outras versões anuais
e semestrais são uma continuação
daquela primeira declaração ao
mundo. Testifico que os acontecimentos destes últimos dois dias são
outra prova de que, como diz nosso
hino, “Eis que o estandarte de Sião
foi desfraldado” 2 — e obviamente o
duplo sentido da palavra estandarte
é intencional. Não é por acaso que as
mensagens de nossa conferência geral
sejam publicadas em inglês em uma
revista simplesmente intitulada ­Ensign,
que significa “estandarte”.
Ao chegarmos ao término de nossa
conferência, peço que reflitam nos
próximos dias não apenas sobre as
mensagens que ouviram, mas também
sobre o fenômeno inigualável que é
a conferência geral em si — que nós
como santos dos últimos dias acreditamos que essas conferências são, e
que convidamos o mundo a ouvir e
a observar nelas. Testificamos a toda
nação, tribo, língua e povo que Deus
não somente vive, mas que Ele fala, e
para nossa época e em nossos dias, o
conselho que ouviram é, sob a direção do Santo Espírito, “a vontade do
Senhor, (…) a palavra do Senhor, (…)
a voz do Senhor e o poder de Deus
para a salvação”.3
Talvez já saibam (e se não sabem
deveriam saber) que, com raras exceções, a nenhum dos oradores, tanto
homens quanto mulheres, é designado um tópico. Cada um tem de
jejuar e orar, estudar e buscar, começar, parar e começar novamente, até
ter a certeza de que, para esta conferência, nesta ocasião, seu tópico seja o
que o Senhor deseja que os oradores
abordem, independentemente de seus
desejos pessoais ou preferências particulares. Os homens e as mulheres que
vocês ouviram nas últimas dez horas
de conferência geral procuraram ser
fiéis a essa inspiração. Cada um deles
chorou, preocupou-se e buscou sinceramente a orientação do Senhor para
guiar seus pensamentos e suas palavras. E assim como Brigham Young
viu um anjo de pé sobre este lugar, eu
também vejo anjos aqui. Meus irmãos
e irmãs que fazem parte da liderança
geral da Igreja ficarão pouco à vontade com essa descrição, mas é assim
que os vejo: mensageiros mortais
com mensagens angelicais, homens e
mulheres que têm todas as dificuldades físicas, financeiras e familiares que
vocês têm, mas que com fé consagraram a vida aos chamados que receberam e ao dever de pregar a palavra de
Deus, e não a deles mesmos.
Maio de 2011
111
E levando em conta a variedade
de mensagens que vocês ouviram,
quão milagroso é que elas sejam feitas
sem nenhuma coordenação, exceto a
orientação do céu. Mas por que elas
não seriam variadas? A maior parte de
nossas congregações, que vemos aqui
ou não, é formada por membros da
Igreja. Contudo, com os maravilhosos
e novos métodos de comunicação,
um público cada vez maior de nossa
conferência não é de membros da
Igreja — ainda. Por isso devo falar aos
que nos conhecem muito bem, e aos
que nos desconhecem inteiramente.
Somente dentro da Igreja precisamos
falar às crianças, aos jovens e jovens
adultos, aos de meia-idade e aos
idosos. Precisamos falar às famílias e
aos pais com filhos no lar, ao mesmo
tempo em que falamos aos solteiros,
sem filhos, e talvez aos que estão
bem distantes do lar. No transcorrer
de uma conferência geral, sempre
enfatizamos as verdades eternas da fé,
da esperança, da caridade 4 e do Cristo
crucificado5, ao mesmo tempo em que
abordamos diretamente as questões
morais específicas de nossos dias. Nas
escrituras, recebemos o mandamento
de “[não pregar] coisa alguma a esta
geração, a não ser arrependimento”,6
ao mesmo tempo em que devemos
pregar “boas novas aos mansos [e]
(…) restaurar os contritos de coração”.
112
A Liahona
Seja da forma que for, estas mensagens da conferência “[proclamam]
liberdade aos cativos” 7 e declaram “as
riquezas incompreensíveis de Cristo”.8
Na grande variedade de sermões
proferidos, presume-se que haverá
algo para cada um. A esse respeito,
acho que o Presidente Harold B.
Lee foi o que melhor expressou esse
conceito, ao dizer: “Este evangelho
é para confortar os aflitos e afligir os
confortáveis”.9
Sempre queremos que os ensinamentos que transmitimos na conferência geral sejam tão generosos e
convidativos quanto os que Cristo
ensinou originalmente, lembrando, ao
fazê-lo, a disciplina que era inerente
a Suas mensagens. No mais famoso
sermão já feito, Jesus começou proferindo bênçãos, maravilhosamente
generosas, que todos desejamos receber: bênçãos prometidas aos pobres
de espírito, aos puros de coração, aos
pacificadores, aos mansos.10 Quão edificantes são essas Bem-Aventuranças
e quão consoladoras para a alma!
Elas são verdadeiras. Mas, naquele
mesmo sermão, o Salvador prosseguiu, mostrando quão progressivamente estreito seria o caminho do
pacificador e do puro de coração.
“Ouvistes que foi dito aos antigos:
Não matarás”, comentou Ele. “Eu,
porém, vos digo que qualquer que
(…) se encolerizar contra seu irmão,
será réu de juízo.” 11
E semelhantemente:
“Ouvistes que foi dito aos antigos:
Não cometerás adultério.
Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para
a cobiçar, já em seu coração cometeu
adultério com ela”. 12
Obviamente, à medida que o
caminho do discipulado ascende, ele
se torna cada vez mais estreito, até
chegarmos ao intimidador pináculo do
sermão, sobre o qual o Élder Christofferson falou: “Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que
está nos céus”.13 O que era suave nos
primeiros degraus da lealdade torna-se
profundamente árduo e muito exigente no topo do verdadeiro discipulado. É evidente que se alguém achou
que Jesus não ensinou que prestaremos conta dos nossos pecados, não
leu as escrituras com atenção. Não: em
questões de discipulado, a Igreja não é
uma lanchonete, onde podemos pedir
o que quisermos. Algum dia, todo joelho dobrará e toda língua confessará
que Jesus é o Cristo, e que a salvação
somente vem por meio Dele.14
Por querermos abordar tanto os
aspectos severos quanto os consoladores em nossas mensagens na conferência geral, estejam certos de que,
quando falamos de assuntos difíceis, não achamos que todo mundo
está vendo pornografia, fugindo do
casamento ou tendo relações sexuais
ilícitas. Sabemos que nem todos quebram o Dia do Senhor ou prestam
falso testemunho ou maltratam o
cônjuge. Sabemos que a maior parte
de nosso público não é culpada
dessas coisas, mas temos o solene
encargo de advertir aqueles que são,
onde quer que estejam no mundo.
Portanto, se você está procurando
fazer o melhor que pode — se, por
exemplo, estiver tentando realizar a
noite familiar apesar da bagunça que
às vezes reina numa família cheia
de bagunceirinhos — então dê a si
mesmo uma nota alta nesse assunto
e procure ouvir outro discurso que
aborde algo que você talvez esteja
precisando melhorar. Se ensinarmos
pelo Espírito e você ouvir pelo Espírito, alguém dentre nós vai abordar a
sua situação, enviando uma epístola
profética pessoal especialmente para
você.
Irmãos e irmãs, na conferência
geral, estamos apenas unindo nosso
testemunho ao de outros que virão,
porque de uma forma ou de outra,
Deus fará Sua voz ser ouvida. O
Senhor disse a Seus profetas: “Eis que
vos enviei para testificar e advertir o
povo”.15
“[E] depois de vosso testemunho
vem o testemunho de terremotos, (…)
de trovões (…), relâmpagos e (…)
tempestades e da voz das ondas do
mar, arremessando-se além de seus
limites. (…)
Bucareste, Romênia
E anjos (…) [clamarão] em alta voz,
soando a trombeta de Deus.” 16
Os anjos mortais que subiram a
este púlpito, cada um a sua maneira,
“soaram a trombeta de Deus”. Cada
sermão proferido foi, por definição,
tanto um testemunho de amor quanto
uma advertência, assim como a própria natureza vai testificar com amor e
advertência nos últimos dias.
Daqui a pouco, o Presidente Thomas S. Monson virá ao púlpito para
encerrar esta conferência. Gostaria de
dizer algo pessoal sobre esse amado
homem, o Apóstolo sênior e o profeta
dos dias em que vivemos hoje. Dadas
as responsabilidades que mencionei,
e tudo o que você ouviu nesta conferência, é óbvio que a vida dos profetas não é fácil, e a vida do Presidente
Monson também não. Ele se referiu a
isso especificamente ontem à noite,
na reunião do sacerdócio. Ele foi chamado para o apostolado aos 36 anos,
quando seus filhos tinham doze, nove
e quatro anos, respectivamente. A
irmã Monson e aqueles filhos doaram
seu marido e pai para a Igreja e para
seus deveres, já por mais de 50 anos.
Suportaram as enfermidades e exigências, os problemas e as dificuldades
da mortalidade que todos enfrentam,
alguns dos quais, sem dúvida, ainda
estão por vir. Mas o Presidente Monson continua irreprimivelmente alegre
em meio a tudo isso. Nada o desanima. Ele tem uma fé e uma energia
extraordinárias.
Presidente, em nome de toda esta
congregação, os que estão aqui e em
outros lugares, digo que o amamos e o
honramos. Sua devoção é um exemplo
para todos nós. Agradecemos sua liderança. Quatorze outros que possuem
o ofício apostólico, além de outros
que estão neste púlpito, os que estão
sentados na congregação e inúmeras
pessoas reunidas ao redor do mundo o
amam, o apoiam e se empenham com
você neste trabalho. Queremos aliviar
sua carga da maneira que pudermos.
Você é um dos mensageiros angélicos chamados antes da fundação
do mundo para acenar o estandarte
do evangelho de Jesus Cristo para o
mundo inteiro. Está fazendo um trabalho magnífico. Presto testemunho do
evangelho que está sendo declarado,
da salvação que ele proporciona e
Daquele que tornou tudo isso possível,
no nome grande e glorioso do Senhor
Jesus Cristo. Amém. ◼
NOTAS
1. Isaías 2:2; 11:12.
2. “The Morning Breaks”, Hymns nº 1.
3. Doutrina e Convênios 68:4.
4. Ver I Coríntios 13:16.
5. Ver I Coríntios 1:23.
6. Doutrina e Convênios 6:9; 11:9.
7. Isaías 61:1.
8. Efésios 3:8.
9. Ver Harold B. Lee, “The Message”, New Era,
janeiro de 1971, p. 6.
10. Ver Mateus 5:3–12.
11. Mateus 5:21–22; ver também 3 Néfi 12:22.
12. Mateus 5:27–28.
13. Mateus 5:48.
14. Ver Romanos 14:11; Mosias 27:31.
15. Doutrina e Convênios 88:81.
16. Doutrina e Convênios 88:89–90, 92.
Maio de 2011
113
Presidente Thomas S. Monson
Ao Despedir-nos
Nenhum de nós pode conceber o pleno significado do que
Cristo fez por nós no Getsêmani, mas agradeço todos os
dias da minha vida por Seu sacrifício expiatório.
M
eus irmãos e irmãs, meu
coração está repleto ao chegarmos ao final desta conferência. Sentimos o Espírito do Senhor
com grande abundância. Expresso
minha gratidão e a dos membros
da Igreja do mundo inteiro a cada
um dos que participaram, inclusive
aqueles que proferiram orações. Que
possamos lembrar por muito tempo
das mensagens que ouvimos. Ao
recebermos as revistas ­Ensign e A
­Liahona, que conterão essas mensagens por escrito, que as leiamos e
estudemos.
Mais uma vez a música foi maravilhosa em todas as sessões. Expresso
meu agradecimento pessoal por todos
os que se dispuseram a partilhar
conosco seu talento, tocando-nos e
inspirando-nos.
Apoiamos, com a mão erguida,
os irmãos que foram chamados para
novos cargos durante esta conferência.
Queremos que eles saibam que estamos ansiosos por trabalhar com eles
na causa do Mestre.
Expresso meu amor e gratidão
por meus conselheiros dedicados, o Presidente Henry B. Eyring
e o Presidente Dieter F. Uchtdorf.
Eles são homens de sabedoria e
entendimento. Seu serviço é de
114
A Liahona
valor inestimável. Amo e apoio
meus irmãos do Quórum dos Doze
Apóstolos. Eles servem de maneira
extremamente eficaz e são completamente dedicados ao trabalho.
Também expresso o meu amor aos
membros dos Setenta e do Bispado
Presidente.
Enfrentamos muitos desafios no
mundo atual, mas asseguro-lhes que
nosso Pai Celestial Se lembra de nós.
Ele ama cada um de nós e vai abençoar-nos, se O buscarmos por meio
da oração e nos esforçarmos para
guardar Seus mandamentos.
Somos uma Igreja mundial.
Há membros da Igreja no mundo
inteiro. Que sejamos bons cidadãos
das nações em que vivemos e bons
vizinhos em nossa comunidade,
estendendo a mão para pessoas de
outras religiões, bem como para nossos próprios membros. Que sejamos
exemplos de honestidade e integridade, onde quer que estejamos e em
tudo o que fizermos.
Obrigado por suas orações por
mim, irmãos e irmãs, e por todas as
Autoridades Gerais da Igreja. Somos
profundamente gratos a vocês por
tudo o que fazem para promover a
obra do Senhor.
Ao retornarem para casa, que o
façam em segurança. Que as bênçãos
do céu estejam sobre vocês.
Agora, antes de partir, quero compartilhar com vocês meu amor pelo
Salvador e por Seu grande sacrifício
expiatório por nós. Daqui a três
semanas o mundo cristão vai comemorar a Páscoa. Creio que nenhum
de nós pode conceber o pleno significado do que Cristo fez por nós no
Getsêmani, mas agradeço todos os
dias da minha vida por Seu sacrifício
expiatório por nós.
No último momento, Ele poderia
ter desistido. Mas não o fez. Ele desceu
abaixo de todas as coisas para poder
salvar todas as coisas. Ao fazer isso,
Ele deu-nos vida além desta existência
mortal. Ele resgatou-nos da Queda de
Adão.
Das profundezas de minha alma,
sou grato a Ele. Ele ensinou-nos a
viver. Ele ensinou-nos a morrer. Ele
garantiu nossa salvação.
Para encerrar, compartilho com
vocês as tocantes palavras escritas por
Emily Harris que descrevem tão bem
os meus sentimentos quando chega a
Páscoa:
Nada há no lençol que antes
O envolvia.
Está lá,
Fresco, branco e limpo.
A porta está aberta.
A pedra foi rolada para o lado,
Quase posso ouvir os anjos
cantando-Lhe louvores.
O lençol não pôde retê-Lo.
A pedra não pôde prendê-lo.
As palavras ecoam pela câmara de
pedra vazia,
“Ele não está aqui.”
Nada há agora no lençol que antes
O envolvia.
Está lá,
Fresco, branco e limpo
E, oh, aleluia, nele nada há.1
R E U N I Ã O G E R A L D A S M O Ç A S | 26 de março de 2011
Bênçãos para vocês, meus irmãos e
irmãs. Em nome de Jesus Cristo, nosso
Salvador. Amém. ◼
Ann M. Dibb
Segunda Conselheira na Presidência Geral das Moças
NOTA
1. Emily Harris, “Empty Linen,” New Era, abril
de 2011, p. 49
Creio em Ser Honesta
e Verdadeira
O fato de sermos verdadeiras e fiéis a nossas crenças, mesmo
que isso não seja bem visto pela maioria, é algo que nos
mantém seguras no caminho que conduz à vida eterna
com nosso Pai Celestial.
M
inhas queridas jovens, é um
grande privilégio e oportunidade, para mim, estar diante
de vocês nesta noite. Vocês são uma
visão impressionante e inspiradora.
A décima terceira Regra de Fé é o
Tema da Mutual de 2011. Ao participar
de reuniões de jovens e de reuniões
sacramentais neste ano, ouvi rapazes e moças compartilharem o que a
décima terceira Regra de Fé significa
para eles e como ela se aplica à vida
deles. Há muitos que sabem que ela é
a última Regra de Fé, a mais comprida,
a mais difícil de decorar e a Regra de
Fé que eles esperam que o bispo não
lhes peça para recitar. Contudo, muitas de vocês também entendem que
a décima terceira Regra de Fé é bem
mais que isso.
A décima terceira Regra de Fé é
um guia para uma vida cristã justa.
Imaginem como seria nosso mundo se
todos decidissem viver de acordo com
os ensinamentos contidos na décima
terceira Regra de Fé: “Cremos em ser
honestos, verdadeiros, castos, benevolentes, virtuosos e em fazer o bem a
todos os homens; na realidade, podemos dizer que seguimos a admoestação de Paulo: Cremos em todas as
coisas, confiamos em todas as coisas,
suportamos muitas coisas e esperamos
ter a capacidade de tudo suportar.
Se houver qualquer coisa virtuosa,
amável, de boa fama ou louvável, nós
a procuraremos”.
