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Pecuária
Biológica
Bovinos para a Carne
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO GERAL
CAPÍTULO I
1. COMPETÊNCIAS DE GESTÃO
1.1. Supervisão e controlo da aplicação
dos regulamentos
1.1.a Conversão para uma agricultura biológica
1.1.b Certificação biológica (de acordo
com os padrões da UE e da IFOAM)
1.1.c Formas oficiais na relação
com os organismos de certificação
1.1.d Apoios à agricultura biológica
1.2. Planeamento da produção, monitorização e controlo
1.2.a Selecção de raças de gado
1.2.b Concepção dum programa
de alimentação
1.2.c Planeamento do controlo de saúde
e higiene
CAPÍTULO II
2. COMPETÊNCIAS COMERCIAIS
2.1. Planeamento e gestão de compras
2.1.a Selecção de fornecedores
2.1.b Escolha dos canais de distribuição
2.2. Comercialização de produtos
da quinta
2.2.a Selecção do consumidor
2.2.b Como vender produtos biológicos
CAPÍTULO III
MÓDULO I
ALIMENTAÇÃO DE BOVINOS BIOLÓGICOS
PARA CARNE
1. GESTÃO DO PROGRAMA
DE ALIMENTAÇÃO
1.1. NECESSIDADES NUTRITIVAS
DOS ANIMAIS
1.2. DISTRIBUIÇÃO EM LOTES
1.3. ELABORAÇÃO DE RAÇÕES BIOLÓGICAS
E A SUA ROTULAGEM
2. CULTIVO DE FORRAGEM PARA A ALIMENTAÇÃO DE GADO BIOLÓGICO
2.1. BASES PARA O DESENVOLVIMENTO DA
AGRICULTURA BIOLÓGICA
2.2. CULTURAS FORRAGEIRAS
MÓDULO II
REPRODUÇÃO DO GADO BOVINO
BIOLÓGICO
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1. ACASALAMENTO NATURAL
2. PLANOS DE CRIAÇÃO
3. CUIDADOS DURANTE O NASCIMENTO
MÓDULO III
CUIDADO E MANEIO DO GADO BOVINO
BIOLÓGICO
1. CONTROLO DO PASTOREIO
2. ESTABULAÇÃO
3. BEM-ESTAR ANIMAL
3.1. O que provoca a falta de bem-estar
animal?
3.2. Factores de stress
4.CONDIÇÕES DE TRANSPORTE DO GADO
BOVINO BIOLÓGICO
5. ABATE DO GADO BOVINO
MÓDULO IV
IMPLEMENTAÇÃO DE MEDIDAS SANITÁRIAS
1. PREVENÇÃO DE DOENÇAS
2.TRATAMENTOS ALTERNATIVOS
NA PRODUÇÃO BIOLÓGICA
2.1. Homeopatia
2.2. Fitoterapia
2.3. Aromaterapia
3.OPERAÇÕES DE DESPARASITAÇÃO E VACINAÇÃO DO GADO
MÓDULO V
MANUTENÇÃO DAS INSTALAÇÕES
1. NORMAS SOBRE A DIMENSÃO E DENSIDADE
NAS INSTALAÇÕES
2. CONDIÇÕES DE SEGURANÇA E HABITABILIDADE DAS INSTALAÇÕES
3. CONDIÇÕES SANITÁRIAS E DE HIGIENE
NAS INSTALAÇÕES
3.1. Factores que influenciam o estado
sanitário do gado
3.2. Limpeza das instalações
MÓDULO VI
GESTÃO DE RESÍDUOS
1. ARMAZENAGEM E ELIMINAÇÃO
DE RESÍDUOS
1.1. Estrume
1.2. Tratamento do estrume
2. TRATAMENTO DE RESÍDUOS
2.1. Resíduos inorgânicos
2.2. Compostagem
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CONCLUSÃO
GLOSSÁRIO
INTRODUÇÃO AOS COMPUTADORES
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INTRODUÇÃO GERAL
Este manual é o resultado do trabalho comum de um grupo de
centros de formação de Espanha (Instituto de Formación y Estudios
Sociales-IFES), Áustria (Amadeus Verein), Itália (Biocert), Suécia
(Lantbrukarnas Riksförbund - LRF), Alemanha (BFW - Competenz
Centrum Europa) e Portugal (Escola Superior Agrária de Ponte
de Lima), com a cooperação de uma Organização de Criadores
Espanhóis (Unión de Pequeños Agricultores y Ganaderos – UPA),
de uma Organização de Formação Italiana (Istituto Nazionale di
Istruzione Professionale Agricola-INIPA) e de dois Departamentos da
Universidade Complutense de Madrid (Teoria e História de Educação
e Métodos para Pesquisa e Diagnose em Educação).
O manual é o produto final de um projecto Leonardo da Vinci
(Forecologia-Número de Referência - ES/03/B/F/PP-149080).
“Leonardo da Vinci” é um programa de dotação de fundos
para a União Europeia, apoiando projectos vocacionados para o
desenvolvimento da Formação Profissional na União Europeia.
O principal objectivo deste projecto “Forecologia” foi promover a
formação em agricultura biológica, permitindo que os agricultores e
produtores adaptem as suas produções às condições necessárias para
se tornarem produtores biológicos.
Desta forma, os usuários deste manual serão principalmente
profissionais que já trabalham no sector agrícola e, preferencialmente,
pequenos agricultores. Desta forma, este manual deve ser entendido
numa óptica de re-qualificação ou de formação permanente.
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Este manual é composto por quatro capítulos principais, descritos
sucintamente nesta Introdução:
1 - O primeiro capítulo, relativo a assuntos relacionados com aspectos
de administração, cobre aspectos relacionados com conversão em
agricultura biológica, a certificação segundo a UE e os padrões da
IFOAM, as incumbências dos corpos de certificação e o fornecimento
de instrumentos de apoio às explorações agrícolas em produção
biológica.
Como a produção biológica reveste-se de alguma especificidade no
que diz respeito à planificação da produção, estes capítulos estão
relacionados com a inventariação e caracterização de aspectos
relacionados com o solo e avaliação das exigências das plantas, como
incidências de peste e exigências nutricionais.
2-O segundo capítulo inclui informação sobre selecção de
fornecedores (considerando que todos os produtos fornecidos têm
que ser produzidas cumprindo as exigências de produção biológica) e
a escolha de redes de distribuição.
São também abordados aspectos relativos à comercialização de
produtos biológicos, nomeadamente selecção dos clientes e algumas
sugestões de como vender estes produtos.
3 – No que diz respeito à produção em modo biológico de bovinos de
carne, serão abordados aspectos relacionados com a alimentação, a
reprodução e o maneio dos animais bem como a sua saúde e higiene.
Relativamente às doenças, serão abordadas matérias relacionadas
com a sua prevenção e também com os possíveis tratamentos
alternativos.
Por último, serão analisados aspectos relativos às instalações e ao
tratamento dos resíduos da exploração.
4 – Neste último capítulo será apresentada uma breve introdução aos
computadores e à informática. Pretende-se dotar os formandos de
uma formação básica sobre computadores, sistemas de informação e
tecnologias de comunicação, realçando o seu potencial na produção
em explorações biológicas.
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CAPÍTULO I
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
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CAPÍTULO I
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
1.1 Supervisão e controlo
da aplicação dos regulamentos
Os produtores têm a hipótese de explorar várias oportunidades
económicas, saídas de uma estrutura detalhada levada a cabo pela
Comissão Europeia no sector da agricultura biológica. De facto, esta
estrutura tem como objectivo a integração da protecção ambiental
na agricultura, ao promover e a gerir a qualidade e segurança na
produção alimentar.
De modo particular, o Regulamento 2092/91 prevê em detalhe como
gerir a produção de produtos biológicos nos Estados Membros.
Este Regulamento foi revisto várias vezes. Um texto consolidado
foi reunido pelo Gabinete de Publicações Oficiais das Comunidades
Europeias e foi publicado no seu site oficial 1.
É pertinente sublinhar que as leis relativas aos produtos biológicos
estão assentes num sistema de base voluntária, e o logótipo da
agricultura biológica pode também ser usado em conjunto com
outros logótipos de nível público ou privado, para identificar
produtos biológicos.
Para classificar um produto como biológico, este tem de estar
totalmente de acordo com o previsto no Regulamento supracitado,
que prevê regras mínimas relativas à produção, processamento e
importação de produtos biológicos, incluindo normas de inspecção,
marketing e rotulagem, para toda a Europa. Esta classificação poderá
depois ser utilizada por outros produtores, cujos sistemas e produtos
estejam de acordo com os requerimentos do Regulamento, e portanto
aprovados pela inspecção. O logótipo para os produtos biológicos
foi criado em 2000 a um nível Europeu, e pode ser usado em todo
o Espaço Europeu. Este logótipo só pode ser usado nos produtos
biológicos que atinjam um mínimo de 95% dos ingredientes, e se
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http://europa.eu.int/eur-lex
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
A Comissão Europeia identificou o conceito de rastreabilidade
(possibilidade de seguir as rotas dum produto, desde o inicio até à
venda final e vice versa) como uma das suas principais prioridades.
Desde Janeiro de 2005, o Regulamento nº 178/02, adoptou o sistema
obrigatório de rastreabilidade alimentar. O Regulamento prevê os
princípios gerais e as exigências da lei alimentar, criando a Autoridade
Europeia de Segurança Alimentar e especificando os procedimentos a
tomar relacionados com a segurança alimentar.
A rastreabilidade tornou-se objecto de particular atenção entre os
produtores agro-alimentares, instituições e consumidores, justificada
em larga medida por questões relacionadas com a qualidade e
segurança alimentar (lembremo-nos da crise da BSE) e a “garantia
de proveniência” (contaminação com produtos geneticamente
manipulados - OGM). A possibilidade de tomar medidas rápidas,
efectivas e seguras em resposta a emergências sanitárias através da
cadeia alimentar é de enorme importância (podemos também falar
da “rastreabilidade de responsabilidades”).
A rastreabilidade da cadeia alimentar faz referência a todos
os elementos que possam surgir “desde o campo até à mesa”,
com o objectivo de aprofundar a qualidade dos produtos. Toda
esta informação deve ser gerida através de verdadeiros sistemas
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CAPÍTULO I
tiverem sido processados, embalados e rotulados na UE ou em países
estrangeiros que tenham um sistema de inspecção equivalente.
CAPÍTULO I
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
informativos da cadeia alimentar, com vários pontos de acesso,
nomeadamente para o público em geral, Autoridades Sanitárias,
organismos de certificação, técnicos responsáveis e gestores
de negócio com o objectivo de criar um sistema minucioso e
transparente.
Para atingir este objectivo, os principais documentos a preparar são:
a) O manual técnico disciplinar da rastreabilidade, cujo princípio
é escrever tudo o que todos fazem (… e depois fazer tudo o que está
escrito!), para garantir a rastreabilidade da cadeia.
b) O sistema documental, que é composto por procedimentos
operacionais, instruções e documentos que cada empresa da cadeia
alimentar tem de adoptar para garantir o correcto funcionamento
do sistema.
c) O esboço da Certificação, que destaca as regras através das
quais as agência reguladora e os operadores da cadeia têm de
respeitar entre eles, para garantir a conformidade do produto com as
normas de referência.
d) A tabela de volume, que representa o método onde as várias
fases de produção são delineadas. Também distingue as fases em
que a rastreabilidade pode ser mais facilmente comprometida. É
portanto um documento que descreve a história do lote do produto
(entendido como o lote mais reduzido que é o mais próximo do lote
para venda).
e) O plano de controlo, que é o documento que indica o tipo e
as formalidades das operações a levar a cabo para a verificação das
especificações do produto durante o ciclo de produção (recolha de
amostras, análises químicas, laboratórios, etc.) Estas verificações
são normalmente conduzidas pela empresa principal da cadeia
de produção e por uma terceira empresa, no caso de certificação.
Naturalmente para a cadeia do produto biológico, a actividade
levada a cabo por Agências de controlo e certificação, autorizadas
pelas autoridades nacionais, em conformidade com o disposto
no Regulamento (CEE) nº 2092/91, é essencial. Estes organismos
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COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
Os agricultores, com o intuito de produzir de acordo com os métodos
biológicos, têm de planear cuidadosamente a reconversão da
produção das suas culturas, do ponto de vista técnico e burocrático,
respeitando as normas estabelecidas, permitindo o controlo da
cultura por empresas qualificadas (competência da Autoridade
Nacional), e contactando associações privadas do sector ou centros
de assistência públicos.
1.1.a Conversão para uma agricultura biológica
De um ponto de vista técnico, a conversão é o período em que a
agricultura dirigida segundo métodos convencionais, inicia uma
correcta e eficaz aplicação dos métodos da agricultura biológica.
Deste modo, podemos defini-la simultaneamente como uma
“conversão burocrática”, que não permite que os produtos sejam
vendidos como produzidos em Modo Biológico, e como uma
“conversão agrária”, que visa optimizar os métodos de produção do
ponto de vista técnico.
A Comunidade Europeia estabelece que qualquer exploração agrícola
interessada em adoptar os métodos biológicos, deve passar por uma
fase de conversão de dois anos no caso de colheitas herbáceas, e de
três anos para colheitas perenes. Os inspectores podem prolongar ou
reduzir este período, baseando-se na história da cultura através de
documentação.
Todos os planos de agricultura têm de ser aprovados previamente
pelos inspectores, começando pelo plano de conversão.
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CAPÍTULO I
funcionam com base em manuais operacionais especializados,
profundamente planeados, de forma a garantir o controlo de toda a
cadeia do produto em todas as suas fases.
CAPÍTULO I
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
1.1.b Certificação biológica
(de acordo com os padrões da UE e da IFOAM)
As normas da UE prevêem que cada Estado Membro tenha o seu
próprio sistema de inspecção e certificação, operando através de
autoridades de inspecção e supervisionamento dos organismos
inspectores (Tabela 1), que têm de respeitar as normas internacionais
de qualidade EN 45011 ou ISO 65.
Tabela 1: Lista de Entidades Acreditadas nos países envolvidos no projecto acreditados.
LISTA DE MEMBROS OU AUTORIDADES PÚBLICAS ENCARREGUES
DA INSPECÇÃO, DE ACORDO COM O ARTIGO 15 DO REGULAMENTO
2092/91 (ECC)
(Extracto de informação No. 2005/C16/01 do Jornal Oficial da União Europeia 20.01.2005)
ESPANHA
- Asociacion Comite Andaluz de Agricultura Ecologica (C.A.A.E.)
Cortijo de Cuarto, s/n - Apartado de correos 11107 - E-41080
BELLAVISTA (Sevilla) - Tel.: +34 954 689 390 - Fax: +34 954 680 435
E-mail: [email protected] - Internet: http://www.caae.es
- SOHISCERT SA (Organismo privado autorizado)
C/ Alcalde Fernandez Heredia, no 20 - E-41710 Utrera (Sevilla)
Tel.: +34 955 86 80 51, +34 902 195 463 - Fax: +34 955 86 81 37
E-mail: [email protected] - Internet: http://www.sohiscert.com
- Comite de Agricultura Ecologica de la Comunidad de Madrid
C/ Bravo Murillo, 101 - E-28020 Madrid - Tel.: +34 91 535 30 99
Fax: +34 91 553 85 74 - E-mail: [email protected] - http://www.caem.es
- Consejo Regulador de la Agricultura Ecologica de Canarias
C/Valentin Sanz, 4, 3o - E-38003 Santa Cruz de Tenerife
Tel.: +34 922 47 59 81/47 59 82/47 59 83 - Fax: +34 922 47 59 80
- Entidad certificadora de alimentos de Espana
C/ Estudio no 33 - E-28023 Aravaca (Madrid) - Tel.: +34 91 357 12 00
Fax: +34 91 307 15 44 - E-mail: [email protected]
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COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
CAPÍTULO I
- AGROCOLOR, S.L.
Ctra. De Ronda, no 11 - E-04004 ALMERIA - Tel.: +34 950 280 380
Fax: +34 950 281 331 - E-mail: [email protected]
Internet: http://www.agrocolor.com
- Comite de Agricultura Ecologica de la Comunidad Valenciana
Cami de la Marjal, s/n Edificio C.I.D.E. - E-46470 Albal (Valencia)
Tel.: +34 961 22 05 60 - Fax: +34 961 22 05 61
E-mail: [email protected] - Internet: http://www.cae-cv.com
- Consejo Catalan de la Produccion Agraria Ecologica
C/ Sabino de Arana, 22-24 - E-08028 Barcelona - Tel.: +34 93 409 11 22
Fax: +34 93 409 11 23 - E-mail: [email protected]
- Consejo Balear de la Produccion Agraria Ecologica
C/ Celleters, 25 (Edif. Centro BIT) - E-07300 INCA (Mallorca)
Tel./Fax: +34 971 88 70 14 - E-mail: [email protected]
Internet: http://www.cbpae.org
- Consejo de Agricultura Ecologica de Castilla y Leon
C/Pio del Rio Hortega, 1 - 5 A - E-47014 Valladolid - Tel.: +34 983/343855
Tel./Fax: +34 983/34 26 40 - E-mail: [email protected]
- Consejo de la Produccion Agraria Ecologica de Navarra
Avda - San Jorge, 81 Entreplanta - E-31012 Pamplona - Iruna
Tel.: +34 948-17 83 32 - Fax: +34 948-25 15 33
E-mail: [email protected] - Internet: http://www.cpaen.org
- Comite Aragones de Agricultura Ecologica
Edificio Centrorigen - Ctra. Cogullada, 65 - Mercazaragoza - E-50014
Zaragoza - Tel.: +34 976 47 57 78 - Fax: +34 976 47 58 17
E-mail: [email protected] - Internet: http://www.caaearagon.com
- Entitad certificadora de alimentos de Espana SA (ECAL, SA)
C/Miguel Yuste, 16-5a planta - 28037 MADRID
Tel.: +34 913 046 051 - Fax: +34 93 13 275 028
E-mail: [email protected]
E-mail: [email protected]
- Consejo de Agricultura Ecologica de la Region de Murcia
Avda del Rio Segura, 7 - E-30002 Murcia - Tel.: +34 968 355488
Fax: +34 968 223307 - E-mail: [email protected]
Internet: http://www.caermurcia.org
- Consejo de la Produccion Agraria Ecologica del Principado de Asturias
Avda. Prudencio Gonzalez, 81 - E-33424 Posada de Llanera (Asturias)
Tel./Fax: +34 985 77 35 58 - E-mail: [email protected]
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CAPÍTULO I
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
- Direccion de Politica e Industria Agroalimentaria Departamento
de Agricultura y Pesca
C/Donosti - San Sebastian, 1 - E-01010 Vitoria - Gasteiz
Tel.: +34 945 01 97 06 - Fax:+34 945 01 97 01 - E-mail: [email protected]
- Consejo Regulador Agroalimentario Ecologico de Extremadura
C/ Padre Tomas, 4, 1a - E-06011 Badajoz - Tel.: +34 924 01 08 60
Fax: +34 924 01 08 47 - E-mail: [email protected]
- Comite Extremeno de la Produccion Agraria Ecologica
Avda. Portugal, s/n - E-06800 Merida (Badajoz) - Tel.: +34 924 00 22 74
Fax: +34 924 00 21 26 - E-mail: [email protected]
http://aym.juntaex.es/organizacion/explotaciones/cepae/
- Consejo Regulador de la Agricultura Ecologica de Galicia
Apdo de correos 55 - E-27400 Monforte de Lemos (Lugo)
Tel.: +34 982 405300 - Fax: +34 982 416530
E-mail: [email protected] - Internet: http://www.craega.es
- Instituto de Calidad de La Rioja Consejeria de Agricultura
y Desarrollo Economico
Avda de la Paz, 8-10 - E-26071 Logrono (La Rioja) - Tel.: +34 941 29 16 00
Fax: +34 941 29 16 02 - E-mail: [email protected]
Internet: http://www.larioja.org/agricultura
- Consejo Regulador de la Agricultura Ecologica de Cantabria
C/Heroes Dos de Mayo, s/n - E-39600 Muriedas-Camargo (Cantabria)
Tel./Fax: +34 942 26 23 76 - E-mail: [email protected]
- SOHISCERT, SA (Organismo privado autorizado)
C/ Alcalde Fernandez Heredia, 20 - E-41710 Utrera (Sevilla)
Tel.: +34 95 586 80 51 - Fax: +34 95 586 81 37
E-mail: [email protected] - Internet: http://www.sohiscert.com
- BCS Oko - Garantie GmbH - BCS Espana
C/Sant Andreu, 57 - 08490-TORDERA (Barcelona) - Tel.: +34 93 765 03 80
Fax: +34 93 764 17 84 - E-mail: [email protected]
- SOHISCERT, SA (Organismo privado aut.)
C/ Alcalde Fernandez Heredia, 20 - E-41710 Utrera (Sevilla)
Tel.: +34 95 586 80 51, +34 902 195 463 - Fax: + 34 95 586 81 37
E-mail: [email protected] - Internet: http://www.sohiscert.com
Delegacion en Toledo:
C/ Italia, 113 - 45005 Toledo - Tel.: 925 28 04 68 - Fax: 925 28 02 02
E-mail: [email protected]
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COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
CAPÍTULO I
- ECAL PLUS, SA
C/ des Estudio, 33 - 28023 MADRID - Tel.: +34 917 402 660
Fax: +34 917 402 661 - E-mail: [email protected]
Internet: http://www.ecalplus.com
Delegacion en Toledo:
C/ Italia, 113 - 45005 Toledo - Tel.: 925 28 04 68 - Fax: 925 28 02 02
E-mail: [email protected]
- Servicios de Inspeccion y certificacion S.L.
C/ Ciudad, 13-1o - E-41710 Utrera (Sevilla) - Tel.: +34 95 586 80 51
Fax: +34 95 586 81 37 - E-mail: [email protected]
Internet: http://www.sohiscert.com
ITALIA
- ICEA - Istituto per la Certificazione Etica e Ambientale
Strada Maggiore, 29 - I-40125 Bologna - Tel.: +39 051/272986
Fax: +39 051/232011 - E-mail: [email protected] - Internet: www.icea.info
- Suolo & Salute srl
Via Paolo Borsellino, 12/B - I-61032 Fano (PU)
Tel./Fax: +39 0721/830373 - E-mail: [email protected]
Internet: www.suoloesalute.it
- IMC srl Istituto Mediterraneo di Certificazione
Via Carlo Pisacane, 32 - I-60019 Senigallia (AN)
Tel.: +39 0717928725/7930179 - Fax: +39 071/7910043
E-mail: [email protected] - Internet: www.imcert.it
- Bioagricert srl
Via dei Macabraccia, 8 - I-40033 Casalecchio Di Reno (BO)
Tel.: +39 051562158 - Fax: +39 051564294 - E-mail: [email protected]
Internet: www.bioagricert.org
- Q.C. & I. . Gesellschaft fur kontrolle und zertifizierung von
Qualitatssicherungssystemen GmbH
Mechtildisstrasse 9 - D-50678-KOLN - Tel.: +49(0) 221 943 92-09
Fax: +49(0) 221 943 92-11 - E-mail: [email protected]
Internet: www.qci.de
- BIKO TIROL - Verband Kontrollservice Tirol
Brixnerstrasse 1 - A-6020 INNSBRUCK - Tel.: +43 512/5929337
Fax: +43 512/5929212 - E-mail: [email protected]
Internet: www.kontrollservice-tirol.at
- Consorzio Controllo Prodotti Biologici - CCPB
via Jacopo Barozzi 8 - I-40126 Bologna - Tel.: +39 051/254688-6089811
Fax: +39 051/254842 - E-mail: [email protected]
Internet: www.ccpb.it
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CAPÍTULO I
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
- CODEX srl
Via Duca degli Abruzzi, 41 - I-95048 Scordia (Ct)
Tel.: +39 095-650634/716 - Fax: +39 095-650356
E-mail: [email protected] - Internet: www.codexsrl.it
- Q.C. & I. International Services sas
Villa Parigini - Localita Basciano - I-55035 Monteriggioni (Si)
Tel.:+39 (0)577/327234 - Fax: +39 (0)577/329907 - E-mail: [email protected]
Internet: www.qci.it
- Ecocert Italia srl
Corso delle Province 60 - I-95127 Catania - Tel.: +39 095/442746 - 433071
Fax: +39 095/505094 - E-mail: [email protected]
Internet: www.ecocertitalia.it
- BIOS srl
Via Monte Grappa 37/C - I-36063 Marostica (Vi) - Tel.: +39 0424/471125
Fax: +39 0424/476947 - E-mail: [email protected]
Internet: www.certbios.it
- Eco System International Certificazioni srl
Via Monte San Michele 49
I-73100 Lecce - Tel.: +39 0832318433 - Fax: +39 0832-311589
E-mail: [email protected] - Internet: www.ecosystem-srl.com
- BIOZOO srl
Via Chironi 9 - 07100 SASSARI - Tel.: +39 079-276537
Fax: +39 1782247626 - E-mail: [email protected]
Internet: www.biozoo.org
- Eco System International Certificazioni srl
Via Monte San Michele 49 - I-73100 Lecce - Tel.: +39 0832318433
Fax: +39 0832-311589 - E-mail: [email protected]
Internet: www.ecosystem-srl.com
- BIOZOO srl
Via Chironi 9 - 07100 SASSARI - Tel.: +39 079-276537
Fax: +39 1782247626 - E-mail: [email protected]
Internet: www.biozoo.org
- ABC Fratelli Bartolomeo
via Cirillo n.21 - I-70020 Toritto (BA) - Tel./Fax: +39 0803839578
E-mail: [email protected]
- ANCCP S.r.l
via Rombon 11 - I-20134 MILANO - Tel.: +39 022104071
Fax: +39 02 210407218 - E-mail: [email protected] - Internet: www.anccp.it
16
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
CAPÍTULO I
- Sidel S.p.a.
via Larga n.34/2 - I-40138 BOLOGNA - Tel.: +39 022104071
Fax: +39 051 6012227 - http://www.sidelitalia.it
- ICS - Control System Insurance srl
Viale Ombrone, 5 - I-58100 Grosseto - Tel.: +39 0564417987
Fax: +39 0564410465 - E-mail: [email protected]
Internet: www.bioics.com
- Certiquality - Istituto di certificazione della qualità
Via Gaetano Giardino 4 (P.za Diaz) - I-20123 Milano
Tel.: +39 02806917.1 - Fax: +39 0286465295
E-mail: [email protected] - Internet: www.certiquality.it
- ABCERT - AliconBioCert GmbH
Martinstrasse 42-44 - D-73728 Esslingen - Tel.: +49 (0) 711/351792-0
Fax: +49 (0) 711/351792-200 - E-mail: [email protected]
Internet: www.abcert.de
- INAC - International Nutrition and Agriculture Certification
In der Kammerliethe 1 - D-37213 Witzenhausen
Tel.: +49 (0) 5542/91 14 00 - Fax: +49 (0) 5542/91 14 01
E-mail: [email protected]
Internet: www.inac-certification.com
- IMO - Institut fur Marktokologie
Obere Laube 51/53 - D-78409 Konstanz - Tel.: +49 (0) 7531/81301-0
Fax: +49 (0) 7531/81301-29 - E-mail: [email protected]
Internet: www.imo-control.net
ALEMANHA
- BCS Oko-Garantie GmbH Control System Peter Grosch
Cimbernstr. 21 - D-90402 Nurnberg - Tel.: +49 (0)911/424390
Fax: +49 (0)911/492239 - E-mail: [email protected] - http://bcs-oeko.de
- Lacon GmbH (Privatinstitut fur Qualitatssicherung und Zertifizierung
okologisch erzeugter Lebensmittel)
Weingartenstrase 15 - D-77654 Offenburg - Tel.: +49 (0)781/55802
Fax: +49 (0)781/55812 - E-mail: [email protected]
http://lacon-institut.com
- IMO Institut fur Marktokologie GmbH
Obere Laube 51/53 - D-78462 Konstanz - Tel.: +49 (0)7531/915273
Fax: +49 (0)7531/915274 - E-mail: [email protected] - http://www.imo.ch
- ABCert GmbH
Martinstrase 42-44 - D-73728 Esslingen - Tel.: +49 (0)711/3517920
Fax: +49 (0)711/35179220 - E-mail: [email protected] - www.abcert.de
17
CAPÍTULO I
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
- Prufverein Verarbeitung Okologische Landbauprodukte e.V.
Vorholzstr. 36 - D- 76137 Karlsruhe - Tel.: +49(0)721/3523920
Fax: +49(0)721/3523909 - E-mail: [email protected]
http://www. pruefverein.de
- Certification Services International CSI GmbH
Flughafendamm 9a - D-28199 Bremen - Tel.: +49 (0)421/5977322/594770
Fax: +49 (0)421/594771 - E-Mail: [email protected]
http://www. csicert.com
- Kontrollstelle fur okologischen Landbau GmbH
Dorfstrasse 11 - D-07646 Tissa - Tel.: +49 (0)36428/62743
Fax: +49 (0)36428/62743 - E-Mail: [email protected]
- Fachverein fur Oko-Kontrolle e.V.
Karl-Liebknecht Str 26 - D-19395 Karow - Tel.: +49 (0)38738/70755
Fax: +49 (0)38738/70756 - E-Mail: [email protected]
http://www.fachverein.de
- ÖKOP Zertifizierungs GmbH
Schlesische Strase 17 d - D-94315 Straubing - Tel.: +49 (0)9421/703075
Fax: +49 (0)09421/703075 - E-Mail: [email protected]
http://www.oekop.de
- GfRS Gesellschaft fur Ressourcenschutz mbH
Prinzenstrasse 4 - 37073 Gottingen - Tel.: +49 (0)551/58657
Fax: +49 (0)551/58774 - E-mail: [email protected]
Internet: www.gfrs.de
- EG-Kontrollstelle Kiel - Kiel Landwirschaftskammer
Schleswig-Holstein
Holstenstrasse 106-108 - D-24103 Kiel - Tel.: +49 (0)431/9797315
Fax: +49 (0)431/9797130 - E-mail: [email protected]
http://www.lwk-sh.de
- AGRECO R.F. GODERZ GmbH
Mundener Strasse 19 - D-37218 Witzenhausen - Tel.: +49 (0)5542/4044
Fax: +49 (0)5542/6540 - E-mail: [email protected]
- QC&I Gesellschaft fur Kontrolle und Zertifizierung von Qualitatssicher
ungssystemen mbH
Mechtildisstr. 9 - D-50678 Koln - Tel.:+49 (0)221/9439209
or 0221/9439210 - Fax: +49 (0)221/9439211 - E-mail: [email protected]
http://www.qci.de
- Grunstempel e.V. EU Kontrollstelle fur okologische Erzeugung und
Verarbeitung landwirtschaftlicher Produkte
Windmuhlenbreite 25d - D-39164 Wanzleben - Tel.: +49 (0)39209/46696
Fax: +49 (0)39209/46696 - E-Mail: [email protected]
18
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
CAPÍTULO I
- Kontrollverein okologischer Landbau e.V.
Vorholzstr. 36 - D-76137 Karlsruhe - Tel.: +49 (0)7231/105940
Fax: +49 (0)7231/353078 - E-Mail: [email protected]
http://www.kontrollverein.de
- INAC GmbH International Nutrition and Agriculture Certification
In der Kammersliethe 1
D-37213 Witzenhausen - Tel.: +49 (0)5542/911400
Fax: +49 (0)5542/911401 - E-Mail: [email protected]
http://www.inac-certification.com
- Agro-Oko-Consult Berlin GmbH
Rhinstrasse 137 - D-10315 Berlin - Tel.: +49 (0)30/54782352
Fax: +49 (0)30/54782354 - E-Mail: [email protected] - http://www.aoec.de
- Ars Probata GmbH
Gustav-Adolf-Str. 143 - D-13086 Berlin - Tel.: +49 (0)30/4716092
Fax: +49 (0)30/4717921 - E-Mail: [email protected]
http://www.ars-probata.de
- QAL Gesellschaft fur Qualitatssicherung in der Agrar- und
Lebensmittelwirtschaft mbH
Am Branden 6b - D-85256 Vierkirchen - Tel.: +49 (0)8139/9368-30
Fax: +49 (0)8139/9368-57 - E-Mail: [email protected]
http://www.qal-gmbh.de
- LAB Landwirtschaftliche Beratung der Agrarverbande Brandenburg
Siedler-Str. 3a - D-03058 Gros-Gaglow - Tel./Fax: +49 (0)355/541466/
541465 - E-Mail: [email protected]
- TUV Management Service GmbH
Ridlerstrase 57 - D-80339 Munchen - Tel.: +49 (0)89/51901909
Fax: +49 (0)89/51901915 - E-Mail: [email protected]
http://www.tuevsued.de/management_services
- RWTUV Systems GmbH Okokontrollstelle
Langemarckstrase 20 - D-45141 Essen - Tel.: +49 (0)201/8253404
Fax: +49 (0)201/8253290 - E-Mail: [email protected]
http://www.rwtuev.de
AUSTRIA
- Gesellschaft zur Kontrolle der Echtheit biologischer Produkte G.m.b.H
Austria Bio Garantie, ABG
Königsbrunnerstraße 8 - A-2202 Enzersfeld - Tel. +43 22 62 67 22 12
Fax +43 22 62 67 41 43 - E-mail: [email protected] - Internet: www.abg.at
- BIOS - Biokontrollservice Osterreich
Feyregg 39 - A-4552 Wartberg - Tel.: +43 7587 7178
Fax:+43 7587 7178-11 - E-mail: [email protected]
Internet: www.bios-kontrolle.at
19
CAPÍTULO I
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
- Salzburger Landwirtschaftliche - Kontrolle GmbH (SLK)
Maria-Cebotari-Strasse 3 - A- 5020 Salzburg - Tel.: +43 662 649 483
Fax: +43 662 649 483 19 - http://www.slk.at
- BIKO, Verband KontrollserviceTirol
Brixnerstasse 1 - A-6020 Innsbruck - Tel.: +43 512 5929-337
Fax: +43 512 5929-212
- LACON - Privatinstitut fur Qualitatssicherung und Zertifizierung
okologisch erzeugter Lebensmittel GmbH
Arnreit 13 - A - 4122 Arnreit - Tel.: +43 72 82 77 11
Fax: +43 72 82 77 11-4 - http://www.lacon-institut.com
- GfRS Gesellschaft fur Ressourcenschutz mbH
Prinzenstrase 4 - D-37073 Gottingen - Tel.: +49 551 58657
Fax: +49 551 58774 - http://www.gfrs.de
- LVA - Lebensmittelversuchsanstalt
Blaasstrasse 29 - A-1190 Wien - Tel.: +43 1 368 85 55-0
Fax: +43 1 368 85 55-20 - http://www.lva.co.at
- SGS Austria Controll - Co. GmbH
Johannesgasse 14 - A-1015 Wien - Tel.: +43 1 512 25 67-0
Fax: +43 1 512 25 67-9
PORTUGAL
- SOCERT-PORTUGAL - Certificacao Ecologica, Lda
Rua Alexandre Herculano, 68 - 1 Esq - E-2520 Peniche
Tel.: +351 262 785117 - Fax: +351 262 787171
E-mail: [email protected]
- SATIVA, DESENVOLVIMENTO RURAL, Lda
Av. Visconde Valmor, 11 - 3o - 1000-289 LISBOA - Tel.: +351 21 799 11 00
Fax: +351 21 799 11 19 - E-mail: [email protected]
- Certiplanet, Certificacao da Agricultura, Floresta e Pescas,
Unipessoal, Lda.