No primeiro discurso que o
Presidente Thomas S. Monson
proferiu como profeta, na sessão de
domingo da conferência geral, ele
citou a admoestação de Paulo que
se encontra em Filipenses 4:8, que
inspirou muitos dos princípios contidos na décima terceira Regra de Fé.
O Presidente Monson reconheceu
os tempos difíceis em que vivemos
e nos incentivou, dizendo: “Nesta
difícil jornada pela mortalidade,
sigamos esse conselho do Apóstolo
Paulo, que ajudará a manter-nos no
caminho seguro”. 1
Maio de 2011
115
Montalban, Filipinas
Gostaria hoje de enfocar dois princípios intimamente relacionados da
décima terceira Regra de Fé que, sem
dúvida, ajudam-nos a “manter-nos no
caminho seguro”. Tenho um forte testemunho e a determinação de seguir o
importante princípio de ser honesta e
verdadeira.
Em primeiro lugar, “[Creio] em ser
[honesta]”. O que significa sermos
honestos?. O livreto Sempre Fiéis
ensina: “Ser honesto significa ser
sincero, verdadeiro e sem falsidade
em todas as situações”.2 A honestidade é um mandamento de Deus, 3
e “é necessário que sejamos completamente honestos para conseguir a
salvação”.4
O Presidente Howard W. Hunter
ensinou que precisamos estar dispostos a ser estritamente honestos. Ele
disse:
“Há vários anos havia cartazes
nos corredores e saguões de nossas
capelas intitulados: ‘Sejam Honestos Consigo Mesmos’. A maioria
deles referia-se às coisas pequenas e
comuns da vida. É nessas coisas que o
princípio da honestidade é cultivado.
Há pessoas que reconhecem que é
moralmente errado ser desonesto nas
grandes coisas, mas acreditam que é
perdoável se as coisas tiverem pouca
importância. Será que existe realmente
alguma diferença entre a desonestidade que envolve mil dólares e a que
envolve apenas dez centavos? (…)
116
A Liahona
Será que existem realmente níveis
de desonestidade, dependendo de o
assunto ser grande ou pequeno?”
O Presidente Hunter prossegue,
dizendo: “Se quisermos ter a companhia do Mestre e do Espírito Santo,
precisamos ser honestos com nós mesmos, com Deus e com nosso próximo.
Isso proporciona a verdadeira alegria”.5
Se formos honestos em todas as
coisas, tanto grandes quanto pequenas, teremos paz na mente e uma
consciência tranquila. Nosso relacionamento com as pessoas é enriquecido porque se baseia na confiança. E
a maior bênção da honestidade é que
podemos ter a companhia do Espírito
Santo.
Gostaria de contar uma história
simples que fortaleceu minha determinação de ser honesta em todas as
coisas:
“Um homem foi certa noite roubar
milho no campo do vizinho. Levou
com ele seu filhinho para que este se
sentasse na cerca e ficasse de vigia,
para alertá-lo caso alguém aparecesse.
O homem pulou a cerca levando nos
braços uma grande sacola, e antes de
começar a pegar o milho, olhou em
volta, primeiro para um lado e depois
para o outro. Como não viu ninguém,
estava prestes a começar a encher a
sacola”. (…) [Então o menino gritou]:
“‘Pai, você se esqueceu de olhar
um lado! (…) Esqueceu de olhar para
cima’.” 6
Quando somos tentadas a ser
desonestas — e todas estamos sujeitas
a essa tentação — podemos supor
que ninguém vai ficar sabendo. Essa
história nos lembra que nosso Pai
Celestial sempre sabe, e que, no final,
teremos de prestar contas a Ele. Esse
conhecimento me ajuda a esforçar-me
continuamente para viver de acordo
com este compromisso: “[Creio] em
ser honesta”.
O segundo princípio ensinado na
décima terceira Regra de Fé é: “[Creio]
em ser verdadeira”. O dicionário
define a palavra verdadeiro como
“genuíno”, “fiel”, “exato” ou “sem
distorções”.7
Um de meus livros favoritos da literatura inglesa é Jane Eyre, escrito por
Charlotte Brontë e publicado em 1847.
A personagem principal, Jane Eyre,
é uma pobre órfã adolescente que
é um exemplo do que significa “ser
verdadeira”. Nesse relato fictício, um
homem, o senhor Rochester, ama a
senhorita Eyre, mas não pode casar-se
com ela. Em vez disso, ele pede à
senhorita Eyre que more com ele, sem
o benefício do casamento. A senhorita
Eyre também ama o senhor Rochester
e, por um momento, sente-se tentada,
perguntando a si mesma: “Quem neste
mundo se importa com você? Ou
quem será prejudicado pelo que você
fizer?”
Rapidamente, a consciência de Jane
responde: “Eu me preocupo comigo.
Quanto mais solitária, quanto mais
sem amigos, quanto menos apoio
eu tiver, mais respeito terei por mim
mesma. Vou cumprir a lei dada por
Deus; (…) As leis e os princípios não
são para os momentos em que não há
tentação: são para momentos como
esse. (…) Se para minha conveniência
eu os violar, de que valeriam? Eles têm
valor. Sempre acreditei nisso. (…) As
opiniões que formei, as decisões que
tomei, isso é tudo que tenho neste
instante para me firmar: essa é minha
base de apoio”.8
Em um momento desesperador de
tentação, Jane Eyre foi verdadeira e
fiel a suas crenças, confiou na lei dada
por Deus e “firmou-se”, resistindo à
tentação.
O fato de sermos verdadeiras e fiéis
a nossas crenças, mesmo que isso não
seja bem visto pela maioria, é algo
que nos mantém seguras no caminho
que conduz à vida eterna com nosso
Pai Celestial. Adoro este desenho feito
por uma jovem para lembrá-la de seu
desejo de ter a alegria de viver com o
Pai Celestial para sempre.
O fato de sermos verdadeiras
também nos permite exercer uma
influência positiva na vida das outras
pessoas. Recentemente ouvi a história
inspiradora de uma jovem que, graças
a sua determinação de ser verdadeira
e fiel a suas crenças, exerceu grande
influência na vida de outra jovem.
Há vários anos, Kristi e Jenn
participavam juntas do mesmo coro
no Ensino Médio, em Hurst, Texas.
Embora uma não conhecesse a outra
muito bem, Jenn ouviu Kristi conversando com as amigas, certo dia, sobre
religião, suas várias crenças e histórias
favoritas da Bíblia. Recentemente, ao
voltar a encontrar-se com Kristi, Jenn
contou esta história:
“Senti-me triste por não saber nada
a respeito do que você e suas amigas
conversavam, por isso pedi a meus
pais uma Bíblia de presente de Natal.
Ganhei a Bíblia e comecei a ler. Esse
foi o início de minha jornada religiosa
e minha busca pela Igreja verdadeira.
(…) Doze anos se passaram. Nesse
período, visitei diversas igrejas e até
passei a frequentar uma regularmente,
mas ainda sentia falta de alguma coisa.
Certa noite, caí de joelhos e supliquei
para saber o que fazer. Naquela noite,
sonhei com você, Kristi. Não a via
desde que nos formamos no Ensino
Médio. Achei meu sonho estranho, mas
não o atribuí a coisa alguma. Sonhei
com você novamente nas três noites
seguintes. Passei um tempo pensando
no significado desses sonhos. Lembrei que você era mórmon. Consultei
o site mórmon. A primeira coisa que
encontrei foi a Palavra de Sabedoria.
Minha mãe tinha morrido de câncer no
pulmão dois anos antes. Ela tinha sido
fumante, e quando li a respeito da Palavra de Sabedoria, aquilo realmente me
tocou. Mais tarde, fui visitar meu pai.
Estava sentada na sala de estar dele e
comecei a orar. Pedi para saber aonde
ir e o que fazer. Naquele momento,
apareceu um comercial da Igreja na
televisão. Anotei o número e liguei
naquela mesma noite. Os missionários
me ligaram três dias depois e perguntaram se poderiam deixar comigo um
Livro de Mórmon. Eu disse que sim.
Fui batizada três meses e meio depois.
Dois anos depois, conheci meu marido
na Igreja. Nós nos casamos no Templo
de Dallas. Agora, temos dois lindos
filhinhos.
Queria agradecer a você, Kristi.
Você me deu um exemplo maravilhoso durante todo o Ensino Médio.
Você era bondosa e virtuosa. Os
missionários me ensinaram as lições e
me convidaram para ser batizada, mas
Maio de 2011
117
você foi minha terceira missionária.
Você plantou uma semente por meio
de suas ações, e realmente tornou
minha vida melhor. Tenho uma família
eterna agora. Meus filhos vão crescer
com o conhecimento da plenitude
do evangelho. É a maior bênção que
alguém pode receber. Você ajudou a
trazer essas coisas para minha vida”.
Quando conversamos, Kristi me
disse: “Às vezes acho que ouvimos a
lista de atributos descritos na décima
terceira Regra de Fé e nos sentimos
sobrecarregadas. No entanto, sei que,
se vivermos esses padrões e seguirmos o exemplo de Cristo, poderemos
fazer coisas muito importantes. (…)
Sinto-me como Amon, em Alma 26:3,
quando ele disse: “E esta é a bênção
que nos foi concedida: que fomos
transformados em instrumentos nas
mãos de Deus, para realizar esta
grande obra”.
É minha oração que cada uma de
vocês não apenas declare “Creio em
ser honesta e verdadeira”, mas que
vocês também assumam o compromisso de viver essa promessa todos os
dias. Oro para que, ao fazerem isso,
a força, o amor e as bênçãos do Pai
Celestial as sustenham, ao realizarem a
obra para a qual foram enviadas a este
mundo. Digo essas coisas em nome
de Jesus Cristo. Amém. ◼
NOTAS
1. Thomas S. Monson, “Olhar para Trás e
Seguir em Frente”, A ­Liahona, maio de
2008, p. 87.
2. Sempre Fiéis, 2004, p. 98.
3. Ver Êxodo 20:15–16.
4. Princípios do Evangelho, 2009,
pp. 186–190.
5. Howard W. Hunter, “Basic Concepts of
Honesty,” New Era, fevereiro de 1978,
pp. 4–5.
6. William J. Scott, “Forgot to Look Up,” Scott’s
Monthly Magazine, dezembro de 1867,
p. 953.
7. Ver Merriam-Webster’s Collegiate
Dictionary, 11ª ed., 2003, “true.”
8. Charlotte Brontë, Jane Eyre, 2003, p. 356.
118
A Liahona
Mary N. Cook
Primeira Conselheira na Presidência Geral das Moças
“A Bondade por
Mim Começará”
A benevolência pode proporcionar alegria e união em seu
lar, sua classe, sua ala e sua escola.
H
á poucas semanas, aprendi
uma importante lição com uma
Laurel que fez um discurso
em minha ala. Fiquei tocada ao vê-la
ensinar e testificar a respeito de Cristo
com toda a confiança. Ela terminou
seu discurso com a seguinte declaração: “Quando faço de Cristo o centro
de minha vida, meu dia é melhor, sou
mais bondosa com meus entes queridos e sinto-me cheia de alegria”.
Tenho observado essa jovem à
distância nos últimos meses. Ela
cumprimenta todos com um brilho no
olhar e um sorriso espontâneo. Eu a vi
regozijar-se com o sucesso de outros
jovens. Duas meninas-moças recentemente me contaram que aquela jovem
decidiu jogar fora sua entrada de
cinema quando percebeu que o filme
não seria uma experiência “virtuosa
e amável”.1 Ela é amorosa, bondosa
e obediente. Ela mora somente com
a mãe, e sua vida não foi livre de
desafios, de modo que me perguntava
de que maneira ela mantinha aquele
espírito feliz e bondoso. Quando
aquela jovem testificou: “Centralizo
minha vida em Jesus Cristo”, encontrei
a resposta.
“Cremos em ser honestos,
verdadeiros, castos, benevolentes,
virtuosos e em fazer o bem a todos
os homens.” Essa bela lista de atributos cristãos, encontrada na décima
terceira Regra de Fé, vai preparar-nos
para as bênçãos do templo e para a
vida eterna.
Gostaria de concentrar-me em apenas uma dessas palavras: benevolentes.
Benevolente é uma palavra adorável
que não ouvimos com frequência.
Deriva do latim e significa “desejar o
bem para alguém”.2 Ser benevolente
é ser bondoso, bem-intencionado e
caridoso. Muitas de vocês aprenderam
o significado da benevolência quando
estavam na Primária e decoraram
este hino:
Bondoso serei com todo ser,
No agir e no falar
E por isso eu digo: “A bondade
Por mim começará”.3
Nosso Salvador nos ensinou e
viveu uma vida benevolente. Jesus
amava a todos e servia a todos.
Quando centralizamos nossa vida em
Jesus Cristo, isso nos ajuda a adquirir esse atributo da benevolência.
Para desenvolvermos esses mesmos
atributos cristãos, precisamos aprender sobre o Salvador e “seguir Seu
caminho”.4
Na parábola do bom samaritano
aprendemos que devemos amar a
todos. A história começa no capítulo
10 do livro de Lucas, quando um doutor da lei perguntou ao Salvador: “Que
farei para herdar a vida eterna?”
A resposta: “Amarás ao Senhor teu
Deus de todo o teu coração, e de toda
a tua alma, e de todas as tuas forças, e
de todo o teu entendimento, e ao teu
próximo como a ti mesmo”.
O doutor da lei então perguntou:
“Quem é meu próximo?” É interessante que o doutor da lei tenha feito
essa pergunta, porque os judeus
tinham por vizinhos ao norte os samaritanos, de quem eles não gostavam,
a ponto de, quando viajavam de
Jerusalém para a Galileia, tomarem
um caminho mais longo pelo vale
do Jordão, em vez de passarem por
Samaria.
Jesus respondeu à pergunta do
doutor da lei contando a parábola do
bom samaritano. De acordo com a
parábola:
“Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos
salteadores, os quais o despojaram, e
espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.(…)
Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o,
moveu-se de íntima compaixão;
E, aproximando-se, atou-lhe as
feridas, deitando-lhes azeite e vinho;
e, pondo-o sobre a sua cavalgadura,
levou-o para uma estalagem, e
cuidou dele;
E, partindo no outro dia, tirou dois
dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e
disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de
mais gastares eu to pagarei quando
voltar.” 5
Ao contrário do sacerdote judeu
e do levita que passaram longe do
homem ferido, que era conterrâneo
deles, o samaritano foi bondoso, apesar das desavenças. Ele demonstrou o
atributo cristão da benevolência. Jesus
nos ensinou, com essa história, que
cada um é nosso próximo.
Um conselheiro de bispado contou recentemente uma experiência
pessoal que ensina a importância
de cada próximo. Ao olhar para a
congregação, ele viu uma criança com
uma grande caixa de gizes de cera de
muitas cores. Ao olhar para os muitos
membros de sua ala, lembrou que,
tal como os gizes de cera, todos eram
muito semelhantes, mas que cada
pessoa também era particularmente
incomparável.
Ele disse: “A tonalidade que trazem
para a ala e para o mundo é única.
(…) Eles têm individualmente seus
pontos fortes e fracos, seus anseios
pessoais e seus próprios sonhos. Mas
juntos, eles se misturam numa roda de
cores de união espiritual”. (…)
“A união é uma qualidade espiritual. É o doce sentimento de paz e
propósito que temos por pertencer a
uma família. (…) É querer o melhor
para os outros tanto quanto para nós
mesmos. (…) É saber que ninguém
deseja prejudicar-nos. [Significa que
nunca estaremos sozinhos.]” 6
Desenvolvemos essa união e compartilhamos nossa cor especial por
meio da benevolência, ou seja, por
atos pessoais de bondade.
Já se sentiram solitárias? Percebem
que há pessoas solitárias que vivem
Maio de 2011
119
num mundo preto e branco? Jovens,
eu as vi levando sua cor especial para
a vida de outras pessoas com seu
sorriso, suas palavras bondosas ou um
bilhete de incentivo.
O Presidente Thomas S. Monson
nos ensinou a interagir com nossos
colegas e com todos os que encontramos, ao dizer às moças da Igreja:
“Minhas preciosas jovens irmãs, peço
que tenham a coragem de não julgar
ou criticar as pessoas a seu redor, bem
como a coragem de assegurar que
todas se sintam incluídas, amadas e
valorizadas”.7
Podemos seguir o exemplo do
bom samaritano e “mudar o mundo”
de apenas uma pessoa, sendo benevolentes.8 Gostaria de convidar cada
uma de vocês a fazer pelo menos um
ato semelhante ao do samaritano na
próxima semana. Pode ser que isso
implique estender a mão para alguém
de fora de seu círculo de amizade
ou vencer a timidez. Vocês podem
corajosamente decidir servir a alguém
que não as trate bem. Prometo que,
se vocês se esforçarem e fizerem
mais do que apenas o que é fácil, vão
sentir-se tão bem, que essa bondade
começará a tornar-se parte de sua vida
diária. Verão que a benevolência pode
proporcionar alegria e união em seu
lar, sua classe, sua ala e sua escola. “A
bondade por mim começará.”