Av. do Porto de Pescas, Lote C . 15, 1o C - 2520 . 208 Peniche
Tel.: 262 789 005 - Fax: 262 789 005
E-mail: [email protected]
SUÉCIA
20
- KRAV
Box 1940 - S-751 49 Uppsala - Tel.: +46 18 10 02 90 - Fax: +46 18 10 03 66
E-mail: [email protected] - http://www.krav.se
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
21
CAPÍTULO I
Qualquer operador que produza, prepare ou importe bens
produzidos de acordo com o Modo de Produção Biológico, tem de
comunicar a sua actividade às autoridades competentes do Estado
membro em que a actividade tome lugar.
A inspecção requer que o produtor trace uma descrição completa
da sua unidade de produção, identificando as instalações de
armazenamento, áreas de colheita e de embalagem. Quando este
relatório estiver delineado, o produtor tem de notificar a Inspecção
do seu planeamento de produção anual.
O sistema de certificação consiste em auditar e aprovar a gestão do
processo produtivo implementado pelo operador que pretende obter
produtos biológicos, acompanhado por uma constante monitorização
da conformidade do processo e pela análise de amostras colhidas no
local de produção/transformação ou mercado.
O objectivo desta estrutura de certificação, através duma avaliação
inicial e subsequente monitorização é garantir aos consumidores
uma garantia independente e fidedigna, certificando os produtos
de acordo com os requisitos da actual legislação relativamente a
produtos de agricultura biológica.
A actividade dos organismos de certificação é financiada por quotas
pagas pelos operadores. Estas quotas são proporcionais ao tamanho
e tipologia do negócio e garantem a cobertura dos custos decorrentes
das actividades de controlo e certificação.
Há que notar que a palavra “biológico” não tem o mesmo significado
em todo o mundo, porque a nível internacional a produção de
produtos biológicos e as regras de transformação não estão
harmonizadas.
A Federação Internacional dos Movimentos de Agricultura
Biológica (IFOAM), nos seus conceitos base, define a forma como
os produtos biológicos devem cultivados, produzidos, processados
e manuseados. Eles são apresentados como princípios gerais
(Tabela nº 2), recomendações, e são o reflexo do estado actual
da produção biológica e métodos de transformação, fornecendo
CAPÍTULO I
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
um enquadramento legal para os organismos de certificação e de
regulação mundial. A principal preocupação é evitar que sejam
usados parâmetros nacionais como barreiras ao comércio 2.
A IFOAM apoia os critérios do desenvolvimento regional, desde que
consistentes com os objectivos básicos dos Princípios da IFOAM. Os
standards internacionais e regionais podem ser harmonizados através
deste processo de aprovação.
A harmonização dos procedimentos relativos à produção agrária
também foi permitida pela Organizações das Nações Unidas FAO e
WHO (Organização Mundial de Saúde). As linhas mestras da FAO e
da WHO constituem importantes linhas de orientação, úteis para o
estabelecimento de normas para promotores públicos e privados,
interessados em desenvolver regulamentos nesta área. Em particular,
a Comissão do Codex Alimentarius, uma organização conjunta dos
Programas de Normas Alimentares da FAO/WHO, que surgiu em 1991
(com a participação de organizações observadoras como a IFOAM
e as Instituições da UE) com o objectivo de elaborar normas para a
produção, transformação, etiquetagem e marketing de alimentos
produzidos em Modo de Produção Biológico. Os requisitos destas
normas do Codex estão em conformidade com os princípios da
IFOAM e com o Regulamento para os alimentos biológicos da UE. Os
princípios do comércio de alimentos biológicos valorizam as normas
e regras em vigor nos vários países, sendo que as regras da UE são
predominantes. Estes princípios definem a natureza da produção
de alimentos biológicos e pretendem impedir a comunicação de
informações que poderiam enganar os consumidores acerca da
2
22
As normas da IFOAM estão disponíveis no site: www.ifoam.org
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
3
Mais informação acerca do Codex Alimentarius está disponível na sua página:
www.codexalimentarius.net.
Existe também uma página especial sobre agricultura biológica no site da FAO:
www.fao.org/organicag.
23
CAPÍTULO I
qualidade do produto ou da forma como foi produzido. Este Codex
Alimentarius constitui uma base importante para a harmonização
das leis internacionais, fortalecendo a confiança do consumidor
e constituindo um elemento fundamental para um julgamento
equivalente sob as regras da Organização Mundial de Comércio.
Os princípios do Codex para alimentos produzidos em Modo de
Produção Biológico serão regularmente revistos, pelo menos todos os
quatro anos, baseando-se nos procedimentos previstos no Codex 3.
É importante sublinhar que, tanto as normas como os logótipos
nacionais para os produtos biológicos, foram aceites por vários
países da EU. Nalguns países europeus, associações de agricultores
formularam as suas regras internas e delinearam esquemas muito
antes dos regulamentos nacionais e europeus terem surgido.
As marcas e rótulos de qualidade referidos (por exemplo no Reino
Unido, Itália, Dinamarca, Áustria, Hungria, Suécia e Suiça) são
normalmente alvo da confiança dos consumidores.
Para obter logótipos “privados” para os produtos biológicos, é
necessário que todos os operadores estrangeiros (produtores,
processadores e comerciantes), não só preencham os estatutos
estabelecidos pelos Regulamentos da UE ou outros regulamentos
nacionais, mas também cumpram com os respectivos parâmetros
privados de etiquetagem. A utilização destes logótipos “privados”
necessita de uma verificação adicional de concordância e
certificação.
Alguns organismos europeus de inspecção com acreditação dos
Ministérios da Agricultura dos EUA e Japão, podem oferecer
certificações válidas e reconhecidas para os operadores biológicos
europeus, na expectativa de exportar produtos para estes países.
CAPÍTULO I
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
Estas certificações são: NOP4 – Programa Biológico Nacional (tabela 2)
para a zona dos EUA e JAS 5 – Regulamento Agrícola Japonês (tabela
3) para a área do Japão.
O Serviço Internacional de Acreditação Biológica (IOAS) é uma
organização independente sem fins lucrativos registada no Delaware,
EUA que oferece uma vigilância internacional da certificação biológica,
através dum processo voluntário de acreditação para organismos de
certificação actuantes no campo da agricultura biológica 6.
O IOAS implementa o programa de acreditação da IFOAM, que é
uma indústria baseada na garantia global da integridade biológica,
aliviada pelas barreiras nacionais e implementada por um organismo
que não possui outros interesses.
Tabela 2: Princípios da Agricultura Biológica segundo a IFOAM
Depois de uma participação num intenso processo, em Setembro de 2005 a Assembleia-geral da IFOAM de Adelaide – Austrália – aprovou os novos (revistos) Princípios
da Agricultura Biológica*. Estes princípios são a base do crescimento e desenvolvimento da agricultura biológica.
Princípio da saúde
A Agricultura Biológica deve sustentar e valorizar a saúde do solo, plantas, animais,
humanos e o planeta com um todo, indivisível.
Este princípio destaca que a saúde dos indivíduos e das comunidades não pode ser
separado da saúde dos ecossistemas – terrenos saudáveis produzem colheitas saudáveis que nutrem a saúde dos animais e das pessoas. A saúde é o todo e a integridade
dos sistemas vivos. Não é só a ausência de doenças, mas a manutenção do bem-estar
físico, mental, social e ecológico. Imunidade, recuperação e regeneração são características chave da saúde. O papel da agricultura biológica, seja na cultura, transformação, distribuição ou consumo, é o de garantir e valorizar a saúde dos ecossistemas e
organismos desde o mais pequeno no solo, ao ser humano. Em particular, a agricultura biológica deve produzir alimentos de alta qualidade, nutricionais, que contribuam
para um cuidado preventivo da saúde e bem-estar. Como consequência, devem ser
evitados fertilizantes, pesticidas, drogas animais e aditivos alimentares que podem
ter efeitos adversos na saúde.
24
5
4
http://www.usda.gov/nop/indexlE.htm
http://www.maff.go.jp/soshiki/syokuhin/hinshitu/e_label/index.htm
6
http://www.ioas.org
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
CAPÍTULO I
Princípio da ecologia
A agricultura biológica deve ser baseada em ciclos e sistemas ecológicos vivos, trabalhar com eles, estimulá-los e ajudar a sustentá-los.
Este princípio baseia a agricultura biológica nos sistemas ecológicos vivos. Declara
que a produção deve ser baseada em processos ecológicos e na reciclagem. A nutrição
e o bem-estar são atingidos através da ideia de ecologia do ambiente. Por exemplo,
no caso das colheitas, o elemento é o solo vivo; para os animais é o ecossistema da
quinta; para o peixe e os organismos marinhos, o ambiente aquático.
Princípio da honestidade
A Agricultura Biológica deve ser construída em relações que garantam a justiça, com
ênfase no ambiente comum e nas oportunidades da vida.
A honestidade é caracterizada pela equidade, respeito, justiça e supervisão de um
mundo partilhado por pessoas e nas suas relações com os outros seres vivos. Este
princípio enfatiza que aqueles envolvidos na agricultura biológica devem conduzir
as relações humanas de forma a garantir a honestidade a todos os níveis e a todos
os intervenientes – agricultores, trabalhadores, processadores, distribuidores, comerciantes e consumidores. A agricultura biológica deve fornecer a todos os envolvidos
uma boa qualidade de vida e contribuir para a soberania dos alimentos e redução
da pobreza. Tem como objectivo produzir uma oferta suficiente de alimentos de
boa qualidade e outros produtos. Este princípio insiste que os animais devem ter as
condições e oportunidades de vida de acordo com a sua fisiologia, comportamento
natural e bem-estar. Os recursos naturais e ambientais usados para a produção e
consumo devem ser geridos de uma forma social e ecologicamente justa e devem ter
em consideração as gerações futuras. A honestidade requer sistemas de produção,
distribuição e comércio que sejam abertos e equitativos e respeitem os custos reais
ambientais e sociais.
Princípio do cuidado
A Agricultura Biológica deve ser gerida de uma forma preventiva e responsável para
proteger a saúde e o bem-estar das gerações actuais e futuras e do ambiente.
A agricultura biológica é um sistema vivo e dinâmico, que responde a exigências e
condições internas e externas. Os praticantes da agricultura biológica podem realçar
a eficiência e o aumento de produtividade, sem contudo nunca colocar em causa a
saúde e o bem-estar. Consequentemente, as novas tecnologias devem ser utilizadas
e os métodos existentes revistos. Dada a incompleta compreensão dos ecossistemas e
da agricultura, devem ser tomados alguns cuidados. Este princípio enfatiza que a precaução e a responsabilidade são as preocupações chave na gestão, desenvolvimento
e escolhas tecnológicas na agricultura biológica. A ciência é necessária para garantir
que a agricultura biológica é saudável, segura e ecologicamente sã. Contudo, o conhecimento científico per si não é suficiente. Experiência prática, sabedoria acumulada, tradicional e inata oferecem soluções válidas, testadas pelo tempo. A agricultura
biológica deve prevenir riscos significativos ao adoptar as tecnologias apropriadas
25
CAPÍTULO I
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
e ao rejeitar as indesejáveis, como a manipulação genética. Os decisores devem reflectir os valores e as necessidades de todos os que possam ser afectados, através de
processos transparentes e participativos.
__________________________
* Normas da IFOAM para a Produção Biológica e transformação, Ed. IFOAM, Bonn,
2005 (www.ifoam.org).
Tabela 3: O Programa Biológico Nacional dos EUA (NOP)
O programa Biológico Nacional dos EUA (NOP) foi totalmente
implementado a 21 de Outubro de 2002, sob direcção do
Serviço de Marketing Agrícola, um ramo do Departamento
de Agricultura dos EUA (USDA). O NOP é uma lei federal que
requer que todos os produtos alimentares biológicos se rejam
pelos mesmos critérios e sejam certificados sob o mesmo
processo de certificação.
Cenário do Programa Biológico Nacional
O NOP desenvolveu critérios biológicos nacionais e estabeleceu um programa
regulamentar de certificação baseado nas recomendações do 15º membro do
Conselho Nacional de Critérios Biológicos (NOSB). O NOSB é decretado pelo
Secretário da Agricultura e inclui representantes das seguintes categorias:
agricultor/produtor; manobrador/processador; retalhista; consumidor/interesse
público; ambientalista; cientistas; e agências certificadores. Em conjunto com as
recomendações do NOSB, o USDA reviu os programas de certificação estatais,
privados e estrangeiros para ajudar a formular estes regulamentos. Os regulamentos
do NOP são suficientemente flexíveis para incorporar uma larga área de produtos em
todas as regiões dos Estados Unidos.
O que são os regulamentos do NOP?
Os regulamentos proíbem o uso de manipulação genética, radiação ionizada e
fertilizantes de resíduos de esgotos na produção e transformação biológica. Regra
geral, todas as substâncias naturais (não sintéticas) são permitidas na produção
biológica e todas as substâncias sintéticas são proibidas. A lista Nacional de
Substâncias Sintéticas Permitidas e das Substâncias Não-Sintéticas proibidas é uma
das secções do Regulamento e contém as excepções específicas à regra.
26
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
CAPÍTULO I
Os critérios de produção e manuseamento referem-se à colheita da produção
biológica, colheita selvagem, maneio de gado, transformação e manuseamento dos
produtos de cultura biológica. As produções biológicas são produzidas sem o uso
de pesticidas, fertilizantes petrolíferos e fertilizantes de resíduos de esgotos. Os
animais criados duma forma biológica devem ser alimentados apenas de alimentos
biológicos e com acesso ao exterior. Não devem tomar quaisquer antibióticos ou
hormonas.
Os critérios de classificação são baseados na percentagem de ingredientes biológicos
no produto:
o Produtos classificados como “100% biológicos” devem conter apenas
ingredientes produzidos em Modo Biológico. Podem ostentar o selo biológico
do USDA.
o Os produtos biológicos processados devem conter pelo menos 95% de
ingredientes produzidos em Modo Biológico. Podem ostentar o selo biológico
do USDA.
o Os produtos processados que contenham pelo menos 70% de ingredientes
biológicos, podem usar a frase “feito com produtos biológicos” e mostrar
até três dos ingredientes biológicos ou grupos alimentares no principal
painel de apresentação. Por exemplo, uma sopa feita com pelo menos 70%
de ingredientes biológicos, onde apenas os vegetais podem ser classificados
biológicos pode ser referido com a frase “feito com ervilhas, batatas e cenouras
biológicas” ou “feito com vegetais biológicos”. O selo do USDA não pode ser
usado na embalagem.
o Os produtos processados que contenham menos de 70% de ingredientes
biológicos não podem usar o termo “biológico” a não ser para identificar os
ingredientes específicos que sejam produzidos em Modo Biológico na tabela de
ingredientes.
Os critérios de certificação estabelecem os requerimentos que a produção biológica
e as operações de manuseamento devem observar para serem acreditados pelas
agências de certificação do USDA. A informação que o candidato deve apresentar
à agência certificadora inclui a aplicação do plano de sistema biológico. Este
plano descreve (entre outras coisas), práticas e substâncias usadas na produção,
procedimentos de arquivo e práticas para prevenir a mistura de produtos biológicos
com não biológicos. A certificação regula também que devem ser feitas inspecções
no local.
Quintas e produtores que vendam menos de $5.000 por ano de produtos produzidos
em Modo Biológico estão dispensados de certificação. Eles podem classificar os
seus produtos como biológicos, se estiverem em conformidade com os critérios,
mas não podem exibir o selo biológico da USDA. Os retalhistas, como mercearias e
restaurantes, não necessitam de ser certificados.
27
CAPÍTULO I
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
Os critérios de acreditação estabelecem os requerimentos que um candidato deve
respeitar de forma a tornar-se uma agência certificada do USDA. Os critérios estão
desenvolvidos para garantir que todas as agências ajam de forma consistente
e imparcial. Os candidatos com sucesso empregarão pessoal com experiência,
demonstrarão a sua capacidade para certificar produtores e transformadores
biológicos, prevenir conflitos de interesse e manter confidencialidade.
Os produtos agrícolas importados podem ser vendidos nos EUA apenas se forem
certificados pelas agências de certificação acreditados do USDA. O USDA acreditou
agências certificadoras em vários países estrangeiros e tem várias propostas em curso.
Em substituição da acreditação do USDA, uma agência estrangeira de certificação
pode ser reconhecida quando o USDA determinar, sob o pedido de um Governo
estrangeiro, desde que o governo da agência estrangeira seja capaz de avaliar e fazer
acreditações de acordo com os requisitos do Programa Biológico Nacional do USDA.
Tabela 4: JAS – Critérios Agrícolas Japoneses
Os critérios do JAS para Produtos Biológicos e para Alimentos Biológicos Processados
foram estabelecidos no ano de 2000 com base nas linhas mestras para a Produção,
Transformação, Classificação e Marketing de Alimentos Produzidos em Modo
Biológico e foi adoptado pela Comissão do Codex Alimentarius.
O sistema biológico do JAS foi aprofundado com a inclusão dos Critérios para os
Produtos de gado biológico, dos alimentos processados de gado biológico e da
alimentação do gado biológico, que tiveram efeito a partir de Novembro 2005.
As Entidades Certificadoras, certificadas pelos Organismos Registados de Certificação
Japoneses ou Organismos Ultramarinos de Certificação garantem a certificação da
produção de alimentos ou rações biológicas de acordo com os Critérios da JAS para
que possam colocar o selo da JAS nos seus produtos.
28
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
CAPÍTULO I
Os regulamentos da JAS para os produtos biológicos requerem que, começando
a 1 de Abril de 2001 (até 2002), todos os produtos classificados como biológicos
devem ser certificados por uma organização de certificação japonesa (RCO) ou
uma estrangeira (RFCO), registadas no Ministério da Agricultura, Florestas e Pesca
(MAFF), e ostentem no rótulo o logótipo da JAS e o nome do organismo autorizado
de certificação.
Apenas os organismos registados podem autorizar os operadores a ostentar os
logótipos do JAS nos seus rótulos.
O logótipo da JAS, como uma marca de qualidade, foi introduzido no sentido de
proteger o mercado japonês e os seus consumidores.
A este sistema foi oficialmente reconhecida a equivalência aos regulamentos
europeus, com a excepção dum produto permitido pelo Regulamento da CEE Nº
2092/91 para o tratamento foliáceo das macieiras (AnexoII B), o cloreto de cálcio.
Em resumo, a equivalência significa que os critérios de certificação e as referências
de produção/transformação/embalagem são standards para operadores que
desejem exportar os seus produtos biológicos para o Japão sob a marca do JAS,
são os mesmos adoptados na Comunidade Europeia de acordo com o Regulamento
2092/91 da CEE.
Contudo, os regulamentos do JAS mostram algumas diferenças. Por exemplo, eles
não cobrem bebidas alcoólicas e produtos de origem animal (incluindo produtos
vindos da apicultura).
As normas requerem que só as operações de transformação (classificação) e
de marketing sejam controladas por um organismo de certificação japonês ou
estrangeiro, reconhecido pelo MAFF.
Todavia, em observância do regime de controlo da Comunidade, tanto os produtores
como os consumidores finais devem garantir que também os ingredientes dos
fornecedores e os alimentos dos subcontratados estejam em conformidade com o
Regulamento 2092/91 da CEE.
Em comparação com o Regulamento 2092/91 da CEE, os regulamentos da classificação
do JAS apresentam as seguintes diferenças:
•
Se o produto final contiver simultaneamente produtos biológicos e ingredientes
em conversão para o Modo Biológico, o rótulo deve mostrar claramente quais
são os componentes biológicos e os convertidos. Por sua vez, a UE não permite
29
CAPÍTULO I
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
•
•
o uso de ingredientes crus ainda em processo de Conversão na preparação de
produtos com vários ingredientes.
A etiqueta deve exibir sempre a marca do JAS. Se a marca do JAS não estiver
presente, a etiqueta não deve conter expressões como biológico, produto
biológico, 100% biológico, biológico exterior, X % biológico, ou qualquer outra
afirmação que se refira ao Modo de produção Biológico.
Se o produto acabado não tiver o selo do JAS, mas os ingredientes tiverem,
será possível escrever, por exemplo, “salada feita com vegetais biológicos” ou
“ketchup feito com tomates produzidos de forma biológica”.
A função do responsável pela classificação do produto é decidir quais são os quinhões
ou lotes de produtos que realmente cumprem os métodos da produção biológica de
acordo com as normas da JAS, e quais não o são.
A presença de uma pessoa com esta responsabilidade é de extrema importância
para garantir o cumprimento do estabelecido no Regulamento 2092/91 CEE, desde
a sua última revisão ao Anexo III, que especifica os requisitos de controlo mínimo,
e estabelece que o operador é obrigado a avisar o organismo de certificação de
qualquer dúvida que possa surgir acerca da conformidade do produto e suspender a
sua venda até que tudo fique apurado.
1.1.c Elementos oficiais na relação
com os organismos de certificação
Uma característica relevante do sistema que rege a agricultura
biológica do ponto de vista administrativo é o número de
compromissos previstos para os produtores, tal como a documentação
a apresentar, e a aceitação das inspecções periódicas levadas a cabo
por organismos acreditados de certificação. De modo a atingir a
certificação de produtos obtidos em Modo de Produção Biológico, é
necessário respeitar os seguintes procedimentos:
1) Envio da notificação da Produção em Modo Biológico. Tem
30
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
3)
4)
5)
6)
31
CAPÍTULO I
2)
de ser submetida à autoridade e organismo de certificação
a nível nacional. O conteúdo desta documentação tem de
ser actualizado quando houver alterações nas actividades de
produção ou na eventualidade de ocorrerem aquisições, vendas
ou alterações dos titulares.
Avaliação do primeiro documento. O organismo de
certificação tem de ter acesso aos primeiros documentos
requeridos ao produtor. Se houver uma avaliação negativa (ou
seja, documentos incompletos ou inadequados), será pedido ao
operador documentação adicional num determinado prazo, a
ser respeitado sob pena de ser excluído do sistema de produção
biológico.
Início das visitas de inspecção. Os técnicos destacados pelo
controlo do organismo acreditado devem verificar que todo
o processo de organização e gestão da produção possam ser
considerados adequados e coerentes com as normas do sector.
Também têm a função de aconselhar e ajudar o agricultor de
forma a atingir os compromissos estabelecidos.
Admissão ao sistema de controlo. A Comissão de Certificação
avalia os documentos do agricultor e o relatório da visita de
inspecção. Consequentemente, decide se admite a exploração
agrícola no sistema de produção biológica.
Declaração de conformidade. Este passo é dirigido à
especificação da concordância positiva, à tipologia da produção,
ao número de registo no Registo de Operadores Controlados e à
data de início e fim da validade do atestado.
Plano anual de produção. Este documento tem de ser
notificado ao Organismo de Certificação pelo responsável
da unidade de produção, até ao dia 31 de Janeiro de cada
ano. Qualquer alteração substancial na colheita, dimensão ou
estimativa de produção que possa ocorrer depois do envio do
Plano Anual de Produção, deve ser notificada ao Organismo
Certificador.
CAPÍTULO I
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
7)
8)
Plano de desenvolvimento anual. Este documento deve
indicar todos os produtos que o operador pretende desenvolver
na sua quinta, em unidades terceiras ou em nome de terceiros
de acordo com os regulamentos acerca da gestão da produção
biológica.
Certificado do produto e Autorização da impressão dos
rótulos. A autorização da impressão dos rótulos oficiais para um
produto biológico pode ser pedida por qualquer operador que
tenha sido aceite no sistema de inspecção.
O operador submetido à inspecção terá de seguir os pressupostos
dos regulamentos nacionais e comunitários no que diz respeito à
produção biológica, fornecer a documentação pedida pelo sistema
de inspecção, permitir aos inspectores de certificação acesso aos
locais de produção e fornecer os registos e documentação solicitados
(por exemplo facturas, registos do IVA, etc.). O operador terá também
de pôr à disposição dos inspectores todos os produtos e materiais
originários da colheita ou do gado e todos os ingredientes de origem
agrícola ou não agrícola para análise. Qualquer alteração substancial
terá de ser notificada.
1.1.d Apoios à agricultura biológica
A União Europeia apoia a agricultura biológica através das medidas
Agro-ambientais previstas nos Regulamentos 2078/02 CEE 1257/99
CEE.
Em 2003, os programas agro-ambientais apoiavam quase metade
da área de produção biológica nos 15 países da UE. O número de
explorações biológicas e em conversão apoiado foi de 86.000 e
representava cerca de 64% de todas as produções biológicas7.
Fonte: Comissão Europeia, Novembro 2005
7
32
Relatório da Comissão Europeia (G2 EW - JK D (2005) “Produção Biológica na
União Europeia - Factos e Números”, Bruxelas, 3 de Novembro 2005.
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
(2003). Percentagem de terrenos apoiados na Europa dos 15.
O Regulamento 1257/99 (que se sobrepõem significativamente
ao Regulamento 2078/92) estipula que os agricultores devem
comprometer-se por um período mínimo de 5 anos e providencia
ajuda em relação à área e ao tipo de cultura a que se refere o
compromisso. Os montantes máximos dos fundos mutuais são
concedidos anualmente, e variam entre os 600 €/ha para as colheitas
anuais e os 900 €/ha para colheitas perenes especializadas e 450 €/ha
para outras utilizações da terra.
É aconselhável pertencer a uma organização de produtores, por várias
razões: o sector biológico está a sofrer um rápido desenvolvimento
e só os membros têm garantia de acesso a programas de formação e
informação; o acesso aos canais de venda é exclusivo dos membros;
as cooperativas de produtores representam os interesses dos
agricultores biológicos no domínio público.
33
CAPÍTULO I
Imagem 3: Terrenos biológicos apoiados pelos programas agro-ambientais na Europa
CAPÍTULO I
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
1.2 Planeamento da produção,
monitorização e controlo
De acordo com a definição do Codex Alimentarius, “a agricultura
biológica é um sistema de gestão de produção holística, que promove
e valoriza a saúde do ecossistema, incluindo a biodiversidade, os
ciclos biológicos e a actividade biológica dos solos; os métodos de
produção biológica dão prioridade ao uso de práticas de gestão
inputs exteriores à quinta, tendo em consideração que as condições
regionais requerem sistemas locais adaptados. Isto é atingido
pelo uso, quando possível, de métodos agrónomos, biológicos e
mecânicos, por oposição ao uso de materiais sintéticos, para cumprir
funções específicas dentro do sistema.
As actividades humanas levaram ao desaparecimento da paisagem
natural. Consequentemente, a qualidade ambiental degradou-se e a
biodiversidade. No terreno agrícola, a simplificação dos ecossistemas
levou a um aumento dos problemas na gestão das actividades
produtivas (por exemplo o uso de produtos externos no ciclo de
produção da quinta).
Na cultura biológica, normalmente é reintroduzida a complexidade
do ecossistema, combinado culturas diversificadas de plantas com
uma boa rotação, os níveis de produção em linha com as normas
territoriais, gado, elementos naturais e um bom aproveitamento
da terra. Estas combinações de produção trazem óptimos retornos
dos recursos naturais disponíveis e de métodos de regulamentação
natural.
A agricultura biológica é um método e não apenas uma simples
acção de substituir fertilizantes químicos ou princípios activos por
substancias naturais.
34
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
35
CAPÍTULO I
A conversão para uma agricultura biológica significa, acima de tudo,
o melhoramento da fertilidade biológica do solo e o equilíbrio do
ecossistema da cultura.
O objectivo principal de um plano de conversão é ajudar os
agricultores a atingir os seus objectivos durante o período de
conversão. Um plano de conversão transmite uma imagem de
assimilação, analisando os prós e os contras da informação adquirida
com o objectivo de adquirir todas as soluções técnicas.
Num plano de conversão, devem ser cuidadosamente avaliados os
seguintes itens:
• Cronologia do uso do solo: Uma tarefa importante do agricultor
biológico é debruçar-se sobre a cronologia do terreno, recolha
de informação exaustiva sobre os processos agronómicos, seus
problemas e falhas;
• Qualidade do solo: é um passo importante para um bom plano de
fertilização do solo;
• Situação socio-ambiental: um agricultor que se proponha
converter o seu método de produção deve conhecer também outras
produções biológicas próximas. Desta forma ele poderá trocar
experiências e receber conselhos importantes, não se sentindo um
pioneiro. Deverá também reunir informação sobre pontos de venda
ou agentes que possam comprar os seus produtos.
• Consciencialização dos agricultores e know-how: estes elementos
têm um papel importante na definição das metodologias mais
adequadas para introduzir inovações na produção e recolher o
apoio técnico necessário.
• Equipamento existente na quinta e potenciais investimentos:
o tempo necessário para implementar opções agrárias depende,
não só da convicção do agricultor, mas também da disponibilidade
das matérias-primas necessárias, do equipamento da quinta
e do terreno. A vontade do agricultor em investir na quinta
também influencia os timings da implementação. Conselheiros
especializados poderão sugerir soluções alternativas onde valha a
CAPÍTULO I
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
pena investir e que não comprometam outras decisões técnicas.
• Limitações. Alguns limites de natureza organizacional ou
ambiental podem afectar fortemente opções técnicas e requerer
uma cuidada ponderação em acções a serem tomadas para atingir
tais objectivos. Algumas das mais frequentes são limites ambientais
e políticos, auto-estradas ou fontes de poluição nas cercanias, falta
de apoios na área e falta de subsídios de Planos Regionais.
A informação recolhida ajudará o agricultor a definir o Plano de
Conversão, que incluirá soluções técnicas e que ele considerará como
as mais indicadas para a sua empresa.
Um plano de conversão também é útil para realçar o facto de que
na agricultura biológica, nenhuma acção tem um fim em si próprio,
servindo em simultâneo múltiplos objectivos. As acções só serão
eficazes se o equilíbrio do solo e do ecossistema for respeitado.
Para desenvolver um plano de produção eficaz, iremos analisar
os principais aspectos a ser considerados pelo agricultor: selecção
de raças de gado, concepção de um programa de alimentação e
Planeamento do controlo de saúde e higiene.
1.2.a Selecção de raças
A escolha de raças, métodos de criação e variedades devem estar em
conformidade com os princípios da produção biológica, tomando em
conta:
a) A sua adaptabilidade às condições locais;
b) A vitalidade e resistência à doença;
c) A ausência de doenças específicas e problemas de saúde associados a algumas raças ou espécies (síndroma de stress, abortos
espontâneos, etc.)
36
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
1.2.b Concepção dum programa de alimentação
O gado tem de ser alimentado por rações compostas com ingredientes biológicos. O processo de alimentação (e a alimentação em si)
deve ter garantias de qualidade de produção, dando prioridade ao
bem-estar dos animais em detrimento da maximização da produção.
Isto significa que as rações devem conter valores nutricionais adequados às necessidades do gado. A engorda é considerada um método
reversível, pelo que a alimentação forçada é estritamente proibida.
Se a engorda tiver de ser interrompida devido a constrangimentos do
mercado ou outras alterações, o gado deve continuar a ser alimentado normalmente. É preferível que a ração provenha da própria unidade de criação e, quando isto não for possível, que seja comprada a
outras quintas biológicas, devidamente certificadas.
As regiões de prática da transumância (deslocações dos rebanhos
para melhores pastagens) devem ser designadas pelos Estados Membros, se for necessário.
A alimentação deve ser o mais natural possível. Desta forma, os mamíferos recém nascidos devem ser alimentados com leite inteiro, preferencialmente materno. Todos os mamíferos devem ser alimentados
com leite natural (a alimentação com leite artificial não é aceite) por
um período mínimo, que depende da espécie, mas que normalmente
é significantemente mais longo do que nas produções não biológicas.
Este período mínimo é de três meses para o gado bovino (incluindo
búfalos e bisontes) e de 40 dias para o gado suíno.
37
CAPÍTULO I
Não há regras detalhadas para a escolha das raças, sendo no entanto
preferível usar raças autóctones, na medida em que possuem melhores condições produtivas no contexto de agricultura biológica. Estas
raças têm uma diversidade biológica muito maior do que as híbridas,
são tradicionalmente seleccionadas através das suas condições e é
esperado que criem menos problemas veterinários, num contexto
produtivo bem estabelecido.
CAPÍTULO I
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
Devido aos hábitos alimentares dos herbívoros, estes devem permanecer nas pastagens o maior tempo possível, desde que as condições
climatéricas não afectem a saúde dos animais (ou a qualidade das
pastagens). Este período pode ser diminuído com a autorização dos
Organismos de Inspecção se as condições de pastagem não fornecerem a quantidade e qualidade adequadas ou em períodos extremamente frios ou quentes do ano. A segunda consequência da digestão
dos herbívoros é fornecer pelo menos 60% de matéria seca nas rações
diárias de palha, forragem fresca ou seca ou silagem.
A ração de origem animal (quer de origem convencional quer biológica) só pode ser usada se estiver mencionada na regulamentação.
O uso de carne ou derivados é proibido, mas o uso de peixe e outros
animais marinhos e seus derivados, bem como leite e lacticínios são
permitidos.
De um modo geral, todas as necessidades nutricionais devem ser
preenchidas por alimentos naturais, principalmente erva. Quando
houver falta de minerais, vitaminas ou pró-vitaminas, os aditivos
nutricionais podem ser usados para satisfazer as necessidades nutricionais dos animais. De qualquer forma, esta permissão só é válida se
estes produtos estiverem inscritos no regulamento.
As vitaminas artificiais podem ser usadas, desde que tenham as substâncias químicas bem definidas e possuam efeitos similares aos das
substâncias naturais.
As mesmas regras aplicam-se às enzimas, microrganismos, ligaduras,
agentes anti-coalhantes e coagulantes. Não podem de forma alguma ser utilizados antibióticos, substâncias medicinais indutoras de
crescimento ou qualquer outra substância que induza o aumento de
produção.
Todas as rações devem estar isentas de qualquer medicamento sintético.
Seguindo a proibição geral dos organismos geneticamente modificados (OGM) ou seus decorrentes, a origem das rações é válida para
todo o procedimento de alimentação. Nenhum destes materiais pode
ser usado para alimentação directa, aditivos de silagem ou condições
de conservação.
38
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
CAPÍTULO I
1.2.c Planeamento do controlo
de saúde e higiene
A gestão da saúde animal deve ser baseada na prevenção, através de
medidas como:
• Selecção apropriada de raças e de espécies.
• Dieta equilibrada e de alta qualidade;
• Ambiente favorável;
• Densidade adequada para a criação;
• Instalações adequadas;
• Sistemas produtivos equilibrados.
O uso preventivo de produtos quimicamente sintetizados da medicina alopática não é autorizado.
A prevenção de doenças nas criações de gado biológico deve ser baseada nos seguintes princípios:
• Selecção de raças ou espécies apropriadas às condições locais,
sendo as raças autóctones mais aconselhadas.
• A aplicação de práticas de produção animal adequadas aos requisitos de cada espécie encoraja formas de exploração de ar livre,
como meio de prevenção de infecções e de resistência a doenças.
• A utilização de rações de alta qualidade, conjuntamente com
exercício regular e acesso às pastagens, encoraja a defesa imunológica natural dos animais.
• Garantir uma densidade apropriada do gado, evitando o excesso
de gado, que pode resultar em problemas de saúde.
Se, apesar de todas as medidas preventivas acima descritas, um animal ficar doente ou magoado, deve ser imediatamente tratado e, se
necessário, isola-lo em boas condições.
O tratamento tem de ser o mais natural possível, sendo o principal
objectivo curar o animal magoado, sem prolongar o seu sofrimento.
39
CAPÍTULO I
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
O uso de produtos da medicina veterinária na produção biológica
deve seguir os seguintes princípios:
• Os produtos podem ser usados se estiverem previstos no regulamento, sendo que os não incluídos não poderão ser usados;
• É recomendável o uso de produtos fioterapeuticos e homeopáticos ou elementos listados no regulamento, em vez dos produtos
ou antibióticos quimicamente sintetizados da medicina veterinária
alopática. Estes produtos devem ser usados unicamente se forem
específicos para a espécie do animal que precisa de tratamento.
• Se o tratamento for necessário para aliviar o animal ou evitar a
sua morte e os produtos mencionados acima não surtirem efeito,
os produtos quimicamente sintetizados da medicina veterinária
alopática podem ser usados;
• Qualquer utilização de produtos médicos sintetizados tem de ser
prescritos por um veterinário e a sua supervisão é necessária durante o tratamento;
• O uso de produtos ou antibióticos quimicamente sintetizados
da medicina veterinária alopática para tratamento preventivo é
proibido;
• O uso de substâncias para incrementar o crescimento é proibido
(incluindo antibióticos e outras ajudas artificiais para propósitos de
crescimento)
• Qualquer uso de hormonas ou substâncias semelhantes para
controlar a reprodução (por exemplo a indução ou sincronização
do cio) ou para outros propósitos, é proibido. As hormonas podem
ser usadas para animais em concreto, como forma de tratamento
veterinário terapêutico, de acordo com as condições mencionadas
acima.
• Se a unidade está situada numa área infectada, devem ser usados
todos os tratamentos veterinários. Quando a doença for isolada, o
uso de produtos medicinais imunológicos deve ser autorizado.
Sempre que os produtos medicinais veterinários forem usados, devem ser acompanhados da seguinte documentação:
40
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
41
CAPÍTULO I
o O tipo de produto (incluindo a indicação das substâncias farmaco
lógicas activas envolvidas);
o Diagnóstico detalhado;
o Posologia;
o Método de administração;
o Duração do tratamento;
o Período legal de levantamento do tratamento.
Toda esta informação tem de ser declarada ao organismo de inspecção antes do gado ou dos seus produtos serem classificados como
produzidos em Modo Biológico e o gado tratado deve ser claramente
identificado.
O período de levantamento do tratamento entre a última administração dum produto ou antibiótico quimicamente sintetizado da
medicina veterinária alopática sob condições normais de utilização
e a produção de derivados desses animais deve ser no mínimo de 48
horas ou o dobro do período legal de levantamento.
O gado deve recomeçar o seu período de conversão se tiver recebido
mais de duas ou três dosagens de tratamento alopático (à excepção
dos tratamentos ou vacinações mencionadas anteriormente) no prazo
dum ano. O mesmo acontece depois de uma dosagem de tratamento,
se a vida produtiva dum animal ou grupo for inferior a um ano. Antes
do fim do período de conversão, o gado ou os seus produtos derivados não podem ser vendidos como biológicos.
Já destacámos a prevenção como o aspecto mais importante do trabalho veterinário numa exploração biológica. Quando os animais vivem
em boas condições e são mantidas as regras de higiene e a protecção
contra as doenças, o seu sistema imunitário é forte e os animais não
têm propensão para adoecer. Uma regra geral da produção biológica é que os animais e o seu ambiente devem ser protegidos contra
agentes estritamente patogénicos. No caso de agentes patogénicos
facultativos, é necessária uma relação equilibrada entre o agente e o
animal. Deve ser repetidamente realçado que todos os tratamentos
de rotina são proibidos, em conjunto com os materiais terapêuticos
que são acumulados no organismo dos animais.
CAPÍTULO I
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
Na área das actividades relacionadas com a saúde dos animais, é
útil familiarizarmo-nos com as doenças que mais frequentemente
surgem devido às condições locais e desenvolver uma estratégia de
prevenção contra eles (horários de pasto, reestruturação dos estábulos e pátios, etc.). Devemos esforçar-nos para criar manadas livres de
doenças infecciosas.
Se repararmos nalgum sinal de doença num animal, devemos isolá-lo
dos outros. Se o animal precisar de tratamento, os métodos naturais
e a chamada medicina alternativa devem ser prioritários. Se estes
métodos não tiverem sucesso (para salvar a vida do animal), são autorizados tratamento com antibióticos ou intervenções cirúrgicas. No
caso da terapia com antibióticos, deverá ser respeitado o dobro do
período prescrito.
Correcções de carácter estético e mutilações ou amputações são
proibidas no Modo de Produção Biológico. Algumas intervenções são
permitidas por razões de segurança (por exemplo descornar animais
jovens), desde que o objectivo seja aumentar o seu bem-estar ou melhorar as condições de higiene dos animais. De acordo com os regulamentos, a castração também é autorizada, se permitir a produção
de alguns produtos convencionais (tipos de carne de porco, capões,
bois). Estas intervenções devem ser feitas por profissionais capacitados, que devem usar os métodos menos dolorosos para garantir que
o sofrimento do animal é minimizado.
Durante o transporte dos animais, deve ter-se a preocupação de reduzir o stress ao mínimo, de acordo com as normas de protecção dos
animais. Equipamentos electrónicos não são permitidos durante o
transporte. A administração de sedativos alopáticos não é permitida
no transporte.
42
CAPÍTULO II
COMPETÊNCIAS COMERCIAIS
43
CAPÍTULO II
COMPETÊNCIAS COMERCIAIS
Os baixos preços dos produtos agrícolas e o aumento dos custos de
distribuição ocorrem também no sector biológico e estão a levar os
agricultores a procurar formas de manter a viabilidade económica 8.
Só uma pequena parte do preço final dum produto biológico, pago
pelo consumidor, vai para o produtor. A parte restante é dividida nas
passagens do produtor para o vendedor e para o retalhista.
Deste modo, a oportunidade de colocar os consumidores em contacto
directo com os produtores representa uma vantagem considerável
para as duas partes em termos de custos, conhecimento mútuo e
crescimento cultural.
A criação desta perspectiva é um importante passo para melhorar a
agricultura biológica como um modelo inovador e sustentável.
A participação em feiras do sector é essencial para o agricultor
biológico, permitindo exibir os seus produtos e finalizar acordos
comerciais. Nas tabelas seguintes pode encontrar as características
das principais feiras biológicas: a Biofach na Alemanha e a Sana em
Itália.
Tabela 7: BIOFACH, a Feira Mundial de Produtos Biológicos
Nuremberga (ALEMANHA), Fevereiro
A BioFach, Feira Mundial de Produtos Biológicos, distingue-se pela sua força, inter
nacionalidade e poder inovativo. Junta aproximadamente 2.100 expositores – dois
terços estrangeiros – e mais de 37.000 visitantes de mais de 110 países do mundo, em
Nuremberga, todos os anos em Fevereiro. Sob o patrocínio da IFOAM, a BioFach tem
critérios de admissão rígidos, garantindo a constante qualidade dos produtos em
exposição. A BioFach está presente em quatro continentes, com eventos próprios no
Japão, Estados Unidos, África do Sul e China.
O desenvolvimento, a longo prazo, de novos mercados ultramarinos para produtos
biológicos é uma extraordinária oportunidade bem como um enorme desafio para
muitas empresas. Um determinado número de condições deve ser respeitado para
uma entrada com sucesso no nicho de mercado biológico dum país estrangeiro.
Todos os países têm requisitos muito próprios, no que diz respeito às estruturas
comerciais, normas, legislação e comportamento do consumidor.
44
8
Cristina Grandi (Ligação do gabinete do IFOAM ao FAO), Mercados
alternativos para os produtos biológicos, procedimentos da mesa redonda
internacional “Agricultura biológica e Ligações de Mercado”, organizada
pela FAO e pelo IFOAM, Novembro 2005.
COMPETÊNCIAS COMERCIAIS
CAPÍTULO II
Uma empresa que queira adquirir uma estrutura sólida para os seus produtos no
estrangeiro, é aconselhada a informar-se sobre os requisitos do próprio país. A
presença numa feira nesse país oferece uma excelente oportunidade para tal. Os
expositores profissionais internacionais da Feira Global de Nuremberga conhecem os
mercados, têm experiência e dispõem de um equipamento relevante.
A Feira Global de Nuremberga é responsável pela organização, em nome do
Ministério Federal da Alimentação, Agricultura e Protecção do Consumidor
(BMELV), tendo o apoio da Associação Alemã de Organização de Feiras de Comércio
(AUMA). O conceito estabelecido oferece soluções para todos os assuntos técnicos e
organizacionais ligados com a exposição nestes eventos. As empresas interessadas
em entrar para os mercados biológicos da Ásia, América do Norte e Africa do Sul
devem inscrever-se todos os anos para garantir um espaço no pavilhão alemão, já
que há imensa procura.
Actividade na Feira (fonte: NürnbergMesse)
__
http://www.biofach.de
Tabela 8: SANA Exposição Internacional de Produtos Naturais
Bolonha (ITÁLIA), Setembro
A SANA, Exposição Internacional de Produtos Naturais – Nutrição, Sade e Ambiente
é um dos eventos mais importantes de todo o mundo natural:
• 85.000 m2 de espaço de exibição
• 16 Pavilhões
• 1.600 Expositores, incluindo 400 oriundos de 45 países da Europa, EUA, Ásia,
Oceânia e Africa.
• 70.000 Visitantes – incluindo 50.000 agricultores.
• 3.500 Comerciais
• 70 Congressos
• 900 Jornalistas
A macro-área de Nutrição, presente desde a 1ª exposição, ocupa até 7 pavilhões
destinados aos produtos biológicos e certificados. Aqui encontrará os produtores
45
COMPETÊNCIAS COMERCIAIS
de Itália e as delegações oficiais de vários países estrangeiros, desde o “A” de
Argentina, ao “U” de Uganda, passando pela Áustria, Brasil, Alemanha, Tunísia, etc.
CAPÍTULO II
Os seis pavilhões destinados à saúde incluem todos os produtos, tecnologias e
instrumentos necessários para conseguir um bem-estar holístico de uma forma
natural: desde ervas e produtos fitoterapeuticos a cosméticos naturais, medicinas
não convencionais e centros de bem-estar.
Viver duma forma “natural” implica estar atento ao ambiente em que vivemos e
trabalhamos, às roupas que usamos e ao impacto ambiental de todos os produtos
e instrumento de uso comum. As tecnologias e produtos para a construção ecosustentável, a mobília ecológica e os tecidos naturais encontrados na área da SANA
Ambiente são o cenário perfeito.
A SANA, sempre procurando cuidadosamente o desenvolvimento da educação
ecológica, criou, em cooperação com a Bologna Fiere, o primeiro hall de exposição
totalmente dedicado a jogos e à educação amiga do ambiente: a SANALANDIA.
Dentro dum jardim real, foram criadas áreas para brincar livremente ou para fazer
actividades específicas (laboratórios de reciclagem, desenho e escultura, onde todos
os trabalhos feitos pelas crianças estão expostos ao longo da feira). Sessões de leitura
e shows sobre ecologia decorrem num teatro construído para o efeito. Dentro de
cabanas de madeira, associações e patrocinadores fazem sessões de prova de comida
biológica e brinquedos feitos de materiais amigos do ambiente.
A SANA, para além de ser um evento com fortes intuitos comerciais, tem uma valência
cultural muito forte.
Todos os anos, o calendário de eventos inclui dezenas de congressos, workshops
e mesas redondas de debate, que atraem milhares de profissionais de Itália e do
estrangeiro, e público em geral.
A tudo isto, ainda podemos juntar vários eventos especiais e exposições, destacando
a nova “moda eco” e sectores emergentes.
A possibilidade de ver uma panóplia de produtos de qualidade, o valor cultural do
show e o interesse dos temas abordados, atraem todos os anos centenas de jornalistas
italianos e estrangeiros. Estes tratam de divulgar as mensagens da SANA e toda a
informação disponível sobre produtos naturais através dos jornais, revistas, rádio,
televisão e Internet.
A SANA sempre se empenhou em aproximar os consumidores e as Instituições
das novidades e qualidades dos produtos biológicos e amigos do ambiente,
implementando – através de milhares de expositores e da presença de centenas
46
COMPETÊNCIAS COMERCIAIS
CAPÍTULO II
de jornalistas e líderes de opinião – temas globais e um poder de comunicação que
ajudaram a mostrar e a estabelecer os produtos biológicos no mercado nacional e
internacional. Os produtores, as suas associações, e os grupos de distribuição de
larga escala precisam agora de implementar todas as estratégias necessárias para
completar o processo de expansão e estabelecimento dos produtos biológicos nos
hábitos dos consumidores, conscientes de que o sucesso dum mercado natural e
sustentável andará de mão dada com o alcance dum equilíbrio ambiental, produtivo
e de consumo, baseado em produtos de qualidade que podem ser devidamente
identificados, apreciados e seleccionados em eficientes canais de distribuição,
garantindo uma segurança máxima, uma cadeia de produtos abrangente, a preços
competitivos, para promover contactos com os locais de produção.
__
http://www.sana.it
Entre 1990 e 2000, o mercado biológico da Europa cresceu a uma
média de 25% por ano atingindo um volume de vendas de 11 biliões
de euros em 2004 9 (o valor de mercado dos produtos biológicos no
mundo atingiu os 23,5 biliões de euros10).
A Alemanha foi o maior mercado nacional na Europa com um share
de 30% do volume total do mercado da União Europeia (3,5 bio
€). Os mercados nacionais com vendas de produtos biológicos que
ultrapassam o bilião de euros são o do Reino Unido (1.6 bio €), Itália
(1.4 bio €) e França (1.2 bio €). A Dinamarca está em primeiro lugar,
com uma média de consumo per capita de mais de 60€, seguida da
Suécia (45€), Áustria (41€) e Alemanha (cerca de 40€). Em vários
outros países da UE a média de gastos de produtos biológicos por
consumidor estava acima dos 20€: Bélgica (29€), Holanda (26€),
França (25€), Reino Unido (24€) e Itália (24€).
9
Comissão Europeia - Direcção Geral da Agricultura e do Desenvolvimento Rural,
Relatório “Produção Biológica na União Europeia - Factos e Números”, Bruxelas, 2005.
10
O Mundo da Agricultura Biológica 2006 - Estatísticas e Tendências Emergentes - 8ª
edição da revista, Ed. IFOAM, Bona, 2006 (www.ifoam.org).
47
CAPÍTULO II
COMPETÊNCIAS COMERCIAIS
Esta tendência desenvolveu-se por uma série de razões:
• Falta de confiança nos produtos não biológicos, depois de uma
longa fase de receio da qualidade dos produtos.
• Determinação em evitar os resíduos de pesticida nos alimentos.
• Determinação em comer alimentos produzidos sem o recurso a
organismos geneticamente modificados (OGMs).
• Procura dos mais altos standards de saúde animal.
• Procura de protecção e valorização ambiental.
• Desejo de proteger o ambiente da contaminação dos OGMs.
• Confiança no programa externo de inspecção e parâmetros
legais para a produção, cobrindo toda a produção biológica e
transformação.
• Saúde e segurança das produções e dos trabalhadores em todo o
mundo.
As principais propostas da Comissão Europeia no Plano Europeu
de Acção para Alimentos e Produção Biológica11 concentram-se no
“desenvolvimento influenciado pela informação do mercado da
alimentação biológica, aumentando a consciência dos consumidores,
garantindo mais informação e promoção aos consumidores e
produtores, estimulando o uso do logótipo da UE, incluindo os
produtos importados, oferecendo mais transparência nos diferentes
critérios, e melhorando a disponibilidade da produção, das estatísticas
da procura e da oferta como política e instrumentos de marketing”.
A primeira acção do Plano diz respeito ao mercado dos alimentos
biológicos: “... Introduziram-se revisões ao Regulamento do
Conselho (CE) Nº 2826/00 (promoção interna de marketing) que
dariam à Comissão maiores possibilidades de acção directa, de forma
a organizar campanhas de informação e promoção da agricultura
biológica. Isto será possível com o lançamento duma campanha
multi anual no espaço europeu de informação e promoção, durante
vários anos, informando os consumidores, cantinas de instituições
públicas, escolas e outros agentes importantes da cadeia alimentar,
11
48
COM (2004) 415 final - Bruxelas, 10.06.2004.
COMPETÊNCIAS COMERCIAIS
2.1 Planeamento e gestão
de compras
O agricultor que deseje adoptar um método de produção biológica
tem de submeter o seu método a um complexo controlo de produção,
relativo a todas as fases da cadeia alimentar. Será necessário
seleccionar os fornecedores de ferramentas técnicas e matériasprimas. Todos devem submeter-se ao sistema de controlo da União
Europeia.
Em particular, os produtores de produtos provenientes de outros
sectores, devem planear as compras, para evitar paragens imprevistas
da produção. Além disso, seria aconselhável ter contractos com
diferentes fornecedores em vez duma dependência de um único.
Assim, será possível dar continuidade aos processos de produção
mesmo em caso de problemas de aprovisionamento.
49
CAPÍTULO II
sobre os méritos da agricultura biológica, especialmente os seus
benefícios ambientais, aumentando a consciência do consumidor e o
reconhecimento dos produtos biológicos e do logótipo da UE. Além
disso, será lançada informação adaptada e campanhas de promoção
para tipos de consumidores bem definidos, tal como o consumidor
casual ou cantinas públicas. Pretende-se, também, aumentar os
esforços de cooperação da Comissão com os Estados membros e as
organizações profissionais de modo a desenvolver uma estratégia
para as campanhas”.
CAPÍTULO II
COMPETÊNCIAS COMERCIAIS
É de sublinhar que, no sector da agricultura biológica, não é tão
fácil encontrar matérias-primas, e em alguns períodos de falta de
produção, os custos podem subir consideravelmente. É aconselhável
definir preços previamente com os fornecedores, procurando uma
média entre o preço mais alto e o mais baixo (dependendo da
evolução do mercado).
É também importante planear a compra de meios técnicos (por
exemplo sementes, fertilizantes) que nem sempre são fáceis de
encontrar, especialmente em áreas mais afastadas.
De facto, na agricultura biológica a gestão de compras, e em
geral, todas as fases do processo produtivo, têm de se basear num
planeamento rígido, para evitar problemas técnicos e burocráticos.
2.1.a Selecção de fornecedores
Para evitar compras que não estejam de acordo com as normas
da UE – em constante progresso e evolução – os agricultores
devem adquirir os meios técnicos em fornecedores especializados,
capazes de fornecer apoio técnico qualificado e instruções. Ao
nível europeu, o Regulamento nº 2029/91 faz a relação de todos
os componentes permitidos na agricultura biológica. Contudo, os
componentes específicos autorizados a nível nacional podem variar
consideravelmente de país para país, pois os materiais e o seu uso
também colidem com a legislação nacional além de que alguns
aspectos das normas da UE são interpretados e desenvolvidos de
diferentes formas nos vários Estados membros12.
12
O Projecto de “Avaliação dos inputs biológicos” é um projecto de acção concertada
da UE, levado a cabo pelo Programa de qualidade de vida no trabalho (5th Framework
Programme) sobre a avaliação dos inputs autorizados para uso na agricultura biológica
(www.organicinputs.org).
50
COMPETÊNCIAS COMERCIAIS
13
www.isnp.it/fertab_eng/index.htm
www.organicxseeds.com
15
www.biobank.it
14
51
CAPÍTULO II
Pode-se ter alguma dificuldade em encontrar os fertilizantes
específicos, as sementes, os produtos de controlo de pestes e
equipamento para a produção biológica. Em alguns países existem
registos oficiais dos produtores e distribuidores. Por exemplo, o
Ministério Italiano da Agricultura exige que todas as empresas
responsáveis pela produção e/ou distribuição de fertilizantes e
adubos que exibem o rótulo “licenciado para a agricultura biológica”
façam um registo no “Instituto Experimental para a Nutrição das
Plantas”, com uma comunicação específica e uma reprodução do
rótulo do produto. Logo que os testes necessários sejam efectuados,
o Instituto tem de actualizar, periodicamente, a lista de empresas
e produtos para os quais a documentação supra mencionada foi
apresentada13. A lista publicada, conhecida como “Registo dos
Fertilizantes Biológicos e Adubos (F+SC)” contem os inputs cujas
comunicações foram verificadas. Para inserir novas comunicações no
Registo, está prevista uma actualização contínua.
Também existem bases de dados na web; por exemplo,
“OrganicXseeds”: a base de dados dos fornecedores europeus
dirigida por um consórcio de organizações14.
As Listas de fornecedores biológicos certificados (como por exemplo,
a Bio Europe15, editada em Itália) estão disponíveis na Internet, com
informação detalhada sobre as companhias de inputs biológicos.
É de sublinhar que, no que diz respeito à transformação da agricultura
biológica, as matérias-primas também têm de ser produzidas em
propriedades certificadas e monitorizadas segundo as regras da EU.
Consequentemente, ao comprar, é necessário ter uma certificação
oficial que deve ser inserida nos registos da quinta. Particularmente,
quando a compra está relacionada com forragem e sementes, é
importante ter uma certificação de produto livre de OGM.
COMPETÊNCIAS COMERCIAIS
CAPÍTULO II
2.1.b Escolha dos canais de distribuição
Normalmente o agricultor tem de se dirigir a fornecedores mistos
(produtores convencionais/biológicos), devido à falta de centros
especializados em ferramentas/produtos para a agricultura
biológica.
É aconselhável comprar a vendedores especializados via Internet.
Desta forma, haverá sempre menos riscos relacionados com a
qualidade dos produtos e conformidade com os critérios da UE,
mesmo se os preços forem mais elevados devido ao transporte.
Normalmente é possível aceder à descrição do produto em causa
on-line.
2.2. Comercialização
de produtos da quinta
No sector biológico, o comércio tem sido debatido há muito tempo.
No princípio, a discussão girava em torno do direito de os produtos
biológicos estarem presentes nos supermercados. Hoje a discussão
está entre os mercados locais, cantinas públicos (escolas, hospitais,
etc.) e o comércio justo.
52
COMPETÊNCIAS COMERCIAIS
Tabela 9: Semana Biológica nas cantinas da Comissão Europeia e do Concelho Europeu
em Bruxelas.
Áustria 2006 – Presidência da União Europeia
CAPÍTULO II
O Grupo do IFOAM da EU organizou, em conjunto com a Presidência Austríaca da
EU, uma SEMANA BIOLÓGICA nas cantinas da Comissão Europeia e do Conselho
Europeu em Bruxelas. O evento teve lugar do dia 17 ao 24 de Maio de 2006. Durante
este período, os funcionários da UE e os seus convidados, tiveram a oportunidade de
experimentar várias refeições biológicas. Esta iniciativa pública/privada tem como
objectivo apoiar o uso de alimentos biológicos nas cantinas públicas e sublinhar o
papel do catering para um desenvolvimento dinâmico no sector biológico.
A cantina da Comissão e o Concelho, ao servir diariamente milhares de refeições,
pode dar um bom exemplo para o sector biológico.
O sector privado já implementou com sucesso o catering biológico nas suas cantinas,
como é exemplo a IKEA (1 milhão de refeições), os Hotéis Scandic ou o Banco WestLB
com 22% de refeições biológicas. Na Holanda, dez grandes ONGs que, em conjunto,
têm quatro milhões de membros, assinaram em 2005 um compromisso para alterar
completamente para o catering biológico.
Estes exemplos demonstram que o catering biológico contribui significantemente
para o aumento do mercado de produtos biológicos. As Instituições Nacionais
e Europeias devem ter este aspecto em conta. Ao iniciar a “Semana Biológica”,
a Presidência Austríaca e o Grupo do IFOAM da UE sublinham a importância da
implementação do Plano de Acção Europeu na Agricultura e Alimentação Biológica.
As autoridades públicas são grandes consumidoras na Europa,
gastando 16% do Produto Doméstico Bruto (GDP) da UE (que é uma
soma equivalente a metade do GDP Alemão). Ao usarem o seu poder
de compra e optarem por produtos e serviços que também respeitam
o meio ambiente, eles também podem ter um importante contributo
para o desenvolvimento sustentável.
Comprar produtos biológicos é também dar o exemplo e influenciar
o mercado. Ao promover a aquisição de produtos biológicos, as
53
CAPÍTULO II
COMPETÊNCIAS COMERCIAIS
autoridades públicas podem dar à indústria incentivos reais para
o desenvolvimento de tecnologias biológicas. Nalguns produtos,
trabalhos e sectores, o impacto pode ser particularmente significante,
já que as compras públicas lideram uma grande parte do mercado.
A Comissão Europeia concebeu um caderno16 sobre a aquisição
pública ambiental, para ajudar as autoridades públicas a lançar uma
política de compra biológica com sucesso. Este caderno explica as
possibilidades oferecidas pelas normas da UE de uma forma prática,
e aponta soluções simples e efectivas que podem ser usadas nos
procedimentos de aquisição pública. O caderno17 está disponível
no website EUROPA da Comissão Pública de Aquisição Biológica,
que contem mais informações práticas, links úteis e informações de
contactos.
A agricultura biológica é um potencial contribuidor para o
crescimento e diversificação económica local e regional, melhoria da
identidade local e marketing, contribuindo assim para a revitalização
das comunidades rurais e cidades. Por exemplo, em Itália existe
uma rede, chamada Città del BIO (Bio-Towns) 18, abertas a todos
os administradores locais que já investiram em politicas de apoio
biológico.
A introdução dos alimentos biológicos nas cantinas escolares será
uma das primeiras áreas em que o Bio-Towns irá começar a trabalhar,
juntamente com um compromisso sobre educação alimentar e
educação de consumo. A rede também promove o “Bio-Distrito
Rural”, que não é um novo corpo administrativo, mas antes um
16
54
Comissão das Comunidades Europeias, Caderno sobre a aquisição pública,
Bruxelas 18.8.2004 - SEC (2004) 1050.
17
http://europa.eu.int/comm/environment/gpp.
18
www.cittadelbio.it
COMPETÊNCIAS COMERCIAIS
2.2.a Selecção do consumidor
A importância dos canais de vendas individuais diferencia-se através
dos Estados-membros. Por um lado, na Bélgica, Alemanha, Grécia,
França, Luxemburgo, Irlanda, Itália, Holanda e Espanha, o marketing
directo e o marketing através de lojas especializadas dominam
o sector biológico. No entanto, nos últimos anos, o número de
vendas a retalho aumentou significantemente nestes países. Por
outro lado, na Dinamarca, Finlândia, Suécia, Reino Unido, Irlanda,
Hungria e República Checa, a maior parte das vendas concentram-se
nos supermercados (mais de 60%) e em lojas não especializadas. Os
especialistas estão convencidos de que nos países onde os produtos
biológicos são vendidos principalmente em supermercados, o
crescimento e parcelas do mercado são (e continuarão a ser) maiores
do que noutros Estados-membros19.
A venda directa, em todas as formas, é o mais importante canal de
venda dos produtos biológicos, tanto para o consumidor, como para o
agricultor. As vantagens para o consumidor são as seguintes: redução
dos preços, respeito da época e frescura do produto, conhecimento
dos produtos e sua origem. Vantagens para o produtor: aumento
do lucro, relação directa com os consumidores, o novo papel do
agricultor, distribuição de produtos/variedades locais.
19
Relatório da Comissão Europeia (G2 EW - JK D (2005)) “Agricultura Biológica
na União Europeia - factos e números”, Bruxelas, 3 de Novembro de 2005.
55
CAPÍTULO II
organismo de cooperação com objectivo de atrair e coordenar novos
investimentos. É um instrumento programado de larga participação
entre os decisores públicos e privados, que estão envolvidos no sistema
produtivo local, e que atingem um maior poder de negociação, no
que respeita a assuntos relacionados com a agricultura biológica,
turismo rural, artesanato e pequenas indústrias.
CAPÍTULO II
COMPETÊNCIAS COMERCIAIS
Há diferentes opções para a venda directa:
• “Agricultores na cidade”: mercados locais, grupos de compra,
eventos promocionais;
• “Citadinos no campo”: venda “à porta da quinta”, férias na
quinta, etc.
O marketing directo e os mercados dos agricultores são muito
importantes nas áreas rurais, particularmente em conjunto com o
turismo em quintas e restaurantes locais.
Figura 5: “exemplo de citadinos no
campo”
Figura 6: exemplo dos “agricultores na
cidade”
Os hipermercados (multiple retail outlets) podem transaccionar mais
produtos do que lojas de produtos biológicos, e são um importante
ponto de contacto dos consumidores com os produtos biológicos.
Alguns supermercados têm apoiado iniciativas para desenvolver
a procura de produtos biológicos. O número de supermercados
56
COMPETÊNCIAS COMERCIAIS
2.2.b Como vender produtos biológicos
A cadeia de oferta de produtos biológicos é um sector tipicamente
conduzido pelos consumidores. Os consumidores frequentes de
produtos biológicos exigem mais transparência e honestidade através
de todos os segmentos da cadeia de oferta biológica. Um slogan
recorrente é: compre local, feito de forma biológica e correcta 20.
A transparência e a rastreabilidade são ferramentas essenciais de
marketing para as produções biológicas. A UE, de acordo com o
previsto no Regulamento Nº 178/02, torna obrigatório a adopção
dum sistema de rastreabilidade para os alimentos, a começar em
Janeiro de 2005. O marketing dum produto agro-industrial passível
de ser investigado é caracterizado pela distribuição dos conteúdos
informativos obtidos durante os processos de rastreabilidade,
comunicando eficientemente os dados e qualquer outra informação
do produto, com baixos custos. Assim, toda a informação reunida
pelos sistemas informativos está disponível para o consumidor
(em conjunto com o produtor e o distribuidor). Tudo isto valoriza
o produto final e permite abrir novas perspectivas no sector do
marketing.
20
Nadia El-Hage Scialabba (FAO), Tendências Globais da Agricultura Biológica
nos Mercados e Países exigem a assistência da FAO, Procedimentos da Mesa
Redonda Internacional “Agricultura Biológica e Ligações dos Mercados”,
organizada pela FAO e pelo IFOAM, Roma, Novembro de 2005.
57
CAPÍTULO II
biológicos continua a aumentar. Contudo, alguns consumidores
preferem outros locais de venda, para um contacto mais próximo com
os produtores e menos canais de marketing (com mais vantagens para
os agricultores, também).
Há uma procura crescente do sector do catering e serviços alimentares.
O número de restaurantes, cafés e bares que servem produtos
biológicos está a crescer. Os Governos nacionais também estão a
encorajar o uso de produtos biológicos nas instituições públicas.
Um número crescente de escolas estão já a usar produtos biológicos
nas suas refeições.
CAPÍTULO II
COMPETÊNCIAS COMERCIAIS
As potencialidades são enormes, tendo em conta a imagem e o valor
de um produto totalmente novo e documentado.
O instrumento tecnológico utilizado para realização da tarefa pode
estar no uso do browser dum portal da Internet, capaz de avisar
o consumidor e de o informar acerca do produto que está prestes
a comprar. Basicamente, dá ao consumidor a sensação de entrar
“virtualmente” na empresa e conhecer quem produziu aquilo que
vai consumir.
Figura 7: exemplo do portal da Internet sobre a rastreabilidade
da alimentação biológica
58
COMPETÊNCIAS COMERCIAIS
59
CAPÍTULO II
Na agricultura tradicional, antes da industrialização, a confiança
do consumidor baseava-se no contacto directo com o produtor.
Ao comprar produtos alimentares, o cidadão sabia qual era a
sua proveniência e até quem os tinha produzido. A globalização
do mercado alimentar criou uma distância, não só física como
mental, entre produtores e consumidores, o que veio preocupar
os consumidores. Tal distância pode ser compensada através do
instrumento da rastreabilidade.
O marketing também evoluiu. O sec. XX foi caracterizado pelo
sucesso da produção em massa, com o objectivo de vender o mesmo
produto ao maior número possível de consumidores. Este novo século
é o de produtos específicos, individualizados, “só para si”, que podem
ser produzidos em grandes quantidades, isto é, a baixo preço, mas em
versões individuais e com a ajuda das novas tecnologias. A tendência
actual é a do marketing one-to-one, que procura vender uma
quantidade de produtos variados a um consumidor, a uma família.
O uso da Internet tornou-se vulgar no contacto entre parceiros
de negócio (B2B, business to business), em aquisições e logística.
Portanto, o marketing de precisão é personalização (especificação
em massa e avaliação dinâmica) de produtos e serviços. O objectivo
é o de satisfazer desejos individuais, a preços individuais mais baixos
provenientes das vantagens do volume da produção em massa (por
exemplo, o e-commerce).
Os outputs destes mercados alternativos permitem tanto a redução
dos preços do consumidor, como o aumento do rendimento do
agricultor. Também dá aos consumidores a possibilidade de saber
onde e como os produtos são cultivados. Há uma clara diferença
qualitativa entre as várias formas de sistemas de marketing directo e
a venda a um mercado em massa anónimo. O contacto directo com os
consumidores tem um enorme valor, e ao comprarem directamente
aos agricultores, os consumidores têm um elo de ligação mais forte
à terra, interessando-se mais e compreendendo melhor o sistema de
agricultura.
CAPÍTULO II
COMPETÊNCIAS COMERCIAIS
Figura 8: exemplo de E-commerce:
www.eurorganicshop.com
Em todo o mundo, o movimento biológico tem mostrado um
interesse crescente nestes sistemas de marketing directo. Têm sido
feitas experiências tanto em países desenvolvidos, com em vias
de desenvolvimento, e em alguns casos, com apoio dos Governos.
O IFOAM apoia estas iniciativas, desenvolvendo instrumentos, e
trocando experiências 21.
21
Cristina Grandi (Ligação do gabinete do IFOAM ao FAO),
Mercados alternativos para os produtos biológicos, procedimentos da mesa redonda
internacional “Agricultura biológica e Ligações de Mercado”,
organizada pela FAO e pelo IFOAM, Novembro 2005.
60
CAPÍTULO III
PRODUÇÃO DE BOVINOS
PARA CARNE
61
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO III
1 - INTRODUÇÃO
Para que uma exploração de gado bovino de carne tradicional se
possa converter ao sistema de produção biológica é necessário que
se siga uma série de regras muito importantes no que diz respeito ao
maneio diário dos animais.