120
A Liahona
O Salvador não apenas amou a
todos, Ele serviu a todos. Estendam
sua bondade para muitos. Tanto
idosos quanto jovens podem ser imensamente abençoados por seu serviço
bondoso. O Presidente Monson, desde
quando era rapaz, sempre teve um
lugar especial no coração para as pessoas idosas. Ele reconhece o valor de
fazer uma breve visita, sorrir espontaneamente ou apertar mãos calejadas e
enrugadas. Esses simples atos de caridade trazem cor para uma vida que às
vezes é feita de dias longos, solitários
e cinzentos. Gostaria de convidar cada
uma de vocês a se lembrar de seus
avós e dos idosos. Olhem a sua volta
na Igreja, amanhã, e identifiquem
aqueles que poderiam beneficiar-se da
cor que só vocês podem acrescentar à
vida deles. Não é preciso muito: cumprimentem-nos pelo nome, conversem
um pouco com eles e disponham-se
a ajudá-los. Será que poderiam abrir
a porta para ela ou oferecer-se para
ajudá-la na casa ou no jardim? Uma
tarefa que pode parecer simples para
vocês, na sua idade, pode ser algo
difícil demais para uma pessoa idosa.
“A bondade por mim começará.”
Às vezes é mais difícil ser benevolente em nossa própria família. É preciso esforço para ter uma família forte.
“Sejam agradáveis, úteis e atenciosos
com os outros. Muitos problemas no
lar são criados porque os membros
da família falam ou agem de modo
egoísta ou maldoso. Interessem-se
pelas necessidades de outras pessoas
da família. Procurem ser pacificadores
em vez de provocar, brigar e discutir.” 9
“A bondade por mim começará.”
Jesus amava as crianças. Ele as
tomou nos braços e as abençoou.10 Tal
como o Salvador, você pode abençoar
todas as crianças com sua bondade,
não apenas as de seu lar.
Vocês não sabem a influência que
sua vida e seu exemplo podem exercer em uma criancinha. Recebi recentemente um bilhete de uma amiga que
toma conta da creche de uma escola
local. Vários rapazes e moças da Igreja
estudam nessa escola. Ela me contou
esta experiência pessoal: “Quando
caminho pelos corredores com as
criancinhas, é muito bom ver quantos
armários de alunos têm gravuras de
Jesus ou do templo colados na porta.
Uma das crianças viu uma gravura de
Jesus colada na porta do armário de
[uma jovem] e disse: ‘Vejam, Jesus está
em nossa escola!’ A estudante ficou
tocada a ponto de verter lágrimas
ao abaixar-se para abraçar a criança.
Agradeci à jovem pelo bom exemplo
que ela dava a todos ao seu redor. Foi
inspirador saber que há tantos outros
jovens que procuram defender a
verdade e a retidão e fazem sua parte
para terem a companhia do Espírito
em sua vida, mesmo que às vezes
isso seja difícil, com todo o barulho
e aspereza que há no mundo a seu
redor. Temos alguns jovens maravilhosos na Igreja”.
Eu concordo plenamente! Jovens,
vocês estão mudando o mundo ao
centralizarem sua vida em Jesus Cristo,
e estão “se tornando o que Ele quer
que vocês sejam”.11
Obrigada por sua vida benevolente:
por incluírem os que são diferentes;
por sua bondade com seus colegas,
com os idosos, com sua família e com
as criancinhas; por serem o próximo
dos que estão solitários e dos que têm
desafios e tristezas. Por meio de sua
benevolência, vocês estão “mostrando
às pessoas a luz [do Salvador]”.12 Obrigada por lembrarem que “a bondade
por mim começará”.
Sei que o Presidente Thomas S.
Monson é um profeta de Deus, e sua
vida é um modelo de benevolência
que muito nos ensina. Sigam nosso
profeta. Aprendam com seu exemplo
e ouçam a voz dele. Creio no evangelho de Jesus Cristo e que por meio do
Profeta Joseph Smith o sacerdócio foi
restaurado à Terra.
Sei que nosso Salvador vive e ama
cada uma de nós. Ele deu a vida por
todos. Oro para que centralizemos
nossa vida em Jesus Cristo e “sigamos
Seu caminho”, amando e servindo
umas às outras.13 Se fizermos isso,
sei que podemos tornar este mundo
melhor porque “Cremos em ser (…)
benevolentes”.14 Destas coisas eu
testifico, em nome de Jesus Cristo.
Amém. ◼
NOTAS
1. Ver Regras de Fé 1:13.
2. Ver Oxford English Dictionary Online,
2ª ed, 1989, “benevolent,” oed.com.
3. “A Bondade por Mim Começará”, Músicas
para Crianças, p. 83.
4. “Guardians of Virtue”, Strength of Youth
Media 2011: We Believe, DVD, 2010;
disponível também no endereço lds.org/
youth/video/youth-theme-2011-we-believe.
5. Ver Lucas 10:25, 27, 29, 30, 33–35.
6. Jerry Earl Johnston, “The Unity in a
Ward’s Uniqueness”, Mormon Times, 9 de
fevereiro de 2011, M1, M12.
7. Thomas S. Monson, “Tenham Coragem”,
A ­Liahona, maio de 2009, p. 123.
8. “Guardians of Virtue”.
9. Para o Vigor da Juventude, livreto, 2001,
p. 10.
10. Ver Marcos 10:16.
11. “Guardians of Virtue”.
12. “Guardians of Virtue”.
13. “Guardians of Virtue”.
14. Regras de Fé 1:13.
Elaine S. Dalton
Presidente Geral das Moças
Guardiãs da Virtude
Preparem-se agora para que se qualifiquem para receber todas
as bênçãos que as aguardam nos templos sagrados do Senhor.
H
á momentos em que não conseguimos expressar com palavras
o que sentimos. Oro para que
o Espírito testemunhe no coração
de vocês sua identidade divina e sua
responsabilidade eterna. Vocês são a
esperança de Israel. São filhas eleitas e nobres de nosso amoroso Pai
Celestial.
No mês passado, tive a oportunidade de assistir ao casamento de uma
jovem que conheço desde que ela
nasceu. Ao sentar-me na sala de selamento, olhando para o belo lustre que
cintilava à luz do templo, lembrei-me
daquele dia em que a segurei nos
braços pela primeira vez. A mãe dela
a vestira com um vestidinho branco e
achei que ela era um dos bebês mais
bonitos que eu já tinha visto. Então,
essa jovem entrou, vestida novamente
de branco. Estava radiante e feliz.
Quando ela entrou na sala, desejei
do fundo do coração que toda jovem
pudesse visualizar aquele momento e
esforçar-se para ser sempre digna de
fazer e cumprir convênios sagrados e
de receber as ordenanças do templo,
em preparação para desfrutar as bênçãos da exaltação.
Quando o casal se ajoelhou no altar
sagrado, foram-lhes feitas promessas
que estão além da compreensão mortal e que os abençoarão, fortalecerão
e auxiliarão em sua jornada mortal.
Foi um daqueles momentos em que o
mundo parou, e todo o céu se regozijou. Quando os dois jovens recémcasados olharam para os grandes
espelhos da sala, foi perguntado ao
noivo o que ele via. Ele disse: “Todos
os que se foram antes de mim”. Em
seguida, o casal olhou para o grande
espelho da parede oposta, e a noiva
disse, com lágrimas nos olhos: “Vejo
todos os que virão depois de nós”. Ela
viu sua futura família — sua posteridade. Sei que naquele momento ela
compreendeu novamente como era
importante acreditar em ser casta e
virtuosa. Não há visão mais bela do
que a de um casal devidamente preparado, que se ajoelha diante do altar
do templo.
Os anos que vocês passaram nas
Moças vão prepará-las para o templo.
Ali, vocês receberão as bênçãos a
que têm direito como preciosas filhas
de Deus. Seu Pai Celestial as ama e
quer que sejam felizes. A maneira
de fazer isso é “[andar] nos caminhos da virtude”1 e “apegar-se a seus
convênios”.2
Moças, num mundo em que as
ideias poluídas moralmente, a tolerância do mal, a exploração da mulher e
a distorção dos papéis são cada vez
maiores, vocês precisam defender
Maio de 2011
121
vocês mesmas, sua família e todas as
pessoas com quem convivem. Precisam ser guardiãs da virtude.
O que é virtude e o que é uma
guardiã? “A virtude é um padrão de
pensamento e comportamento com
base em padrões morais elevados. Ela
inclui a castidade e a pureza [moral]”.3
E o que é uma guardiã? Uma guardiã é alguém que protege, guarda e
defende.4 Portanto, como guardiãs da
virtude, vocês vão proteger, guardar
e defender a pureza moral, porque o
poder de criar vida mortal é um poder
sagrado e exaltado e precisa ser salvaguardado para usar quando vocês se
casarem. A virtude é um requisito para
termos a companhia e a orientação do
Espírito Santo. Vocês precisarão dessa
orientação para navegar com sucesso
no mundo em que vivem. A virtude é
um requisito para entrarmos no templo. E é um requisito para que sejamos dignas de entrar na presença do
Salvador. Vocês estão-se preparando
hoje para essa ocasião. O Progresso
Pessoal e os padrões encontrados em
Para o Vigor da Juventude são muito
importantes. Se viverem os princípios
encontrados nesse livreto vocês serão
fortalecidas e terão ajuda para se tornarem “mais aptas para o reino”.5
No verão passado, um grupo de
jovens de Alpine, Utah, decidiu que
elas se tornariam “mais aptas para
122
A Liahona
o reino”. Decidiram concentrar os
pensamentos no templo, caminhando
do Templo de Draper Utah até o
Templo de Salt Lake, uma distância
de mais de 35 quilômetros, tal como
John Rowe Moyle, um pioneiro, havia
feito. O irmão Moyle foi um pedreiro
chamado pelo profeta Brigham Young
para trabalhar no Templo de Salt Lake.
Todas as semanas, ele caminhava 35
quilômetros de sua casa até o templo.
Uma de suas tarefas foi a de entalhar
as palavras “Santidade ao Senhor” no
lado leste do Templo de Salt Lake.
Não foi fácil, e ele teve que superar
muitos obstáculos. Em certa ocasião,
uma de suas vacas lhe deu um coice
na perna. Como o ferimento não
sarava, ele precisou amputar a perna.
Mas isso não o impediu de cumprir o
compromisso assumido com o profeta
de trabalhar no templo. Ele entalhou
uma perna de madeira, e depois de
algumas semanas, voltou a caminhar
os 35 quilômetros até o templo para
fazer o trabalho que se comprometeu
a realizar.6
As moças da Ala Cedar Hills VI
decidiram andar essa mesma distância por um antepassado e também
por alguém que foi sua inspiração
para permanecerem dignas de
entrar no templo. Treinaram todas
as semanas na Mutual e, durante a
caminhada, compartilhavam o que
aprenderam e o que sentiam sobre o
templo.
Começaram a caminhada ao
templo, bem cedo pela manhã, com
uma oração. Quando partiram, fiquei
impressionada com a disposição
delas. Tinham-se preparado bem e
estavam confiantes. Tinham os olhos
fitos em sua meta. Cada passo que
davam simbolizava cada uma de
vocês, que também estão-se preparando para entrar no templo. Seu
treinamento pessoal começou com
sua oração diária, sua leitura diária
do Livro de Mórmon e suas metas do
Progresso Pessoal.
Ao continuarem sua caminhada,
aquelas jovens encontraram distrações ao longo do caminho, mas
mantiveram-se concentradas em sua
meta. Algumas começaram a sentir
bolhas nos pés e outras sentiram os
joelhos reclamarem, mas continuaram
andando. Para cada uma de vocês,
haverá muitas distrações, dores e
obstáculos no caminho para o templo,
mas vocês também são decididas
e continuam a seguir em frente. A
rota que aquelas moças seguiram foi
traçada por seus líderes, que haviam
percorrido o trajeto a pé e de carro e
escolheram o caminho mais seguro
e direto para elas. Vocês também
têm uma rota traçada, e podem ter a
certeza de que o Salvador não apenas
percorreu esse trajeto, mas também
vai acompanhá-las em cada passo do
caminho.
Ao longo daquela jornada até o
templo havia pais, mães, familiares e
líderes do sacerdócio agindo como
guardiões. O trabalho deles era garantir que todas estivessem em segurança
e protegidas do perigo. Eles cuidaram
para que nenhuma jovem se desidratasse e que todas estivessem suficientemente nutridas para manter o vigor.
Havia postos de auxílio preparados
pelos líderes do sacerdócio, com um
lugar para descansar e beber água.
Jovens: seu pai, sua mãe, seu bispo
e muitas outras pessoas serão seus
guardiões em sua jornada até o templo. Eles vão alertá-las de perigos e
orientar seu caminho, e caso vocês se
machuquem ou saiam do curso, eles
vão ajudá-las.
Fiquei impressionada ao ver que,
nos quilômetros finais da caminhada,
os irmãos delas e outros rapazes e
amigos apareceram para dar apoio
àquelas moças decididas e para animá-las. Um irmão ergueu a irmã, que
estava com grandes bolhas nos pés,
e a carregou nas costas pelo trecho
final da caminhada até o templo.
Quando aquelas jovens notáveis
alcançaram sua meta, derramaram
lágrimas ao tocar o templo, assumindo silenciosamente o compromisso de sempre serem dignas de
entrarem lá.
A caminhada até o templo é uma
metáfora da vida de vocês. Os pais
e os líderes do sacerdócio estão de
guarda ao longo do caminho. Eles dão
apoio e auxílio. As moças protegeram
e encorajaram umas às outras. Os
rapazes admiraram a força, o compromisso e o vigor das moças. Houve
irmãos que carregaram a irmã machucada. As famílias se regozijaram com
as filhas, quando elas terminaram a
caminhada até o templo, e as levaram
em segurança para casa.
Para permanecerem no caminho do
templo, vocês precisam defender sua
virtude pessoal e a virtude de outras
pessoas com quem convivem. Sabem
por quê? Mórmon ensinou no Livro de
Mórmon que a virtude e a castidade
são algo “mais caro e precioso do que
tudo”.7
O que cada uma de vocês pode
fazer para ser uma guardiã da virtude?
Podem começar acreditando que cada
uma pode fazer a diferença. Podem
começar assumindo um compromisso. Quando eu era jovem, aprendi
que algumas decisões precisam ser
tomadas somente uma vez. Fiz uma
lista das coisas que eu sempre faria e
das coisas que eu nunca faria. Incluía
coisas como: obedecer à Palavra de
Sabedoria, orar diariamente, pagar
meu dízimo e comprometer-me a
nunca faltar na Igreja. Tomei essas
decisões uma única vez e, depois, nos
momentos de decisão, eu sabia exatamente o que fazer, porque já havia
decidido antes. Quando minhas amigas da escola diziam “Só um trago não
faz mal”, eu ria e dizia: “Decidi que
não faria isso desde meus doze anos”.
As decisões tomadas previamente vão
ajudá-las a ser guardiãs da virtude.
Espero que cada uma de vocês faça
uma lista das coisas que sempre farão
e das coisas que nunca farão. Depois,
coloquem-na em prática.
O fato de serem guardiãs da virtude
significa que serão sempre recatadas,
não apenas no vestuário, mas também
na linguagem, nas ações e no uso da
mídia social. O fato de serem guardiãs da virtude também significa que
nunca vão enviar aos rapazes textos
ou imagens que possam levá-los a
perder o Espírito, o poder do sacerdócio ou sua virtude. Significa que
vocês compreendem a importância da
castidade, pois também entendem que
seu corpo é um templo e que os poderes sagrados da procriação não devem
ser usados antes do casamento. Vocês
compreendem que possuem um poder
divino que envolve a sagrada responsabilidade de trazer outros espíritos
ao mundo para receber um corpo no
qual habitará seu espírito eterno. Esse
poder envolve outra alma sagrada.
Vocês são guardiãs de algo “mais
[precioso do] que rubis”. 8 Sejam fiéis.
Sejam obedientes. Preparem-se agora
para que se qualifiquem para receber
todas as bênçãos que as aguardam nos
templos sagrados do Senhor.
Mães que nos ouvem hoje: vocês
são para suas filhas o exemplo mais
importante de recato e de virtude.
Maio de 2011
123
Muito obrigada. Nunca hesitem em
ensinar-lhes que elas são nobres filhas
de Deus e que o valor delas não se
baseia em seu charme sensual. E
permitam que elas vejam em vocês a
expressão correta e constante de suas
crenças por meio de sua atitude e aparência.9 Vocês também são guardiãs
da virtude.
Nesta semana, escalei novamente o
Pico Ensign. Era bem cedo e, naquele
monte, ao olhar para baixo, para o
monte da casa do Senhor — o Templo
de Salt Lake — a importância do
templo ficou bem clara. Os pioneiros
deram tudo o que tinham para chegar
ao cume das montanhas, para que nós
pudéssemos ter as bênçãos do templo
e de ser selados eternamente como
família. Quarenta anos de sacrifício,
de trabalho árduo e de caminhadas a
pé de Alpine até o templo. Por quê?
Porque, assim como vocês, eles acreditavam! Acreditavam em um profeta.