A alimentação, a reprodução e o maneio dos animais, a higiene,
juntamente com as instalações e o tratamento dos resíduos são dos
principais aspectos que se devem conhecer e por em prática para
converter uma exploração convencional em biológica, estando nestes
aspectos incluídas as diferenças fundamentais em relação à criação
de gado convencional.
Todos os temas apresentados neste capítulo de criação biológica de
gado bovino para carne estão relacionados e não podem ser tratados
de forma isolada, uma vez que o seu conjunto influencia os animais.
Assim é preciso tentar manter um equilíbrio especial entre todos eles,
sem que nenhum seja afectado gravemente, já que as repercussões
serão imediatas.
Desta maneira, não se pode falar da alimentação como um factor
isolado, porque afecta decisivamente a reprodução e a saúde dos
animais. Uma alimentação deficiente, tanto em qualidade como em
quantidade, em épocas de escassez, reflecte-se negativamente no cio
dos animais, no peso das crias ao nascimento, numa maior incidência
da retenção da placenta, etc. A sobrealimentação em vacas em que o
parto está próximo pode dar origem a complicações no parto.
62
INTRODUÇÃO
Alterações no tipo de alimentação como, por exemplo, excesso de
hidratos de carbono ou escassez de fibra bruta, terão consequências
negativas sobre a saúde dos animais e serão factores propiciadores à
ocorrência de patologias.
Outro exemplo, que confirma as relações que existem entre todos
estes pontos e o bem-estar animal, é quando os animais habituados
a estar ao ar livre se encontram no seu meio envolvente e podem
realizar as acções típicas do seu comportamento natural, como
enlamear-se, deitar-se, esticar-se, jogar, lutar, etc., a possibilidade
de apresentarem sintomas de doença diminui. Contudo, quando
parte do seu comportamento inato está reprimido, ou algumas
características típicas do seu comportamento são reprimidas, estão
submetidos a algum stress e a possibilidade de adoecerem é muito
maior.
Uma má planificação das instalações, como por exemplo, a quantidade
excessiva de dejectos nos pavilhões, uma elevada ventilação ou
temperaturas demasiado altas, favorecem o aparecimento de certas
patologias respiratórias ou infecções dos cascos dos animais.
Por tudo isto, é conveniente um correcto controlo de todos estes
factores e das suas inter relações para assim se evitar a predisposição
dos animais ao aparecimento de patologias.
Ao longo dos diferentes temas que estão incluídos neste capítulo
vão ser estabelecidas as normas gerais que figuram no Regulamento
Comunitário 2092/91 sobre a produção biológica agrícola e animal.
63
CAPÍTULO III
Se se administra uma pequena quantidade de alimento, aumenta o
stress e o mal-estar dos animais, dando origem a lutas com o possível
aparecimento de lesões nos mais fortes, bem como o emagrecimento
e a predisposição para patologias nos mais débeis.
CAPÍTULO III
INTRODUÇÃO
No entanto, é muito importante ter em atenção que cada exploração
é diferente e terá imensos factores que facilitam ou não a sua
reconversão.
A alimentação (Módulo I) tem como aspecto mais importante a
utilização e o aproveitamento dos recursos naturais assim como o
fornecimento de suplementos em épocas de escassez como rações
ou forragens de produção biológica. Nas explorações de gado que
tenham possibilidade de converter também a agricultura deve
ser um factor a considerar porque os dois tipos de produção são
complementares e melhoram a rentabilidade da exploração.
Os conceitos para o cultivo de cereais biológicos, utilizados tanto para
a produção de forragem como para o aproveitamento do grão e da
palha, são abordados também neste capitulo, assim como o modo
de gerir o programa de alimentação do gado, as suas necessidades
nutritivas, a distribuição em lotes, a elaboração de rações biológicas
e a sua rotulagem.
No tema da reprodução (Módulo II) é dado principal destaque à
prática da cobertura natural, ainda que esteja permitida a inseminação
artificial. É conveniente o estudo dos planos de reprodução para
assegurar a reposição de mães reprodutoras com bons índices de
produção. Também são abordados os aspectos relativos aos sintomas
e cuidados antes e depois do nascimento, tanto das mães como dos
vitelos.
No Módulo III, relativo ao cuidado e maneio do gado bovino biológico,
é dada especial atenção ás práticas a seguir para satisfazer as
necessidades típicas dos animais e favorecer o bem-estar animal, bem
como para diminuir ao máximo as acções que façam do transporte dos
animais um factor de stress. Também são estabelecidas regras para o
controlo do pastoreio, da quantidade de cabeças na exploração e são
também apresentadas as vantagens e inconvenientes de estabular
64
INTRODUÇÃO
o gado. O abate dos animais é uma etapa muito importante na
produção de carne de qualidade.
As instalações (Módulo V) devem garantir uma liberdade de
movimentos dos animais bem como condições de limpeza e higiene
compatíveis com o bem-estar animal. Dependendo do tipo de
explorações é possível que a engorda se realize ao ar livre, pelo que
as instalações necessárias são poucas. No caso da engorda se realizar
dentro das instalações, estas deveram estar adaptadas e promover ao
máximo a comodidade do animal.
A gestão e o tratamento de resíduos (Módulo VI) fecham o ciclo
dentro de uma exploração com estas características. É conveniente
um tratamento adequado dos resíduos a fim de assegurar o equilíbrio
com o meio ambiente e evitar a contaminação do meio em que vivem
os animais. A fertilização das parcelas com composto ou estrume
biológico são os métodos mais utilizados na criação biológica de
gado.
Em síntese, serão abordados todos aqueles aspectos que têm especial
interesse para o produtor que queira constituir uma exploração
65
CAPÍTULO III
Outra das principias diferenças em relação ao maneio convencional é
a aplicação de medidas e produtos sanitários, que são desenvolvidos
no módulo IV. Na criação biológica de gado o estado sanitário da
exploração está mais baseado na prevenção do que no tratamento
das doenças. A prevenção é realizada mediante um maneio adequado
dos animais, garantindo uma alimentação de qualidade e reduzindo
ao máximo as situações de stress que predisponham o aparecimento
de patologias. No caso de ocorrer alguma doença, o tratamento
deverá ser realizado, primeiro, mediante a utilização de terapias
alternativas e, em último caso, recorrendo à utilização de produtos
de síntese química.
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO III
biológica de gado e oferecer ao mercado uma carne de qualidade, sem
componentes químicos, levando a cabo uma produção em equilíbrio
com o meio ambiente e contribuindo para a sua conservação.
66
Módulo I
CAPÍTULO III
ALIMENTAÇÃO DE BOVINOS
BIOLÓGICOS PARA CARNE
67
MÓDULO I | Alimentação de Bovinos Biológicos para a Carne
CAPÍTULO III
1 - GESTÃO DO PROGRAMA
DE ALIMENTAÇÃO
Numa exploração de bovinos de carne de produção biológica, a
alimentação é feita durante a maior parte do tempo com os recursos
naturais que existem nas parcelas e que se encontram à disposição do
gado. Dentro destes recursos estão incluídos o prado propriamente
dito, as folhas das árvores, os frutos, os rebentos, etc.
A alimentação deve assegurar a qualidade da produção final e a
administração das necessidades nutritivas do gado nas diferentes
etapas da sua vida.
Uma alimentação deficiente dos animais pode dar lugar ao
aparecimento de doenças e à diminuição dos índices produtivos. A
falta de minerais, vitaminas, fibra, concentrado, etc. cria problemas
que chegam a por em risco a vida do animal.
A alimentação biológica está baseada, em grande medida, no
aproveitamento os recursos naturais mediante um sistema de
pastoreio em rotação, que ajusta a carga animal à dimensão de
cada parcela e evita assim os problemas de sobrepastoreio. Esta
tem consequências negativas sobre o meio como a erosão do solo,
a dificuldade para a recuperação da pastagem e a acumulação de
estrume e de elevadas concentrações de azoto que podem levar ao
aparecimento de patologias.
Para adequar a carga animal à dimensão de cada parcela, foi
estabelecido um número máximo de animais por hectare que, por
sua vez, está relacionado com a concentração máxima de azoto por
68
Alimentação de Bovinos Biológicos para a Carne | MÓDULO I
hectare e ano (170 Kg N/ha/ano) que um solo pode absorver evitando
assim a contaminação.
Idade do animal
Vitelos com menos de um ano
Vitelos de um a dois anos
Nº de animais por hectare
(170 kg de N/ha/ano)
5
3,3
2
Vitelas para criação / engorda
2,5
Vacas
2,5
Em épocas em que os recursos naturais são escassos, será necessário
proporcionar ao gado forragens e rações biológicas.
Nas explorações em processo de reconversão, onde se cultive
forragens e cereais para a alimentação do gado (auto abastecimento),
estará autorizada a inclusão de até 60% de matéria seca de alimentos
em reconversão. No caso de explorações que não estejam a fazer a
reconversão da agricultura, só está permitida a inclusão de 30% de
matéria seca de alimentos em reconversão.
A porção diária de fibra em matéria seca constituída por forragens
secas, frescas, fenos, etc. deve representar pelo menos 60%.
Haverá épocas ou etapas da vida do animal em que será necessário
administrar ração para completar as suas necessidades nutritivas.
O órgão de controlo estudará e avaliará cada situação de maneira
isolada.
As rações devem estar isentas de antibióticos, factores de crescimento,
herbicidas, pesticidas, etc. As sementes não podem ser transgénicas
nem ser oriundas de organismos geneticamente modificados ou
derivados deles.
69
CAPÍTULO III
Machos com mais de dois anos
MÓDULO I | Alimentação de Bovinos Biológicos para a Carne
CAPÍTULO III
Até Agosto de 2005 estava permitido até 10% de alimentos
convencionais, sempre que o produtor demonstrasse ao órgão
competente que não podia obter alimentos exclusivamente
biológicos. Esta percentagem podia ser incrementada em situações
excepcionais como doenças infecciosas, consequências das condições
meteorológicas, incêndios, etc., mas sempre mediante um estudo
prévio de cada situação elaborado pelo órgão de controlo.
A partir desta data, a percentagem máxima de alimentos
convencionais que poderá ser autorizada em circunstâncias
especiais, e depois de uma análise exaustiva por parte da autoridade
competente, será ajustada segundo o seguinte calendário:
-
De 25 de Agosto de 2005 a 31 de Dezembro de 2007, até
15%.
De 1 de Janeiro de 2008 a 31 de Dezembro de 2009, até
10%.
De 1 de Janeiro de 2010 a 31 de Dezembro de 2011, até 5%.
As matérias-primas que se autorizam para a elaboração de rações
biológicas devem ser obtidas segundo as normas de produção
biológica e respeitando o equilíbrio com o meio ambiente em que
se desenvolvem. Figuram na parte C do Anexo II do Regulamento
2092/91(1).
Existe uma grande variedade de matérias-primas, pelo que não
é muito difícil formular uma ração que satisfaça as necessidades
nutritivas dos animais.
(1)
Regulamento (CEE) N° 2092/91 do Conselho de 24 de Junho de 1991, sobre a produção
agrícola biológica e a sua indicação nos produtos agrários e alimentares.
* O sal de mina é muito fácil de encontrar, e pode ser aproveitado em bolas de sal para
a alimentação dos animais.
70
Alimentação de Bovinos Biológicos para a Carne | MÓDULO I
DESCRIÇÃO
Cereais, sementes, produtos e
subprodutos
Aveia, cevada, arroz, milho painço, centeio,
sorgo, trigo, espelta, tritical, milho, malte,
resíduos de cervejeiras, etc.
Sementes oleaginosas, frutos
oleaginosos, produtos e
subprodutos
Colza, fava de soja, girassol, algodão, linho,
sésamo, semente de palma, abóbora, azeitonas,
azeites vegetais, etc.
Sementes leguminosas, produtos
e subprodutos
Grão-de-bico, sementes de ervilhaca-de-pombo,
semente de alfarroba, ervilhas, favas, sementes
de fava-forrageira, ervilhacas, tremoço, etc.
Tubérculos, raízes, produtos e
subprodutos
Beterraba, batata, batata-doce, mandioca.
Outras sementes e frutos,
produtos e subprodutos
Alfarrobas, abóboras, polpa de citrinos,
maçã, marmelos, peras, pêssegos, figos, uvas,
castanhas, bolotas, nozes, avelãs, cacau, etc.
Forragens e forragens grosseiras
Luzerna, trevo, erva de plantas forrageiras, feno,
forragem ensilada, palha de cereais e raízes
vegetais para forragens.
Outros subprodutos
Melaço, algas, extractos proteicos vegetais,
especiarias e plantas aromáticas.
Leite e produtos lácteos
Leite cru, em pó, desnatado, soro de leite,
caseína, lactose, coalho, leite cortado, etc.
Peixe, produtos e subprodutos
Peixe, óleo de peixe, óleo de fígado de bacalhau
não refinado, etc.
Ovos e ovoprodutos
Ovos e ovoprodutos.
CAPÍTULO III
ORIGEM VEGETAL
Também se podem encontrar listas de completos vitamínicos,
oligoelementos e vitaminas autorizadas que podem ser usadas no
caso de ser necessário (parte C e parte D do Anexo II do Regulamento
2092/91).
Entre as matérias-primas de origem animal (capítulo 3 da parte C do
Anexo II), incluem-se as seguintes substâncias e os seus derivados:
71
CAPÍTULO III
MÓDULO I | Alimentação de Bovinos Biológicos para a Carne
SUBSTÂNCIA
DERIVADOS
Sódio
Sal marinho sem refinar, sal de mina*, sulfato de sódio,
carbonato de sódio, etc.
Potássio
Cloreto de potássio
Cálcio
Carbonato de cálcio, conchas de animais aquáticos, lactato de
cálcio, etc.
Fósforo
Fosfato bicálcico e monocálcico desfluorado, monosódico,
fosfato cálcico e magnésico, etc.
Magnésio
Sulfato de magnésio, óxido de magnésio, fosfato de magnésio,
etc.
Enxofre
Sulfato de sódio
Em relação à utilização de vitaminas, somente estão incluídas as
substâncias autorizadas conforme o Regulamento (CE) nº 1831/2003
do Parlamento Europeu.
-
Vitaminas que derivem de matérias-primas presentes de
forma natural nos alimentos para ruminantes.
Vitaminas de síntese A, D e E idênticas ás vitaminas naturais
e que estejam quimicamente definidas, sempre sob a
autorização do órgão de controlo do Estado membro.
Com todas estas matérias-primas autorizadas é possível fabricar
qualquer tipo de ração. As fábricas especializadas na sua elaboração,
ou com linhas separadas de produção biológica, utilizam uma grande
quantidade de fórmulas com muitas variantes segundo o fabricante.
Normalmente utilizam as matérias-primas mais abundantes no
mercado. Frequentemente, antes de começar a sementeira, são
estabelecidos acordos entre os agricultores e as fábricas de ração
para ver qual é o elemento que mais utilizam e que quantidades
necessitam. Por vezes, as fórmulas da ração são alteradas devido
a prejuízos nas colheitas provocados por variações climáticas no
decorrer do ano.
72
Alimentação de Bovinos Biológicos para a Carne | MÓDULO I
1.1 Necessidades nutritivas
dos animais
Na criação de gado biológica não é necessário saber exactamente
que contribuição de energia, proteínas, etc., necessita um animal
para chegar ao peso final no menor tempo possível. É suficiente que a
quantidade de alimento seja suficiente, sempre e quando se observe
nos animais um aumento de peso progressivo dentro de um espaço
de tempo razoável. Aproximadamente, os machos entre os 14 e 15
meses atingem 300 quilos de carcaça, todavia dependerá de muitos
factores como a genética o tipo de engorda, a mãe, etc.
Quando os animais são criados no campo, é muito difícil saber a
quantidade de fibra ou de proteína que comem porque aproveitam
todo o tipo de rebentos, frutos, flores e, naturalmente, o pasto.
Na produção biológica a principal diferença é a qualidade do produto,
mas não se pode descurar os rendimentos obtidos para rentabilizar
a exploração. A partir do momento em que esta diferença de
qualidade não seja apreciável quando comparada com a produção
convencional, a exploração deixará de ser rentável.
A capacidade para procurar e aproveitar os recursos naturais que
têm os animais de raças autóctones, juntamente com o maneio
73
CAPÍTULO III
Actualmente existem muitos estudos sobre as necessidades nutritivas
dos animais em cada etapa da sua vida, que incluem tabelas com
cálculos da contribuição de energia, proteína, cálcio, fósforo, etc.
necessários aos animais para obter o máximo rendimento, sem ter
em conta a qualidade do produto.
MÓDULO I | Alimentação de Bovinos Biológicos para a Carne
CAPÍTULO III
implementado em relação ao bem-estar e higiene animal,
proporciona à carne características de textura, sabor e cheiro
(características organolépticas) diferenciáveis do resto dos produtos.
É importante conhecer o valor nutritivo (em kg. de matéria seca) de
alguns alimentos administrados aos animais em épocas de escassez
de recursos para evitar deficiências na alimentação. Pode haver
diferenças no valor nutritivo das matérias-primas de diferentes
colheitas devido ao tipo de solo, ás variedades plantadas, a problemas
de seca, temporais, pragas, etc.
Na seguinte tabela estão incluídos os parâmetros que medem o valor
nutritivo de alguns alimentos:
MS
(%)
FB
(%)
PB
(%)
Energia
bruta
(kcal/kg)
Ca
(g/kg)
P
(g/kg)
Aveia em grão
(Avena sativa, L.)
88,1
12,2
9,8
4.100
1,1
3,2
Trigo mole em grão
(Triticum aestivum, L.)
86,8
2,2
10,5
3.780
0,7
3,2
ALIMENTOS
Trigo duro (Triticum durum, L)
87,6
2,7
14,5
3.880
0,8
3,4
Centeio (Secale cereale, L)
87,3
1,9
9,0
3.750
1
3
Milho em grão
(Zea mays, L.)
86,4
2,2
8,1
3.860
0,4
2,6
Cevada em grão (Hordeum
spp.) de 2 e 6 espiguetas
86,7
4,6
10,1
3.810
0,7
3,4
Tremoço em grão (Lupinus
albus, L.)
88,6
11,4
34,1
4.490
3,4
3,8
Ervinha em grão
(Pisum sativum, L.)
86,4
5,2
20,7
3.770
1,1
4,0
89
3,5
19,9
4.190
1,1
3,6
91,4
38,2
3,8
4.040
4,4
0,7
Grão-de-bico (Cicer arietinum,
L)
Palha de trigo
(Triticum spp.)
(MS: Matéria seca FB: Fibra bruta PB: Proteína bruta Ca: Cálcio P: Fósforo)
(Todos os valores estão expresso em relação à matéria fresca)
74
Alimentação de Bovinos Biológicos para a Carne | MÓDULO I
Durante as diferentes etapas de crescimento dos animais podem
produzir-se diversas alterações na alimentação.
Também há que ter em atenção que os agricultores não semeiam
todos os anos as mesmas espécies e há que ir alterando a quantidade
segundo as matérias-primas que estão disponíveis.
Por outro lado estão as alterações devido à passagem dos animais
pelos diferentes lotes. Há explorações que fornecem diferentes
formulações, dependendo do lote de animais. No entanto, fica muito
caro disponibilizar diferentes tipos de ração para cada lote logo esta
disponibilidade dependerá da exploração.
As alterações de alimentação devem realizar-se de forma progressiva,
misturando gradualmente a ração a incluir com a habitual, até que a
totalidade da ração seja alterada.
A água tem que estar sempre à disposição (ad libitum), e o açude limpo
para evitar problemas com parasitas, infecções ou intoxicações.
75
CAPÍTULO III
Por um lado, estão as variações devidas às alterações na quantidade
normal de ração. Por vezes substituem-se umas matérias-primas
por outras por motivos de escassez ou porque diferenças no tipo de
leguminosa (fornece proteína) ou no tipo de cereal (fornece hidratos
de carbono). As condições climatéricas limitam as produções, há
momentos, por exemplo, que existe mais ervilhaca, outras vezes mais
ervilhaca-de-pombo ou soja, da mesma forma que acontece com os
cereais, que se cultivam mais ou menos dependendo das precipitações
e das temperaturas.
MÓDULO I | Alimentação de Bovinos Biológicos para a Carne
CAPÍTULO III
1.2 Distribuição em lotes
Cada etapa da vida do animal tem necessidades alimentares
concretas. Por isso é aconselhável a divisão da exploração em lotes,
que vão necessitar de um maneio específico e mais individualizado
dos animais, o que implicará uma maior necessidade de mão-de-obra
e horas de trabalho.
• Lote de engorda
Durante a primeira etapa da sua vida, o ruminante comporta-se como
monogástrico. O alimento base do leite materno passa directamente
para o abomaso através da goteira esofágica. O funcionamento deste
reflexo depende dos receptores situados na faringe e a da ingestão
tranquila de pequenas quantidades.
À medida que o vitelo cresce e tem contacto com a água e os alimentos
sólidos (erva fresca, feno, ração), começa o desenvolvimento do
retículo e do rumen para assimilar e degradar os compostos. A
partir deste momento, o aumento de fibra na ração favorecerá o
desenvolvimento da musculatura dos sacos do rumen e o início da
sua actividade.
O desmame deve produzir-se, no mínimo, a partir dos três meses,
quando se tem a garantia de que o vitelo tolera bem o consumo
de concentrados e forragem para o seu correcto desenvolvimento.
Habitualmente este realiza-se aos seis ou sete meses, dependendo do
estado corporal das mães, das crias e da abundância ou não de pastos
segundo a época do ano.
76
Alimentação de Bovinos Biológicos para a Carne | MÓDULO I
Os machos devem ser separados das fêmeas e, se possível, separar
os vitelos recém desmamados dos que estão a terminar, já que os
maiores não deixarão os restantes alimentar-se correctamente.
(Imagem 1: Lote de vitelos de engorda)
77
CAPÍTULO III
A forma de alimentar este lote dependerá do tipo de engorda que
seja planificado pela exploração de gado. Se a engorda de vitelos
se realizar no interior de instalações, os animais encontram-se
estabulados (seguindo as normas de estabulação e instalações que
determina o Regulamento 2029/91 e que serão referidas mais à
frente) e os alimentos são colocados na manjedoura, seja de forma
manual, recorrendo ao tractor ou ao carrinho de mão, seja de forma
automatizada. Se se realizar a engorda de vitelos ao ar livre não
são necessárias as instalações e a alimentação é disponibilizada em
comedouros em épocas de escassez.
MÓDULO I | Alimentação de Bovinos Biológicos para a Carne
CAPÍTULO III
As alterações de origem alimentar mais frequentes neste lote são:
-
Sobrecargas devido ao consumo excessivo de ração durante as
etapas de iniciação ou depois de estar algum tempo privado
dela. Costumam desencadear diarreias normalmente superadas
depois de uns dias a dieta ou à base de forragem que estimula o
movimento do rumen.
-
Meteorismo: formação de grandes quantidades de gás
(meteorismo gasoso) ou de borbulhas (meteorismo espumoso)
enquanto a sua libertação se encontra inibida. Entre as causas
que geram esta inibição está a alimentação fraca em fibra, de
erva com geada e neve, de grande quantidades de água, de erva
em más condições, de elevadas concentrações de leguminosas,
de plantas que contêm ácido cianídrico, etc.
-
Indigestão simples: ocorre quando são administradas forragens
muito fibrosas com muitos rebentos, ingestão de alimentos
frios e água, diminuição da flora e actividade metabólica por
falta de sais. Tudo isto origina deficiências na cadeia de reacções
que participam na digestão normal (reacções enzimáticas)
desencadeando de maneira secundária alterações na ruminagem
e disfunções bioquímicas.
-
Indigestão que evolui com acidose: originada pelo consumo
excessivo de hidratos de carbono (beterraba e seus derivados) ou
de cereais, que aumenta a produção de ácido láctico no rumen
(o pH diminui) e posteriormente é absorvido passando para o
sangue. O animal não rumina, apresenta fastio e pode estar
associado também a meteorismos (acumulação de gás no rumen)
e à disseminação do ácido láctico pelo organismo chegando ao
fígado onde se pode enquistar (abcessos hepáticos).
78
Alimentação de Bovinos Biológicos para a Carne | MÓDULO I
Indigestão com alcalose: neste caso são administradas em
excesso substâncias azotadas. Evolui com um aumento da cadeia
normal de reacções que se dão no rumen (reacções enzimáticas)
produzindo elevadas concentrações de azoto que aumentam o pH
ruminal e destroem a flora aí presente. A ruminagem é alterada e
o animal apresenta sobrecarga e diminuição da concentração de
magnésio (hipomagnesemia).
-
Intoxicações por consumo excessivo de bolotas, fetos, etc.
Estas alterações podem observar-se nos restantes lotes com maior
ou menor frequência. Geralmente, se as regras de maneio são as
adequadas, a percentagem de mortalidade no lote de engorda é
muito baixa, inferior a 1%, podendo chegar a 5% em vitelos se se
contarem os recém nascidos.
• Lote de reposição
As novilhas requerem cuidados muito especiais. O início da actividade
reprodutiva depende em grande medida da raça da selecção que o
produtor vá realizando na sua exploração. A capacidade reprodutora
inicia-se muito cedo, pelo que a administração de nutrientes deve
satisfazer todas as necessidades para o seu próprio crescimento
e formação, assim como o desenvolvimento da sua cria e a sua
lactação.
(Imagem 2:
Novilhas de reposição de raça
autóctone:
Avileña-negra Ibérica)
79
CAPÍTULO III
-
MÓDULO I | Alimentação de Bovinos Biológicos para a Carne
CAPÍTULO III
A gestação, a lactação e o crescimento são actividades que
necessitam de muitos nutrientes. Resulta essencial conseguir que a
fêmeas comecem a sua função reprodutora em condições fisiológicas
adequadas.
-
Maturação corporal. É aconselhável que tenham suficientes
reservas de cálcio e fósforo para a produção de leite e reservas
de energia para a sua manutenção geral. Se não se consegue
uma maturação corporal adequada, os primeiros cios demoraram
a manifestar-se e diminuirá a capacidade de ovulação.
-
Condição corporal. É a medida do estado de reservas do animal.
Todas as fêmeas devem chegar ao parto com um estado de
condição corporal intermédio, de nível 3 (no qual se podem
apalpar bem as costelas). Se as novilhas chegam ao parto com
uma condição corporal baixa (menor que 3), durante a lactação
diminuem os seus níveis de gordura e emagrecem muito. Se as
novilhas têm uma condição corporal muito alta (maior que 3),
as ovulações são escassas, perdem-se os ciclos, a capacidade de
placentação fica diminuída, etc.
Outros problemas que se podem colocar por falta de desenvolvimento
das novilhas são: dificuldades no parto, vitelos debilitados, ausência
de instinto maternal e abandono dos vitelos.
• Lote de vacas em gestação
As alterações que se produzem nesta etapa são muito importantes.
As necessidades nutricionais das vacas gestantes distribuem-se da
seguinte forma:
-
80
Gestação. No primeiro terço da gestação o feto cresce muito
pouco. Todavia, as necessidades no último terço da gestação
Alimentação de Bovinos Biológicos para a Carne | MÓDULO I
-
-
Resumindo, a mãe gasta os nutrientes por esta ordem de prioridade;
primeiro, o feto; em segundo lugar, a sua manutenção; e em terceiro,
o seu crescimento. Desta forma, qualquer deficiência na nutrição vai
repercutir-se directamente no estado da mãe.
• Lote de vacas paridas
É muito importante que as necessidades nutricionais deste lote
estejam satisfeitas, já que as deficiências na alimentação podem
originar problemas tanto para a mãe como para o vitelo.
A falta de concentrado ou de forragem de alto conteúdo energético
produz quebras na condição corporal da vaca, diminuição da
quantidade e qualidade do leite, doenças, etc., que afectam
directamente o vitelo e geram desnutrição, diarreias, perda de
peso…
(Imagem 3:
Vaca com vitelo de uns dois meses
com cio)
81
CAPÍTULO III
aumentam.
Manutenção da mãe. As alterações hormonais tão profundas que
se produzem durante a gestação implicam um grande consumo
metabólico e maiores necessidades a nível nutricional.
Crescimento. As vacas continuam a crescer e a formar-se
aproximadamente até ao terceiro parto. A partir daí, estabilizam
e as necessidades ficam distribuídas entre a sua manutenção e a
formação e cria do vitelo.
MÓDULO I | Alimentação de Bovinos Biológicos para a Carne
Neste lote deverá ser vigiado especialmente:
-
CAPÍTULO III
-
82
O nascimento de crias no Inverno, uma vez que podem passar de
38 ºC a -10 ºC quando está a gear ou nevar. É importantíssimo
que mamem rapidamente o colostro para que o vitelo adquira
uma boa imunidade.
As diarreias no verão. Rapidamente ocorre a desidratação do
animal e pode morrer em pouco tempo.
As deficiências em selénio e vitamina E encontram-se associadas
à doença “do músculo branco” ou “distrofia muscular
degenerativa”, que termina com alterações na mobilidade,
andar cambaleante, tremores, prostração. Pode ser evitado com
silagem de gramíneas e ração e, em caso de necessidade, com a
utilização de suplementos vitamínicos sempre que o organismo
de controlo correspondente o autorize.
Alimentação de Bovinos Biológicos para a Carne | MÓDULO I
1.3. Elaboração de rações
Biológicas e a sua rotulagem
O fabricante deve garantir uma separação física eficaz entre os
alimentos destinados á produção biológica e os de produção
convencional.
O fluxo de fabrico deve estar completamente diferenciado dos
restantes fluxos de elaboração não sujeitas ás normas biológicas.
No caso de se efectuarem operações no mesmo fluxo, deverão
realizar-se separadamente e proceder-se à limpeza adequada antes
da elaboração da ração biológica e sempre mediante autorização do
organismo de controlo competente. É obrigatório manter um registo
de quantidades, produtos e destinatários que foram fornecidos. O
órgão de controlo realizará análises aleatórias às amostras.
Quando um produtor pondera converter a sua exploração á produção
biológica, deve planificar quem e como lhe vai fornecer a ração
biológica necessária para os animais em épocas de escassez ou para
complementar a alimentação de alguns lotes.
83
CAPÍTULO III
Para a elaboração de rações biológicas é obrigatório realizar uma
descrição de todas as instalações que vão ter intervenção no seu
fabrico (recepção, elaboração e armazenamento dos produtos). Além
disso, será necessário possuir um registo onde constem as matériasprimas, os animais para os quais estão destinadas e as fórmulas que
estejam previstas para produção. Deverão ser tomadas as medidas
necessárias para evitar a contaminação com substâncias não
autorizadas e cumprir os requisitos do sistema de análise de perigos
e controlo de pontos críticos.
MÓDULO I | Alimentação de Bovinos Biológicos para a Carne
CAPÍTULO III
Há duas formas de obter ração biológica na exploração:
1) Comprar ração biológica. Algumas fábricas de rações autorizadas
realizam este concentrado à base de matérias-primas biológicas
ou em reconversão, segundo as normas de fabrico descritas
anteriormente. Normalmente esta ração pode ser fornecida a granel,
e ser descarregada em silos, ou em sacos para ser utilizada à medida
das necessidades. Dependendo da estrutura de cada exploração
deverá ser escolhido o tipo de fornecimento mais adequado.
O transporte dos alimentos biológicos para as explorações deve
realizar-se de forma isolada e, se se efectuar de forma simultânea
com outro tipo de alimentos, deve existir uma separação física entre
ambos. Quando se trata de ração a granel, deve ser acompanhada
de uma cópia do documento de circulação, que inclui os seguintes
dados:
-
Organismo de controlo do qual depende o operador.
Produtor ou distribuidor com o nome, a direcção e o número
de operador.
Receptor ou comprador com o nome, a direcção, o número
de operador e o organismo de controlo do qual depende.
Relação de produtos, quantidade e forma de envio.
Matrícula do transporte.
Data.
As outras cópias do documento de circulação são entregues ao
organismo de controlo e ao produtor.
No caso do fornecimento em sacos, cada um deles terá inscrito num
autocolante a informação obrigatória para qualquer tipo de ração.
Além disso, deverá possuir um outro autocolante onde figurem,
entre outros dados:
84
Alimentação de Bovinos Biológicos para a Carne | MÓDULO I
-
2) Produzir ração biológica. Há explorações, que com um nível
sanitário e um maneio adequado, podem produzir com relativa
facilidade a sua própria ração sem necessidade de depender do
fornecimento de fabricantes, que encarecem o preço do produto
final. Para isso, convém realizar acordos com os agricultores para que
forneçam o grão que não semeiam e necessário para realizar a ração.
Desta forma, o produtor de gado não terá problemas em encontrar
grão para preparar a ração e o agricultor não encontrará dificuldades
para o vender.
O transporte do grão deve ser acompanhado de um documento de
circulação onde figurem, entre outros dados, o número de operador
do produtor e o órgão de controlo do qual depende, a espécie do
grão e a quantidade vendida, os dados do destinatário e o seu
número de operador, a data, etc.
Uma ração para alimentação de gado bovino pode ser feita de uma
forma fácil moendo um cereal com uma leguminosa. O cereal tem
que estar numa proporção inferior a 80% (70-75%) e contribuirá com
os hidratos de carbono, enquanto que a leguminosa deve estar numa
proporção de aproximadamente 20% e proporcionará a proteína
necessária para o animal. Este tipo de ração juntamente com o
aproveitamento do pasto em parcelas onde os animais se encontram
85
CAPÍTULO III
-
O órgão de controlo.
O número de operador de quem produz a ração.
A lista de matérias-primas utilizadas que provêem de
agricultura biológica.
A lista de matérias-primas utilizadas que provêem de
agricultura em reconversão.
A lista de matérias-primas convencionais, no caso de existir
alguma.
MÓDULO I | Alimentação de Bovinos Biológicos para a Carne
ao ar livre, ou da forragem, feno ou palha quando estejam dentro das
instalações, contribuirá para que os animais estejam em bom estado e
que a carne obtida seja de excelente qualidade.
CAPÍTULO III
(Imagem 4: Ração realizada numa exploração
para o seu próprio consumo, composta por
cevada e alfarrobas.)
(Imagem 5: Aproveitamento
dos recursos naturais.)
(Imagem 6: Macho de
engorda alimentado à base
de recursos naturais e de
ração.)
86
Alimentação de Bovinos Biológicos para a Carne | MÓDULO I
2. CULTIVO DE FORRAGEM
PARA A ALIMENTAÇÃO DE GADO
BIOLÓGICO
Como objectivos da relação entre a agricultura e a produção de gado
biológica podemos encontrar:
-
Produção de alimentos de alta qualidade respeitando o meio
ambiente no qual se desenvolvem.
Conservação ou aumento da fertilidade da terra e da sua
actividade biológica.
Desenvolvimento de explorações mistas de agricultura e
criação de gado.
Controlo de pragas sem necessidade de utilização de
herbicidas, pesticidas, etc.
Utilização de recursos renováveis e sistemas de produção
agrícola local.
Aumento e fixação de mão-de-obra nas aldeias para evitar o
seu abandono.
87
CAPÍTULO III
Neste tipo de produção biológica é evidente a ligação que existe
entre a produção de gado e a agricultura, de maneira que se
complementam e fazem com que na exploração biológica impere a
qualidade e a rentabilidade económica.
CAPÍTULO III
MÓDULO I | Alimentação de Bovinos Biológicos para a Carne
(Imagem 7: Campo de cevada em equilíbrio com o meio no qual se desenvolve.)
2.1. Bases para o desenvolvimento
da Agricultura Biológica
Existem muitas diferenças entre as diferentes culturas, mas o
objectivo é o mesmo: obter uma colheita de elevada qualidade e
economicamente rentável.
O período de reconversão da terra dependerá dos tipos de
tratamentos recebidos anteriormente e da utilização que se irá dar a
partir desse momento. Será realizado um estudo pelo organismo de
controlo que determinará concretamente o tempo necessário para
essa reconversão. Normalmente oscila entre dois e três anos.
88
Alimentação de Bovinos Biológicos para a Carne | MÓDULO I
Sementes a utilizar:
Devem ser sementes obtidas mediante reprodução vegetativa, não
podem provir de organismos geneticamente modificados e no seu
método de produção podem ter sido utilizadas as substâncias que
figurem nos anexos I e II do Regulamento 2092/91 (sempre que o
Estado membro o permita na sua legislação)
CAPÍTULO III
Principais regras para o desenvolvimento da agricultura biológica:
• Lavouras
As lavouras são um conjunto de operações mecânicas ou manuais
para trabalhar o solo e obter um bom desenvolvimento das
plantas. Há que destacar a importância de não mobilizar em muita
profundidade (nunca mais de 25 cm) com o objectivo de não misturar
as diferentes camadas da terra. Deve deixar-se que os ciclos do solo
se completem sozinhos para um melhor desenvolvimento do ciclo
seguinte. A associação de plantas com diferentes tipos de raízes e a
rotação das culturas, contribuem para a alteração da profundidade
do solo e para um melhor aproveitamento da água e dos nutrientes
por parte das plantas. Para proteger o solo de problemas de erosão
é conveniente não desagregá-lo demasiado e manter restos vegetais
como os restolhos, que ajudam à sua conservação.
• Fertilização
Está proibida a fertilização com qualquer substância tóxica ou de
síntese química. Para realizar uma fertilização adequada é possível
a utilização de estrume e de outros materiais provenientes de
explorações com produção biológica. O estrume de explorações
convencionais não é adequado, uma vez que é rico em resíduos químicos
que permanecem no solo e destroem parte dos microrganismos e os
89
CAPÍTULO III
MÓDULO I | Alimentação de Bovinos Biológicos para a Carne
macrorganismos responsáveis pela decomposição natural da matéria.
Os fungos e as bactérias decompõem restos de animais e plantas e
permitem a assimilação dos nutrientes pelas plantas. A presença de
minhocas assegura uma excelente qualidade os solos e multiplica as
concentrações de micro e macroelementos assimiláveis pelas plantas.
Além disso, favorece a boa oxigenação do solo e a chegada de água
e nutrientes ás culturas. Outros animais que contribuem para o
bom funcionamento do solo são as abelhas, borboletas e ouriços
que facilitam a fertilização das plantas e evitam o aparecimento de
pragas.
Um correctivo muito utilizado na agricultura biológica é o composto.
Trata-se de uma técnica relativamente simples com a qual se realiza
a degradação da matéria orgânica, de forma a torná-la assimilável
pelas plantas. Esta técnica será explicada mais à frente no módulo VI
sobre gestão de resíduos.
Frequentemente são feitas sementeiras de leguminosas (ervilhaca,
ervilha, tremoço) ou de gramíneas associadas a leguminosas (aveia
e ervilhaca) para posteriormente as deixar no solo e utilizá-la como
fertilizante verde para as culturas. As leguminosas têm a capacidade
de fixar o azoto ao solo.
• Rotação das culturas
A rotação das culturas é mais um método de fertilização e prevenção
de pragas. O cultivo do mesmo tipo de planta durante muitos anos
favorece o esgotamento dos solos e dos micronutrientes que essa
planta necessita, Cada planta, através do seu sistema radicular,
retira do solo os nutrientes que utiliza para o seu crescimento. Se
esta situação se repete todos os anos, as reservas de nutrientes
esgotam-se. Por isso é importante fazer a rotação das culturas com
espécies com tamanhos de raiz e necessidades diferentes. A rotação
90
Alimentação de Bovinos Biológicos para a Carne | MÓDULO I
de culturas todos os anos também evita a transmissão de parasitas de
um ano para outro.
As associações de culturas promovem benefícios de ambas as plantas
ou, pelo menos, de uma delas. As espécies associadas não devem
competir pelos mesmos nutrientes e podem semear-se em diferentes
linhas para facilitar a colheita em separado.
Muitos dos métodos anteriormente mencionados, tais como a rotação
e a associação de culturas, o predomínio de animais insectívoros (os
ouriços, lagartixas, e sapos) e a utilização de variedades autóctones,
previnem o aparecimento de pragas e doenças. Também se pode
utilizar uma grande variedade de plantas aromáticas semeadas
próximo das culturas ou entre elas, que devido ao seu odor atraem
polinizadores e evitam a propagação das pragas. Por outro lado,
existem macerações e extractos de plantas que funcionam como
insecticidas vegetais, tais como preparados de piretrina e rotenona,
entre muitas que têm acção contra os pulgões e gorgulhos.
Nas partes A e B do anexo II do Regulamento 2092/91 é apresentada
uma lista dos produtos fitossanitários que se utilizam, como
fertilizantes, correctivos acondicionadores do solo e pesticidas,
respeitando sempre as disposições especificas do Estado membro
onde se utilizem.
91
CAPÍTULO III
• Tratamento de pragas e doenças
MÓDULO I | Alimentação de Bovinos Biológicos para a Carne
CAPÍTULO III
2.2. Culturas Forrageiras
É conveniente planificar com antecedência a alimentação seleccionada
para cada exploração de forma a assegurar o abastecimento durante
todo o ano. Algumas explorações bovinas contam com agricultura
associada e podem ser auto-suficientes, ou até mesmo estabelecer
contactos com outras explorações biológicas que necessitem deste
tipo de alimento. Estas últimas deverão realizar acordos com
agricultores biológicos (cooperativas ou associações) para assegurar
o fornecimento de ração e forragem durante as épocas de escassez.
As forragens, no sentido lato da palavra, são culturas semeadas para
proceder ao seu corte, em certos casos, e ao aproveitamento pelo
gado noutros. O tipo de forragem a cultivar depende, entre outros
factores, das variedades locais que melhor se adaptam ao solo, das
características climáticas da zona e das necessidades da exploração
pecuária.
(Imagem 8: Forragem
de ervilhaca.)
92
Alimentação de Bovinos Biológicos para a Carne | MÓDULO I
O criador de gado terá que avaliar, em primeiro lugar, a variedade
a semear e, em segundo lugar, se o vai recolher como forragem
ou se espera para recolher o grão e utilizá-lo na elaboração da
ração. O cultivo deve ser feito de acordo com as regras descritas
anteriormente. Para enriquecer os prados onde pastam os animais
podem introduzir-se gramíneas ou leguminosas que asseguram um
alimento de excelente qualidade.
93
CAPÍTULO III
Existem muitos factores que intervêm no cultivo de uma espécie ou
de outra. A frequência de chuvas, o sol, a humidade, a proximidade
das montanhas, etc., favorecem a sementeira de uma determinada
variedade e, por esse motivo, é tão grande a diversidade de culturas
forrageiras.
94
CAPÍTULO III
Módulo II
CAPÍTULO III
REPRODUÇÃO DO GADO
BOVINO BIOLÓGICO
95
MÓDULO II | Reprodução do Gado Bovino Biológico
CAPÍTULO III
1. Acasalamento NATURAL
Em termos de reprodução do gado bovino na exploração biológica,
há que deixar que cada animal tenha o seu ritmo, uma vez que não se
podem acelerar os ciclos biológicos nem estimular o seu início.
A reprodução deve realizar-se mediante acasalamento natural,
embora também esteja permitida a inseminação artificial. Esta última
praticamente não se utiliza pela dificuldade de maneio que requerem
este tipo de raças e pelo problema que supõe meter as vacas em
mangas cada vez que se detecta o cio de uma delas.
Está totalmente proibido qualquer outro tipo de maneio da
reprodução como a transferência de embriões ou os tratamentos
hormonais, que acelerem o ciclo reprodutivo normal do animal.
A castração física está permitida para realizar outro tipo de produção
de diferente qualidade, como a carne de boi. Esta operação deve ser
sempre efectuada por pessoal qualificado e evitando o sofrimento
do animal.
A maioria das explorações tem um ciclo de cobrições contínuo ao
longo do ano. Os touros permanecem com as fêmeas todo o tempo,
o que supõe vantagens e inconvenientes.
96
Reprodução do Gado Bovino Biológico | MÓDULO II
CAPÍTULO III
(Imagem 9: Exploração onde os reprodutores permanecem com as fêmeas
durante todo o ano.)
Vantagens:
. Podem ficar prenhas as fêmeas que já o forma anteriormente.
Assim, evita-se que algumas fêmeas não sejam cobertas até à
chegada da nova etapa de cobrições, o que levaria a um atraso em
todo o ciclo da vaca e a consequentes perdas económicas.
. Diminuição dos intervalos entre partos. Quando as vacas estão
todo o ano com o touro, há mais garantias que quando tenham os
primeiros cios férteis estas serão cobertas.
. Existe a possibilidade de criar um ciclo contínuo de comercialização
de vitelos e manter o abastecimento do mercado que tanto trabalho
custa a conseguir.
97
MÓDULO II | Reprodução do Gado Bovino Biológico
Inconvenientes:
- Podem ficar prenhas fêmeas demasiado jovens ou vacas que
ainda não se encontram recuperadas do parto anterior.
CAPÍTULO III
- O touro está continuamente em contacto com as vacas e diminui
a sua fertilidade.
-Ocorrem partos em épocas com condições climatéricas
desfavoráveis, o que pode levar ao aparecimento de problemas
de pneumonias no Inverno ou diarreias no Verão.
A concentração dos partos obriga a ter em conta a época de maior
abundância de pastos nas parcelas para assegurar o desenvolvimento
do vitelo e uma boa manutenção da mãe, sem necessidade de gastos
adicionais de concentrado e forragens. Nesta situação os touros
permanecem separados das fêmeas durante o tempo que o produtor
entenda por conveniente para facilitar o maneio do gado.
A proporção adequada de touros que garante uma correcta taxa de
cobrição é de aproximadamente 4%. Em determinadas circunstâncias,
como em zonas de montanha, o gado é separado e o touro pode
permanecer todo o Verão com um número reduzido de fêmeas,
enquanto que o resto da manada permanece sem touro. Nestas
ocasiões é conveniente aumentar a proporção de touros e promover
a realização das cobrições de toda a manada.
Para um bom funcionamento da exploração há que ter um controlo
exaustivo de cada vaca.
Pode-se elaborar uma ficha para cada vaca onde conste o número de
partos, o tempo que demora a ficar prenha, se repete muitas vezes ou
não, de que touro fica prenha e todos os dados referentes ao vitelo,
98
Reprodução do Gado Bovino Biológico | MÓDULO II
tais como o desenvolvimento, o sexo, a raça e o destino (engorda ou
recria).
Uma vaca tem uma gestação de aproximadamente 9 meses podendo
haver algumas variações dependendo da raça e do factor individual.
Se as vacas estão com o touro durante todo o tempo, normalmente
iniciam o cio aproximadamente 2 meses após o parto. As vacas
com boa capacidade reprodutora costumam ficar prenhas logo no
primeiro cio, mas há situações que dependem de cada animal ou do
próprio maneio de cada exploração, como por exemplo, o estado
de carnes, se ficaram bem limpas do parto anterior, as condições
meteorológicas, se comeram erva verde ou não, etc.
Existe uma série de factores individuais e de maneio que fazem com
que as vacas demorem mais ou menos a ficar prenhas de novo. Por
isso, há que analisar cada situação e averiguar as causas do atraso.
Através do registo dos dados se saberá quando pariu a última vez,
como foi o parto, se teve retenção da placenta, o número de partos
que já teve, etc.
Como já foi comentado anteriormente, numa exploração biológica
não se devem forçar os ciclos naturais. Deve-se deixar que cada animal
siga o seu ritmo normal, sem tentar retirar o máximo rendimento
mas, como é claro, assegurando uma produção rentável.
Em relação aos reprodutores, o exame dos genitais masculinos tem
99
CAPÍTULO III
Com uma ficha completa de cada vaca será fácil descartar a existência
de problemas de fertilidade ou de falta de amplitude reprodutiva.
Neste registo vão-se destacar as vacas mais reprodutoras e com
melhores qualidades tanto maternais como para a produção,
podendo-se assim realizar uma selecção de todas elas para assegurar
a sua descendência.
MÓDULO II | Reprodução do Gado Bovino Biológico
grande importância uma vez que só são rentáveis quando o seu
funcionamento é o correcto. Nos animais de engorda, unicamente se
presta atenção a este aspecto quando afecta o desenvolvimento do
resto do organismo.
CAPÍTULO III
Para avaliar a capacidade reprodutiva dos touros e o estado sanitário
geral, devem-se observar as seguintes indicações:
- Avaliação do estado sanitário geral dos animais. Realizar
análises de sangue, de fezes e um reconhecimento completo
para descartar alguma doença que afecte o bom estado geral e,
secundariamente, a capacidade reprodutiva do animal. Observação
do estado dos aprumos (deve-se garantir uma correcta posição
das extremidades, que os ligamentos não estejam danificados, o
bom estado dos cascos, etc.).
- Exame visual para assegurar que não é portador de características
indesejáveis perceptíveis visualmente e que possam transmitir-se
à descendência.
- Avaliação dos genitais mediante a inspecção e apalpação para
garantir a cobrição. Realização de exames com a finalidade de
controlar as doenças de transmissão venérea para evitar a sua
propagação ao resto da manada.
- Comprovar a capacidade de transferência das características à
descendência.
- Observação do comportamento sexual do macho perante
uma fêmea no cio. Normalmente tem três fases: começa com a
excitação e os mugidos, de seguida produz-se uma aproximação
à fêmea e, finalmente, desencadeiam-se os reflexos típicos do
acasalamento.
100
Reprodução do Gado Bovino Biológico | MÓDULO II
A selecção de um bom reprodutor é primordial para o maneio
reprodutivo da exploração de gado bovino. Deve-se ter em conta
que a sua descendência será o futuro da exploração.
CAPÍTULO III
101
MÓDULO II | Reprodução do Gado Bovino Biológico
CAPÍTULO III
2. Planos de Criação
Conforme já referido anteriormente, as raças autóctones são
necessárias para melhorar o maneio da exploração bovina. Garantem
altos índices de fertilidade, facilidade no parto, baixo intervalo entre
partos… Todavia, as crias costumam ter rendimentos em carne baixos
e uma conformação pouco valorizada no momento da venda.
Para melhorar as características de rendimento e conformação
realiza-se o cruzamento com reprodutores com mais aptidão para
carne, como as raças limousine e charolesa. A introdução de machos
reprodutores não provenientes de parcelas biológicas está autorizada
sempre que sejam criados e alimentados conforme as regras de
produção biológica do conjunto da exploração. Deve-se garantir o
estado sanitário de todos os animais novos que sejam incorporados à
exploração mediante a realização de inspecções ou análises.
Por isso, numa exploração biológica de gado bovino para carne seria
conveniente ter dois tipos de reprodutores.
a) Um reprodutor de raça autóctone
No cruzamento deste reprodutor com as fêmeas de raça autóctone
permanecem as características principais na descendência e, preservase assim, a raça e todas as suas qualidades.
102
Reprodução do Gado Bovino Biológico | MÓDULO II
CAPÍTULO III
(Imagem 10: Reprodutor de raça Avileña-negra Ibérica. A configuração dos quartos
traseiros difere bastante da dos toros do chamado “cruzamento industrial”.)
As fêmeas que nasçam deste cruzamento serão destinadas à reposição,
aproximadamente um 10%. Os machos serão destinados à engorda;
a sua conformação não é a ideal para obter bons rendimentos, mas é
a única forma de garantir as características da raça na descendência.
Algum dos machos poderá ser destinado a reprodutor tendo em
conta as qualidades da mãe e evitando assim a introdução de animais
alheios à exploração cujo estado sanitário se desconhece.
Em relação à qualidade da carne que se produz neste tipo de
cruzamento é superior à do resto dos cruzamentos que se possam
fazer. Apresenta-se suculenta, é saborosa e, dependendo da raça,
muito rica em ferro. Além disso desenvolve-se em equilíbrio com o
meio que os rodeia.
103
MÓDULO II | Reprodução do Gado Bovino Biológico
CAPÍTULO III
b) Um reprodutor com aptidão para carne
Este é o denominado “cruzamento industrial” que se realiza
frequentemente com as raças limousine e charolesa. As crias
(machos ou fêmeas) nascidas deste cruzamento melhoraram a sua
conformação e o seu rendimento em carnes e serão mais rentáveis
no momento da venda. As novilhas não devem ser cruzadas com
machos de aptidão para carne devido ao perigo de partos distócitos
ou difíceis, sobre os quais se falará posteriormente. As fêmeas deste
cruzamento perdem rusticidade, pelo que se aconselha a não utilizálas para reposição. Também apresentam uma maior percentagem de
complicações no parto.
(Imagem 11: Reprodutor charolês. A configuração dos quartos traseiros é de maior
valor económico, são mais largos e têm as massas musculares melhor formadas.)
104
Reprodução do Gado Bovino Biológico | MÓDULO II
3. Cuidados durante
o nascimento
a) Cuidados antes do parto
Quando uma vaca está próxima do parto apresenta uma série de
sintomas que alertam no sentido de se proceder à correcta gestão do
animal, evitando possíveis complicações.
Os partos das novilhas requerem cuidados especiais. Nestes casos,
desconhece-se o comportamento e, sobretudo, se as dimensões da
novilha são suficientes para que o vitelo nasça sem problemas. Tal
como já foi referido anteriormente, aconselha-se o cruzamento com
um touro autóctone. Se tiver de ser um reprodutor com aptidão
para carne, deverá escolher-se um limousine porque dá crias mais
pequenas mas com uma percentagem posterior de reconversão
elevada.
(Imagem 12: Novilha para cruzar
com um macho autóctone e evitar
problemas de partos difíceis.)
105
CAPÍTULO III
Os cuidados que o gado requer durante a gestação e o nascimento
variam em função da fase do parto, explicando-se em seguida as
condições especificas a ter em conta antes, durante e depois do
parto.
MÓDULO II | Reprodução do Gado Bovino Biológico
Nas últimas semanas antes do parto a cria provoca grande desgaste
na mãe, sendo conveniente ir aumentando a ração de concentrado e
reduzir possíveis deficiências que se repercutirão na mãe e no vitelo.
CAPÍTULO III
Quando se prevêem alterações meteorológicas deve-se reforçar os
cuidados dispensados às fêmeas, uma vez que o mais provável é que
o parto se adiante.
Os sintomas característicos anteriores ao parto são:
- A vaca não está tranquila e separa-se dos restantes.
- Começa a produção láctea e são visíveis os tetos carregados.
- Aumenta a frequência das micções.
- Edema da vulva.
- Aparecimento do muco cervical.
- Relaxamento dos ligamentos pélvicos da vaca com o consequente
afundamento do abdómen.
Nem todos os animais apresentam estes sintomas. É frequente ver
vacas que na proximidade do parto ainda não iniciaram a produção
láctea e com o ubere descarregado. No entanto, após o parto
desencadeia-se todo o mecanismo hormonal.
O tempo que decorre entre o aparecimento dos sintomas e o parto
é muito variável e depende de cada animal, podendo oscilar desde
várias horas até uma semana. Em algumas situações, quando o vitelo
começa a colocar-se no canal do parto, a vaca fica agitada 4 ou 5 dias
antes de parir e apresenta cólicas.
106
Reprodução do Gado Bovino Biológico | MÓDULO II
b) Cuidados durante o parto
Uma vez iniciado o parto, na maioria dos casos, dá-se o nascimento
do animal sem problemas. Aproximadamente 98% das fêmeas pare
sem complicações quando se tiveram em atenção as regras de maneio
referidas anteriormente.
CAPÍTULO III
(Imagem 13:
Novilha com a cria
de dois dias)
Não acontece o mesmo com as fêmeas mestiças, cuja percentagem de
partos difíceis pode chegar aos 10%.
Existem diferentes causas que dificultam o nascimento do vitelo.
Entre as mais importante, destacamos:
- Desproporção entre o tamanho do vitelo e a mãe. Isto é frequente
em fêmeas prenhes muito jovens de touros inadequados ou com
alterações morfológicas da pélvis. São desfavoráveis as pélvis
compridas e estreitas e garupa descida.
- Posição alterada do feto. O feto mal colocado no canal do parto
impede o nascimento. Pode ter a cabeça lateral, flectida numa
das extremidades ou estar colocado transversalmente no canal
do parto, etc.
107
MÓDULO II | Reprodução do Gado Bovino Biológico
- Partos gemelares.
- Malformações fetais.
CAPÍTULO III
- Torção uterina. O útero onde o vitelo esteve implantado
toda a gestação, dá meia volta e aparece flectido.
Desenvolve-se no final da gestação ou na primeira fase do
parto e frequentemente fica-se a dever aos movimentos do
vitelo para se colocar no canal do parto. Normalmente está
associada a um vitelo grande.
- Pouca dilatação do cérvix. O cérvix é o colo do útero e é
necessário que dilate para que o vitelo consiga nascer. Se
não dilata, o vitelo terá dificuldades para sair. Por vezes, está
relacionada com uma posição de nádegas do vitelo. As patas
traseiras no canal do parto são insuficientes para estimular
as contracções abdominais e desencadear o parto, e pode-se
correr o risco de morte do vitelo. Nestes casos é conveniente
pedir ajuda a um médico veterinário para que avalie a
situação e dê possíveis soluções.
c) Cuidados pós- parto
Imediatamente após o nascimento do vitelo é conveniente retirar-lhe
das fossas nasais e da boca os restos de liquido amniótico para que
não ocorram pneumonias por aspiração. Mais à frente indicaremos
numerosos medicamentos homeopáticos que estimulam a respiração
em vitelos recém-nascidos. Quando o criador não está presente é a
mãe que lambe o vitelo para o limpar.
A desinfecção do cordão umbilical é conveniente para prevenir o
108
Reprodução do Gado Bovino Biológico | MÓDULO II
aparecimento de onfaloflebite (infecção do umbigo) e a possibilidade
de disseminação da infecção pelo organismo.
Se o vitelo expulsar o mecónio nas primeiras horas de vida é um sinal
de que ingeriu o colostro.
No exame ao aparelho genital evitar complicações, tais como:
- Descolamento da parede vaginal por lubrificação deficiente,
vitelos grandes ou dilatação anormal.
- Lacerações no recto e contaminação da vagina por um vitelo
muito grande ou com má apresentação.
- Retenção da placenta por partos prolongados, deficiências em
vitamina E e selénio. Após alguns dias a placenta decompõe-se e
expulsa uma secreção uterina muito suja.
- Metrites. Infecção uterina. A vaca apresenta sinais sistémicos que
começam com febre, inapetência, secreções vulvares castanhas e
mal cheirosas de consistência líquida.
- Prolapso uterino. Saída do útero para o exterior. Acontece
com alguma frequência poucas horas após o parto e pode estar
associado a baixas concentrações de cálcio no sangue ou retenção
placentária.
Tal como para todos os problemas referidos anteriormente, será
conveniente que o veterinário trate o animal.
A involução uterina e a regeneração do endométrio demoram cerca
109
CAPÍTULO III
No que diz respeito à fêmea, antes de proceder à avaliação do
seu estado geral e efectuar a inspecção ao aparelho genital é
conveniente, na medida do possível, levantar o animal. Nos animais
que não se levantam depois do parto é preciso controlar a circulação
sanguínea, o aparelho locomotor e o sistema nervoso para identificar
a causa do problema e tomar a decisão necessária.
MÓDULO II | Reprodução do Gado Bovino Biológico
CAPÍTULO III
de 50 dias até estar completa. Durante esses dias e mais algumas
semanas é possível observar vestígios de lóquios e corrimento
amarelado através da vagina.
O intervalo entre o parto e a primeira ovulação depende da raça, da
alimentação, do estado de carnes e da época do ano. Normalmente
oscila entre um mês e meio e dois meses. Geralmente recomenda-se
que as vacas não sejam cobertas antes de 50 dias, uma vez que antes
disso as taxas de concepção são muito baixas.
110
Módulo III
CAPÍTULO III
CUIDADO E MANEIO DO GADO
BOVINO BIOLÓGICO
111
MÓDULO III | Cuidado e Maneio do Gado Bovino Biológico
CAPÍTULO III
1. Controlo do pastoreio
Nas explorações de gado bovino biológico o aproveitamento dos
recursos naturais e o contacto com o ambiente garantem, para além
de uma excelente qualidade do produto final, o fortalecimento do
sistema imunitário dos animais, que os torna mais resistentes ás
doenças.
A rotação do gado pelas várias parcelas da exploração garante
uma alimentação à base de erva fresca, rebentos, flores e frutos,
que no lote de engorda configura a principal diferença em relação
à produção de gado convencional. Estes são os alimentos mais
biológicos que se podem dar ao gado. Os excrementos dos animais
ajudam a incrementar a fertilidade do solo e a qualidade da erva.
No caso das explorações com parcelas com muitos hectares, é
conveniente a divisão em parcelas mais pequenas para ter um maior
controlo dos animais e melhorar assim o aproveitamento de cada
zona. O cercado das parcelas deve realizar-se de maneira adequada
para assegurar que os animais não se juntem com outros ou que
fujam e provoquem acidentes.
Dentro de uma exploração pode haver parcelas com pastos de melhor
ou pior qualidade, mais frescos ou mais secos, e com mais ou menos
arbustos. Por isso, é muito importante programar o pastoreio de cada
parcela e aproveitar os recursos nelas disponíveis consoante a estação
do ano.
112
Cuidado e Maneio do Gado Bovino Biológico | MÓDULO III
Em certas ocasiões há tendência para limpar as parcelas de arbustos e
silvas sem ter em conta os benefícios que este mato pode proporcionar
ao gado e ao resto dos animais da zona, já que os pode proteger da
chuva, do sol, do vento, etc.
Dever ser dada especial atenção ás áreas pastoreadas pelos machos
de engorda, onde os prados têm mais problemas de erosão porque
estes animais lutam entre si, coçam-se, escavam e destroem a zona
mesmo quando o encabeçamento não é muito elevado. Para evitar
estes inconvenientes de desgaste do prado, é aconselhável que os
machos de engorda aproveitem:
- No Inverno, terrenos secos e porosos para que não empapem.
- No Verão, prados resistentes ao pisoteio para melhorar a sua
adubação e fertilidade.
Este é um ponto onde se encontra uma grande diferença em relação
aos locais de engorda tradicionais, onde é frequente que os vitelos
se encontrem em zonas com grandes quantidades de estrume que
diminui o seu bem-estar e rendimento.
No entanto, o lote de fêmeas de engorda com um encabeçamento
adequado favorece a adubação da zona sem erodir o prado.
113
CAPÍTULO III
Quando os animais da exploração passam todo o tempo ao ar
livre necessitam de resguardos para se refugiarem das condições
climatéricas adversas; podem ser as paredes das parcelas quando
feitas de pedra, árvores, arbustos (silvas ou matos), rochedos, etc.
MÓDULO III | Cuidado e Maneio do Gado Bovino Biológico
CAPÍTULO III
Imagem 1. Lote de
vitelas de engorda.
Observa-se o prado sem
erosão.
Com um encabeçamento óptimo de animais por hectare, evitamse possíveis problemas de sobrepastoreio, encharcamento e erosão
do solo. O sobrepastoreio de uma parcela manifesta-se quando
se mantém demasiado gado numa superfície de pastoreio. Tem as
seguintes consequências:
- Empobrecimento dos solos.
- Perda de espécies comestíveis.
- Parte do coberto vegetal perde-se e favorece-se a erosão.
- Se não existe coberto vegetal, a quantidade de água evaporada
é maior e o solo armazena menos água para os períodos de seca.
Devido a estas consequências, é conveniente controlar o
encabeçamento de cada parcela para evitar problemas de
sobrepastoreio e assegurar a recuperação da parcela para que possa
manter animais noutro período.
114
Cuidado e Maneio do Gado Bovino Biológico | MÓDULO III
2. Estabulação
Se os animais permanecem estabulados durante alguns períodos do
ano, os alojamentos devem permitir liberdade de movimentos sem
restringir as suas necessidades habituais: manter-se de pé, deitados,
limparem-se, esticarem-se… O acesso ao pasto e ás zonas livres deve
ser permitido o máximo de tempo possível, para favorecer o seu
comportamento normal
Os tipos de superfícies a usar em estabulação e zonas de exercício,
encontram-se estabelecidas no Anexo VIII do Regulamento (CEE)
2092/91 do Conselho sobre a produção agrícola biológica e a sua
indicação nos produtos agrícolas e alimentícios, descritas no capítulo
de instalações.
Nem todos os animais suportam permanecer estabulados. Tornase muito complicado o maneio e a manutenção em estábulos de
algumas raças habituadas a permanecer todo o tempo ao ar livre.
Os animais entram em stress, lutam, impacientam-se e até deixam
de comer. Por isso é muito importante escolher uma raça autóctone
para que o desenvolvimento se possa realizar ao ar livre, em parcelas
com resguardos, e assegurar a resistência destas raças ás variações
climáticas típicas da zona.
É proibido manter os animais atados, podendo o órgão de controlo
115
CAPÍTULO III
Neste tipo de produção não é obrigatória a utilização de alojamentos
para estabular o gado sempre que as condições climatéricas permitam
realizar a sua vida normal ao ar livre.
MÓDULO III | Cuidado e Maneio do Gado Bovino Biológico
CAPÍTULO III
correspondente autoriza-lo em casos concretos e durante períodos
limitados.
Em relação ao lote de engorda, é aconselhável, sempre que as
condições climatológicas o permitam, engordar os vitelos ao ar
livre para que possam pastar tranquilamente, fazer exercício, lutar,
brincar, deitar-se nos prados, coçar-se, etc. As parcelas devem estar
bem vedadas e com protecções para que os animais tenham onde
refugiar-se no Verão e no Inverno.
Ao contrário do que possa parecer, estes animais adaptam-se
perfeitamente ás variações de temperatura e ás condições climatéricas
adversas da vida ao ar livre, potenciando-se o seu sistema imunitário
e a resistência ás doenças. Os problemas do tipo respiratório são
mínimos uma vez que não estão reunidos em estábulos, onde a
circulação de microrganismos e as concentrações de azoto favorece o
aparecimento deste tipo de doenças.
Todavia, segundo a legislação, a fase final de engorda do gado
biológico pode efectuar-se no estábulo quando o tempo no interior
não supere a quinta parte da vida do animal, e nunca mais de três
meses.
O rendimento das carcaças dos animais criados ao ar livre é
semelhante à dos vitelos estabulados. Os animais criados ao ar livre,
gozam de bem-estar e carecem de stress desde que nascem até que
são abatidos, não tendo necessidade imperiosa de correr porque
nunca se sentiram fechados, o que proporciona uma taxa muito
elevada de transformação de alimento em carne.
Vantagens e inconvenientes da engorda de vitelos ao ar livre
116
Cuidado e Maneio do Gado Bovino Biológico | MÓDULO III
Vantagens da engorda de vitelos ao ar livre:
.
Inconvenientes da engorda de vitelos ao ar livre:
- Deve ter-se muito cuidado com as condições climatéricas
adversas e dispor de protecções nas parcelas
- Em épocas de escassez de pastos, deve deslocar-se à parcela
todos os dias para alimentar os animais.
- Duma forma geral, convém ir todos os dias ver os animais para
verificar se têm algum problema.
- O aumento de peso dos animais pode ser menor, mas as
diferenças são mínimas e dependentes da raça e da época do ano.
No Inverno, costumam comer mais para manter a temperatura
corporal.
117
CAPÍTULO III
Não são necessários grandes investimentos em instalações,
estas só são necessárias para guardar as rações e as forragens nas
épocas de escassez.
. Os animais criam-se no seu habitat, em equilíbrio com o meio
ambiente onde se desenvolvem. Estão adaptados ás variações de
temperatura.
. A qualidade da carne destes animais é maior, sobretudo em
relação ao sabor, devido à possibilidade de comerem os alimentos
naturais que a parcela proporciona.
. Pode-se utilizar para alimentar os animais a palha que noutras
explorações se destina ás camas.
. Os animais fertilizam as parcelas onde pastam.
MÓDULO III | Cuidado e Maneio do Gado Bovino Biológico
Vantagens e inconvenientes da engorda de vitelos estabulados
Vantagens da engorda de vitelos estabulados:
.
CAPÍTULO III
Não apresenta nenhum problema face ás condições
climatéricas adversas.
. Maior aumento do peso dos vitelos.
Inconvenientes da engorda de vitelos estabulados:
- Os investimentos destinados a instalações e maquinaria são
elevados.
- O animal não se desenvolve no seu ambiente e, ocasionalmente,
ocorrem problemas de stress.
- Tendência para o aparecimento de patologias devido a um maior
contacto entre os animais e facilidade de transmissão de vírus
(principalmente respiratórios).
- Utilização de palha para camas.
De acordo com estes factores, cada produtor avaliará o tipo de
engorda dos seus vitelos tendo em consideração as condições da sua
exploração.
118
Cuidado e Maneio do Gado Bovino Biológico | MÓDULO III
3. Bem-Estar animal
Cada vez se relaciona mais estes factores com a melhoria da qualidade
do produto e com o respeito pelo meio ambiente.
Existem muitas definições de bem-estar animal, e geralmente é
relacionada com a ausência de sofrimento ou com a capacidade
que os animais têm para se adaptarem com êxito a um determinado
ambiente. Os parâmetros que se empregam nestas definições não se
podem quantificar sendo bastante difícil a sua avaliação.
Imagem 2. Vitelos de engorda completamente adaptados ao meio.
119
CAPÍTULO III
O bem-estar animal, como a alimentação, a higiene e o maneio, são
os principais factores que diferenciam a exploração bovina biológica
da exploração tradicional.
MÓDULO III | Cuidado e Maneio do Gado Bovino Biológico
CAPÍTULO III
No entanto, a falta de bem-estar animal traduz-se em consequências
negativas sobre a produção e a higiene. Estas consequências podem
ser avaliadas através de diferentes métodos de análise de hormonas
e de metabolitos energéticos, medição de constantes vitais (como o
ritmo cardíaco e temperatura corporal), ruminação, observação do
comportamento, incidência de doenças, etc.