Acreditavam que ele tinha visto Deus
e Seu Filho Amado, e conversado com
Eles. Acreditavam no Salvador. Acreditavam no Livro de Mórmon. Por isso,
podiam dizer: “Cremos em todas as
coisas, confiamos em todas as coisas,
suportamos muitas coisas e esperamos
ter a capacidade de tudo suportar”. 10
Assim como eles suportaram muitas
coisas, nós também podemos. Acreditamos na décima terceira Regra de
Fé porque essas são as mesmas coisas
que nos qualificam para sermos dignas de entrar no templo e de, um dia,
nos colocarmos na presença do Pai
Celestial, tendo passado pela prova,
estando puras e seladas. Isso vai exigir
que vocês estejam “mais aptas para
o reino” e que se preparem agora e
adquiram a confiança de que podem
fazer coisas difíceis.
Moças: vocês estão engajadas numa
grande obra! Não estão sozinhas! Se
protegerem sua virtude e pureza,
124
A Liahona
receberão forças. Se guardarem os
convênios que fizeram, o Espírito
Santo vai guiá-las e protegê-las. Estarão rodeadas por hostes celestiais de
anjos. O Presidente Thomas S. Monson nos lembra: “Recordem-se de que
não corremos sozinhos nesta grande
corrida da vida. Temos direito de receber a ajuda do Senhor”.11 Preparem-se
para o dia em que entrarão no templo
do Senhor, estando dignas e preparadas para fazer convênios sagrados.
Como guardiãs da virtude, vocês vão
querer buscar o Salvador em Sua casa
sagrada.
Testifico-lhes que Deus vive e
que Seu Filho Amado, nosso Redentor Jesus Cristo, vive e que, graças
ao poder redentor e capacitador de
Sua infinita Expiação, cada uma de
São Paulo, Brasil
vocês será guiada e protegida em seu
caminho até o templo e de volta à
presença Deles. Oro para que cada
uma de vocês seja fortalecida para
esse trabalho, que será o melhor de
todos os que irão realizar. Vivam
para aquele lindo dia citado no livro
de Apocalipse, em que vocês “andarão de branco; [porque] são dignas
disso”.12 Em nome de Jesus Cristo.
Amém. ◼
NOTAS
1. Ver Doutrina e Convênios 25:2.
2. Ver Doutrina e Convênios 25:13.
3. Progresso Pessoal das Moças, livreto, 2009,
p. 70.
4. Ver thefreedictionary.com/guardian.
5. “More Holiness Give Me”, Hymns, 131.
6. Ver Dieter F. Uchtdorf, “Magnifique o
Chamado Que Tem”, A ­Liahona, novembro
de 2008, p. 53.
7. Morôni 9:9
8. Provérbios 3:15.
9. Ver M. Russell Ballard, “Mães e Filhas”,
A ­Liahona, maio de 2010, p. 18.
10. Regras de Fé 1:13
11. Thomas S. Monson, “Grandes Esperanças”
(Serão do Sistema Educacional da Igreja
para jovens adultos, 11 de janeiro de 2009),
http://​lds​.org/​library/​display/​0,4945,538-14773-1,00​.html.
12. Apocalipse 3:4.
Presidente Henry B. Eyring
Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência
Um Testemunho Vivo
O testemunho precisa ser nutrido pela oração fervorosa, pelo
anseio pela palavra de Deus nas escrituras e pela obediência
à verdade.
M
inhas amadas jovens irmãs,
vocês são a resplandecente
esperança da Igreja do
Senhor. Meu propósito hoje é ajudálas a acreditar que são. Se essa crença
tornar-se um profundo testemunho de
Deus, ela vai influenciar suas decisões de todo dia, de toda hora. E a
partir dessas decisões aparentemente
pequenas, o Senhor vai conduzi-las à
felicidade que tanto desejam. Por meio
de suas escolhas e decisões, vocês
abençoarão inúmeras pessoas.
Sua decisão de estar aqui, esta
noite, é um exemplo das escolhas
que importam. Mais de um milhão de
jovens, mães e líderes foram convidadas. De todas as outras coisas que
vocês poderiam ter decidido fazer,
escolheram estar aqui conosco. Fizeram isso por causa de suas crenças.
Vocês acreditam no evangelho de
Jesus Cristo. Acreditaram o suficiente
para virem aqui ouvir Seus servos, e
têm fé e esperança suficiente de que
algo que ouvirão ou sentirão vai conduzi-las a uma vida melhor. Sentiram
no coração que seguir Jesus Cristo é o
caminho para uma felicidade maior.
Bem, talvez não tenham reconhecido isso como uma escolha consciente de grande importância. Talvez
tenham sentido vontade de estar
conosco pelo convite de amigas ou
da família. Podem simplesmente ter
aceitado o gentil convite que alguém
lhes fez. Mas, mesmo que não tenham
percebido, ao menos sentiram o
discreto eco do convite do Salvador:
“Vem, e segue-me”.1
Durante esta hora em que estivemos juntos, o Senhor tornou mais profunda a crença que vocês têm Nele e
fortaleceu o testemunho de cada uma.
Vocês ouviram mais do que palavras
e música. Sentiram o Espírito testemunhar em seu coração que há profetas
vivos na Terra, na Igreja verdadeira
do Senhor, e que o caminho para a
felicidade está dentro de Seu reino.
Seu testemunho de que esta é a única
Igreja verdadeira e viva na Terra hoje
em dia cresceu.
Bem, nem todos sentimos exatamente as mesmas coisas. Para algumas, o Espírito testemunhou que
Thomas S. Monson é um profeta de
Deus. Outras sentiram que a honestidade, a virtude e fazer o bem a todos
os homens são realmente atributos do
Salvador. E com isso tiveram maior
desejo de ser semelhantes a Ele.
Todas vocês têm o desejo de que
seu testemunho do evangelho de
Jesus Cristo seja fortalecido. O Presidente Brigham Young previu suas
necessidades há muitos anos. Ele foi
um profeta de Deus, e com visão profética, há 142 anos, viu vocês e suas
necessidades. Ele era um pai amoroso
e um profeta vivo.
Ele viu a influência do mundo
chegar a suas próprias filhas. Viu que
essas influências do mundo as atraíam
para longe do caminho do Senhor
rumo à felicidade. Em sua época,
essas influências foram trazidas, em
parte, pela nova ferrovia transcontinental, que ligava ao mundo os santos
antes isolados e protegidos.
Ele pode não ter visto as maravilhas
da tecnologia de hoje, em que um
dispositivo que pode ser carregado na
mão é capaz de conectá-las a inúmeras ideias e pessoas do mundo inteiro.
Mas ele viu como era importante para
suas filhas — e para vocês — que
suas decisões fossem tomadas com
base num vigoroso testemunho de um
Deus vivo e amoroso e de Seu plano
de felicidade.
Eis seu conselho profético e inspirado para suas filhas e para vocês,
sempre.
É o ponto central de meu discurso
de hoje. Ele disse o seguinte, em uma
sala de sua casa, a menos de dois
quilômetros de onde esta mensagem
está sendo hoje transmitida para as
filhas de Deus das nações do mundo
inteiro: “É preciso que as jovens filhas
de Israel adquiram um testemunho
vivo da verdade”.2
Depois disso, ele criou uma associação de jovens que se tornou o que
hoje na Igreja do Senhor chamamos
de organização das “Moças”. Vocês
sentiram hoje alguns dos maravilhosos efeitos da decisão que ele tomou
naquela reunião em uma noite de
domingo, na sala de estar de sua casa.
Mais de 100 anos depois, as
filhas de Israel do mundo inteiro
têm esse desejo de ter o seu próprio
Maio de 2011
125
testemunho vivo da verdade. Assim,
para todo o restante de sua vida,
vocês precisarão desse testemunho
vivo e crescente para fortalecê-las e
conduzi-las pelo caminho da vida
eterna. E com isso se tornarão as mensageiras da Luz de Cristo para suas
irmãs e seus irmãos do mundo inteiro
e por muitas gerações.
Vocês sabem por experiência
própria o que é um testemunho. O
Presidente Joseph Fielding Smith
ensinou que um testemunho “é um
conhecimento convincente dado por
revelação a [uma pessoa] que humildemente busca a verdade”. Ele disse
o seguinte sobre o testemunho e o
Espírito Santo, que traz essa revelação:
“Seu poder de proporcionar convicção
é tão grande que não resta dúvidas
na mente quando o Espírito fala. É o
único modo pelo qual alguém pode
realmente saber que Jesus é o Cristo e
que Seu evangelho é verdadeiro”.3
Vocês já sentiram essa inspiração
por si mesmas. Pode ter sido para
confirmar certo aspecto do evangelho, como aconteceu comigo hoje.
Quando ouvi as palavras da décima
terceira Regra de Fé sobre sermos
“honestos, verdadeiros, castos [e]
benevolentes”, para mim foi como se
o Senhor as tivesse dito. Senti novamente que esses são atributos Dele.
Senti que Joseph Smith foi Seu profeta.
Então, para mim, não foram apenas
palavras.
126
A Liahona
Em minha mente, vi as poeirentas estradas da Judeia e o Jardim do
Getsêmani. Em meu coração, senti ao
menos parte do que Joseph deve ter
sentido ao ajoelhar-se perante o Pai e
o Filho em um bosque de Nova York.
Não pude ver na mente uma luz mais
brilhante que a do sol do meio-dia,
como ele, mas senti o calor e o assombro de um testemunho.
Vocês vão adquirir um testemunho à medida que partes da verdade
completa do evangelho de Jesus
Cristo lhes forem confirmadas. Por
exemplo: ao lerem o Livro de Mórmon e ponderarem sobre ele, alguns
versículos que leram antes parecerão
novos e lhes trarão novas ideias. Seu
testemunho vai crescer em extensão e
profundidade, à medida que o Espírito
Santo confirmar que são verdadeiros.
Seu testemunho vivo vai ser ampliado
à medida que estudarem, orarem e
ponderarem a respeito das escrituras.
A melhor descrição para mim de
como adquirir e manter esse testemunho vivo já foi mencionada. Está
no capítulo 32 de Alma, no Livro de
Mórmon. Vocês já devem ter lido esses
versículos muitas vezes. Encontro uma
nova luz toda vez que os leio. Vamos
recapitular hoje a lição que eles
ensinam.
Essa passagem inspirada nos ensina
a começar nossa jornada em busca
de um testemunho com “uma partícula de fé” e com o desejo de fazê-la
crescer.4 Hoje vocês sentiram fé e tiveram esse desejo, ao ouvirem discursos
tocantes sobre a bondade do Salvador, sobre Sua honestidade e sobre a
pureza que Seus mandamentos e Sua
Expiação nos possibilitam ter.
Portanto, uma semente de fé já
está plantada em seu coração. Vocês
podem até ter sentido parte do crescimento da semente no coração, conforme prometido em Alma. Eu senti.
Mas, como uma planta em crescimento, ela precisa ser nutrida ou vai
murchar. Orações fervorosas, frequentes e sinceras são nutrientes vitais e
necessários. A obediência à verdade
que receberam vai manter seu testemunho vivo e fortalecê-lo. A obediência aos mandamentos faz parte da
nutrição que vocês precisam oferecer
a seu testemunho.
Lembrem-se da promessa do Salvador: “Se alguém quiser fazer a vontade
dele, pela mesma doutrina conhecerá
se ela é de Deus, ou se eu falo de
mim mesmo”.5
Isso aconteceu comigo, e vai acontecer com vocês. Uma das doutrinas
do evangelho que aprendi quando
jovem é a de que a maior de todas
as dádivas de Deus é a vida eterna.6
Aprendi que parte da vida eterna é
vivermos juntos com amor e como
família para sempre.
Desde a primeira vez que ouvi
essas verdades, e elas foram confirmadas em meu coração, senti-me
obrigado a fazer todas as escolhas
que pudesse para evitar contendas e
promover a paz em minha família e
no meu lar.
Agora, somente depois desta vida
poderei desfrutar a plenitude dessa
que é a maior de todas as bênçãos, a
vida eterna. Mas em meio aos desafios
desta vida, tive apenas um vislumbre
do que minha família pode ser no
céu. A partir dessas experiências de
vida, meu testemunho da realidade do
poder selador exercido nos templos
cresceu e foi fortalecido.
Ao ver minhas duas filhas serem
batizadas no templo em favor de seus
antepassados, senti meu coração se
voltar a elas e aos antepassados cujos
nomes encontramos. A promessa de
Elias de que os corações se voltariam
uns aos outros nas famílias foi-nos
concedida.7 E assim, a fé para mim
tornou-se um conhecimento seguro,
conforme prometido no livro de Alma.
Vivenciei ao menos parte da alegria
que meus antepassados sentiram
quando o Salvador foi ao mundo espiritual após Seu ministério mortal. Eis
a descrição que lemos em Doutrina e
Convênios:
“E os santos regozijaram-se em sua
redenção e dobraram os joelhos e
reconheceram o Filho de Deus como
seu Redentor e Libertador da morte e
das cadeias do inferno.
Seus semblantes brilhavam e a resplandecência da presença do Senhor
repousou sobre eles e cantaram louvores a seu santo nome”.8
O sentimento que tive da alegria
deles veio a mim ao colocar em
prática meu testemunho de que a
promessa de vida eterna do Senhor é
real. Esse testemunho foi fortalecido
por minha decisão de colocá-lo em
prática, como o Salvador prometeu
que aconteceria.
Ele também ensinou que, além de
decidirmos ser obedientes, precisamos
pedir um testemunho da verdade em
oração. O Senhor ensinou-nos isso
em Seu mandamento de orar sobre o
Livro de Mórmon. Ele disse por meio
de Seu profeta Morôni:
“Eis que desejo exortar-vos, quando
lerdes estas coisas, caso Deus julgue
prudente que as leiais, a vos lembrardes de quão misericordioso tem
sido o Senhor para com os filhos dos
homens, desde a criação de Adão até
a hora em que receberdes estas coisas,
e a meditardes sobre isto em vosso
coração.
E quando receberdes estas coisas,
eu vos exorto a perguntardes a Deus,
o Pai Eterno, em nome de Cristo, se
estas coisas não são verdadeiras; e se
perguntardes com um coração sincero
e com real intenção, tendo fé em
Cristo, ele vos manifestará a verdade
delas pelo poder do Espírito Santo.
E pelo poder do Espírito Santo
podeis saber a verdade de todas as
coisas”.9
Espero que todas vocês tenham
posto essa promessa à prova por si
mesmas ou que o façam em breve. A
resposta pode não vir em uma única
e vigorosa experiência espiritual. Para
mim, isso aconteceu serenamente a
princípio. Mas foi-se tornando mais
forte a cada vez que lia o Livro de
Mórmon e orava a respeito dele.
Não dependo do que aconteceu
no passado. Para manter firme o meu
testemunho vivo do Livro de Mórmon,
recebo essa promessa de Morôni com
frequência. Não considero a bênção
do testemunho como um direito perpetuamente adquirido.
O testemunho precisa ser nutrido
pela oração fervorosa, pelo anseio
pela palavra de Deus nas escrituras e pela obediência à verdade
que recebemos. Há perigo quando
negligenciamos a oração. Arriscamos
nosso testemunho quando estudamos
e lemos apenas superficialmente as
escrituras. Esses são nutrientes indispensáveis para nosso testemunho.
Lembrem-se da admoestação de
Alma:
“Mas se negligenciardes a árvore
e deixardes de tratá-la, eis que não
criará raiz; e quando chegar o calor do
sol e a abrasar, secará por falta de raiz;
e arrancá-la-eis e lançareis fora.
Ora, isso não é porque a semente
não seja boa nem porque o seu fruto
seja indesejável, mas porque vosso
terreno é estéril e não cuidais da
árvore; não podeis, portanto, obter
seu fruto”.10
O hábito de banquetear-nos na
palavra de Deus, a oração sincera
e a obediência aos mandamentos
do Senhor precisam ser colocados
em prática de modo equilibrado e
contínuo para que nosso testemunho
cresça e prospere. Todos temos situações que escapam ao nosso controle
e que interrompem nosso esquema
de estudo das escrituras. Pode haver
períodos em que, por alguma razão,
decidimos não orar. Pode haver mandamentos que por um tempo decidamos ignorar.
Mas nosso desejo de ter um
testemunho vivo não será realizado,
se esquecermos a advertência e a
Maio de 2011
127
promessa encontradas em Alma:
“E assim, se não cultivardes a
palavra, esperando com os olhos da fé
o seu fruto, nunca podereis colher o
fruto da árvore da vida.
Se, porém, cultivardes a palavra,
sim, cultivardes a árvore quando
ela começar a crescer, com vossa fé,
com grande esforço e com paciência,
esperando o fruto, ela criará raiz; e eis
que será uma árvore que brotará para
a vida eterna.
E por causa de vosso esforço e de
vossa fé e de vossa paciência em cultivar a palavra para que crie raiz em
vós, eis que pouco a pouco colhereis
o seu fruto, que é sumamente precioso, que é mais doce que tudo que
é doce, que é mais branco que tudo
que é branco, sim, e mais puro que
tudo que é puro; e banquetear-vos-eis
com esse fruto, até vos fartardes,
de modo que não tereis fome nem
tereis sede.