3.1. O que provoca a falta de bem-estar animal?
Quando um animal tenta adaptar-se a uma alteração no seu
ambiente, são gerados estímulos que se transmitem por via nervosa
e fazem com que o animal comece a sua adaptação ao ambiente.
Na tentativa de adaptação ocorrem uma série de alterações, de
comportamento e sanguíneos, que contribuem para uma adaptação
definitiva do animal ao novo meio envolvente.
Quando os estímulos se repetem de forma continuada no tempo
ou aumentam a sua intensidade, o mecanismo de adaptação não
funciona e o animal não se consegue adaptar ao meio envolvente. As
consequências directas desta falta de adaptação ao meio envolvente
são:
a) Diminuição da ingestão diária de alimento e atraso do
crescimento.
Factores de stress
Aumento da libertação de substancias (glucocorticoides)
Estimulam o consumo de proteína
Bloqueiam a secreção da hormona do
crescimento
120
Cuidado e Maneio do Gado Bovino Biológico | MÓDULO III
b) Alterações na ruminagem que originam abaixamento do pH
(acidose) e do aproveitamento de nutrientes.
A ruminagem tem duas funções:
Regra geral, quanto mais tempo dedicam os ruminantes a ruminar,
menos destinam a dormir, já que a ruminagem provoca um estado
de sonolência.
Quando existe períodos de stress o animal não pode realizar
correctamente a ruminagem ou pode mesmo ficar bloqueada, a
produção de saliva está alterada e apresenta maior predisposição
para ocorrerem transtornos digestivos tais como a acidose.
c) Diminuição do sistema imunitário e maior risco de doenças.
Através de estudos clínicos e experimentais comprovou-se que existe
uma relação complexa entre o sistema imunitário e os factores
de stress, de modo que animais submetidos a um stress intenso e
prolongado têm maior probabilidade de adoecer.
d) Baixa qualidade da carne devido a um pH demasiado alto.
Depois de uma situação de stress muito intenso, no momento do
abate as reservas de um metabolito muscular, glicogénio, estão
esgotadas, o que impede que o pH da carne baixe até 5,5 ou 5,6.
Este tipo de carne denomina-se “DFD” e caracteriza-se por ser mais
escura, mais firme, mais seca e de pior conservação.
121
CAPÍTULO III
- Desmembrar o alimento e assimilar os nutrientes.
- Produzir grande quantidade de saliva que, devido ao seu
conteúdo em fosfatos e carbonatos, diminui o pH do rumen e
evita o risco de acidose.
MÓDULO III | Cuidado e Maneio do Gado Bovino Biológico
CAPÍTULO III
3.2. Factores de stress
Qualquer operação de maneio com os animais diferente das habituais
desencadeia um factor de stress. Estas operações são muitas vezes
inevitáveis, mas está nas nossas mãos conseguir que se realizem de
forma cuidadosa para minimizar os seus efeitos ao máximo. Entre
as práticas de maneio que podem produzir stress destacam-se as
seguintes:
- Entrada nos currais e passagem pela manga. Os animais relacionam os currais e a manga com efeitos negativos. É aconselhável,
por exemplo, dar de comer de vez em quando nos currais ou acaricia-los quando estão na manga. É importante que os animais se
sintam tranquilos e habituados a entrar no curral.
- Gritos e pancadas do tratador. Falar e actuar com tranquilidade
pode evitar que os animais fiquem nervosos.
- Utilização de aparelhos eléctricos. Na produção de gado biológica a utilização de aguilhão eléctrico de encaminhamento está
proibida. Para fazer com que o gado entre em determinados lugares não é necessário o uso destes equipamentos eléctrico, basta
habituar os animais a entrar nos sítios para comer, utilizando um
maneio descontraído, sem gritos, para evitar que se assustem e
façam o contrário do que se pretende.
- Isolamento. Estes animais têm necessidade de manter um contacto táctil e visual com outros congéneres. Está proibido manter
os vitelos em alojamentos individuais depois da primeira semana
de vida.
122
Cuidado e Maneio do Gado Bovino Biológico | MÓDULO III
- Descorna. O corno é um meio de defesa natural perante outros
animais (cães, raposas, lobos). Não está autorizado o corte de cornos de modo sistemático, só é permitido em situações especiais.
Neste caso, a descorna pode realizar-se com anestesia local até
aos dez dias de vida, e quando a idade for superior, deve-se aplicar anestesia local e aplicar tratamentos normais contra a dor.
- Tipo de piso inadequado. Embora pareça que não tem influência,
o tipo de solo interfere directamente no bem-estar dos animais.
Alguns pisos favorecem o aparecimento de coxeira por serem
escorregadios, levando os animais a evitar esses locais. O melhor
piso é o coberto de palha, porque é um material que absorve bem
os dejectos e proporciona um ambiente seco, sem cheiros e que
não escorrega.
- Manter animais atados. Os organismos de controlo só permitem
esta prática em casos específicos, uma vez que esta prática é muito traumatizante para os animais.
Do ponto de vista do bem-estar animal, o melhor sistema é manter
os animais em grupos não muito grandes permitindo que tenham
contacto visual e táctil com o resto dos congéneres. Desta forma desenvolvem-se de uma forma mais tranquila e sem stress.
- Transporte, carga e descarga. A informação sobre estes factores
será desenvolvida no capítulo seguinte sobre condições de transporte de gado bovino biológico.
123
CAPÍTULO III
- Corte da cauda. Da mesma forma que a descorna, também está
proibido, e só se autoriza em casos excepcionais. A cauda é o meio
que o animal utiliza para enxotar as moscas.
MÓDULO III | Cuidado e Maneio do Gado Bovino Biológico
CAPÍTULO III
O pessoal da exploração pode minimizar os efeitos negativos destas
práticas se forem realizadas com cuidado. As regras de maneio
para diminuir os factores de stress não requerem nem mais nem
menos trabalho, simplesmente pretendem aumentar o bem-estar
dos animais para conseguir que ofereçam um produto de maior
qualidade.
Em resumo, umas boas práticas de maneio diminuem o stress e
mantêm um nível imunitário adequado que garante o bom estado
de saúde dos animais da exploração. Entre as práticas de maneio mais
importantes que favorecem o bem-estar animal, destacam-se:
- Os animais necessitam de um tratamento correcto, tranquilo,
com um maneio adequado, sem pancadas nem gritos.
- Ter os animais desde jovens próximo do tratador para que o
conheçam e lhe obedeçam.
- Os animais devem ser criados no seu meio ambiente, sem grandes
alterações que provoquem situações de stress.
- De vez em quando devem ser acarinhados. Desta forma eles
sentem e distinguem perfeitamente quando agiram bem ou mal.
- Uma boa alimentação, tanto em qualidade com em quantidade,
favorecerá um estado sanitário dos animais saudável.
- Manter os grupos de animais sem alterações, não introduzir
animais desconhecidos, principalmente se são grandes, porque
haverá lutas pela hierarquia dentro do grupo.
- Uma correcta higiene das instalações diminuirá o aparecimento
de doenças infecto-contagiosas.
124
Cuidado e Maneio do Gado Bovino Biológico | MÓDULO III
4. Condições de transporte
do gado bovino biológico
O transporte constitui mais uma etapa na produção de carne e é muito
importante na qualidade final do produto. A carga e descarga são os
pontos críticos no transporte dos animais. O pessoal encarregado
desta operação deve prestar especial atenção ao tipo de piso das
rampas para que os animais não resvalem, à inclinação das rampas
de subida e descida, que não deve ser excessiva, à presença e eficácia
de baias laterais para que os animais não caiam e, sobretudo, não
permitir a introdução nos camiões de animais atados ou arrastados,
para minimizar o sofrimento destes.
A carga e descarga dos animais deve realizar-se com calma, para que
observem o que os rodeia e com o cuidado necessário para evitar que
sofram traumatismos, feridas ou fracturas. É conveniente que tenham
a passagem livre para que consigam ver onde pisam e para onde se
dirigem. Também se pode colocar alguma palha na rampa para imitar
o meio envolvente.
É proibida a utilização de mecanismos eléctricos que obriguem os
animais a subir ou a descer do veículo de transporte.
125
CAPÍTULO III
A operação de transporte é na sua totalidade um factor de stress
gerador de nervosismo e ansiedade. Qualquer animal reage com
medo perante uma situação nova como o transporte, o que se
agravará quando as condições que rodeiam a carga e descarga
não são as melhores. Deve-se sempre evitar que o animal sofra
desnecessariamente.
MÓDULO III | Cuidado e Maneio do Gado Bovino Biológico
Uma parte da norma referente à protecção dos animais durante o
transporte foi modificada e o novo regulamento (CE) 1/2005, relativo
à protecção dos animais durante o transporte, entrará em vigor em
2007. Desta norma destacam-se os seguintes aspectos:
CAPÍTULO III
- Será necessário o registo de todos os veículos e uma autorização
para os veículos destinados a fazer viagens maiores (mais de oito
horas).
- Os condutores dos camiões deverão realizar cursos de formação
obrigatória.
- As responsabilidades e obrigações devem estar repartidas por
todo o pessoal envolvido, desde transportadores a intermediários, criadores, veterinários, etc.
- Os camiões devem ser dotados dos melhores equipamentos.
Quando o transporte durar mais de oito horas, os camiões devem
ter boas camas para a comodidade dos animais e para permitir
uma correcta absorção de urina e fezes; fornecimento de forragem e água suficiente; ventilação mecânica; separação entre os
animais; regulação da temperatura; sistema de alerta na cabina
do condutor.
- Devem estabelecer-se uma série de medidas a tomar durante
a carga e descarga dos animais e são proibidos todos os tipos de
maus-tratos aos animais, como a utilização de aguilhão eléctrico.
- É proibido o transporte a longas distâncias de bezerros com o
umbigo sem cicatrizar e menores de duas semanas.
- Estabelece um sistema de maiores sanções quando não houver
comprimento das medidas legislativas.
126
Cuidado e Maneio do Gado Bovino Biológico | MÓDULO III
Imagem 3. Transporte individual
de gado.
• Temperatura. O controlo da temperatura é um factor a destacar.
Em viagens longas, principalmente durante a época de calor, os
animais devem transportar-se durante a noite ou pela madrugada.
Os aumentos bruscos de temperatura têm consequências graves,
colocando os animais em perigo de vida (por “golpe de calor”) e
predispondo-os a carne de baixa qualidade.
• Humidade. Está sempre relacionada com a temperatura. Com
temperaturas baixas, a humidade excessiva aumenta as perdas de
calor.
• Ventilação. Os problemas de ventilação acentuam-se quando
os camiões param e não se estabelece um sistema automático de
ventilação. A ventilação fornece oxigénio aos animais, elimina os
gases produzidos e ajuda a equilibrar o excesso de temperatura.
• Densidade de carga. Quanto maior a densidade menor o bemestar dos animais, uma vez que se impedem os comportamentos
típicos.
127
CAPÍTULO III
Os factores ambientais durante o transporte são muito importantes e
podem chegar a condicionar situações de stress:
MÓDULO III | Cuidado e Maneio do Gado Bovino Biológico
Evidentemente, introduzir os animais num camião gera-lhes um
stress que não se pode evitar, mas que se deve atenuar tanto quanto
possível. Para minimizar o stress do momento de subida para o camião
podem seguir-se uma série de regras:
CAPÍTULO III
- Tentar que a rampa de subida não resvale, colocar palha ou terra
para que o animal não caia.
- O ruído da chapa da rampa ao pisar é muito intenso e os animais
assustam-se muito, pode-se colocar uma boa cama de palha ou
tábuas de madeira que produzem menos ruído ao pisar.
- A palha na rampa torna o meio familiar e entretanto começam
a mordiscar e sobem para o camião.
- É conveniente que dentro do camião se veja luz uma vez que
perante a escuridão os animais recuam.
- Não utilizar aguilhões e, em princípio, também não utilizar paus
para não enervar os animais logo no início.
- Falar tranquilamente com os animais, sem gritos que os ponham
nervosos.
O uso de tranquilizantes de síntese química para o transporte de
animais está proibido antes e durante o trajecto.
O transporte de animais pode realizar-se por diferentes motivos,
quer para os transportar entre explorações ou dentro da mesma,
quer para abate.
a) Quando se realizar o transporte de animais para outra exploração
independente ou para outra zona da exploração é conveniente,
128
Cuidado e Maneio do Gado Bovino Biológico | MÓDULO III
à chegada dos animais, fazer uma inspecção geral a cada um,
mantê-los isolados doutros animais (quarentena) e fornecer-lhes
água e forragem ou feno de elevada qualidade, para facilitar a
sua adaptação ao novo meio e evitar que desenvolvam doenças.
Além disso, podem surgir outras consequências tais como:
- Perdas de peso que dependem da idade, sexo..., mas fundamentalmente da duração da viajem. Em viagens curtas, ficam-se
a dever a sudação, urina ou fezes. Se à chegada à exploração se
re-hidratarem os animais, repõe-se uma parte das perdas. Em
viagens mais longas, superiores a quatro horas, já se dão perdas
na carcaça, o que acarreta perdas económicas.
- Doenças como o tétano do transporte que ocorre em vacas em
avançado estado de gestação ou recém paridas. Normalmente
respondem à administração de cálcio, no entanto, no matadouro
as carcaças serão rejeitadas.
- Roturas, lacerações, luxações.
O transporte dos animais, tanto para outras explorações como para
abate, deve ser realizado por pessoal qualificado que garanta o
bom trato dos animais, sem colocar em perigo a sua vida e evitando
qualquer sofrimento inútil.
129
CAPÍTULO III
b) No caso do transporte para abate, devem diminuir-se as
circunstancias geradoras de stress nos animais. As carnes DFD
(escuras, firmes e secas), de pior aceitação comercial, são
consequência directa do intenso stress antes do abate. Em poucas
horas pode-se anular o trabalho de muitos meses. Por isso, o
criador deve assegurar-se que esta tarefa seja desempenhada
por pessoal responsável e qualificado.
MÓDULO III | Cuidado e Maneio do Gado Bovino Biológico
O tratador deve assegurar-se que todo o processo se desenrola
correctamente para que todos os cuidados que dispensou ao animal
se traduzam:
CAPÍTULO III
- Numa boa qualidade da carne, se o destino for o abate.
- Um animal são e forte, se o destino for a recria ou o crescimento
noutra exploração.
130
Cuidado e Maneio do Gado Bovino Biológico | MÓDULO III
5. Abate do gado bovino
O abate dos animais pode dividir-se em duas fases: o atordoamento
(insensibilização) e a sangria.
Deve-se atordoar todos os animais antes do abate. O atordoamento é
todo o processo que, quando aplicado ao animal, provoca de imediato
um estado de inconsciência que se prolonga até à sua morte.
O período de tempo entre o atordoamento e a sangria é muito
importante se se quer obter um produto de qualidade. A duração
excessiva deste período, sobretudo se o atordoamento foi defeituoso,
dá origem ao aparecimento de umas pequenas hemorragias na
carcaça que a tornam pouco apetecível, diminuindo a sua qualidade.
O matadouro para o abate de animais biológicos e para a sua
comercialização como tal, deve estar autorizado pelos organismos
oficiais de controlo.
Em condições ideais deveriam existir matadouros que só abatessem
animais biológicos. No entanto, como o mercado não é tão grande,
são autorizados dias concretos para o abate deste tipo de gado.
131
CAPÍTULO III
Uma vez que alguns animais do lote de engorda começam a alcançar
um tamanho considerável e, de acordo com o mercado de que solicita
este tipo de carne, procede-se ao abate. O abate vai-se fazendo
segundo a procura do consumidor ou da pessoa que comercializa
esta carne.
MÓDULO III | Cuidado e Maneio do Gado Bovino Biológico
CAPÍTULO III
Os matadouros deverão ter um livro de registo dos animais biológicos
abatidos, onde constará:
• A data de entrada no matadouro.
• O documento de identificação bovina.
• O número do operador e os dados do proprietário do animal.
• A data do abate.
• O número da guia de circulação.
• A rotulagem em como se trata de um produto biológico.
• O destino da carcaça.
O abate dos animais de produção biológica deverá ser em primeiro
lugar para evitar possíveis problemas de contaminação. No caso de
ser no último turno, deverão efectuar-se as tarefas de limpeza e
desinfecção de toda a cadeia para proceder ao abate.
As carcaças irão identificadas com a documentação correspondente,
onde devem constar os seguintes dados: proprietário, destinatário,
peso, documento de identificação bovina, selo biológico e o número
da guia.
A carne é um produto muito complexo que, como vimos, é
influenciado por muitos factores que modificam a sua qualidade e
que podem ser considerados como pontos críticos de controlo. Estes
devem ser analisados porque acarretam uma perda da qualidade da
carne e a possibilidade de rejeições no matadouro, o que se traduz
numa perda económica. Entre outros factores, destacamos:
- Ambientais: a temperatura, a cama, a humidade, o ruído e,
em conjunto, a sanidade dos animais, intervêm directamente
no bem-estar. Qualquer patologia dos animais pode dar lugar a
prejuízos e a rejeições no matadouro.
132
Cuidado e Maneio do Gado Bovino Biológico | MÓDULO III
- Transporte e pré-abate: a carga, a duração da viagem, as condições de transporte, a descarga e o tempo de espera até ao abate,
acentuam o stress animal favorecendo uma baixa qualidade da
carne, que em certas situações pode ser rejeitada.
- Dependente do próprio animal, tal como o factor individual, a
genética, a raça, o sexo e a idade.
- Animais abatidos com a mesma idade: as “raças precoces” terão
menos peso na data de abate, mas terão mais gordura.
- Animais abatidos com o mesmo peso: as “raças precoces” serão
mais velhas que as de “maturidade tardia”, mas terão mais gordura.
- Existem diferenças entre a carne de um macho e de uma fêmea.
As fêmeas costumam ter a gordura entremeada o que dá uma
suculência especial à carne e também costumam ser mais tenras.
- Abate dos animais: maneio, atordoamento, sangria, preparação
da carcaça, higiene. É um ponto-chave na qualidade das carcaças,
como já foi referido anteriormente. Em determinadas ocasiões,
as carcaças chegam às salas de desmancha contaminadas por bactérias e conteúdo fecal devido à má manipulação.
133
CAPÍTULO III
- O desenvolvimento e o crescimento dos animais até ao peso de
abate diferem segundo a raça. As “raças precoces” costumam ser
de tamanho pequeno e o seu desenvolvimento é maior e mais
rápido. As raças denominadas de “maturidade tardia” têm um
desenvolvimento mais lento e alcançam tamanhos superiores.
Quando se comparam estas duas raças, obtemos as seguintes
conclusões:
MÓDULO III | Cuidado e Maneio do Gado Bovino Biológico
CAPÍTULO III
- Factores de produção: quantidade de ração, características,
qualidade e matérias-primas. Este ponto é muito importante na
qualidade da carcaça. São factores que intervêm directamente e
dão um sabor diferente à carne.
Todos estes factores intervêm directamente na qualidade da carcaça
e na sua posterior rentabilidade económica. Em alguns pontos é
possível intervir directamente, noutros o criador deve assegurar o
correcto tratamento dos seus animais.
134
Módulo IV
CAPÍTULO III
IMPLEMENTAÇÃO DE MEDIDAS
SANITÁRIAS
135
MÓDULO IV | Implementação de Medidas Sanitárias
CAPÍTULO III
1. Prevenção de doenças
A grande maioria das doenças que se desenvolvem nas explorações
de gado bovino biológico pode ser evitada mediante um correcto
maneio e uma higiene adequada. A prevenção de doenças pode
conseguir-se seguindo uma série de regras que de forma geral
constituem as bases em que assenta a produção biológica.
A selecção de raças autóctones é um dos factores mais importantes,
uma vez que se adaptam bem ao meio envolvente. São animais
fortes, rústicos e mais resistentes ás doenças. Estão habituados ás
temperaturas da zona, à procura de alimentos, à altitude, ás condições
climatéricas, etc. Transformam bem alimentos de baixa qualidade em
carnes saborosas e apresentam altos níveis reprodutivos.
A alimentação destes animais à base de recursos naturais e rações
e forragens biológicos de alta qualidade garante um bom estado
nutricional assim como o fortalecimento do sistema imunitário, e
torna-os mais fortes em relação ao aparecimento de doenças.
O trato que recebem os animais, junto com o controlo do
encabeçamento, diminui, por sua vez, o aparecimento de
patologias.
Tendo em conta estes pressupostos, os problemas sanitários na
exploração reduzem-se imenso. Ainda assim, pode dar-se o caso
de que um animal fique doente, então deverá ser atendido o mais
rapidamente possível para evitar o seu agravamento e que a sua vida
corra perigo.
136
Implementação de Medidas Sanitárias | MÓDULO IV
É conveniente averiguar rapidamente a causa da doença para:
-
Evitar problemas de contágio ao resto do rebanho (e manter,
na medida do possível, o animal isolado)
Corrigir as deficiências que provocaram essa situação
Se o tratamento usando os produtos anteriormente descritos não
for eficaz, e o veterinário da exploração o considerar oportuno,
poderá ser autorizado de modo isolado o uso de antibióticos ou
medicamentos alopáticos ou de síntese química. A utilização deste
tipo de medicamentos obriga ao dobro do intervalo de segurança
descrito no prospecto para os tratamentos em produção bovina
tradicional. O intervalo de segurança é o tempo durante o qual
depois de ser submetido a um tratamento químico, nenhum produto
que se obtenha do animal pode ser utilizado para consumo humano.
As substâncias que não apresentam intervalo de segurança, deveram
ter um tempo de espera de 48 horas.
Quando numa exploração biológica se utilizam medicamentos de
síntese química, o veterinário deverá enviar um relatório ao órgão
de controlo correspondente com a informação sobre o tipo de
medicamento, o número de identificação do animal tratado, a data
de administração, a dose, o motivo da sua utilização e o intervalo
de segurança total. Do mesmo modo, o produtor deverá manter
uma relação dos animais tratados e de todos os dados presentes no
relatório do veterinário.
137
CAPÍTULO III
O tratamento dos animais doentes deve basear-se em produtos
fitoterapêuticos homeopáticos, de aromaterapia, oligoelementos
ou substâncias que constem no capítulo 3 da secção C do Anexo II
do Regulamento 2092/91. Com eles garante-se uma rápida cura do
animal evitando sofrimentos desnecessários.
MÓDULO IV | Implementação de Medidas Sanitárias
CAPÍTULO III
Está proibido qualquer tratamento preventivo com medicamentos
de síntese química. Neste sentido, deverá ter-se especial atenção à
alimentação do gado, uma vez que em algumas fórmulas de rações
convencionais é habitual encontrar antibióticos para prevenir o
desenvolvimento de doenças.
Também não estão autorizadas substâncias artificiais como
antibióticos e hormonas, utilizadas para prevenir doenças, estimular
o crescimento ou induzir a sincronização do cio. Em casos particulares,
e com a correspondente prescrição veterinária, poderão sim ser
utilizadas para o tratamento isolado de patologias.
Quando um animal apresenta sintomas de doença e é necessário
administrar antibióticos, os microrganismos causadores podem
ter ganho resistências e dificultar a recuperação do animal com
êxito. Mas mais importantes são as consequências que este tipo de
tratamento tem na saúde das pessoas e no meio ambiente. Além
disso, estas substâncias são eliminadas pelas fezes e permanecem
acumuladas no solo durante anos (hoje em dia, grande percentagem
dos tumores e as resistências aos antibióticos que se originam nas
pessoas estão relacionadas com a alimentação).
Todas as medidas tomadas pelo Estado membro em relação a
campanhas sanitárias do gado, declaração de doenças obrigatórias,
vacinação e testes oficiais, são obrigatórias para todas as explorações
biológicas.
Para que os animais de uma exploração biológica possam ser
vendidos com tal, não podem ter recebido mais de três tratamentos
por ano excepto vacinações, desparasitações e medidas oficiais, que
não se incluem.
138
Implementação de Medidas Sanitárias | MÓDULO IV
Não estão autorizados a descorna e o corte da cauda de modo
sistemático. Só poderão ser autorizados pelo órgão de controlo
competente em casos isolados por problemas de maneio.
CAPÍTULO III
139
MÓDULO IV | Implementação de Medidas Sanitárias
2. Tratamentos alternativos
na produção biológica
CAPÍTULO III
2.1. Homeopatia
A homeopatia utiliza substâncias naturais de origem animal, vegetal
ou mineral para tratar as modificações no estado saúde. Existem mais
de três mil medicamentos homeopáticos que se obtêm mediantes a
agitação e a diluição sucessiva da substância de que partimos. Desta
forma, a concentração que existe no medicamento final é muito
reduzida.
Como é possível que concentrações tão pequenas de uma substância
curem a doença?
Quando em biologia se diz que deve ser o organismo a reagir perante
a doença para a curar, as doses pequenas estimulam e favorecem
a resposta. O medicamento homeopático actua sobre o sistema
imunitário estimulando mecanismos de defesa e levando a que o
animal reaja por si próprio. Os antibióticos, por sua vez, destroem
directamente o germe que provoca a patologia. Não potenciam
a formação de defesas, que realmente são as que se encontram
fragilizadas e, por isso, o germe coloniza o organismo.
A homeopatia baseia-se numa lei principal bastante complexa que
se denomina “lei da igualdade”. Quando a um animal são se lhe
administra uma substância, produz-se no seu organismo sintomas
característicos; se esta substância é administrada em concentrações
140
Implementação de Medidas Sanitárias | MÓDULO IV
mínimas (infinitesimais), é capaz de tratar esses mesmos sintomas
num animal doente. O conjunto de sintomas que produzem cada
substância está estudada e compilada em manuais à já muitos anos.
Por exemplo, analisemos o caso dos vitelos com diarreia. As fezes de
um são amareladas, liquidas, saem em jacto e são acompanhadas de
dores (dão patadas) e espasmos. Também notaremos que o vitelo
está bastante débil e que melhora deitado. As fezes do outro vitelo
são sanguinolentas, como com muco, têm espasmos com a sensação
de que nunca mais terminam e pioram quando deitados e com frio.
Não é difícil diferenciar os sintomas, só é necessário observar com
atenção.
Nas explorações convencionais os dois receberiam o mesmo
tratamento à base de antibióticos e anti inflamatórios. Todavia, nas
explorações biológicas recebem tratamentos diferentes porque a
forma da diarreia é totalmente diferente. No primeiro caso, poderia
ser administrado Podophyllum peltatum e no segundo Mercurius
solubilis.
Os medicamentos homeopáticos não provocam efeitos secundários
porque, como já dissemos, actuam estimulando os mecanismos de
defesa e não directamente sobre as lesões.
A homeopatia não faz milagres e não consegue solucionar lesões
irreversíveis ou patologias que necessitam de uma intervenção
cirúrgica, mas ajudará a diminuir os efeitos dessas lesões ou a facilitar
uma rápida recuperação depois da cirurgia.
141
CAPÍTULO III
Em homeopatia, como na produção biológica, não existe um
tratamento comum para cada doença. Os doentes não estão
classificados mediante a sua patologia. Cada paciente é diferente
porque manifesta os sintomas de forma diferente.
MÓDULO IV | Implementação de Medidas Sanitárias
A frequência de administração varia muito de uns medicamentos
homeopáticos para outros. Regra geral, podem ser agrupados
segundo o processo como são administrados.
CAPÍTULO III
- Quando se realize o tratamento de processos muito agudos e
ocorridos recentemente como a picada de uma vespa, um traumatismo, uma queimadura, etc., serão dadas diluições baixas dos
medicamentos administradas frequentemente e espaçando-as
em função das melhoras.
- No tratamento de processos agudos, com sintomatologia mais
lenta, como diarreia ou pneumonia, utilizam-se também diluições baixas administradas 3 a 5 vezes ao dia.
- Em processos crónicos que se prolongam por muito tempo e
que com a medicina convencional necessitam de medicação para
o resto da vida, a homeopatia tem muito bons resultados. Em
problemas de artrose ou dermatites crónicas, consegue curar ou
diminuir os sintomas que se manifestam até ao ponto de prescindir da medicação. São administradas altas diluições com uma
periodicidade que varia desde uma vez ao dia até uma vez por
semana ou ao mês, dependendo de cada caso.
Estas normas servem somente para orientação. Em cada caso especifico
deve ser realizado um exame completo tendo especial atenção forma
que cada animal tem de manifestar o problema para encontrar o
tratamento adequado. Detalhes que aparecem normalmente nas
inspecções rotineiras e que a medicina convencional não releva,
em homeopatia têm muita importância. Por exemplo, como bebe
a água: em goles curtos ou compridos; se está muito tempo parado
ou se se movimenta com frequência; se se apoia mais sobre um lado
do que sobre o outro; se melhora quando está frio ou quando está
calor, etc.
142
Implementação de Medidas Sanitárias | MÓDULO IV
As formas de apresentação dos medicamentos homeopáticos são
várias e podem ser em grânulos, injectáveis, pomadas, aerossóis, etc.
A mais utilizada é em grânulos que se podem administrar dissolvidos
na água de bebida.
Em homeopatia, o factor mais importante para que um tratamento
funcione é escolher bem o medicamento e a diluição à que será
administrado. Cada medicamento tem uma série de pequenas
características tanto de sintomas como de comportamentos típicos
que devem ser ponderados.
Os medicamentos homeopáticos vendem-se em farmácias e são os
mesmos para pessoas e animais. Nalguns países não há medicamentos
homeopáticos registados para uso veterinário. No entanto, noutros,
além de estarem registados para uso veterinário, a homeopatia faz
parte da formação de médicos e veterinários.
Alguns exemplos de medicamentos homeopáticos mais utilizados:
- Apis mellifica. Prepara-se a partir de uma abelha inteira. Devemos recordar-nos dos sintomas típicos que se produzem quando
pica uma abelha. Aparece uma inflamação muito rápida da zona,
de cor avermelhada, que dói e que se pode aliviar com aplicações
de frio. Vendo estes sintomas pode-se utilizar, entre outros, para
143
CAPÍTULO III
A dose em homeopatia, embora parece estranho, não é importante.
É suficiente que o organismo receba com relativa frequência
(dependendo do caso, como se explicou anteriormente) os estímulos
para reagir e que estimule o seu sistema imunitário. A dose normal
em gado adulto é de 10 grânulos e 5 grânulos em vitelos jovens. Os
problemas de sobre dosagem também não existem porque, como
se trabalha com substâncias tão diluídas, nunca se podem produzir
intoxicações.
MÓDULO IV | Implementação de Medidas Sanitárias
problemas de pele tais como queimaduras pelo sol, picaduras de
insectos, alergias, etc.
CAPÍTULO III
- Carbo vegetabilis. É o carvão de madeiras não resinosas obtido
preferencialmente do salgueiro. Está indicado para insuficiências
respiratórias onde a frequência e a profundidade da respiração
se encontram diminuídas. Apresenta bons resultados em vitelos
recém nascidos.
- Arsenicum album. Tem a sua origem no anidrido arsenioso. Em
condições normais é um tóxico muito potente e provoca uma
grande quantidade de sintomas. Em intoxicações crónicas observou-se um pronunciado abatimento com emagrecimento, cansaço, inflamação de partes do aparelho digestivo, etc. Desta forma,
o Arsenicum album em grandes diluições poderá ser utilizado,
entre outras muitas coisas, em problemas de diarreias agudas
com fezes malcheirosas, irritantes acompanhadas de emagrecimento, cansaço e estados de debilidade prolongados.
- Arnica montana. É uma planta abundante em pastos de montanha. Aplicada localmente, provoca dores nos músculos que
aparecem depois de esforços ou em resultado de contusões. Está
indicada para todo o tipo de traumatismos, tanto em aplicação
local como generalizada.
2.2. Fitoterapia
Consiste na utilização de plantas ou derivados naturais para corrigir
alterações no animal. Os princípios activos são substâncias que a
planta sintetizou e armazenou durante o seu crescimento.
144
Implementação de Medidas Sanitárias | MÓDULO IV
Numa só planta podem existir vários compostos activos do ponto
de vista curativo. Entre eles, normalmente há um que determinará
a aplicação de cada espécie ao processo patológico, dependendo
da sua quantidade ou da potência da sua actividade. O resto dos
compostos da planta podem ajudar directamente nessa acção.
Alguns exemplos das plantas mais utilizadas são:
- Avena sativa. Possui vitaminas dos grupos B, K e E e minerais
como o fósforo, cobalto e magnésio. Está indicada para problemas do sistema nervoso acompanhados de falta de apetite.
- Calendula officinalis. Tem óleos essenciais para além de outras
substâncias que favorecem a cicatrização de feridas, utiliza-se
também para lavagem de infecções cutâneas ou para acalmar
dores nas articulações.
- Eucaliptus. O princípio activo é o óleo essencial que se encontra
nas folhas. É bastante útil em problemas respiratórios que porque desinfecta as vias e inibe a formação de ranho.
- Passiflora incarnata. O nome comum desta planta é maracujá.
Contém uma substância sedativa indicada em alterações nervosas
que se apresentam com insónias ou em estados de excitação.
- Echinacea angustifolia. Contem óleo essencial que se considera um potente anti bacteriano no combate contra as infecções.
Incrementa o sistema imunitário e também se utiliza em septicémias ocorridas após o parto.
145
CAPÍTULO III
Os compostos activos não se distribuem de maneira uniforme na
planta, concentrando-se habitualmente em flores e folhas, embora
também possam estar nas raízes.
MÓDULO IV | Implementação de Medidas Sanitárias
CAPÍTULO III
- Carduus marianus. Comummente chamado cardo mariano, tem
compostos protectores do fígado e costuma estar indicado na
recuperação de problemas hepáticos.
A homeopatia utiliza grande parte dos produtos fitoterapêuticos,
mas não podem ser classificados como medicamentos homeopáticos
porque não seguem uma das principais leis em que se baseia a
homeopatia (a “lei da igualdade”).
2.3. Aromaterapia
Cada planta tem determinadas propriedades: diminuir a inflamação,
acalmar a dor, desinfectar, tranquilizar, etc. A aromaterapia baseiase na utilização de óleos essenciais provenientes de plantas. Os
princípios que formam estes óleos são absorvidos e passam para
o sangue activando uma série de reacções químicas para tentar
restabelecer o equilíbrio no organismo.
Do mesmo modo que nas terapias anteriores, o tratamento é
personalizado em função das características e as reacções de cada
animal.
Alguns dos óleos mais utilizados são:
- Pinheiro: Obtém-se da resina. Alivia as dores musculares.
- Lavanda: Extrai-se das flores. Usa-se para a desinfecção de feridas e para reduzir a inflamação.
- Eucalipto: O óleo obtém-se das folhas. Muito útil como repelente de insectos.
146
Implementação de Medidas Sanitárias | MÓDULO IV
2.4. Oligoelementos e substancias autorizadas
Estão autorizadas as seguintes matérias-primas:
SUBSTÂNCIA
DERIVADOS
O SEU DEFICIT PROVOCA
Sódio
Sal marinho sem refinar, sal
de mina*, sulfato de sódio,
carbonato de sódio, etc.
Comportamento anormal em
que o animal come e lambe tudo:
chão, urina e suor de outros
animais.
Potássio
Cloreto de potássio
Diminuição do apetite,
debilidade muscular, andar
rígido.
Cálcio
Carbonato de cálcio, conchas de
animais aquáticos, lactato de
cálcio, etc.
Ossos débeis, crescimento
reduzido, coxeiras, possibilidade
de fracturas, dor articular.
Fósforo
Fosfato bicálcico e monocálcico
desfluorado, monosódico,
fosfato cálcico e magnésico, etc.
Atraso no crescimento,
comportamento anormal,
diminuição da fertilidade.
Magnésio
Sulfato de magnésio, óxido de
magnésio, fosfato de magnésio,
etc.
Atraso no crescimento, rigidez
muscular, ataques com perda de
consciência.
Enxofre
Sulfato de sódio
Diminuição do crescimento e da
síntese de proteína.
* O sal de mina é muito fácil de encontrar, e pode ser aproveitado em bolas
de sal para a alimentação dos animais
147
CAPÍTULO III
Neste âmbito estão autorizadas algumas matérias-primas de
origem mineral que se listam no ponto 3 da secção C do anexo II do
Regulamento 2092/91, assim como determinados oligoelementos
utilizados em ocasiões como aditivos na alimentação animal, e que
se encontram recolhidos na secção D do mesmo anexo (Anexo II do
Regulamento 2092/91).
MÓDULO IV | Implementação de Medidas Sanitárias
Entre os oligoelementos autorizados como aditivos na alimentação
animal destacam-se:
CAPÍTULO III
(E1) Ferro: carbonato ferroso, sulfato ferroso, óxido férrico.
A sua carência provoca susceptibilidade a infecções e anemia.
(E2) Iodo: iodato de cálcio anidro, iodato de cálcio hexa-hidratado,
iodeto de sódio.
O seu deficit favorece o aparecimento de bócio, infertilidade,
alterações na pele e envelhecimento.
(E3) Cobalto: sulfato de cobalto, carbonato básico de cobalto.
O seu deficit provoca anorexia, anemia, infertilidade e susceptibilidade
ao aparecimento de doenças.
(E4) Cobre: óxido cúprico, carbonato de cobre, sulfato de cobre.
Os sintomas de deficiência são despigmentação de certas zonas do
pelo, alterações cardiovasculares e ósseas, diarreia, etc.
(E5) Manganês: carbonato manganoso, óxido manganoso.
Quando há deficit deste oligoelemento produzem-se dores nas
articulações, alterações reprodutivas, dificuldade para se manter de
pé.
(E6) Zinco: carbonato de zinco, óxido de zinco.
O seu deficit provoca anorexia, gretas na pele e transtornos na
reprodução.
(E7) Molibdénio: molibdato de amónio, molibdato de sódio.
O seu deficit provoca perda de apetite, embora as quantidades
necessárias sejam extremamente baixas.
(E8) Selénio: selenato de sódio.
148
Implementação de Medidas Sanitárias | MÓDULO IV
A sua carência produz
reprodutivas e diarreias.
degenerações
musculares,
alterações
Todas estas substâncias são utilizadas, na maioria dos casos, como
correctores minerais em rações para evitar deficiências que originem
problemas de fragilidade de ossos, coxeiras, musculares, sintomas
nervosos, etc.
Em épocas de escassez de alimentos, ou quando devido ás condições
climatéricas os animais não comem bastante feno ou pasto nas
parcelas, podem ocorrer deficiências destes minerais e começarem a
aparecer complicações.
149
CAPÍTULO III
Em condições normais, quando os animais comem pasto ou feno de
erva à descrição, estes oligoelementos são assimilados directamente
através da alimentação e não é necessário administra-los na ração.
MÓDULO IV | Implementação de Medidas Sanitárias
CAPÍTULO III
3. Operações de desparasitação
e vacinação do gado
Na produção biológica está proibido qualquer tipo de tratamento
utilizado de modo preventivo. As vacinações e as desparasitações
serão autorizadas pelo órgão de controlo somente em casos concretos
e depois da análise do problema em cada exploração.
O número de tratamentos realizados anualmente estará limitado
e tenderá a diminuir progressivamente. Desta forma deverá ser
encontrado o melhor momento para realizar o tratamento e obter a
melhor eficácia.
Por outro lado, deve ser prestada especial atenção à transmissão de
doenças dos animais ao homem (zoonose) estabelecendo sistemas
de controlo baseados no isolamento dos animais suspeitos de se
encontrarem doentes, amostras complementares de análise, cuidados
de higiene como a utilização de luvas, mascaras, etc.
São de cumprimento obrigatório todas as medidas oficiais para a
erradicação de doenças que cada país tenha estabelecido.
Vacinação
O órgão de controlo estudará cada situação e todos os aspectos que
possam influenciar o desenvolvimento de uma determinada doença
numa zona. Deve saber-se quando há realmente um problema nos
animais e averiguar qual a causa desse problema.
150
Implementação de Medidas Sanitárias | MÓDULO IV
Deve-se utilizar vacinas que tenham a máxima eficiência e sejam
as mais inofensivas possíveis. Não está autorizado o uso de vacinas
criadas recorrendo à manipulação genética.
A vacinação de vitelos muito jovens não é aconselhável porque
costumam possuir boas defesas graças ao colostro recebido da mãe.
Desparasitação
O parasitismo é um tipo de relação que se estabelece entre dois seres
vivos, um deles, geralmente o mais pequeno, chama-se parasita e
o de maior tamanho denomina-se hospedeiro (neste caso, o gado
bovino). O parasita alimenta-se do hospedeiro sem que este obtenha
nada em troca.
Quando a abundância de parasitas é elevada, começam a produzir-se
danos no organismo do animal que conduzem a uma diminuição da
produtividade e ao aparecimento de lesões que podem comprometer
a sua vida.
Os sintomas que se observam num animal parasitado são muito
151
CAPÍTULO III
Por exemplo, em determinadas zonas é frequente a autorização para
a vacinação do carbúnculo sintomático. Esta doença desenvolve-se
geralmente muito rapidamente e termina com a morte fulminante
dos animais sem deixar lesões. Nos casos de desenvolvimento da
doença mais lento (agudo), observam-se animais com coxeiras por
dores musculares, em apalpação encontram-se borbulhas no espaço
entre a pele e o músculo e aumenta a temperatura corporal. Se
nestas zonas não fosse possível a vacinação, não se poderia realizar
produção bovina biológica porque as baixas provocadas por esta
doença seriam muito elevadas.
MÓDULO IV | Implementação de Medidas Sanitárias
CAPÍTULO III
variáveis e depende do tipo de parasita, mas geralmente costumam
provocar diarreias e alterações na pelagem. A pelagem de um
animal que goza de boa saúde tem uma coloração intensa e um pelo
brilhante. Quando tem algum tipo de deficiência ou alteração, não
há brilho no pelo, está como que despenteado e não se lambe.
Cada tipo de parasita tem diferentes características no que diz
respeito à sua localização, tipo de hospedeiro, percurso que realiza
dentro do organismo, lesão que provoca, duração do tempo de
alojamento no hospedeiro, etc. Assim sendo, quando há algum
problema na exploração é necessário saber a que se deve e o que é
que o está a provocar.
Um dos métodos mais simples e frequentemente utilizados para
diagnosticar uma parasitose é a análise sistematizada das fezes. É
conveniente recolher amostras de fezes em várias épocas do ano para
verificar a quantidade de parasitas que se vão eliminando. A análise
de fezes uns dias antes e uns dias depois de desparasitar é muito
interessante para se comprovar que o antiparasitário utilizado é o
mais adequado.
As fezes deve recolher-se assim que tenham sido expulsas, ou até
mesmo directamente do intestino do animal, num recipiente limpo.
Outros métodos para o diagnóstico de parasitas podem ser as análises
de sangue ou de pele. Estes últimos realizam-se em parasitoses
de pele que se desenvolvem frequentemente com descamações,
comichões, avermelhamento da zona, queda de pelo, etc.
Em caso de morte do animal, deve ser efectuada uma inspecção
completa (necropsia) de todos os tecidos, órgãos e músculos para
visualizar o tipo de lesões que provoca o parasita em questão e
definir tratamentos eficazes contra ele.
152
Implementação de Medidas Sanitárias | MÓDULO IV
Deve ser dada especial atenção ás diarreias provocadas por parasitas
dos vitelos porque se podem complicar com outro tipo de infecções
que levam à morte do animal em poucos dias.
Uma vez diagnosticado o parasita e conhecida a forma de vida e
alimentação deverá ser administrado o tratamento antiparasitário
mais adequado.
Os antiparasitários devem ser o mais inofensivo possível para
o animal, com elevada margem de dosagem de forma a evitar
problemas de intoxicações, facilmente administráveis, que deixem
a menor concentração de resíduos possíveis e que só tenham acção
sobre o parasita.
É difícil que qualquer dos anti-parasitários que existem actualmente
no mercado cumpram todas estas características.
Alguns produtos deixam resíduos nas fezes, como os derivados das
ivermectinas (principio farmacológico) que intoxicam os escaravelhos
encarregues de as decompor para serem assimiladas pelo solo
A administração de produtos químicos por via oral é muito
complicada porque as vacas não abrem a boca e escondem a cabeça,
mas costumam ser substâncias que deixam poucos resíduos.
No que diz respeito à administração de tratamentos alternativos,
como a fitoterapia obtiveram-se muito bons resultados e eliminamse os inconvenientes anteriormente descrito. Utilizam-se como antiparasitários, entre outros, o absinto, o alho e o tomilho na água de
153
CAPÍTULO III
Podem ser autorizados antiparasitas de síntese química com a
limitação de reduzir ao máximo o número de tratamentos por ano
e por animal.
MÓDULO IV | Implementação de Medidas Sanitárias
bebida. O poejo é utilizado como antiparasitário externo quando há
pulgas e mosquitos.
CAPÍTULO III
Os métodos de controlo das parasitoses devem basear-se em medidas
preventivas. Tenta-se chegar a uma situação de harmonia entre o parasita e o animal sem que sejam diminuídos os índices produtivos. A
eliminação total dos parasitas é impossível porque o seu habitat, da
mesma forma que o do animal, é o meio ambiente.
(Imagem 4. Vacas pastando num prado onde há parasitas. De momento convivem em equilíbrio.)
Entres as medidas a adoptar para evitar tratamentos antiparasitários,
destacam-se:
- O aproveitamento dos pastos em épocas de menor concentração
de parasitas, segundo as análises realizadas em cada exploração.
- Evitar as zonas encharcadas que favorecem o desenvolvimento e
a manutenção de muitos ciclos de parasitas.
- Tentar não pastar nas parcelas todos os anos, deixar algumas
sem aproveitar um ano, já que diminui consideravelmente a contaminação do pasto.
- As novilhas e os animais mais jovens devem pastar nas parcelas
mais seguras fa exploração. O gado adulto desenvolve alguma
resistência e atinge melhor o equilíbrio com o parasita sem que
seja afectado.
- No caso de explorações que também gado ovino, é muito interessante o pastoreio rotacional. Desenvolve-se uma boa imunidade se nas parcelas que um ano são aproveitadas para bovinos, no
ano seguinte se instalar o gado ovino.
154
Módulo V
CAPÍTULO III
MANUTENÇÃO DAS INSTALAÇÕES
155
MÓDULO V | Manutenção das Instalações
CAPÍTULO III
1. Normas sobre a dimensão
e densidade nas instalações
As instalações para alojamento do gado bovino biológico para carne
não são obrigatórias se as condições climáticas permitem o adequado
desenvolvimento do animal.
Na maioria dos casos, o lote de vacas reprodutoras, se as condições
meteorológicas o permitirem, podem permanecer ao ar livre durante
todo o ano.
Relativamente aos lotes de engorda, existem muitas diferenças
dependendo do sistema de produção das explorações.
1.1. Explorações com engorda
de vitelos ao ar livre
Tal como já se explicou anteriormente, algumas explorações não
tem instalações específicas para a engorda de vitelos. Os animais
permanecem no campo desde que nascem até que vão para abate.
São criados com as mães até ao momento do desmame (por volta dos
seis ou sete meses), depois são separados delas e passam o tempo
restante a pastar nas diferentes parcelas da exploração.
156
Manutenção das Instalações | MÓDULO V
CAPÍTULO III
(Imagem 1: Os vitelos permanecem com as mães
até aos seis meses aproximadamente)
É conveniente manter um sistema de rotação de pastos para evitar
problemas de erosão da pastagem ou sobrepastoreio.
Nestas explorações, onde a engorda de vitelos se realiza de forma
extensiva, é necessário dispor de resguardos naturais como árvores,
arbustos ou matagais, sobretudo em épocas de intenso calor ou
frio. Se se tratar de parcelas que careçam deste tipo de refúgios,
devem construir-se pequenos cobertos que não produzam impactos
negativos no meio.
Quando os animais já não se alimentam das pastagens, alterna-se a
distribuição de toldas e manjedouras por toda a parcela.
157
MÓDULO V | Manutenção das Instalações
CAPÍTULO III
1.2. Explorações com engorda de vitelos
dentro das instalações
Noutras explorações existem instalações para alojar os animais de
engorda, que devem satisfazer as necessidades mínimas do gado sem
afectar o seu comportamento natural.
Todos os animais devem ter espaço suficiente que lhes permita
realizar as suas necessidades normais com liberdade de movimentos
como deitar-se, lamber-se, esticar-se, girar-se, etc. Permitir-lhes
também acesso fácil a alimentação e à água.
Devem ter-se em conta outros factores dependentes do grupo como
o número de indivíduos e a divisão por sexos, garantindo sempre o
bem-estar animal. Além disso, devem favorecer-se as condições de
maneio para a administração de uma alimentação adequada a cada
grupo e para satisfazer melhor as suas necessidades.
As instalações devem contemplar uma zona coberta, total ou
parcialmente, e outra de exercício ou espaço ao ar livre. Estas
zonas poderão ser utilizadas quando as características fisiológicas,
atmosféricas e do solo o permitam.
O gado deverá ter livre acesso aos pastos a maior parte de tempo
possível.
Nas épocas em que os animais podem pastar no campo e a superfície
da zona coberta seja compatível com uma adequada liberdade de
movimentos, poderá suspender-se o acesso à zona de exercícios,
sobretudo nos meses de Inverno.
158
Manutenção das Instalações | MÓDULO V
A fase final da engorda dos vitelos poderá realizar-se no interior das
instalações sem necessidade de dispor de zonas de exercício, quando
esta fase não supere a quinta parte da vida do animal e sempre
menos de três meses.
Zona coberta
Vacas e gado de engorda
Touros
Zona ao ar livre
Peso vivo (kg)
m2 por animal
m2 por animal
Até 100
1,5
1,1
Até 200
2,5
1,9
Até 350
4,0
3
Mais de 350
5
(mínimo 1 m2
cada 100 kg)
3,7
(mínimo 0,75
m2 cada 100
kg)
10
30
Além deste tipo de instalações para alojamento do gado, numa
exploração de bovinos de produção biológica devem destacar-se
outros meios que facilitem o maneio e a realização das tarefas típicas
da exploração.
É conveniente ter uma nave para armazenamento de rações, feno
e forragens necessários em épocas de escassez, assim como para
guardar maquinaria de uso agrícolas. As explorações mais modernas
159
CAPÍTULO III
As superfícies mínimas cobertas para a estabulação e para as zonas
de exercício estão legisladas no anexo VIII do regulamento 2092/91.
Existem diferenças em função do peso mínimo em vivo do animal.
MÓDULO V | Manutenção das Instalações
CAPÍTULO III
terão silos para armazenamento das rações ou cereais e a sua
distribuição pelos animais realizar-se-á de forma automatizada.
Para tratar o gado mais facilmente e realizar as operações habituais,
como os tratamentos sanitários, as desparasitações ou a vacinação,
é útil ter mangas e currais que agilizem o trabalho. Eventualmente
poderão ser portáteis, o que melhorará o seu manejo, para não ter de
deslocar todos os animais até lugares fixos.
É conveniente que existam diferentes currais para separar os animais
em lotes pequenos e tentar assim que não lutem, porque em espaços
tão limitados os animais mais fortes podem ferir os restantes.
As mangas devem construir-se abrigadas dos ventos dominantes e
dos rigores meteorológicos.
Quando programar o isolamento ou o cuidado a animais doentes,
é vantajosa a possibilidade de ter uma zona individualizada dentro
da nave onde possa realizar estes trabalhos, evitando assim possíveis
transmissões de doenças. Desta forma os animais estão protegidos
dos rigores do tempo, reduzindo ao máximo o seu sofrimento e
facilita-se o seu repouso diminuindo, na medida do possível, o
período de convalescença.
160
Manutenção das Instalações | MÓDULO V
2. Condições de segurança
e habilidade das instalações
As instalações devem ser construídas com materiais fáceis de limpar
para evitar contaminações, a diminuição do bem-estar animal e
o aparecimento de doenças. Quando ocorra algum problema, a
desinfecção das instalações deve puder realizar-se com facilidade.
É conveniente que as construções da exploração estejam divididas em
vários edifícios para facilitar o controlo da ventilação, da humidade
e da temperatura. Em pavilhões de grandes dimensões é complicado
manter estes parâmetros dentro dos limites aceitáveis, sendo os
problemas mais frequentes os relacionados com a ventilação.
Estes edifícios devem estar orientados de maneira a facilitar a
entrada de luz e a ventilação natural. Dependendo das características
climatológicas da zona, deve-se adequar a orientação para aproveitar
o sol no Inverno e evitar o excesso de calor no Verão. Para isso, o
eixo longitudinal do edifício deve ter a orientação este-oeste, com
uma fachada para norte e outra para sul. Também é importante,
principalmente em zonas com ventos fortes, que o eixo maior do
edifício tenha a direcção dos ventos dominantes.
As barreiras de separação entre lotes de animais dentro das naves
devem ser o mais seguras possível e com terminações rombas para
evitar ferimentos nos animais.
161
CAPÍTULO III
Para que as condições de segurança e habitabilidade das instalações
sejam óptimas devem obedecer a determinadas regras. São factores
importantes a ter em conta porque podem favorecer o aparecimento
de muitas patologias.
MÓDULO V | Manutenção das Instalações
CAPÍTULO III
O solo dos alojamentos deve ser liso e de material não escorregadio,
porque senão pode gerar problemas nos ossos e nos músculos dos
animais. Estes, no seu comportamento natural, gostam de brincar,
montar e realizar movimentos que juntamente com uma má
pavimentação do chão podem produzir várias complicações.
Os animais normalmente conseguem reconhecer as zonas
escorregadias e evitam circular nelas. Por exemplo, se para irem beber
têm de passar por uma zona resvaladiça, cada vez beberão menos o
que pode dar lugar a transtornos associados a uma diminuição do
consumo de água: os animais comerão menos e o seu crescimento e
bem-estar será reduzido.
Num sistema de produção biológica de gado, a superfície máxima de
solo com grades ou travessas pode ser, no máximo, metade sendo o
restante de solo firme.
Os solos com excessiva acumulação de estrume produzem um
amolecimento das unhas dos animais e originam infecções no casco.
Alguns dos problemas que podem derivar de um solo inadequado
são:
- Fracturas de ossos.
- Problemas nas articulações.
- Coxeiras.
- Infecções dos cascos (designadas pododermatites).
- Dores musculares.
A zona de descanso deverá ser constituída por camas secas, limpas,
cómodas e com espaço suficiente de maneira a facilitar o repouso dos
animais. As camas devem ser de palha ou de qualquer outro material
natural e devem mudar-se ou limpar-se sempre que necessário.
162
Manutenção das Instalações | MÓDULO V
Os comedouros e bebedouros devem situar-se em zonas de fácil
acesso para favorecer assim o consumo dos alimentos e aumentar o
rendimento em carnes dos animais.
É preciso ter em conta que quanto mais intensivo for o processo de
produção, maiores serão os cuidados que se tem de dispensar ao
gado de maneira a preservar o seu bem-estar.
CAPÍTULO III
163
MÓDULO V | Manutenção das Instalações
CAPÍTULO III
3. Condições sanitárias
e de higiene nas instalações
Uma boa higiene das instalações favorecerá a sua manutenção, o
seu bom funcionamento e terá consequências positivas na saúde dos
animais. No entanto, além das condições de higiene, deve-se prestar
especial atenção a uma série de factores próprios das instalações
que influenciam directamente o estado sanitário do gado, tais
como a ventilação, a temperatura, a humidade relativa, as elevadas
concentrações de gases, o pó e o estrume.
3.1. Factores que influenciam
o estado sanitário do gado
Ventilação
É conveniente assegurar um modo de ventilação natural sem que
haja necessidade de recorrer a sistemas mecânicos porque, para além
destes implicarem um gasto económico elevado, em ocasiões que não
se controlem bem podem gerar problemas tanto por excesso como
por defeito de ventilação.
Aconselha-se a ter cuidado com as correntes de ar já que favorecem o
aparecimento de doenças.
Temperatura
A temperatura óptima dependerá do desenho da exploração, da
concentração de animais e de outros factores como a ventilação e
164
Manutenção das Instalações | MÓDULO V
a humidade. Não devem existir mudanças bruscas porque o animal
demora algum tempo a adaptar-se às novas temperaturas.
Humidade
Uma humidade baixa produz secura nas vias respiratórias altas e
facilita o aparecimento de doenças respiratórias.
a eliminação de calor por parte do animal e provoca stress por calor.
Pelo contrário, quando humidade elevada é acompanhada de
temperaturas baixas, o corpo dos animais fica húmido assim como
a cama e há um aumento da sensação de frio. Por isso, é preciso ter
cuidado quando os animais estão no campo em dias de chuva e vento
e baixas temperatura pois diminui a sua capacidade de regular a sua
temperatura corporal.
Elevadas concentrações de gases
Um dos gases que é produzido em maior quantidade é o amoníaco
proveniente da degradação da urina e da decomposição de parte da
matéria orgânica.
As emissões de amoníaco são influenciadas directamente pela
maioria dos factores descritos anteriormente. Quanto mais baixa
for a temperatura, mais lentas serão as reacções de decomposição
da matéria e menor a libertação de amoníaco. Por isto, o período
com maior libertação de amoníaco é ao meio-dia no Verão, quando é
necessário redobrar os cuidados.
165
CAPÍTULO III
Uma humidade elevada acompanhada de temperaturas altas dificulta
MÓDULO V | Manutenção das Instalações
A ventilação aumenta a libertação de amoníaco e facilita a eliminação
CAPÍTULO III
de outras emissões gasosas.
O aumento da concentração de amoníaco irrita a mucosa respiratória,
que se traduz numa alteração dos mecanismos naturais de defesa
do animal. Favorece o aparecimento de problemas respiratórios, a
falta de bem-estar animal e, consequentemente, um atraso no seu
crescimento.
Por vezes observam-se lotes de animais a tossir e, erradamente,
atribui-se a agentes víricos, quando na verdade é um problema de
maneio que se soluciona com a limpeza do estrume, a diminuição do
número de animais por lote e o fornecimento de uma quantidade
abundante de palha para que absorva o amoníaco da urina.
Pó
O pó que pode existir nas instalações é originado na zona de
armazenamento do feno, das rações, etc., ou da zona de exercício nas
épocas mais secas.
É necessário tentar diminuir as concentrações elevadas de pó através
da ventilação da zona, regas, etc.
Estrume
É muito importante que a inclinação do solo e do sistema de esgotos
facilitem as operações de limpeza das instalações e favoreçam uma
boa drenagem de urina, fezes e das águas de limpeza.
Uma quantidade excessiva de estrume no lote de engorda influencia
negativamente o bem-estar animal e reflecte-se numa diminuição
dos ganhos de peso dos animais.
166
Manutenção das Instalações | MÓDULO V
CAPÍTULO III
(Imagem 2: Uma quantidade excessiva de estrume influencia negativamente
o bem-estar animal.)
Deve-se garantir que todos estes factores se mantêm dentro dos
limites não prejudiciais para os animais. Quando não se controla
algum destes factores ou existam relações negativas entre eles, há
uma maior predisposição para o aparecimento de patologias do
gado.
Os sintomas mais frequentes que tem origem nestas causas são:
- Insuficiências respiratórias.
- Diarreias.
- Moncos.
- Irritação das mucosas.
- Lacrimejo dos olhos.
- Tosse.
Também é preciso ter em conta que quanto mais especializados
forem os animais da exploração para a produção de carne, maiores
terão de ser os cuidados dispensados para a sua manutenção e o seu
crescimento.
167
MÓDULO V | Manutenção das Instalações
Todas as acções de maneio a favor do bem-estar dos animais terão
repercussões numa eficiente conversão do alimento em carne.
CAPÍTULO III
3.2. Limpeza das instalações
Deve realizar-se uma limpeza adequada das instalações com a
finalidade de evitar problemas de contágio de doenças entre os
animais e o desenvolvimento de agentes patogénicos.
Na limpeza das instalações deve-se incluir a desinfecção dos
alojamentos, utensílios, separações entre os lotes, etc.
Os restos de comida, estrume, urina e as camas devem retirar-se
com certa frequência, para diminuir os cheiros e evitar as altas
concentrações de amoníaco. Com esta medida evitam-se também
os insectos, os roedores, os pássaros, etc., que contribuem para
a contaminação da zona e para a propagação de doenças. Para a
eliminação destes agentes (roedores, pássaros, insectos) só se podem
utilizar microrganismos (bactérias, vírus e fungos) não modificados
geneticamente e autorizados pelo controlo biológico de pragas
estabelecido na secção 2 da parte B do anexo II do Regulamento
2092/91.
Quando um lote de animais vai para abate é muito importante fazer
uma limpeza a fundo das instalações que estes ocupavam, para evitar
problemas de contaminações e favorecer a entrada do lote seguinte
em condições de higiene adequadas.
A limpeza das instalações deve realizar-se com certa frequência,
cabendo ao tratador avaliar de quanto em quanto tempo é
necessária. Para isso, deve ter em consideração o número de animais
por lote, a duração da cama em bom estado, os restos de comida, etc.
168
Manutenção das Instalações | MÓDULO V
Os animais devem estar em boas condições de higiene uma vez que o
estado sanitário destes influencia directamente o rendimento.
Para a limpeza e desinfecção das instalações, utensílios e
equipamentos utilizados na criação dos animais, estão autorizados
uma série de produtos que constam na parte E do anexo II do
Regulamento 2092/91. Destacamos:
- Sabão de potassa e soda.
- Água e vapor.
- Leite de cal.
- Cal.
- Cal viva.
- Lixívia líquida (hipoclorito de sódio).
- Soda cáustica.
- Peróxido de hidrogénio.
- Essências naturais de plantas.
- Ácido cítrico, peracético, láctico.
- Álcool.
- Carbonato de sódio.
169
CAPÍTULO III
É preciso prestar especial atenção à desinfecção de zonas onde
tenham estado animais doentes. A limpeza dessas zonas deve fazerse de forma consciente, retirando primeiro os restos de comida e de
estrume, aplicando de seguida os desinfectantes. Estes produtos
perdem eficácia na presença de matéria orgânica, pelo que só se
devem aplicar depois de se ter realizado uma limpeza a fundo de
todos os resíduos orgânicos.
170
CAPÍTULO III
Módulo VI
CAPÍTULO III
GESTÃO DE RESÍDUOS
171
MÓDULO VI | Gestão de Resíduos
CAPÍTULO III
1. Armazenagem e eliminação
de resíduos
Nas explorações onde se realiza um sistema de produção biológica, é
obrigatório demonstrar, a exemplo do que acontece com os animais,
um grande respeito pelo meio ambiente. Não se pode desenvolver
correctamente uma produção de gado biológico se sistematicamente
se quebra o equilíbrio com a natureza, por se requererem condições
óptimas no campo e nos pastos onde se criam os animais.
Numa exploração de gado bovino biológico geram-se resíduos
orgânicos e inorgânicos que se devem tentar aproveitar e reutilizar.
São considerados resíduos inorgânicos as embalagens de plástico, o
papel e o cartão, os restos de medicamentos, seringas, etc. Alguns
podem ser reciclados (papel, embalagens, cartão) e outros são
levados para contentores especiais para serem tratados de forma
independente, tais como os restos de medicamentos ou as seringas.
Os resíduos inorgânicos nunca devem ser abandonados no campo
nem se deve despejar o seu conteúdo nos rios porque, na maioria
dos casos, são nocivos e destroem a flora e a fauna das redondezas
quebrando o equilíbrio com o meio envolvente.
Os resíduos orgânicos são substâncias que se obtêm secundariamente
na produção de gado bovino e que, bem trabalhados, representam
um factor importante para a rentabilidade da exploração. A principal
utilidade da maioria destes resíduos é a fertilização.
O tipo e a quantidade de resíduos variam em função do sistema
de produção estabelecido. Em explorações com instalações para
172
Gestão de Resíduos | MÓDULO VI
Entre os resíduos orgânicos das explorações bovinas podem-se
destacar os seguintes:
- Dejectos sólidos.
- Urina.
- Restos de camas, palha, serrim, etc.
- Restos de comida, ração, feno, forragem, etc.
- Agua dos açudes.
- Gases.
- Água de limpeza.
De todos eles, a maior percentagem corresponde aos excrementos
sólidos e líquidos dos animais, seguindo-se os restos das camas e
água.
1.1. Estrume
Chama-se composto á mistura curtida de excrementos sólidos,
líquidos, cama, restos de comida e água.
O chorume é o estrume líquido que se forma depois da utilização de
água para a limpeza das instalações.
173
CAPÍTULO III
o lote de engorda, as quantidades de resíduos serão maiores que
nas explorações onde este lote permanece ao ar livre e pastando
nos prados. Neste último caso, os resíduos orgânicos passarão
directamente para o terreno. Haverá zonas dentro das parcelas onde
a concentração de excrementos é maior e outras zonas onde haverá
mais restos de comida. Por isso, é conveniente realizar a mobilização
dessas parcelas para facilitar o espalhamento de todos os resíduos e
tentar fazer uma fertilização uniforme do terreno.
MÓDULO VI | Gestão de Resíduos
CAPÍTULO III
Há muitas diferenças no que diz respeito à composição dos
excrementos dependendo da exploração, e variará em função da
genética, da alimentação, do estado fisiológico, da idade, da época
do ano, etc. A alimentação dos animais influencia decisivamente
a produção de resíduos já que existem determinadas matérias
primas que fazem com que as dejecções sejam mais liquidas e criem
problemas de humidade nas camas.
É conveniente realizar análises para determinar as características
dos dejectos e conhecer assim o seu valor para a utilização como
adubo. Em relação à composição dos excrementos, a percentagem
mais elevada corresponde à água, depois à matéria seca, azoto,
fósforo, potássio, cálcio e magnésio. De outra forma, a utilização
destes material como adubo dentro da própria exploração favorecerá
a fertilização das parcelas e aumentará a produção de pasto para o
consumo animal, seja por consumo directo por parte dos animais seja
mediante a realização de feno ou forragens.
A concentração de estrume que se deve aplicar nas parcelas está
limitada e legislada com a finalidade de evitar problemas de
acumulação excessiva de concentrações de azoto. A quantidade
total de estrume por exploração não poderá exceder os 170 kg de
azoto por hectare de superfície agrícola e ano. Para conhecer o
encabeçamento correcto e não exceder o limite de azoto estipulado,
forma estabelecidos uns limites pelas autoridades competentes dos
Estados membros, sempre orientadas pelas quantidades que constam
do anexo VII do Regulamento 2029/91, onde é apresentado o número
máximo de animais por hectare equivalente a 170 kg de azoto por
hectare e ano.
O número máximo de animais por hectare em relação a situações de
sobre pastoreio e contaminação excessiva do terreno também está
regulamentado pelo Regulamento 2029/91 (indicado no módulo I).
174
Gestão de Resíduos | MÓDULO VI
No caso de se ultrapassarem estes limites, o encabeçamento terá que
ser diminuída e ajustada.
As explorações biológicas poderão recorrer a contratos com outras
explorações biológicas para beneficiar do estrume excedentário e
espalha-lo nas suas parcelas como adubo.
1.2. Tratamento do estrume
Existem diferenças em relação ao tratamento do estrume de acordo
com o sistema de produção.
Quando a engorda de vitelos se realiza no campo, não se acumula
estrume, unicamente se deve espalhar pela parcela com a ajuda de
um tractor, tendo o cuidado de não se ultrapassar o limite máximo de
concentração de azoto.
Se a engorda dos vitelos é feita dentro das instalações, será necessário
retirar o estrume com frequência para que as condições higiénicosanitárias dos animais não sejam reduzidas.
O piso das instalações deve ser impermeável. É conveniente que
sejam colocadas camas abundantes, que devem ser mudadas
frequentemente, para que as condições de habitabilidade e higiene
das instalações sejam as adequadas para um bom desenvolvimento
dos animais.
175
CAPÍTULO III
Os Estados membros poderão reduzir estes limites tendo em conta as
características da zona e a existência de um outro fornecimento de
azoto ao terreno.
MÓDULO VI | Gestão de Resíduos
CAPÍTULO III
Uma vez retirado o estrume das instalações, este é levado para
a nitreira. Esta deve ter as condições necessárias para evitar a
contaminação das águas subterrâneas ou a filtração através do solo
(solo impermeabilizado). Na nitreira ocorre um processo semelhante
à compostagem. Dependendo das condições climatéricas de cada
zona, determinar-se-á se é necessário protegê-lo, regá-lo, arejá-lo e
quanto tempo demorará a amadurecer.
(Imagem 3: Monte de estrume já maduro.)
No campo, as situações a ter em conta relativamente ao estrume são
muitas e variam segundo o tipo de solo. Regra geral, é conveniente
espalhá-lo cedo (Outono ou Inverno) e da forma mais homogénea
possível para que quando se faça a sementeira, a sua decomposição
seja já avançada.
A quantidade a colocar no terreno dependerá do tipo de estrume,
as características típicas do solo, o tipo de cultura, etc. Por exemplo,
em terrenos argilosos utilizam-se grandes quantidades de estrume
muito maduro. No entanto, em solos arenosos usam-se menores
quantidades de estrume e não é necessário que esteja tão maduro.
176
Gestão de Resíduos | MÓDULO VI
2. Tratamento de resíduos
2.1. Resíduos inorgânicos
Os resíduos inorgânicos devem distribuir-se em
diferenciados para dar a cada um o destino adequado.
recipientes
- O papel e o cartão podem ser utilizados no processo de
compostagem (que se explicará a seguir) sempre que não tenha
sido tratado quimicamente, isto é, que não tenha sido impresso.
Caso contrário não são válidos para elaborar composto biológico,
mas poderão sim ser enviados para a reciclagem.
- Os restos de medicamentos e seringas são considerados materiais
biológicos que devem entregar-se nos locais de tratamento deste
tipo de resíduos.
- Os óleos de tractores, carros e maquinaria também se tratam
em locais específicos. Deve-se ter especial cuidado em não verter
estas substâncias nos rios nem nos campos porque permanecem
no ambiente durante muitos anos.