Então, (…) colhereis a recompensa
de vossa fé e de vossa diligência e
paciência e longanimidade, esperando
que a árvore vos dê fruto”.11
St. Catherine, Jamaica
As palavras dessa escritura “esperando o fruto” guiaram os sábios
ensinamentos que vocês receberam
hoje. É por isso que seus olhos estão
voltados para um dia futuro na sala de
selamento de um templo. É por isso
que ajudamos vocês a visualizarem
hoje a cadeia aparentemente interminável de luz refletida nos espelhos
das paredes da sala de selamento do
templo de Deus, onde vocês podem
vir a se casar.
Se puderem esperar esse dia com
suficiente desejo, que seja fruto de
um testemunho, vocês serão fortalecidas para resistir às tentações do
mundo. Toda vez que vocês decidem
que vão tentar viver de modo mais
semelhante ao Salvador, seu testemunho é fortalecido. Tempo virá em que
saberão por si mesmas que Ele é a
Luz do Mundo.
Sentirão a luz crescer em sua vida.
Isso não acontecerá sem esforço,
mas vai acontecer à medida que seu
testemunho crescer, e vocês decidirem
nutri-lo. Eis a promessa garantida que
se encontra em Doutrina e Convênios:
“Aquilo que é de Deus é luz; e aquele
que recebe luz e persevera em Deus
recebe mais luz; e essa luz se torna
mais e mais brilhante, até o dia
perfeito”.12
Vocês serão uma luz para o mundo
ao partilharem seu testemunho com
outras pessoas. Vocês refletirão para
outras pessoas a Luz de Cristo que
há em sua vida. O Senhor encontrará
meios para que essa luz toque as pessoas que você ama. E por meio da fé
e do testemunho combinados de Suas
filhas, Deus tocará a vida de milhões,
em Seu reino e em todo o mundo,
com Sua luz.
Em seu testemunho e em suas
escolhas está a esperança da Igreja e
das gerações que seguirão seu exemplo de ouvir e aceitar o convite do
Senhor: “Vem, e segue-me”. O Senhor
conhece e ama vocês.
Deixo com vocês meu amor e meu
testemunho. Vocês são filhas de um
Pai Celestial amoroso e vivo. Sei que
Seu Filho ressuscitado, Jesus Cristo,
é o Salvador e a Luz do Mundo.
Testifico que o Espírito Santo enviou
mensagens para vocês hoje, confirmando a verdade em seu coração.
O Presidente Thomas S. Monson é o
profeta vivo de Deus. Destas coisas
eu testifico, no sagrado nome de
Jesus Cristo. Amém. ◼
NOTAS
1. Lucas 18:22.
2. Brigham Young, A Century of Sisterhood:
Chronological Collage, 1869–1969,
1969, p. 8.
3. Joseph Fielding Smith, Answers to Gospel
Questions, comp. Joseph Fielding Smith Jr.,
5 vols, 1957–1966, vol. 3 p. 31.
4. Ver Alma 32:27.
5. João 7:17.
6. Ver Doutrina e Convênios 14:7.
7. Ver Malaquias 4:5–6; Joseph Smith—
História 1:38–39.
8. Doutrina e Convênios 138:23–24.
9. Morôni 10:3–5.
10. Alma 32:38–39.
11. Alma 32:40–43.
12. Doutrina e Convênios 50:24.
128
A Liahona
Índice das Histórias Contadas na Conferência
Esta lista contém uma seleção de histórias verídicas extraídas dos discursos da conferência geral para uso no estudo
individual, na reunião familiar e em outras situações de ensino. O número entre parênteses refere-se à primeira página
do discurso.
ORADOR
HISTÓRIA
Jean A. Stevens
(10) As crianças dão exemplo ao pagar o dízimo.
Liam ouve a voz de seu pai durante o tratamento médico.
Élder Walter F. González
(13) Jornalista questiona se o tratamento gentil dedicado às esposas é verdade ou ficção.
Élder Kent F. Richards
(15) Menina vê anjos em volta de crianças, em um hospital.
Élder Quentin L. Cook
(18) Conteúdo da bolsa reflete o modo de viver o evangelho da jovem dona.
Irmã em Tonga sugere um modo de ajudar um jovem adulto da ala.
Presidente Henry B. Eyring
(22) Comunidade presta serviço depois do rompimento da represa Teton.
Presidente Boyd K. Packer
(30) Presidente da estaca aconselha certo homem a “esquecer”, depois da morte da esposa.
Élder Dallin H. Oaks
(42) Capitão Ray Cox abre mão do sono para manter os soldados a salvo.
Aron Ralston enche-se de coragem para salvar a própria vida.
Élder M. Russell Ballard
(46) Jovem garimpeiro aprende a dar valor a filetes de ouro.
Élder Neil L. Andersen
(49) Sidney Going decide servir missão em vez de jogar rúgbi.
Larry M. Gibson
(55) Presidente do quórum de diáconos aprende suas responsabilidades.
Presidente Dieter F. Uchtdorf
(58) Homem não se dá conta dos privilégios a que tem direito durante cruzeiro.
Presidente Henry B. Eyring
(62) Quórum procura um dos membros perdido na floresta.
Henry B. Eyring visita um fiel sumo sacerdote.
Presidente Thomas S. Monson
(66) Thomas S. Monson convida casal a testemunhar um selamento.
Élder Paul V. Johnson
(78) Jovem é convertida durante longo período de doença.
Bispo H. David Burton
(81) Robert Taylor Burton ajuda a resgatar uma companhia de carrinhos de mão.
Silvia H. Allred
(84) Jovem mãe é auxiliada por sua professora visitante.
Presidente Thomas S. Monson
(90) Santos brasileiros viajam longas distâncias de Manaus até o templo.
Família Mou Tham sacrifica tudo para ir ao templo.
Thomas S. Monson participa da cerimônia de abertura de terra do templo em Roma, Itália.
Élder Richard G. Scott
(94) Richard G. Scott atende à recomendação de brincar com
os filhos em vez de consertar a máquina de lavar.
Jeanene Scott guarda bilhetes carinhosos.
Richard G. Scott cuida do filhinho com problema cardíaco.
Élder D. Todd Christofferson
(97) Hugh B. Brown poda um pé de groselha e depois, figurativamente, poda a si próprio.
Élder Carl B. Pratt
(101) A família Whetten paga o dízimo e recebe bênçãos.
Élder C. Scott Grow
(108) O irmão de C. Scott Grow faz más escolhas, mas depois se arrepende.
Ann M. Dibb
(115) Kristi dá um exemplo que Jenn relembra quando busca a verdade.
Mary N. Cook
(118) Criança vê uma gravura de Jesus no armário de uma estudante.
Moça decide não assistir a um filme questionável.
Elaine S. Dalton
(121) Moça caminha do Templo de Draper, Utah, até o Templo de Salt Lake.
Maio de 2011
129
E L E S FA L A R A M PA R A N Ó S
Tornar a Conferência
Parte de Nossa Vida
Você pode usar algumas destas atividades e perguntas
como ponto de partida para debates familiares ou
ponderação pessoal e tornar os ensinamentos da
conferência geral parte de sua vida.
T
odos os discursos da conferência
geral podem ser encontrados online no site conference.LDS.org.
Observação: O número das páginas listadas abaixo indica a primeira
página do discurso mencionado.
Par a a s C r ia n ça s
• O Presidente Thomas S. Monson anunciou que a Igreja vai construir três novos templos, elevando
o número total de templos em
funcionamento, em
construção ou
anunciados para
160. Olhe
no mapa
130
A Liahona
para encontrar Meridian, Idaho, EUA;
Fort Collins, Colorado, EUA; Winnipeg, Manitoba, Canadá; e o templo
mais perto de sua casa. Leia ou conte
algumas das histórias que o Presidente Monson contou sobre membros
fiéis que fizeram grande sacrifício
para frequentar o templo (página
90). Trace metas para frequentar o
templo o quanto antes, ou coloque
Ljubljana, Eslovênia
em discussão maneiras de permanecer
digno(a) de entrar no templo.
• Quando Adão e Eva viveram na
Terra, uma das maneiras pelas quais
eles adoravam o Pai Celestial era o
sacrifício de animais. O Élder L. Tom
Perry ensinou-nos que o Salvador
apresentou o sacramento a Seus discípulos no Dia do Senhor como uma
nova forma de adoração. Nós continuamos a adorar ao participar do
sacramento no Dia do Senhor. Leia
novamente o discurso do Élder Perry
(página 6) em família para aprender
a maneira adequada de vestir-se no
domingo e outras maneiras de honrar
o sacramento e o Dia do Senhor.
• O Élder D. Todd Christofferson
ensinou-nos que Jesus Cristo instruiunos a nos esforçarmos para ser como
Ele e o nosso Pai Celestial (página
97). Nosso Pai Celestial às vezes
“castiga” Seus filhos, a fim de ajudarnos a nos tornarmos mais semelhantes a Ele. Coloque em debate o que
significa castigar. Leia ou conte a
história do pé de groselha que cresceu demais. Conversem a respeito de
como um contratempo ou uma falha
pode realmente nos ajudar a crescer
mais fortes e dar mais frutos.
• O Élder Richard J. Maynes
ensinou-nos que as famílias podem
ser semelhantes a uma corda (página
37). Uma corda tem vários cordões
que podem ser fracos sozinhos, mas
que são fortes quando entrelaçados.
Da mesma forma, quando todos os
membros da família fazem o que
é certo e ajudam-se mutuamente,
cada pessoa na família é fortalecida
e pode fazer mais do que faria se
estivesse sozinha. Dê a cada membro
da família um pedaço de barbante
ou fio. Fale a respeito de como cada
membro da família serve e fortalece
os demais. Depois, veja como ficam
fortes os pedaços de barbante ou os
fios quando são entrelaçados.
Par a os Jov e n s
• Será que sua classe ou quórum
é unida o suficiente? Depois de reler
o discurso do Presidente Henry B.
Eyring sobre união (página 62),
faça uma lista das coisas
que você pode fazer para
aumentar a união do seu
grupo.
• O Élder Russell M. NelCoatzacoalcos, México
son discursou sobre a obediência do tipo “lanchonete”
(página 34). Coloque em debate em
homem que viveu aquém de seus
sua família, classe ou quórum o que
privilégios, ao deixar de participar de
isso significa e por que não funciona.
muitas atividades e desfrutar da boa
• O Élder M. Russell Ballard
comida oferecida em seu cruzeiro
descreveu o puro amor de Cristo
marítimo, por não saber que todas
como um amor ativo (página 46) que
essas coisas estavam incluídas no
é demonstrado em atos simples de
preço da passagem. Troque ideias
bondade e serviço. Planeje um meio
com os membros da família que
de sua classe ou quórum demonstrar
sejam portadores do sacerdócio
amor a alguém em sua ala, ramo ou
acerca de maneiras de viver à altura
comunidade e, depois, executem esse de seus “privilégios no tocante ao
seu plano.
poder sagrado, às dádivas e bênçãos
• O Élder Quentin L. Cook consagradas que são [seu] privilégio e
tou a história de uma bolsa que foi
direito como portadores do sacerdóencontrada depois de um baile dos
cio de Deus”.
jovens (página 18). As coisas que as
• O Presidente Boyd K. Packer
líderes encontraram em seu interior
ensinou-nos sobre o poder do
disseram muito a respeito da moça
perdão (página 30). Há porventura
a quem a bolsa pertencia. O que o
pessoas que você precisa perdoar
conteúdo de sua bolsa, carteira ou
ou experiências difíceis que você premochila diz a seu respeito, e que tipo
cisa “esquecer”? Busque a ajuda do
de mudanças você gostaria de fazer
Senhor, encontrando a paz e o poder
nas coisas que estão ao seu redor?
para perdoar.
• O Élder Lynn G. Robbins falou
• O Élder Richard G. Scott falou
sobre tornar-nos mais semelhantes
sobre como ele e sua esposa, Jeaao Salvador (página 103). Pense a
nene, demonstravam seu afeto, escrerespeito do que significa ser como
vendo bilhetinhos um para o outro
Jesus Cristo em vez de somente fazer
(página 94). Você pode escrever um
o que Ele nos pede. Depois, pense
bilhete dizendo o quanto ama e aprea respeito das mudanças que pode
cia seu cônjuge. Coloque-o onde seu
fazer em sua vida para tornar-se mais
cônjuge possa encontrá-lo.
semelhante ao Salvador.
• O Élder David A. Bednar citou
a experiência do Presidente Joseph
F. Smith ao receber um testemunho
Pa r a o s Ad ultos
(página 87). Releia essa história e
• O Presidente Dieter F. Uchtdorf
pense em quais foram as experiências
(página 58) contou a história de um
que influenciaram seu testemunho. ◼
Maio de 2011
131
Presidências Gerais das Auxiliares
SOCIEDADE DE SOCORRO
Silvia H. Allred
Primeira Conselheira
Julie B. Beck
Presidente
Barbara Thompson
Segunda Conselheira
MOÇAS
Mary N. Cook
Primeira Conselheira
Elaine S. Dalton
Presidente
Ann M. Dibb
Segunda Conselheira
PRIMÁRIA
Jean A. Stevens
Primeira Conselheira
Rosemary M. Wixom
Presidente
Cheryl A. Esplin
Segunda Conselheira
RAPAZES
Ensinamentos para
os Nossos Dias
A
s aulas do Sacerdócio
de Melquisedeque
e da Sociedade de
Socorro realizadas nos
quartos domingos de cada
mês serão dedicadas aos
“Ensinamentos para os
Nossos Dias”. Todas as aulas
terão por base um ou mais
discursos proferidos durante
a conferência geral mais
recente. Os presidentes de
estaca e de distrito podem
escolher quais discursos
devem ser usados, ou
podem delegar essa responsabilidade aos bispos e presidentes de ramo. Os líderes
devem reforçar a importância de que tanto os irmãos
do Sacerdócio de Melquisedeque como as irmãs
da Sociedade de Socorro
estudem o mesmo discurso
no mesmo domingo.
Aqueles que participam das aulas do quarto
domingo são incentivados a
estudar e a levar para a sala
de aula a edição da revista
com os discursos da última
conferência geral.
Sugestões para Preparar a
Aula com Base nos Discursos
Larry M. Gibson
Primeiro Conselheiro
David L. Beck
Presidente
Adrián Ochoa
Segundo Conselheiro
ESCOLA DOMINICAL
David M. McConkie
Primeiro Conselheiro
132
A Liahona
Russell T. Osguthorpe
Presidente
Matthew O. Richardson
Segundo Conselheiro
Ore para que o Santo
Espírito esteja ao seu lado
ao estudar e ensinar o(s)
discurso(s). Talvez você
fique tentado a usar outros
materiais para preparar a
aula, mas são os discursos
da conferência que fazem
parte do currículo aprovado. Sua tarefa é ajudar os
outros a aprender e a viver
o evangelho como ensinado na última conferência
geral da Igreja.
Estude o(s) discurso(s)
procurando princípios
e doutrinas que atendam às necessidades dos
alunos. Procure também
histórias, referências das
escrituras e declarações
no(s) discurso(s), que o(a)
ajudem a ensinar essas
verdades.
Faça um esboço de
como irá ensinar esses
princípios e essas doutrinas.
Seu esboço deve incluir
perguntas que ajudem os
alunos a:
• Procurar princípios
e doutrinas no(s)
discurso(s).
• Refletir sobre seu
significado.
• Compartilhar a compreensão, as ideias,
as experiências e o
testemunho.
• Aplicar esses princípios e
essas doutrinas à própria
vida. ◼
MESES
MATERIAIS PARA AS AULAS DO
QUARTO DOMINGO
Maio de 2011–
Outubro de 2011
Discursos publicados na edição de
maio de 2011 de A ­Liahona *
Novembro de 2011–
Abril de 2012
Discursos publicados na edição de
maio de 2011 de A ­Liahona *
* Esses discursos estão disponíveis (em vários idiomas) no site conference​.LDS​.org.
NOTÍCIAS DA IGREJA
Os Líderes da
Igreja Celebram
o Programa
de Bem-Estar e
Anunciam Templos
M
ais de 100.000 pessoas compareceram às cinco sessões
da 181ª Conferência Geral
Anual de A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias, realizada no
Centro de Conferências em Salt Lake
City, Utah, EUA, e outros milhões a
assistiram ou ouviram pela televisão,
por rádio, via satélite e transmissões
pela Internet.
Os membros do mundo todo
participaram da conferência em 93
idiomas. Os formatos de áudio, vídeo
e texto da transmissão já se encontram
on-line em diversos idiomas, no site
conference.LDS.org, e serão disponibilizados em DVD e em CD.
O Presidente Thomas S. Monson
abriu a conferência anunciando os
locais de três novos templos: Fort
Collins, Colorado, EUA; Meridian,
Idaho, EUA e em Winnipeg, Manitoba,
Acima: Um rapaz colhe uvas em Madera, Califórnia, EUA, vinha de propriedade da
Igreja, que produz uvas para o Sistema de Bem-Estar da Igreja. Abaixo, à esquerda:
Uma família assiste a uma transmissão via satélite da conferência geral em Coimbra,
Portugal.
Canadá, elevando o número de templos anunciados ou em construção
para 26. Atualmente, há 134 templos
em funcionamento.
O Presidente Monson também
enfatizou a importância do trabalho
missionário, dizendo: “O trabalho
missionário é a seiva vital para o crescimento do reino”. Cerca de 52.000
missionários servem atualmente em
340 missões no mundo.
Na tarde de sábado, dez novas
Autoridades Gerais e 41 Setentas de
Área foram apoiados, e 34 Setentas de
Área foram desobrigados. Além disso,
o Élder Don R. Clarke, do Segundo
Quórum dos Setenta, foi chamado
para servir no Primeiro Quórum dos
Setenta. O Relatório Estatístico de 2010
mostrou que o número de membros da Igreja ultrapassa os quatorze
milhões.
Vários discursos proferidos durante
a conferência de dois dias foram centrados no incomparável Programa de
Bem-Estar da Igreja que celebra seu
75º aniversário em 2011.
No sábado, o Presidente Henry
B. Eyring, Primeiro Conselheiro na
Primeira Presidência, anunciou que,
para celebrar o 75º aniversário do programa, os membros no mundo inteiro
foram convidados a participar de
um dia de prestação de serviço. Esse
dia de serviço deverá realizar-se no
âmbito da ala ou da estaca, em qualquer data durante o ano. Os líderes
locais devem cuidar dos detalhes de
cada projeto, e os membros são incentivados a convidar outras pessoas a
participar, se for adequado.
O Presidente Monson encerrou a
conferência com seu testemunho de
Páscoa a respeito de Cristo: “No último
momento, [ Jesus Cristo] poderia ter
desistido. Mas não o fez. Ele desceu
abaixo de todas as coisas para poder
salvar todas as coisas. Ao fazer isso,
Ele deu-nos vida além desta existência
mortal”. ◼
Maio de 2011
133
Élder José L.
Alonso
Élder Ian S.
Ardern
Dos Setenta
M
esmo antes de filiar-se à Igreja, José Luis Alonso
Trejo tinha um testemunho do poder da oração.
“Quando eu tinha onze anos de idade”, diz ele,
“quase morri. Os médicos desistiram de mim — eu pude
ouvi-los conversando. Por isso, orei muito para o Senhor,
e Ele me curou.
Mais tarde, quando ouvi a história de Joseph Smith e
de um rapaz que, com apenas quatorze anos, havia falado
com Deus, soube que era verdade. Eu sabia que Deus
podia responder a nossas orações, que Ele nos conhece.”
Esse mesmo sentimento de consolo guiou o Élder
Alonso enquanto estudava o Livro de Mórmon. “Graças
à oração e a esse livro, sei com certeza que Jesus é o
Cristo”, afirma.
O Élder Alonso nasceu na Cidade do México, em
novembro de 1958, filho de Luis e Luz Alonso. Na adolescência, mudou-se para a Cidade de Cuautla, México,
onde filiou-se à Igreja. As reuniões de Mutual permitiram
que conhecesse jovens vigorosos que o integraram e lhe
ofereceram um segundo lar. Foi durante o tempo em que
participava das Mutuais que conheceu Rebecca Salazar,
mulher que mais tarde tornou-se sua esposa.
Quando o Élder Alonso fez dezenove anos, serviu
como missionário de tempo integral na Missão México
Hermosillo. Depois da missão, o Élder Alonso e Rebecca
casaram-se, em 24 de fevereiro de 1981, no Templo de
Mesa Arizona. O casal tem dois filhos.
Além de servir como diretor do instituto no Sistema
Educacional da Igreja, o Élder Alonso tem formação em
medicina na área de desenvolvimento pediátrico, e trabalhou como médico homeopata e cirurgião. Sua carreira
mostra um desejo há muito acalentado de servir e abençoar outras pessoas — da mesma forma que o Senhor o
abençoou quando criança, durante sua doença. “Servir aos
outros edifica a união e a irmandade”, declara, “e convida
o poder do Senhor a nossa vida.”
Antes de seu chamado para o Primeiro Quórum dos
Setenta, o Élder Alonso serviu como bispo, presidente
de missão da estaca, presidente de estaca, conselheiro
do presidente da missão, presidente da Missão México
Tijuana e Setenta de Área. ◼
134
A Liahona
Dos Setenta
S
empre que atende a um telefonema ou a alguém que
bate à porta, as primeiras palavras que o Élder Ian
Sidney Ardern pronuncia são, sempre: “Como posso
ajudar?”
Nascido em fevereiro de 1954, na cidade de Te Aroha,
Nova Zelândia, filho de Harry e Gwladys McVicar Wiltshire,
o Élder Ardern relembra que são sempre os atos de serviço
aparentemente pequenos que fazem a maior diferença na
vida tanto de quem os oferece quanto de quem os recebe.
“O serviço não é sempre uma questão de conveniência,
mas sempre abençoa nossa vida”, diz o Élder Ardern.
O Élder e a irmã Ardern conheceram-se quando
frequentavam a Faculdade da Igreja na Nova Zelândia e
casaram-se no Templo de Hamilton Nova Zelândia em
17 de janeiro de 1976. Seus quatro filhos cresceram num
lar onde a amorosa preocupação de uns pelos outros e
a necessidade de compreender e viver os princípios do
evangelho eram prioritários. “É uma bênção ver essas
mesmas prioridades no lar de nossos quatro filhos casados”, diz o Élder Ardern.
O Senhor espera muito de Seus filhos, e oferece-nos
um modo pelo qual essa expectativa possa ser cumprida.
“Sou extremamente grato por todos os que ajudaram
nossa família a seguir o Senhor”, afirma o Élder Ardern.
Seguir os ensinamentos dos profetas no lar tem sido
uma prioridade na família Ardern. O estudo diário das
escrituras tornou-se um hábito porque as crianças mais
novas se empenhavam para que ocorresse, para que
pudessem se revezar colocando o marcador vermelho no
calendário que mostrava que a leitura do dia tinha sido
feita. “Por meio de coisas pequenas e simples é que se
formam bons hábitos”, declara a irmã Ardern.
Antes de seu chamado para o Primeiro Quórum dos
Setenta, o Élder Ardern serviu como missionário na França
e na Bélgica, presidente dos Rapazes na estaca, sumo
conselheiro, conselheiro do bispo, bispo, conselheiro
do presidente da estaca, presidente da Missão Fiji Suva e
Setenta de Área.
O Élder Ardern recebeu o bacharelado e o mestrado
em Educação pela Universidade de Waikato, na Nova
Zelândia. Sua carreira profissional inclui muitos cargos no
Sistema Educacional da Igreja, como professor, diretor,
coordenador do seminário na Nova Zelândia, diretor da
Faculdade da Igreja na Nova Zelândia, e Diretor da Área
Oceania. ◼
Élder Carl B.
Cook
Élder
LeGrand R.
Curtis Jr.
Dos Setenta
Dos Setenta
Q
uando era um jovem missionário na Missão de
Treinamento em Idiomas (antigo nome do Centro
de Treinamento Missionário), em preparação para
ir a Hamburgo, Alemanha, Carl Bert Cook esforçou-se
para aprender a falar alemão. Enquanto tentava assimilar
o vocabulário básico, os membros de seu distrito já se
adiantavam em conceitos mais complexos.
Frustrado por seu pouco progresso, o jovem Élder
Cook buscou o auxílio divino por meio de uma bênção
do sacerdócio e pela oração. Depois de uma oração
especialmente fervorosa, o Élder Cook lembra-se de ter
recebido uma resposta específica: o Senhor não o havia
chamado para ser perito no idioma alemão, mas sim para
servi-Lo de todo coração, mente e força.
“Imediatamente pensei: ‘Isso eu posso fazer’”, diz o
Élder Cook, que foi chamado recentemente como membro do Primeiro Quórum dos Setenta. “‘Posso servir de
todo coração, mente e força’. Levantei-me com uma
grande sensação de alívio. De repente, meu instrumento
de medida mudou de como meu companheiro e os
membros do distrito estavam-se saindo a como o Senhor
achava que eu estava-me saindo.”
Embora o Élder Cook diga que não aprendeu necessariamente o idioma mais rapidamente após essa experiência, não se afligia mais com a preocupação anterior,
pois sabia que estava fazendo o que o Senhor queria que
fizesse. Essa lição, diz ele, foi importante em todos os
meus chamados depois disso, inclusive o de bispo, conselheiro na presidência da estaca, presidente da estaca,
presidente da Missão Nova Zelândia Auckland, Setenta de
Área e em sua designação atual.
O Élder Cook recebeu o grau de bacharel em Marketing Empresarial pela Faculdade Estadual de Weber e o
de mestrado em Administração de Empresas pela Universidade Estadual de Utah. Sua carreira foi dedicada ao
trabalho no desenvolvimento imobiliário.
O Élder Cook nasceu em Ogden, Utah, EUA, em
outubro de 1957, filho de Ramona Cook Barker e Bert E.
Cook, falecido. Casou-se com Lynette Hansen em 14 de
dezembro de 1979, no Templo de Ogden Utah. O casal
tem cinco filhos. ◼
O
Élder LeGrand R. Curtis Jr. sabe que “o Senhor
requer o coração e uma mente solícita” (D&C
64:34).
“Ele adora servir na Igreja, e o faz com dedicação e
muita disposição”, afirma sua esposa, Jane Cowan Curtis,
com quem se casou no Templo de Salt Lake, em 4 de
janeiro de 1974. “O serviço é seu grande anseio e desejo.”
O Élder Curtis nasceu em agosto de 1952, em Ogden,
Utah, EUA, filho de LeGrand R. e Patricia Glade Curtis. Seu
pai, mais tarde, tornou-se membro do Segundo Quórum
dos Setenta (1990–1995).
Antes de seu chamado para o Primeiro Quórum dos
Setenta, o Élder Curtis Jr. serviu na Missão Itália Norte e
também como bispo, sumo conselheiro, presidente de
estaca, presidente da Missão Itália Padova e Setenta de
Área. Ele servia como membro do Quinto Quórum dos
Setenta, na Área Utah Salt Lake City por ocasião do seu
chamado para o Primeiro Quórum.
O Élder Curtis formou-se na Universidade Brigham
Young em Economia e recebeu seu doutorado em Direito
pela Universidade de Michigan. Por ocasião de seu chamado, trabalhava como advogado e sócio de um escritório de advocacia. Além de estudar e de trabalhar, o Élder
Curtis e sua esposa criaram cinco filhos.
Depois de servir como Setenta de Área de 2004 a 2011,
o Élder Curtis disse ter gostado muito da oportunidade
de trabalhar com as Autoridades Gerais. “Fui abençoado
por trabalhar com alguns maravilhosos líderes na Igreja”,
afirma. “Tem sido um grande privilégio observá-los e
aprender com eles.”
A irmã Curtis diz que o Élder Curtis sempre teve mãos
e coração solícitos. “Sua atitude sempre foi: ‘Eu o farei’”,
diz ela.
Doutrina e Convênios 64:34 termina com estas palavras: “Os que são solícitos e obedientes comerão do bem
da terra de Sião nestes últimos dias”. O irmão e a irmã
Curtis dizem que eles, seus filhos e netos foram extraordinariamente abençoados por servirem ao Senhor. ◼
Maio de 2011
135
Élder
W. Christopher
Waddell
Élder Kazuhiko
Yamashita
Dos Setenta
Dos Setenta
U
m princípio orientador não escrito da família do
Élder Wayne Christopher Waddell sempre foi: “Confia no Senhor”.
“Quando você confia no Senhor, não precisa se preocupar com grandes mudanças”, diz o Élder Waddell a respeito das inesperadas reviravoltas da vida. “Sabemos que
Ele é o maior interessado em nosso bem-estar, e seremos
abençoados.”
O Élder Waddell nasceu em junho de 1959 em Manhattan Beach, Califórnia, EUA, e é filho de Wayne e Joann
Waddell. Recebeu o grau de bacharel em História pela
Universidade do Estado de San Diego, onde também
jogava vôlei. Trabalhou em inúmeros cargos em uma
firma global de serviços de investimento.
O Élder Waddell casou-se com Carol Stansel em 7 de
junho de 1984, no Templo de Los Angeles Califórnia. O
casal tem quatro filhos. A união é o padrão supremo na
família Waddell. Eles atribuem essa união ao fato de se
esforçarem para seguir o evangelho do Salvador no lar. As
atividades da família também são importantes: irem juntos
às praias perto de sua casa e assistirem juntos, como família, a eventos esportivos.
Antes de seu chamado para o Primeiro Quórum dos
Setenta, o Élder Waddell serviu como missionário de
tempo integral na Espanha, foi bispo, sumo conselheiro,
conselheiro do presidente da missão, presidente de
estaca, presidente da Missão Espanha Barcelona e Setenta
de Área.
O Élder Waddell diz que uma experiência se fundamenta em outra, e cada uma continua a contribuir para o
“tesouro do testemunho” no qual confia para enfrentar os
desafios da vida.
Quando fala da preparação para seu novo chamado, o
Élder Waddell menciona o templo.
“O que nos preparou para isto? Quando fomos ao
templo pela primeira vez e fizemos convênios, prometemos estar sempre dispostos a fazer o que o Senhor nos
pedisse, mesmo que não nos fosse conveniente”, revela.
“Ir ao templo, servir missão, fazer convênios e depois
reconhecer Sua mão e saber como Ele dirige o trabalho
— é tudo de que precisamos! Não estamos fazendo nada
peculiar; estamos cumprindo os convênios que fizemos,
como qualquer pessoa.” ◼
136
A Liahona
D
esde a época em que era um jovem bispo em
Fukuoka, Japão, há muitos anos, o Élder Kazuhiko
Yamashita aprendeu pelo bom exemplo e pela atitude de seus líderes mais velhos.
Logo depois de o Élder Yamashita casar-se com Tazuko
Tashiro, o casal mudou-se de Tóquio para Fukuoka, onde
o Élder Yamashita foi chamado como bispo, pouco antes
de completar 30 anos de idade.
“Foi muito difícil para mim e para minha família”, diz o
Élder Yamashita. “Tínhamos três filhos pequenos na ocasião, e éramos novos no lugar; mas também foi um bom
aprendizado e uma boa experiência para mim, e meu
testemunho e minha fé se fortaleceram.
É claro que enfrentei dificuldades, pois minha família
era jovem e eu não tinha muita experiência como líder
da Igreja”, lembra o Élder Yamashita. “Meus líderes mais
velhos eram bons exemplos e me ensinaram muitas lições
por meio de sua atitude e de seu comportamento.”
A irmã Yamashita diz ter visto seu marido receber muitos chamados e tornar-se um excelente pai e um grande
líder espiritual por meio dos desafios inerentes a esses
chamados. Com o tempo, ela o viu mudar e tornar-se mais
bondoso, um pai e marido mais amoroso. A família adora
estar junta, inclusive fazer longas viagens de carro todos
os anos.
O Élder Yamashita nasceu em setembro de 1953, filho
de Kiyoshi e Sadae Yamashita. Cresceu em Tóquio, Japão,
onde conheceu a Igreja, em 1971 por meio da Expo 70,
uma Feira Mundial.
O Élder Yamashita recebeu o grau de bacharel em Educação pela Universidade Saitama e o mestrado em Ciência
do Esporte pela Universidade Tsukuba. Ele também estudou Filosofia da Educação Física na Universidade Brigham
Young. O Élder Yamashita foi instrutor e professor em
várias universidades, tendo servido em diversas organizações científicas, comunitárias e esportivas.
O Élder Yamashita e sua esposa casaram-se em 29
de março de 1980 e selaram-se em dezembro de 1980,
depois do término da construção do Templo de Tóquio
Japão. O casal tem seis filhos.
Antes de seu chamado para o Primeiro Quórum dos
Setenta, o Élder Yamashita serviu como bispo, sumo
conselheiro, presidente de missão da estaca, presidente de
estaca e Setenta de Área. ◼
Élder J. Devn
Cornish
Élder Randall K.
Bennett
Dos Setenta
Dos Setenta
F
oi no auge de sua carreira como ortodontista que Randall Kay Bennett e sua esposa, Shelley, sentiram “uma
nítida impressão” de que deveriam preparar-se para
servir missão. Isso significava que precisariam vender sua
casa imediatamente.
A razão desse sentimento não se tornou aparente de
imediato: levou três anos para que a casa fosse vendida,
processo que “consumiu muita paciência” e exigiu que
“mostrassem ao Senhor que estavam realmente comprometidos”, diz o Élder Bennett. “Continuamos a confiar no
Senhor e tentamos permanecer perto Dele por meio da
frequência constante ao templo, estudo diário das escrituras, orações, jejum e serviço ao próximo.”
Pouco depois de a casa ser finalmente vendida, o Élder
Bennett foi chamado para servir no Centro de Treinamento Missionário e, depois, como presidente na Missão
Rússia Samara.
“Foi maravilhoso — e trouxe-nos muita humildade
— saber que o Senhor tinha Se preocupado conosco e
nos estava preparando”, recorda o Élder Bennett. “Passamos a saber que o Senhor conhece os pensamentos que
permeiam nossa mente e os sentimentos que existem em
nosso coração. Aprendemos a confiar no fato de que Ele
nos conhece melhor que nós mesmos, que Ele sabe mais
do que nós, e que Ele nos ama.”
Além de seus chamados como membro do Segundo
Quórum dos Setenta e presidente de missão, o Élder
Bennett serviu como presidente e conselheiro no Ramo
do Centro de Treinamento Missionário de Provo, membro
do sumo conselho na estaca, conselheiro no bispado,
presidente dos Rapazes na ala, como missionário nas Missões França Paris e França Toulouse e em diversos outros
chamados.
O Élder Bennett recebeu o grau de bacharel em Cirurgia Dentária pela Universidade de Alberta (Canadá) e o
grau de mestre em Ortodontia pela Universidade Loma
Linda, na Califórnia do Sul, EUA.
O Élder Bennett nasceu em junho de 1955, em
Magrath, Alberta, Canadá. Seus pais são Donald Kay
Bennett e Anne Darlene Long. Ele se casou com Shelley
Dianne Watchman em 23 de abril de 1977, no Templo de
Cardston Alberta. O casal tem quatro filhos. ◼
O
Élder John Devn Cornish sabe que todo membro
e todo chamado da Igreja é importante.
“Ao considerarmos um chamado na Igreja, é
importante nos lembrarmos de que não importa qual seja
a poltrona que ocupamos no avião; o que importa é que
estejamos no avião”, diz ele. “Fazer parte desta obra tem
importância eterna. A posição que ocupamos é o que
menos importa.”
Desde seu chamado a servir na Missão Guatemala–El
Salvador até seu mais recente cargo no Segundo Quórum dos Setenta, o Élder Cornish esteve empenhado em
cumprir seus chamados na Igreja, inclusive: presidente
dos Rapazes na ala, presidente do quórum de élderes,
secretário executivo na ala, líder do grupo dos sumos
sacerdotes, sumo conselheiro, bispo, presidente de estaca,
presidente da Missão República Dominicana Santiago e
Setenta de Área.
Nascido em abril de 1951, em Salt Lake City, Utah,
EUA, filho de George e Naomi Cornish, o Élder Cornish
cresceu em Utah, Geórgia e Virgínia, EUA. Posteriormente
formou-se em Utah.
Enquanto morava em Provo, conheceu Elaine Simmons
durante uma atividade para os jovens adultos solteiros.
Casaram-se no Templo de Manti Utah, em agosto de 1973.
Durante a criação dos seis filhos, com sua esposa, o
Élder Cornish serviu na Corporação Médica da Força
Aérea dos Estados Unidos, recebeu o grau de bacharel e
licenciatura médica pela Universidade Johns Hopkins e
concluiu a residência em Pediatria na Faculdade de Medicina de Harvard, no Hospital Pediátrico Boston.
Os estudos e o trabalho em Idaho, no Texas, na Califórnia e na Geórgia, EUA, forçaram a família a mudar-se
várias vezes com o passar dos anos; mas, aonde quer que
fossem, afirmam o Élder e a irmã Cornish, amavam servir
na Igreja.
“Esta obra está crescendo no mundo inteiro, e é uma
grande bênção poder servir aos filhos do Senhor onde
quer que se encontrem”, diz o Élder Cornish.
Esse chamado para os Setenta, “como qualquer chamado na Igreja, será mais uma oportunidade de fazer
parte da obra do Senhor”, ele afirma. “Somos gratos por
esse privilégio.” ◼
Maio de 2011
137
Élder Larry Y.
Wilson
Élder O. Vincent
Haleck
Dos Setenta
Dos Setenta
D
esde muito jovem, o Élder Otto Vincent Haleck já
pagava o dízimo, jejuava e estudava as escrituras.
Então, conheceu os missionários e foi batizado.
A mãe do Élder Haleck era membro da Igreja, mas não a
frequentava fazia anos. Seu pai não era membro da Igreja.
Mesmo assim, a família pagava o dízimo, jejuava semanalmente, lia diariamente a Bíblia e doava o que tinha aos
necessitados. O Élder Haleck tem um legado de fé.
Nasceu em janeiro de 1949, na Samoa Americana.
Seus pais, Otto e Dorothy Haleck, enviaram-no para a
faculdade na Califórnia, EUA. Aos dezessete anos, percebeu que alguns amigos na república onde morava eram
diferentes de outros estudantes. “Eles me convidaram
para uma Mutual, e esse foi o começo de minha história”,
relembra.
O Élder Haleck recebeu o grau de bacharel em Propaganda e Marketing pela Universidade Brigham Young. Ele
é dono de inúmeras empresas na Samoa Americana e está
envolvido com o trabalho filantrópico. O Élder Haleck e
sua esposa, Peggy Ann Cameron, casaram-se em 29 de
junho de 1972, no Templo de Provo Utah. O casal tem três
filhos.
Por fim, a família inteira do Élder Haleck encontrou o
evangelho. Ele teve o privilégio de batizar seu pai, com
80 anos de idade, e ver sua mãe retornar à atividade na
Igreja, depois de 50 anos de casada.
Antes de seu chamado para o Segundo Quórum dos
Setenta, o Élder Haleck serviu como missionário de
tempo integral na Missão Samoa Ápia, sumo conselheiro
na estaca, patriarca, presidente de estaca e, mais recentemente, presidente da Missão Samoa Ápia.
O Élder Haleck acredita que todas as experiências de
sua vida o conduziram até onde se encontra hoje. “Ao
olhar para trás, posso dizer que vejo a mão do Senhor em
minha vida”, diz o Élder Haleck. “Sou grato e sinto-me
honrado pela confiança que o Senhor depositou em nós.
Amo o Senhor e espero ser um bom instrumento. Sei que
o Senhor vai-me ajudar.” ◼
138
A Liahona
E
quilibrar as exigências do trabalho, a Igreja e as responsabilidades familiares tem sido um desafio para
o Élder Larry Young Wilson, mas ele se assegurou
de que os membros da família soubessem o quanto são
importantes para ele.
“A experiência mais educativa que tive é ser marido
e pai”, diz o Élder Wilson. “Raramente faltava a uma
apresentação de um filho em atletismo, música ou outro
tipo de evento. À noite, lia para eles histórias e fazíamos
orações juntos, antes de colocá-los na cama para dormir.
É tão importante estar presente!”
O Élder Wilson conhece bem as demandas que repousam sobre quem está na liderança, seja qual for o aspecto
da vida. Ele nasceu em dezembro de 1949, em Salt Lake
City, Utah, EUA, filho de George e Ida Wilson, e cresceu
em Pocatello, Idaho, EUA. Recebeu o grau de bacharel
em Inglês e Literatura Norte-Americana pela Universidade
Harvard, e mais tarde o de mestrado em Administração de
Empresas pela Faculdade Stanford de Pós-Graduação em
Negócios.
O Élder Wilson desenvolveu sua carreira como consultor e executivo na área da saúde. Embora sua carreira
exigisse muito dele, o Élder Wilson assegurou-se de que
isso jamais controlasse sua vida.
“É preciso estabelecer limites em torno de sua vida
profissional”, diz ele. “Do contrário, ela vai engolir todo
o resto. Falando praticamente, as áreas do trabalho, da
Igreja e do tempo com a família precisam se revezar,
cada qual esperando sua vez. Ore para ser orientado,
e você saberá qual delas terá precedência em um dia
determinado.”
O Élder Wilson serviu diligentemente como missionário na Missão Brasil Central, como bispo, presidente de
estaca e Setenta de Área, antes de ser chamado para o
Segundo Quórum dos Setenta.
Quem ajuda o Élder Wilson a encontrar esse importante equilíbrio em todos os serviços é a esposa, Lynda
Mackey Wilson, com quem se casou em 10 de julho de
1974, no Templo de Logan Utah. Eles têm quatro filhos.
“Sempre que estou saindo para uma reunião da Igreja,
ela costuma dizer: ‘Tchau, Benzinho. Vá servir ao Senhor’”,
revela o Élder Wilson. “Ela estava ensinando a nossos
filhos o profundo significado do meu serviço. Não demorou muito para eles também dizerem: ‘Tchau, Paizinho. Vá
servir ao Senhor!’” ◼
Os Presidentes David O. McKay, Heber J. Grant e J. Reuben Clark Jr. (da esquerda
para a direita), da Primeira Presidência, visitam a Praça do Bem-Estar, em 1940.
O 75º Aniversário do Programa
de Bem-Estar
Heather Wrigley
D
Revistas da Igreja
iversos discursos da 181ª Conferência Geral Anual da Igreja
falaram sobre a comemoração
do Programa de Bem-Estar da Igreja,
que acaba de completar 75 anos.
Em seu dia inaugural, em 1936,
o Presidente David O. McKay, então
conselheiro na Primeira Presidência,
reafirmou as raízes divinamente inspiradas do Plano de Bem-Estar: “[O Programa de Bem-Estar] é estabelecido
por revelação divina, e não há nada,
no mundo inteiro, que consiga cuidar
tão eficazmente de seus membros”.1
Setenta e cinco anos se passaram.
Os ciclos econômicos seguiram-se
uns após outros. O mundo presenciou
enormes mudanças sociais e culturais,
e a Igreja apresentou um crescimento
monumental.
Mas as palavras pronunciadas sobre
o plano divinamente inspirado de
Bem-Estar da Igreja naquele dia, em
1936, são tão verdadeiras hoje quanto
no passado.
Princípios de Bem-Estar
Em 1929, os Estados Unidos experimentaram enormes perdas financeiras
quando o mercado de ações quebrou.
Em 1932, o desemprego em Utah atingiu a marca de 35,8 por cento.
Embora a Igreja tivesse princípios
de bem-estar ativos, inclusive um
sistema de armazéns e programas para
ajudar os membros a ter emprego,
muitos tiveram de apelar para a ajuda
do governo.
“Acredito que há uma disposição
crescente entre as pessoas de tentar
obter alguma coisa do governo dos
Estados Unidos com pouca chance de
algum dia pagar pelo empréstimo”,
comentou o Presidente Heber J. Grant
(1856–1945) na época.2
Os líderes da Igreja queriam ajudar
os membros que se empenhavam,
sem promover a ociosidade e o senso
de direito adquirido. A meta era ajudar
as pessoas a ajudar-se a si mesmas a
tornar-se independentes.
Em 1933, a Primeira Presidência
anunciou: “Nossos membros fisicamente capazes não devem, exceto
como último recurso, ser submetidos
à situação vexatória de aceitar alguma
coisa a troco de nada. (…) Os líderes gerais da Igreja que administram
a ajuda precisam descobrir meios e
maneiras pelos quais todos os membros fisicamente capazes da Igreja que
estiverem necessitados, possam compensar a ajuda recebida oferecendo
algum tipo de serviço”.3
Com os princípios em vigor e a
fé ativa que os santos possuíam, as
unidades da Igreja, bem como a Igreja
como um todo, passaram a trabalhar
organizando locais de costura e de
produção de enlatados, coordenando
projetos de serviço, adquirindo fazendas e enfatizando a retidão, a frugalidade e o viver previdente.
O Plano de Bem-Estar da Igreja
Com a organização do Plano de
Seguridade da Igreja (renomeado em
1938 como Plano de Bem-Estar da
Igreja), as pessoas tinham a oportunidade de trabalhar, de acordo com
suas possibilidades, pela ajuda que
recebiam. O plano ensinou as pessoas
a voltarem para si mesmas e “pedirem
ajuda” em vez de ir a outras fontes
para “pedir doação”.
“Nosso objetivo principal foi estabelecer (…) um sistema sob o qual a
praga da indolência fosse eliminada, os
males da esmola fossem abolidos e a
independência, industriosidade, frugalidade e autorrespeito fossem novamente
estabelecidos no meio de nosso povo”,
disse o Presidente Grant durante a conferência geral de outubro de 1936. “O
trabalho deve voltar a ser entronizado
como princípio governante da vida dos
membros de nossa Igreja.” 4
Com o passar do tempo, o sistema
de Bem-Estar da Igreja foi incluindo
Maio de 2011
139
Seja fazendo pão (acima, à esquerda), cultivando uvas (acima, à direita) ou oferecendo ajuda de alguma outra forma, o Programa de Bem-Estar da Igreja visa desenvolver a autossuficiência por meio da fé em Jesus Cristo.
vários programas: Serviços Sociais
(atualmente Serviços Familiares SUD);
Serviços de Caridade SUD; Serviços
Humanitários SUD e Resposta a Situações de Emergência SUD. Esses programas e outros já abençoaram a vida de
centenas de milhares, tanto membros
como não membros da Igreja.
O Programa Internacional
Mesmo depois de a Grande
Depressão terminar, com o advento da
Segunda Grande Guerra, o Presidente
J. Reuben Clark Jr., Segundo Conselheiro na Primeira Presidência, defendeu providencialmente a continuidade
do Programa de Bem-Estar. Em
outubro de 1945, o presidente norteamericano Harry S. Truman telefonou
para o então Presidente da Igreja,
George Albert Smith (1870–1951),
para determinar como e quando os
suprimentos poderiam ser entregues
nas áreas da Europa devastadas pela
guerra. Para espanto do Presidente
Truman, os líderes da Igreja responderam que os alimentos, as roupas
e outros suprimentos já haviam sido
coletados e estavam prontos para
serem embarcados.
Com o passar do tempo, a Igreja
expandiu suas instalações e seus
programas de Bem-Estar para cobrir
mais áreas carentes, inclusive mais
áreas geográficas. Na década de 1970,
a Igreja expandiu seus projetos e
140
A Liahona
suas produções de Bem-Estar para
o México, para a Inglaterra e para as
Ilhas do Pacífico. Na década seguinte,
a Argentina, o Chile, o Paraguai e o
Uruguai tornaram-se os primeiros países fora dos Estados Unidos a receber
os centros de emprego da Igreja.
Com a formação dos Serviços
Humanitários da Igreja em 1985, os trabalhos de Bem-Estar fora dos Estados
Unidos cresceram notavelmente, com
roupas e outros bens classificados para
embarque no mundo inteiro, em resposta à pobreza e a desastres naturais.
Atualmente, o crescimento do
número de membros da Igreja internacionalmente, em especial nas nações
em desenvolvimento, traz novos
desafios que o Programa de Bem-Estar
tem-se adaptado para superar.
Um Plano Inspirado para os Nossos Dias
Os princípios básicos de Bem-Estar
— autossuficiência e industriosidade
— continuam os mesmos hoje, como
eram na época em que o Senhor disse
a Adão: “No suor do teu rosto comerás
o teu pão” (Gênesis 3:19).
Nos últimos dias, o Senhor declarou: “E o armazém deverá ser mantido pelas consagrações da igreja; e
prover-se-á a subsistência das viúvas e
dos órfãos, como também dos pobres”
(D&C 83:6). Ele depois nos lembra:
“Mas é necessário que seja feito a meu
modo” (D&C 104:16).
Os princípios de Bem-Estar vigoram na vida dos membros ao redor do
mundo como um princípio diário em
cada lar.
“A força da Igreja e do real armazém do Senhor está no lar e no coração das pessoas”, disse o Élder Robert
D. Hales, do Quórum dos Doze
Apóstolos.5
À medida que as pessoas desenvolvem a própria autossuficiência por
meio da fé em Jesus Cristo, o objetivo
de longo prazo do programa, como
definido pelo Presidente Clark, continua
a ser cumprido: “é edificar o caráter dos
membros da Igreja, tanto dos que doam
quanto dos que recebem, resgatando
tudo o que há de mais nobre dentro
deles e fazendo aflorar e resplandecer
as riquezas adormecidas do espírito, o
que, afinal, é a missão e o propósito e a
razão de ser desta Igreja”.6 ◼
NOTAS
1. David O. McKay, Henry D. Taylor, The
Church Welfare Plan, não publicado, Salt
Lake City, 1984, pp. 26–27.
2. Heber J. Grant, Conference Report, outubro
de 1933, p. 5.
3. James R. Clark, comp., Mensagens da
Primeira Presidência de A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 6 vols.,
1965–1975, vol. 5, pp. 332–334.
4. Heber J. Grant, Conference Report, outubro
de 1936, p. 3.
5. Robert D. Hales, “Welfare Principles to Guide
Our Lives: An Eternal Plan for the Welfare of
Men’s Souls,” ­Ensign, maio de 1986, p. 28.
6. J. Reuben Clark Jr., numa reunião especial
de presidentes de estaca, 2 de outubro de
1936.
Palavras Inspiradas, Trabalho
Inspirado: O que os Oradores
Disseram sobre o Bem-Estar
D
iversos discursos da 181ª Conferência Geral Anual da Igreja
falaram sobre a comemoração
do Programa de Bem-Estar da Igreja,
que acaba de completar 75 anos.
Seguem-se abaixo alguns trechos
dos discursos que abordaram o programa e os princípios de Bem-Estar
estabelecidos pelo Senhor para ajudar
Seus filhos a ajudar-se a si mesmos.
Presidente Thomas S. Monson
Declaro que o programa de BemEstar da Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias é inspirado
pelo Deus Todo-Poderoso (ver “O
Templo Sagrado — Um Farol para o
Mundo”, p. 90).
Presidente Henry B. Eyring, Primeiro
Conselheiro na Primeira Presidência
Os filhos do Pai Celestial passam
grandes necessidades materiais em
nossa época, como aconteceu e como
acontecerá em todas as épocas. Os
princípios que alicerçam o Programa
de Bem-Estar da Igreja não são apenas
para uma época ou um lugar. São
para todas as épocas e para todos os
lugares. (…)
Ele convidou-nos e ordenou-nos a
participar de Seu trabalho de ajudar os
necessitados. Assumimos o convênio de
fazer isso, nas águas do batismo e nos
templos sagrados de Deus. Renovamos
esse convênio aos domingos, quando
tomamos o sacramento” (ver “Oportunidades de Fazer o Bem”, p. 22).
Bispo H. David Burton, Bispo Presidente
“O plano profético de bem-estar
não é uma mera nota de rodapé na
história da Igreja. Os princípios sobre
os quais ele se baseia definem quem
somos como povo. É a essência de
quem somos como discípulos individuais de nosso Salvador e nosso
exemplo, Jesus Cristo. (…)
Esse trabalho sagrado não apenas
beneficia e abençoa os que sofrem ou
passam necessidades. Como filhos e
filhas de Deus, não podemos herdar
plenamente a vida eterna sem estarmos completamente investidos do
cuidado de outros enquanto estamos aqui na Terra. É na benevolente
prática do sacrifício e da doação
pessoal a outros que aprendemos os
princípios celestiais do sacrifício e da
consagração.
Esse é o trabalho sagrado que o
Salvador espera de Seus discípulos.
É o trabalho que Ele amava quando
esteve neste mundo. É o trabalho
que sabemos que O veríamos fazer
se estivesse entre nós hoje” (ver “O
Trabalho Santificador do Bem-Estar”,
p. 81).
Silvia H. Allred, Primeira Conselheira
na Presidência Geral da Sociedade de
Socorro
“Hoje em dia, os homens e as
mulheres da Igreja participam juntos
no trabalho de auxiliar os necessitados. (…) Quando o amor se torna o
princípio orientador do serviço que
prestamos às pessoas, isso se torna o
evangelho em ação. Esse é o evangelho em sua melhor expressão. É
religião pura” (ver “A Essência do
Discipulado”, p. 84). ◼
O Fundo Perpétuo de Educação
Cumpre Promessas Proféticas
oportunidade semelhante. Ele disse
que a Igreja dependeria de voluntários e dos recursos existentes para ter
sucesso.
Natasia Garrett
Milagres Ocorreram
D
Revistas da Igreja
ez anos atrás, o Presidente
Gordon B. Hinckley (1910–2008)
falou sobre um problema (a
incapacidade de muitos ex-missionários e outros jovens dignos de desenvolverem áreas de escape da pobreza
— e propôs uma solução: o Fundo
Perpétuo de Educação (FPE). Fundo
rotativo que seria criado usando
doações dos membros e amigos da
Igreja, o FPE funcionaria fazendo
empréstimos aos jovens com a expectativa de que eles se preparariam para
empregos de boa remuneração em
sua comunidade e reembolsariam o
empréstimo para que outros tivessem
Quando o Presidente Hinckley
dirigiu-se ao púlpito em 31 de março
de 2001 e descreveu a visão do Fundo
Perpétuo de Educação diante do
sacerdócio da Igreja, ficou evidente a
muitos que o profeta de Deus havia
recebido essa orientação.
O potencial de insucesso parecia
Maio de 2011
141
FOTOGRAFIA: BRIAN WILCOX
O Fundo Perpétuo de Educação, que teve início há dez anos, ajudou mais de 47.000 participantes.
avultar, enquanto os recém-indicados
líderes do FPE apressavam-se em
iniciar o programa de empréstimos
no segundo semestre de 2001, como
havia orientado o Presidente Hinckley.
Além da inspirada descrição do profeta, não havia um plano de negociação nem uma proposta detalhada.
O programa foi organizado usando
o texto do discurso proferido pelo
Presidente Hinckley na conferência
como diretriz. Centenas de inscrições
para empréstimos inundavam a sede
da Igreja enquanto os diretores eram
chamados e a estrutura básica do programa tomava forma.
Mas milagres já haviam começado
a ocorrer. Logo no primeiro ano,
milhões de dólares foram doados
para o programa. Várias pessoas, cuja
experiência tornava-os especialmente
qualificados para trabalhar no FPE
disponibilizaram-se imediatamente
para servir como diretores voluntários. A infraestrutura necessária para
dar suporte ao FPE globalmente
havia sido lançada sob a forma dos
142
A Liahona
programas do instituto do Sistema
Educacional e dos Centros de Recursos de Emprego da Igreja. Tudo o que
era necessário foi conseguido rapidamente, suprindo o programa com o
que o Presidente Hinckley chamou,
em abril de 2002, de solidez para a
empreitada.1
“O convite do Presidente
Hinckley ajuda aqueles que
contribuem com o FPE bem
como aqueles que [o usam
para] melhorar individualmente, para achegar-se
mais ao nosso Salvador.”
–Élder John K. Carmack
Rex Allen, que serve atualmente
como diretor voluntário de treinamento e comunicação no FPE, disse:
“Há muito tempo, Moisés estendeu
seu cajado sobre o Mar Vermelho e as
águas se dividiram. O Presidente Hinckley espelhou essa mesma fé quando
estendeu seu manto profético sobre o
tenebroso mar da pobreza e deu início
ao FPE”.
“É um milagre”, confirmou repetidamente o Presidente Hinckley.
Depois de dez anos, contudo, os
milagres maiores podem estar ainda
começando.
Promessas Cumpridas
Em seu anúncio do FPE e em
discursos mais recentes, o Presidente
Hinckley prometeu que diversas bênçãos adviriam do FPE. Cada uma está
sendo cumprida em ritmo crescente,
à medida que mais participantes
concluem seus estudos com o FPE e
reembolsam o empréstimo.
Oportunidade e Emprego
“[Os participantes] terão condições
de receber uma boa instrução, o que
lhes permitirá erguer-se dos níveis de
pobreza”, disse o Presidente Hinckley.2
Até fevereiro de 2011, quase 90
por cento daqueles que procuraram
trabalho depois de concluir os estudos
conseguiram se empregar. Cerca de
78 por cento dos que estão empregados dizem que seu emprego atual é
melhor do que o que tinham antes de
terminar os estudos. A renda média
depois dos estudos, para os participantes do FPE, é de três a quatro
vezes maior do que o que recebiam
antes de estudar, o que representa
uma grande melhora na sua situação
econômica.
Família e Comunidade
“Eles se casarão e seguirão seu
caminho, detentores de habilidades
que lhes permitirão ganhar bem e
assumir sua posição na sociedade,
onde poderão fazer uma contribuição
significativa”, disse ainda o Presidente
Hinckley.3 Mais de um terço dos atuais
participantes do FPE estão casados.
O Élder John K. Carmack, diretor
executivo do FPE, diz: “Um dos resultados mais atraentes do FPE até agora
é que estamos vendo os jovens receberem mais esperança. E essa esperança dá-lhes incentivo para casar-se e
prosseguir com sua vida”.
Ao fazerem isso, sua família em
crescimento ansiará por um futuro
melhor.
Igreja e Liderança
“Como membros fiéis da Igreja,
pagarão seus dízimos e ofertas, e a
Igreja se tornará muito mais forte
devido à presença deles na área onde
residirem”, prometeu o Presidente
Hinckley.4
Em algumas áreas onde o FPE está
ativo há vários anos, cerca de dez a
quinze por cento dos atuais líderes da
Igreja são participantes do FPE.
“Os participantes incentivam outros
jovens a usar o empréstimo do FPE e
sair definitivamente da pobreza”, disse
Rex Allen. “Depois de dez anos, o que
vemos é o círculo de esperança se
expandir, à medida que os que foram
abençoados compartilham suas bênçãos com outros”.
Efeitos na Vida de Muitos
“[O FPE] irá tornar-se uma bênção
na vida que tocar — para rapazes e
moças, para família e para a Igreja,
que será abençoada com o fortalecimento de sua liderança local”, prometeu o Presidente Hinckley.5
Mais de 47.000 pessoas já participaram do FPE desde o segundo semestre
de 2001. Isso, sem contar os familiares
que recebem apoio e são inspirados
por membros da família que participam do FPE, as alas e ramos que
se beneficiam com os membros que
têm maior capacidade de servir e de
contribuir, e a economia local, que
necessita de trabalhadores capacitados
para crescer.
“Imagine o impacto geral, ao levar
em conta todos os influenciados”,
disse o irmão Allen. “Isso se estende
àqueles que fazem doações para o
FPE — doadores, sua família, sua ala
e seu ramo — todos são abençoados
por suas contribuições.”
“Está ao alcance de quase todos os
santos dos últimos dias a capacidade
de doar algo periodicamente para esse
fundo e para outros empreendimentos
dignos”, disse o Élder Carmack. “O
convite do Presidente Hinckley ajuda
aqueles que contribuem com o FPE
bem como aqueles que [o usam para]
melhorar individualmente, para achegar-se mais ao nosso Salvador.
Crescimento Contínuo
A visão profética do Presidente
Hinckley do Fundo Perpétuo de Educação tem-se concretizado à medida
que a influência desse programa
inspirado continua a espalhar-se no
mundo todo; e continuará a concretizar-se em estatísticas crescentes,
conforme as doações continuem e
os empréstimos sejam reembolsados,
permitindo que uma nova geração de
participantes aperfeiçoe a si mesma e
a sua situação.
Para saber mais sobre o Fundo Perpétuo de Educação, visite o site pef.
LDS.org. ◼
NOTAS
1. Ver Gordon B. Hinckley, “A Igreja Segue
em Frente”, A ­Liahona, julho de 2002, p. 4;
­Ensign, maio de 2002, p. 6.
2. Gordon B. Hinckley, A ­Liahona, julho de
2002, p. 4; ­Ensign, maio de 2002, p. 6.
3. Gordon B. Hinckley, “O Fundo Perpétuo
para Educação”, A ­Liahona, julho de 2001,
p. 60; ­Ensign, maio de 2001, p. 52.
4. Gordon B. Hinckley, “Fundo Perpétuo para
Educação”, A ­Liahona, julho de 2001, p. 60;
­Ensign, maio de 2001, p. 52.
5. Gordon B. Hinckley, A ­Liahona, julho de
2001, p. 60; ­Ensign, maio de 2001, p. 52.
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os milhões de leitores das mensagens da revista, esta é a sua chance. A
revista está procurando por membros
no mundo todo que estejam dispostos
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longo do ano. Se você deseja participar, escreva um e-mail para liahona@
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devem ter acesso à Internet e ser
capazes de comunicar-se em inglês,
português ou espanhol. Seu comentário ajudará a revista a atender melhor
à necessidade dos leitores ao redor do
mundo. ◼
Maio de 2011
143
© IRI
A versão de 400 anos do rei Jaime da Bíblia Sagrada continua a influenciar os
membros da Igreja atualmente.
O Aniversário de 400 Anos da Bíblia É
Mais Bem Celebrado com Mais Estudo,
Sugerem as Palavras dos Apóstolos
N
“
ão é por acaso ou coincidência que temos a Bíblia
hoje”, disse o Élder M.
Russell Ballard, do Quórum dos Doze
Apóstolos.1 Ele explica a existência
da Bíblia pela obediência de pessoas
justas que seguiram a inspiração de
registrar experiências e ensinamentos
sagrados, bem como pela fé e coragem de outros, inclusive tradutores,
que mais tarde sacrificaram muito para
“proteger e preservar” a Bíblia.
O dia 2 de maio de 2011 marca o
400º aniversário da primeira publicação
da Versão do Rei Jaime da Bíblia. Por
todo o mundo, as pessoas já comemoram a publicação da Bíblia com
simpósios, celebrações, espetáculos,
competições de oratória, entre outras
coisas. Os membros do Quórum dos
Doze Apóstolos sugerem outra maneira
de celebrar a ocasião: desenvolver um
amor pela Bíblia ao estudar a vida e
o ministério do Salvador e as palavras
dos antigos profetas e apóstolos.
“Devemos ser imensamente gratos
pela Bíblia Sagrada”, disse o Élder Ballard. “Amo a Bíblia. Amo seus ensinamentos, suas lições e seu espírito. (…)
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A Liahona
Amo a perspectiva e a paz que advêm
da leitura da Bíblia.” 2
O Élder Jeffrey R. Holland, do Quórum dos Doze Apóstolos, concorda.
“Amamos e reverenciamos a Bíblia”,
diz ele. “É sempre identificada em
primeiro lugar em nosso cânon, nossas
‘obras-padrão’. 3 Ele nos lembrou que a
Restauração só ocorreu porque Joseph
Smith estudava a Bíblia e teve fé na
promessa que se acha em Tiago 1:5, de
que Deus responde a nossa oração.
Ao relembrar os eventos que pavimentaram o caminho da Restauração,
o Élder Robert D. Hales, do Quórum
dos Doze Apóstolos, falou com gratidão a todos os que tornaram possível
a tradução e as publicações da Bíblia.
Graças a seu trabalho, a Versão do
Rei Jaime da Bíblia foi disponibilizada
para todos os que quisessem ler — e
porque estava disponível a Joseph
Smith, a verdadeira Igreja foi restaurada sobre a Terra. “É de se admirar
que a versão do rei Jaime seja a Bíblia
inglesa aprovada pela Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias
hoje?” perguntou o Élder Hales.4
“Devemos sempre recordar os
inúmeros mártires que conheciam seu
poder [da Bíblia] e deram a vida para
que pudéssemos encontrar nas palavras ali contidas o caminho da felicidade eterna e a paz do reino de nosso
Pai Celestial”, disse o Élder Ballard.5
O Presidente Boyd K. Packer, Presidente do Quórum dos Doze Apóstolos, contou ter tido a oportunidade de
ver uma Bíblia que estava numa família havia séculos e, na qual, encontrou
uma citação na folha de rosto que
dizia: “A melhor impressão da Bíblia é
a que fica impressa no coração do leitor”.6 Em seguida, leu a seguinte escritura: “Vós sois a nossa carta, escrita em
nossos corações, conhecida e lida por
todos os homens” (II Coríntios 3:2).
Conhecendo e amando a Bíblia e
seus textos escriturísticos, podemos
demonstrar nosso apreço pela Restauração do evangelho e desfrutar de
suas bênçãos.
“Ponderem a grandiosidade da
bênção que recebemos de ter a Bíblia
Sagrada e outras 900 páginas adicionais de escrituras”, disse o Élder D.
Todd Christofferson. “Vamos banquetear-nos continuamente nas palavras
de Cristo, que nos dirão as coisas que
devemos fazer.” 7 ◼
NOTAS
1. M. Russell Ballard, “O Milagre da Bíblia
Sagrada,” A ­Liahona e ­Ensign, maio de
2007, p. 80.
2. M. Russell Ballard, A ­Liahona e ­Ensign,
maio de 2007, p. 80.
3. Jeffrey R. Holland, “Minhas Palavras (…)
Jamais Cessam,” A ­Liahona e ­Ensign, maio
de 2008, p. 91.
4. Robert D. Hales, “A Preparação para a
Restauração e a Segunda Vinda: Minha
Mão Estará sobre Ti,” A ­Liahona e ­Ensign,
novembro de 2005, p. 88.
5. M. Russell Ballard, A ­Liahona e ­Ensign,
maio de 2007, p. 80.
6. Boyd K. Packer, “O Livro de Mórmon:
Outro Testamento de Jesus Cristo”, A
­Liahona, janeiro de 2002, p. 73; ­Ensign,
novembro de 2001, p. 63.
7. D. Todd Christofferson, “A Bênção das
Escrituras,” A ­Liahona e ­Ensign, maio de
2010, p. 32.
Projeto Arquitetônico do Templo de Roma Itália.
“Todo templo é uma casa de Deus, cumprindo as mesmas funções e com as mesmas bênçãos e ordenanças”,
disse o Presidente Thomas S. Monson na sessão da manhã de domingo. O Templo de Roma Itália, em especial,
está sendo construído em um dos lugares mais históricos do mundo, uma cidade onde os antigos
Apóstolos Pedro e Paulo pregaram o evangelho de Cristo e foram martirizados. Dia virá em que os fiéis daquela
Cidade Eterna receberão as ordenanças de natureza eterna em uma casa santificada de Deus.
Q
“
uero compartilhar com vocês
meu amor pelo Salvador e por Seu
grande sacrifício expiatório por nós.
(…) Creio que nenhum de nós pode conceber o pleno significado do que Cristo fez por
nós no Getsêmani, mas agradeço todos os
dias da minha vida por Seu sacrifício expiatório por nós”, disse o Presidente Thomas S.
Monson no encerramento da 181ª Conferência Geral Anual. “Ele desceu abaixo de
todas as coisas para poder salvar todas as
coisas. Ao fazer isso, Ele deu-nos vida além
desta existência mortal. Ele resgatou-nos da
Queda de Adão. Das profundezas de minha
alma, sou grato a Ele. Ele ensinou-nos a
viver. Ele ensinou-nos a morrer. Ele garantiu
nossa salvação.”