177
CAPÍTULO III
Como já se explicou anteriormente, a maioria dos resíduos que se
produzem na exploração podem ter um tratamento adequado que
evite a contaminação do meio ambiente. Para conseguir um bom
tratamento dos resíduos, deve ser feita uma correcta separação de
cada tipo.
MÓDULO VI | Gestão de Resíduos
CAPÍTULO III
- Os plásticos também podem ser reciclados e reutilizados, não
devem permanecer no campo.
- Outro tipo de resíduos como arames e cordas, materiais que
se produzem em qualquer exploração e que são perfeitamente
reutilizáveis. Quando ficam abandonados no campo por descuido
ou amontoados representam um perigo para o gado, já que
podem produzir doenças associadas a obstruções digestivas, no
caso das cordas, ou perfurações digestivas, no caso dos arames.
Com a reciclagem e a reutilização contribui-se para que muitos
materiais que antigamente só tinham uma utilização e iam
directamente para o lixo voltem a ser utilizados sem contaminar o
meio ambiente.
(Imagem 4: Reciclagem
de resíduos.)
2.2. Compostagem
Um dos métodos mais importantes da produção biológica em ralação
ao tratamento de resíduos é a compostagem. Como já se explicou no
capítulo sobre fertilização em agricultura biológica, trata-se de uma
178
Gestão de Resíduos | MÓDULO VI
O composto é um produto usado como fertilizante e para o produzir
são utilizados a grande maioria dos resíduos da exploração. Para
realizar um bom composto é necessário ter um local onde começar
a acumular a matéria orgânica que se vá degradar. Há que escolher
bem o local onde se vai situar para evitar problemas de arrastamento
de matéria orgânica pela água, de excessiva ventilação ou
temperatura. É conveniente construí-lo resguardado das inclemências
meteorológicas.
(Imagem 5:
Compostador.)
179
CAPÍTULO III
técnica relativamente simples pela qual se realiza a degradação da
matéria orgânica para ser assimilável pelas plantas. É um processo
com o qual se consegue uma mistura homogénea rica em matéria
orgânica donde predomina uma grande quantidade de minerais
e outros nutrientes. A compostagem é similar aos processos que
decorrem diariamente na natureza. Por exemplo, no Outono, quando
as folhas caem, apodrecem junto aos pés de outros vegetais, e
fornecem, junto com a água, o ar e vários microrganismos, a matéria
orgânica que necessitam para germinar no ano seguinte.
CAPÍTULO III
MÓDULO VI | Gestão de Resíduos
O compostador tem que estar em contacto com o solo porque
favorece o intercâmbio de microrganismos que intervêm no processo
de degradação da matéria orgânica. O tamanho das partículas tem
influência na velocidade de decomposição, quanto mais pequeno
for o tamanho dos materiais a compostar, menor será o tempo de
decomposição. A presença de alguns elementos como o carbono,
azoto, fósforo e outros constituintes torna-se essencial para as
reacções de degradação da matéria que se produzem por parte dos
microrganismos.
Em condições normais, a natureza não necessita de nada que não
possa obter do campo. Pode ser adicionado um acelerador biológico
para diminuir o tempo de decomposição da matéria. Quando se
deposite a matéria orgânica, adiciona-se acelerador a cada 20 cm
para que o processo arranque com mais força e dure menos tempo.
O que se pode utilizar para obter um bom composto?
- Restos vegetais como palha, folhas secas, pinhas, uvas, ramos,
casca de fruta, serrim (sem tratar), cartão, papeis, etc.
- Todo o produto procedente da produção biológica.
- Restos animais tais como peles, farinhas, ossos, restos de
matadouro, estrume que incorpora azoto.
- Restos minerais como granitos, calcários, silicatos, fosfatos que
incorporam oligoelementos indispensáveis para as plantas.
No processo de compostagem a temperatura varia conforme a
actividade microbiana, no interior atingirá aproximadamente 60 ºC.
Considera-se um composto maduro quando depois de várias fases de
variação de temperatura, esta se mantém e iguala a ambiental.
O valor de pH óptimo oscila entre 5 e 8. O aumento da ventilação
pode arrefecer o composto e retardar o processo. A humidade
180
Gestão de Resíduos | MÓDULO VI
óptima dependerá do tipo de microrganismo presente na mistura,
mas normalmente varia entre os 30% e os 60%. Possivelmente haverá
necessidade de regar em épocas de calor excessivo, em condições
normais a água proveniente dos vegetais é suficiente.
(Imagem 6: Composto maduro
carregado para posterior
utilização.)
Para a obtenção de composto não se devem utilizar:
- Restos de vegetais que tenham sido tratados em processos
químicos.
- Cascas de citrinos porque são demasiado ácidas.
- Óleos e gorduras.
- Qualquer material não biodegradável.
181
CAPÍTULO III
Ao fim de três ou quatro meses estará formado um composto fresco
onde ainda se podem identificar restos dos materiais utilizados.
Passados mais dois meses (cinco ou seis no total), obteremos
uma mistura de cor preto escuro, os restos de vegetais, animais e
minerais foram decompostos e obtém-se um material com elevada
percentagem de oligoelementos e nutrientes. Uma vez obtido o
composto, podem ser adicionadas cinzas de madeira, que incorpora
potássio, ou estrume proveniente de animais de explorações
biológicas, que ajuda a manter o equilíbrio entre nutrientes.
MÓDULO VI | Gestão de Resíduos
CAPÍTULO III
Os resultados que se atingem com a compostagem no que diz respeito
à fertilização dos solos serão semelhantes ou melhores aos que se
conseguem com adubos químicos. Além do mais, não se produzem os
efeitos negativos como a contaminação dos aquíferos por excesso de
azoto e o esgotamento da matéria orgânica.
O composto enriquece o solo em matéria orgânica e microrganismos
que ajudam à sua fertilização.
182
CAPÍTULO IV
CONCLUSÃO
183
CONCLUSÃO
A produção biológica de gado bovino para carne constitui uma forma
mais de produzir carne, caracterizada por uma série de pormenores
que a diferenciam da produção convencional.
CAPÍTULO IV
Para que um produtor de gado possa reconverter a sua exploração
em biológica tem que modificar a forma de criar o seu gado.
Em primeiro lugar, na exploração biológica é dada uma maior
importância à qualidade do que à quantidade, tendo sempre em
atenção que a exploração deve ser rentável, uma vez que se vai viver
dela.
Normalmente pensa-se que neste tipo de produção o gado requer
mais cuidados e meios especiais, que os animais demorarão mais a
engordar ou que são mais sensíveis a doenças por estarem ao ar livre,
mas nada disto é verdade.
Os animais são de raças autóctones, típicas da zona na que vivem e
na qual se adaptam e desenvolvem sem nenhum problema. São mais
resistentes e suportam bem as condições climatéricas adversas.
Os vitelos destinados ao lote de engorda atingem pesos semelhantes
aos das explorações convencionais, embora sejam engordados
em parcelas ao ar livre. Estes animais estão adaptados ao meio
envolvente, aproveitando os recursos da parcela, lutam, brincam
e deitam-se nos prados quando o sol nasce ou nos resguardos
quando chove ou faz vento. As possibilidades de adoecer são muito
184
CONCLUSÃO
baixas, o seu corpo vai-se adaptando gradualmente ás alterações de
temperatura do ambiente em que estão.
Os animais praticamente não adoecem, pelo que existe uma
poupança importante tanto em medicamentos caros e em serviços
veterinários, como em mão-de-obra. Quando há animais doentes
numa exploração temos que dar-lhes mais atenção e consomem mais
tempo e mais trabalho, para além das preocupações que representam
para o produtor.
O tratamento do gado com terapias alternativas torna-se vantajoso
tanto do ponto de vista sanitário como do ponto de vista
económico:
Para realizar este tipo de produção não são necessários grandes
investimentos nem é necessário dispor de pavilhões de enormes
dimensões porque os animais podem ser criados no exterior.
A alimentação do gado à base de recursos naturais e alimentos de alta
qualidade, facilita o trabalho na exploração e favorece o crescimento
de animais sãos e com grandes rendimentos produtivos.
185
CAPÍTULO IV
- São tratamentos mais baratos e os medicamentos têm uma
validade muito grande.
- Os resultados são surpreendentes. Se se administra rapidamente
o tratamento adequado, as alterações reversíveis são corrigidas
com relativa facilidade (dependendo do caso).
- No provocam resistências e podem ser utilizados as vezes que
seja necessário.
- Não tem efeitos secundários.
- Não permanecem na carcaça do animal, não deixam resíduos.
- O intervalo de segurança é de 48 horas.
CONCLUSÃO
A mão-de-obra necessária pode ser menor, mesmo quando
comparada com explorações convencionais, uma vez que em
explorações com engorda no exterior não é necessário retirar o
estrume das instalações e a adubação das parcelas é realizada
directamente pelo gado.
O principal inconveniente que encontra hoje em dia o produtor
biológico é a procura de rações biológicas e o seu preço elevado. Por
isso, é aconselhável realizar acordos com agricultores para a compra
de grão e a produção da ração para utilização na exploração.
CAPÍTULO IV
O respeito pelo meio ambiente envolvente e que fornece o alimento
aos seus animais é essencial para chegar a um equilíbrio e obter a
verdadeira rentabilidade da exploração.
Um correcto maneio do gado que garanta o bem-estar animal será
claramente visível num aumento da conversão de alimento em carne
e na diminuição das doenças.
A produção de gado biológico tem como finalidade, entre muitas
outros aspectos, oferecer um produto de qualidade, saudável e
claramente diferenciável do restante. Neste tipo de produção, para
além dos controlos efectuados pelos órgãos competentes, devem
ser os próprios produtores os interessados em oferecer um produto
diferente, de qualidade e com bom sabor e textura e, sobre tudo,
saudável.
186
CAPÍTULO V
GLOSSÁRIO
187
GLOSSÁRIO
A
ACTIVIDADE BIOLÓGICA – É um indicador importante da decomposição da matéria orgânica do solo. Uma alta actividade biológica, promove metabolismos entre o solo e as plantas, e é uma parte essencial
da produção sustentável de plantas e da utilização de fertilizantes.
ACUPUNCTURA – Terapia de origem chinesa, usada em agricultura
biológica para tratamento veterinário nos casos de alergias e problemas de cartilagens, cólicas nos cavalos, dificuldades reprodutivas nos
bovinos, mastite, prevenção de crises diarreicas nos porcos e problemas de choco nas galinhas.
CAPÍTULO V
ADITIVO – substância que se incorpora a um produto alimentar com
objectivo de alterar a apresentação, conservação, intensificação de
sabor ou outros.
ADUBOS VERDES - esta prática consiste em semear sementes de uma
espécie única ou de misturas de espécies herbáceas sem ter por objectivo a colheita dos produtos mas sim a incorporação do bio massa
verde no solo.
AGRICULTURA BIODINÂMICA – É baseada numa série de conferências
realizadas por um filósofo austríaco Rudolf Steiner em 1924. É um
tipo de agricultura que procura utilizar activamente as forças saudáveis da natureza. É o movimento de agricultura não química mais
antigo, antecedendo o movimento de agricultura orgânica em cerca
de 20 anos e actualmente divulgado em todo o mundo.
AGRICULTURA BIOLÓGICA - “a agricultura biológica é um sistema de
gestão de produção holistico que promove e enriquece a saúde do
agro ecossistema incluindo biodiversidade ciclos biológicos e actividade biológica dos solos. Os métodos de Produção Biológicos realçam
188
GLOSSÁRIO
o uso de praticas de gestão em vez do uso de inputs do exterior da
quinta, tendo em conta que as condições regionais precisam de sistemas adaptados localmente. Isto é conseguido utilizando quando
possível, métodos agronómicos biológicos e mecânicos ao contrario
de materiais sintéticos, para satisfazer qualquer função especifica
dentro do sistema ( Definição do Codex Alimentarius)
AGRICULTURA CONVENCIONAL – Sistema agrícola industrializado
caracterizado pela mecanização, monoculturas, e uso de inputs sintéticos, como por exemplo, fertilizantes químicos e pesticidas, e que
valoriza a maximização da produtividade e do lucro. A agricultura
industrializada tornou-se convencional apenas nos últimos 60 anos
(desde a Segunda Guerra Mundial).
AGRICULTURA SUSTENTÁVEL - refere se a um sistema agrícola que é
ecologicamente saudável e economicamente viável e socialmente justa, um sistema capaz de manter a produtividade indefinidamente.
AGRO ECOSSISTEMA – É uma associação dinâmica de culturas, pasta-
189
CAPÍTULO V
AGRICULTURA NATURAL - reflecte as experiências e filosofias do
agricultor Japonês Massanobu Fukuoka. Os seus livros The One Straw
Revolution: Na Introduction to Natural Farming (Emmaus Rodale
Press 1978) e The Natural Way of Farming:The Theory and Practice of
Green Phylosophy (Tokyo, New York, Japan Publications, 1985), descrevem o que ele designa de “agricultura deixa andar” e uma vida de
estudo do meio. O seu método de cultivo não envolve qualquer tipo
de aragem nem fertilizantes nem o uso de pesticidas nem a remoção
de ervas daninhas assim como podas e envolvendo pouco trabalho.
Ele realiza tudo isto e obtém colheitas abundantes sincronizando
cuidadosamente a altura do seu semear e combinações cuidadosas de
plantas (policultura). Em suma, Fukuoka elevou a um alto nível arte
de trabalhar com a natureza.
GLOSSÁRIO
gens, gado, flora, fauna, atmosfera, solos e água. Os agros ecossistemas situam-se dentro de áreas mais vastas, que incluem terra não cultivada, sistemas de drenagem, comunidades rurais e vida selvagem.
AGRO-ECOLOGIA – Estudo das interacções dos organismos vivos entre si e com o seu meio, num sistema agrícola.
ALOPÁTICO - medicamento alopático ( antinflamatorio, analgésico,
etc.) trata de suprimir a dor e não a cura.
ANTIAGLOMERANTE - substância que retarda ou evita a aglomeração.
ANTI-OXIDANTE - substância que retarda ou evita a oxidação.
CAPÍTULO V
ANTIPARASITÁRIO – substância que destrói os parasitas.
ARABILIDADE - estrutura física do solo que influencia o crescimento
da planta. Um solo arável é poroso, permitindo a fácil infiltração de
água e favorece o crescimento das raízes sem obstáculos.
AUDITORIA – Análise sistemática e funcionalmente independente
que verifica se as actividades e respectivos resultados atingem os
objectivos propostos.
AUTÓCTONE – nascido na própria terra em que habita.
AUTOTRÓFICO – ser fotossintetizante (transformam a energia solar
em energia química).
AZADIRACHTIN – Insecticida extraído da árvore asiática Azadirachta
indica ou “Neem tree”.
190
GLOSSÁRIO
B
BIO-CIDADES – Rede de entidades publica que já investiram em politicas de apoio à agricultura biológica (www.cittadelbio.it).
BIODIVERSIDADE – A biodiversidade agrícola engloba a variedade e
a capacidade de mudança dos animais, plantas e microorganismos
necessários para desempenhar funções chave do agro ecossitema,
da sua estrutura, dos procedimentos e para o apoio à produção de
alimentos e segurança alimentar (definição da FAO).
BACILLUS THURINGIENSIS – É uma das preparações bacteriológicas
mais utilizadas na agricultura biológica (activo contra muitas variedades de mosquitos Lepidoptera e coleóptera, etc).
BSE – Encefalopatia Espongiforme dos Bovinos.
CULTURAS FORRAGEIRAS – Incluem luzerna, cevada trevo, milho e
sorgo e qualquer outra colheita em que a planta seja usada para alimentar gado e outros ruminantes.
COMÉRCIO JUSTO- parceria de comércio baseado na igualdade, dialogo, transparência e respeito.
COMPOSTO – Reciclagem de biomassa dentro da unidade biológica.
Durante a compostagem, as matérias orgânicas são transformadas
em húmus.
191
CAPÍTULO V
C
GLOSSÁRIO
CN - Cabeças normais.
CONTAMINAÇÃO – Poluição de produtos ou de solo biológico, ou
contacto com qualquer material que torne o produto impróprio para
certificação biológica.
CAPÍTULO V
CONTROLO BIOLÓGICO – Usa inimigos naturais para manter populações fitó-fagas dentro de limites razoáveis, e consequentemente
aumentar o número de espécies no ecossistema agrícola, tornandoo, assim, mais estável e complexo. Todos os animais e plantas têm inimigos naturais (predadores, parasitas, patogénicos ou concorrentes)
que ajudam a evitar uma proliferação descontrolada. As populações
naturais de predadores (por exemplo, escaravelhos, coccinela, vespas,
ácaros) e parasitas (mosca, nemátodes) são muito úteis na redução
de infestações e das pragas. Contudo, por vezes, tem de se tolerar um
certo nível de infestação para atrair e manter as populações inimigas
naturais.
CULTURAS DE COBERTURA – Consiste em instalar uma cultura, mas
não necessariamente para colheita, durante os meses em que o terreno está ocupado. Desta forma, a proliferação e disseminação de ervas
daninhas é impedida.
D
DOP - Designação de origem protegida
192
GLOSSÁRIO
E
ECOSSISTEMA – Sistema natural que é formado por interacções
dinâmicas entre elementos bióticos e não bióticos numa área definida. Elementos bióticos incluem plantas, insectos (pragas, inimigos
naturais e decompositores), micróbios e outros organismos vivos, e
elementos não bióticos como os componentes do clima: temperatura,
humidade relativa, vento, sol, chuva e solo.
ENZIMA – catalizador (aceleram as reacções bioquímicas).
EQUILÍBRIO ENERGÉTICO DA QUINTA – Análise do consumo de energia, e da sua eficácia, de forma a avaliar o seu impacto nas alterações
climáticas (isto é, emissão de gases - efeito de estufa) e redução do
consumo de combustíveis fósseis.
ESSÊNCIAS DE PLANTAS - são uma mistura de substâncias naturais
derivadas de diversas partes das plantas como as flores, sementes e
frutos. São utilizados como insecticidas causando asfixia nos insectos
e nos seus ovos. Agem também como repelentes.
193
CAPÍTULO V
ENGENHARIA GENÉTICA - são técnicas de biologia molecular (como
a técnica do DNA Recombinante) pelo qual material genético de
plantas, animais, microorganismos e outras unidades biológicas são
alterados de modo a ocorrer resultados que não poderiam ser obtidos por métodos de acasalamento naturais ou recombinação natura.
Técnicas de recombinação genética incluem, embora não estejam
limitadas só a isso: a técnica do DNA recombinante, fusão de células,
injecção micro e macro, delecção de genes e duplicação. Organismos
geneticamente modificados não incluem organismos que resultam
de técnicas como cruzamentos, conjugação e hibridação natural (definição de IOAM)
GLOSSÁRIO
CAPÍTULO V
ESSÊNCIAS MINERAIS - agem essencialmente através da asfixia sufocando os insectos e os seus ovos. Também são activos como repelentes para a alimentação ou depósito de ovos. Essências Minerais
são activos essencialmente através do contacto directo com insectos
pequenos como por exemplo as diapididae, coccidae, afideos, psyla
e ácaros. Podem ser activos contra oidium e ervas daninhas (devido à
sua fito toxicidade). Área de aplicação: arvores de frutos, horticultura
e plantas ornamentais.
EROSÃO – A erosão do solo pelo vento e água é um problema mundial (Pimental 1995). Assume-se que a erosão é a causa da degradação do solo em todo o mundo (Oldeman 1994). O efeito de erosão no
solo, ocorre em terrenos desgastados (efeitos locais: perda da camada superior do solo fértil, mudanças na dinâmica das aguas no solo,
estado dos nutrientes, características da matéria orgânica no solo,
organismos e profundidade do solo) e rio abaixo (com efeitos colaterais, nutrientes impróprios, pesticidas e sedimentos que emergem das
aguas). Os sistemas de agricultura biológica provocam uma erosão do
solo mais baixa do que os convencionais.
F
FITOTERAPÉUTICO – produto obtidos a partir de preparados de plantas e utilizado em tratamentos.
FEROMONAS - Substancias químicas produzidas por seres vivos utilizados para comunicação química entre os indivíduos da mesma espécie influenciando comportamentos (agregação, interacção sexual e
sinais de alerta) e/ou o desenvolvimento morfológico de outros seres
vivos. Podem ser produzidas artificialmente em laboratório e tem diferentes aplicações na agricultura como o controle de pragas sendo
usado como apelativos em armadilhas com insecticidas.
194
GLOSSÁRIO
G
GESTÃO DA FERTILIDADE DO SOLO - “a manutenção da fertilidade
dos solos é a primeira condição para que qualquer tipo de sistema de
agricultura permanente.” Com estas palavras, nos anos quarenta, o
famoso Agrónomo Sir Albert Howard elaborou os princípios dos métodos da agricultura biológica. A fertilidade dos solos é a capacidade
do solo em sustentar uma produção de plantas a longo prazo.
GESTÂO HOLISTICA - é um processo de gestão que permite que as
pessoas tomem decisões que satisfaçam as necessidades imediatos
sem comprometer o bem-estar de futuras gerações. Os gestores
deverão usar um processo simples de avaliação para garantir que as
decisões tomadas serão economicamente, ambientalmente e socialmente sustentáveis.
HACCP - (Analise de Risco e Pontos Críticos de Controle) é a aplicação
sistemática de boa pratica para a prevenção de problemas relacionados com a saúde alimentar promovendo a produção de alimentos
seguros.
HOMEOPATIA - terapia sistematizada por Hahnemann no principio
do século XIX permitindo uma suave recuperação do equilíbrio biológico do organismo perturbado , activando mecanismos de defesa.
HOMEOPÁTICO - medicamento homeopático usa-se em doses mínimas e é utilizado não para curar mas para restabelecer o equilíbrio
vital do individuo.
195
CAPÍTULO V
H
GLOSSÁRIO
HÚMUS - Matéria orgânica decomposta, rica em nutrientes que posteriormente poderão ser utilizados pelas plantas.
I
IMUNOLÓGICO – agente que reforça a imunidade (defesas) de um
indivíduo.
IFOAM - Federação Internacional de agricultura biológica.
CAPÍTULO V
IGP – Indicação geográfica protegida.
INSECTOS ENTOMOFAGOS – São a maior parte dos agentes usados no
controlo biológico. São classificados como predadores ou como parasitóides, cada qual com características completamente diferentes,
que contribuem para a sua eficácia como agentes de controlo biológico. Os predadores são organismos que atacam e se alimentam dos
indivíduos responsáveis por pragas. Alguns são predadores durante o
seu ciclo de vida (fitosídeos, miríadeos, coccinelideos, antocorídeos),
enquanto outros só o são no estado de larva. Os parasitóides são parasitas no seu estado imaturo, quando a larva se desenvolvem dentro
do hospedeiro são endoparasitas, no seu exterior são ectoparasitas.
L
LEVEDURA – agente de fermentação.
LÍPIDO – substância vulgarmente designada de gordura.
LOGÓTIPO - Regulação (EC) No 331/2000 estabeleceu o logótipo europeu para produções biológicas.
196
GLOSSÁRIO
M
MOBILIZAÇÃO DO SOLO - o objectivo é criar as condições físicas apropriadas através de intervenções mecânicas, que fornecem condições
óptimas para as plantas
MONOGÁSTRICO – animais com um só compartimento gástrico.
MARKETING TERRITORIAL – a agricultura biológica representa um
potencial contributo para o desenvolvimento e diversificação da
economia no espaço rural, promovendo e valorizando as identidades
locais e constituindo um importante contributo ara a revitalização
das comunidades rurais.
O
OGM - Organismos Geneticamente Modificados.
OMS - Organização Mundial de Saúde
ORGANISMO DE CERTIFICAÇÃO – Conduz a certificação e o controlo
biológico.
ORGANISMOS DECOMPOSITORES – São organismos que se alimentam de material orgânico morto, transformando-o em húmus.
197
CAPÍTULO V
MULCHING - a pratica de espalhar matérias orgânicas - como por
exemplo palha, adubo ou aparas de madeira. - sobre solo sem cultivo
e entre plantações. Mulching ajuda a conservar a humidade, controlar ervas daninhas e contribui para o desenvolvimento de matéria
orgânica na terra.
GLOSSÁRIO
P
PAC – Política Agrícola Comum
PARASITAS PATOGÉNICOS (bactéria, vírus e fungos) - Utilizado em
controle biológico muitas vezes destroem o seu portador e libertam
milhões de esporos que serão dispersados e infectarão outros indivíduos. O microrganismo mais famosos e difundido é o Bacillus Bhuringiensis. Um outro vírus vulgarmente usado e o vírus Granulosis, activo
na Cydia Pomonella..
CAPÍTULO V
PERÍODO DE CONVERSÃO – As regras comunitárias que regulamentam a agricultura biológica, exigem que qualquer quinta que pretenda passar a adoptar métodos biológicos seja obrigada a uma fase de
conversão de 2 anos no caso de herbáceas anuais, e de 3 no caso de
perenes.
AGRICULTURA PERMANENTE - o movimento começado na Austrália
em 1975. A ideia básica foi desenvolvida por Bill Mollison, “o termo
agricultura permanente descreve um sistema integrado desenvolvendo-se contínua e sucessivamente baseado numa rede ecológica de
relações entre plantas e animais úteis para o ser Humano.” (Mollison
1978).
PRINCÍPIO DE PRECAUÇÃO - princípio que dita, quando uma actividade ameaça o ambiente ou a saúde humana devem ser tomadas
medidas de precaução mesmo se a relação efeito causa não tenha
qualquer suporte científico.
PRINCÍPIOS DE AGRICULTURA BIOLÓGICA - adoptado pela assembleia-geral da IFOAM em Adelaide, Setembro 2006: Saúde (a agricultura biológica deve sustentar e enriquecer a saúde do solo plantas,
animais, humanas e o planeta como um conjunto indivisível), Ecologia
198
GLOSSÁRIO
(a Agricultura Biológica deve se basear em sistemas e ciclos ecológicos vivos, trabalhando com eles, estimulando-os e permitindo a sua
sustentabilidade, Justiça (A Agricultura biológica deverá desenvolver
relações que garantem justiça no que diz respeito ao ambiente comum e oportunidades de vida., Cuidado (a agricultura biológica deve
ser gerida de um modo responsável e com precaução com o intuito
de salvaguardar a saúde e bem estar das gerações actuais e futuras e
o ambiente.
PRODUÇÃO DIVIDIDA/PARCIAL - onde somente parte da quinta ou
da unidade de processamento é certificado como biológico. O resto
da propriedade poderá não ser biológico, em conversão biológica ou
biológica mas não certificado. (definição de IFOAM). Ver também
“produção paralela”.
PYRETHRINS - extraído de Chrysanthemum cinerariaefolium, são insecticidas naturais.
PIRETRÓIDES - grupo de pesticidas artificiais desenvolvidos para o
controlo de pragas de insectos
Q
QUASSIA - insecticida natural derivada de uma árvore Quassia amara,
199
CAPÍTULO V
PRODUÇÃO PARALELA - qualquer produção em que a mesma unidade esta cultivando, criando, tratando ou processando os mesmos produtos ora num sistema biológico certificado ora num não certificado
ou não biológico. A situação com produção biológica e produção em
estado de conversão do mesmo produto é também produção paralela (definição de IFOAM). Produção paralela é um exemplo especial de
produção dividida.
GLOSSÁRIO
indígena do Suriname e da Picrasma excelsa (Jamaican Quassia). Activo contra afidios e moscas. Área de aplicação, horticultura, árvores
de frutos, viticultura, silvicultura, plantas ornamentais.
QUINTAS PEDAGÓGICAS – Quintas com actividades educacionais, dirigidas a crianças em idade escolar ou a outros grupos.
R
CAPÍTULO V
RASTREABILIDADE – refere todo o percurso de um produto (animal
produtor de alimento, ingredientes a serem incorporados na comida,
alimentos vários) desde a sua origem acompanhando todas as etapas
de produção, processamento e distribuição, inclui todas as etapas do
“campo á mesa”.
RESISTÊNCIA - capacidade dos insectos de se adaptarem a um pesticida durante um período de tempo tornando o pesticida cada vez
menos eficaz e necessitando de aplicações cada vez mais intensivas e
abundantes para obter o mesmo resultado.
ROTAÇÃO - as plantas são cultivadas numa sequencia definida na
mesma parcela de terra.
ROTENONA - é um insecticida natural extraído das raízes de algumas
plantas tropicais da família das leguminosas, Derris elliptica, Derris
spp., Lonchocarpus utilis, Tephrosia spp. Rotenona tem um larga
gama de actividades, afidios, tripes, Lepidoptera, Díptera, Coleóptera, etc. é também relativamente eficaz contra ácaros. Área de aplicação: horticultura, arvores de fruto plantas ornamentais, mosquitos e
moscas. É também utilizada em medicina veterinária contra moscas
Hypoderma.
200
GLOSSÁRIO
RODENTICIDA – substância de combate a roedores.
S
SINTÉTICO - produzido por processos químicos e industriais. Poderão
incluir produtos não encontrados na Natureza, ou simulações de produtos de fontes naturais (mas não são extraídos de matérias primas
puras)
SULFATO DE CALCIO - (calcium polysulphide) - e usado como insecticida e fungicida. Protecção de Colheitas. Área de aplicação, citrinos,
pessegueiros macieiras, cerejeiras, vinhas, oliveiras e damasqueiro.
SAU - Superfície Agrícola Útil
TÉCNICA DE CONSERVAÇÃO DO SOLO – Refere-se a uma grande
variedade de métodos de tratamento do solo, consiste em deixar os
resíduos, cobrindo o solo e reduzindo assim os efeitos da erosão do
vento e da água. Estas práticas minimizam a perda de nutrientes, a
diminuição da capacidade de armazenamento e os estragos nas colheitas.
TERAPIA AYURVEDICA – Utilização de produtos feitos à base de ervas
e minerais naturais para fortalecer a imunidade dos animais.
TSG - Garantia de especialização tradicional
201
CAPÍTULO V
T
GLOSSÁRIO
W
WWOOF - (Willing Workers On Organic Farms) Trabalhadores Voluntários em Quintas biológicas, é uma rede de troca mundial onde é
dado acolhimento, experiência pratica e teórica em troca de trabalho. São possíveis estadias de diversas durações. WWOF fornece excelentes oportunidades para treinos biológicos,mudar para uma vida
rural, partilha de cultura e fazer parte de um movimento biológico.
(www.wwoof.org)
Z
CAPÍTULO V
ZONA TAMPÃO – Zona de fronteira claramente definida e identificável que delimita uma unidade biológica e que é estabelecida para
limitar a aplicação ou contacto com substâncias proibidas provenientes das áreas adjacentes (definição do IFOAM).
202
CAPÍTULO VI
INTRODUÇÃO
AOS COMPUTADORES
203
INTRODUÇÃO AOS COMPUTADORES
1. Descrição do Computador
Pessoal (PC)
O computador pessoal é constituido pelo seu hardware – os elementos visíveis – e pelo software – os programas do computador. Em cada
computador, o hardware e o software podem ser differentes.
O hardware é composto por:
CAPÍTULO VI
• O CPU (Unidade Central de Processamento)
• Os periféricos, que são elementos ligados ao CPU, utilizados
para inserir ou visualizar dados. Os mais comuns sendo o rato, o
monitor e o teclado.
Com todos estes elementos e depois de ligado à corrente o computador irá funcionar. Teremos de verificar se o computador está ligado
à corrente e depois ligar o interruptor. A partir deste momento o
computador começa a reconhecer todos os seus elementos e começa
a funcionar.
204
INTRODUÇÃO AOS COMPUTADORES
1.1 Os Periféricos Mais Utilizados
Monitor. O monitor permite visualizar aquilo que o computador está
a processar. Normalmente o monitor está ligado à corrente com um
fio diferente do CPU. A qualidade da imagem do monitor depende
do seu tamanho (que é medido em polegadas), a resolução e a placa
gráfica.
Teclado. É muito semelhante a uma máquina de escrever tradicional,
mas inclui algumas teclas com funções específicas (Ctrl, Esc, Alt, F1,
F2,...)
Rato. Este mecanismo transmite movimentos manuais ao cursor no
monitor, que pode ter várias formas (uma seta, uma mão...). Tem dois
butões (alguns modelos têm um terceiro butão ou uma roda). Os seus
usos são:
205
CAPÍTULO VI
• Butão Esquerdo: é o mais utilizado e tem três funções diferentes:
- escolher: carregar (clicar) no butão esquerdo uma vez;
- activar: carrega-se no butão esquerdo duas vezes e rápidamente (duplo clic)
- transportar objectos: coloca-se a seta (cursor) em cima do elemento a transportar e mantém-se o butão esquerdo carregado
enquanto movimentamos o rato para a àrea para onde pretendemos fazer o transporte. Para largar o nosso elemento no seu
destino, basta largar o butão esquerdo.
• Butão Direito: geralmente serve para dar acesso a informação
ou outras funções do programa com o qual estamos a trabalhar.
INTRODUÇÃO AOS COMPUTADORES
Unidades de Armazenamento. Este mecanismos permitem o armazenamento de dados vindo de outros computadores, mas também
permitem armazenar os nossos dados de modo a não ocupar espaço
no disco duro. Existem vários:
CAPÍTULO VI
• A drive de disquetes. Permite ler e salvar dados em ficheiros
pequenos.
• A drive de CD (Compact Disc), para ler e gravar. A capacidade
de armazenamento de um CD é muito maior do que o espaço de
uma disquete.
• A drive de DVD (Digital Versatile Disc). Este mecanismo de
armazenamento pode ser utilizado para salvar dados e grandes
ficheiros, tais como filmes de alta qualidade de som e imagem.
DVDs são semelhantes aos CDs, mas tem uma capacidade de armazenamento sete vezes maior que a capacidade do CD.
Impressora. Este periférico permite imprimir em papel os trabalhos
realizados num computador. As mais utilizadas são as impressoras
a jacto de tinta e as impressoras a laser. Há impressoras a preto e
branco e outras a cores. Em qualquer dos casos, os toners (mecanismos que armazenam a tinta) são diferentes conforme o modelo da
impressora.
Com estes cinco periféricos acima mencionados podemos dizer que
ficamos com um posto de trabalho com PC completo. Mas podemos
ter outros periféricos para funções mais específicas: colunas de som,
auscultadores, joystick, caneta optica, scanner (digitalizador), câmara
digital, webcam, módem, dispositivo infravermelho...
Na maioria dos periféricos iremos encontrar dois fios: um que se liga
ao CPU e o outro à tomada eléctrica. Alguns periféricos não necessitam ser ligados à electricidade.
206
INTRODUÇÃO AOS COMPUTADORES
1.2 Sistema Operativo: funções e comandos
Juntamente com o hardware, o CPU e os periféricos, o computador
precisa de outros elementos que não são visíveis. Chama-se a isto o
software, a parte mais intelectual do PC, pois é o software que dita o
que o computador tem de fazer.
Podemos considerar três tipos de software:
• O sistema operativo, um interface (porta de comunicação) que
permite ao utilizador usar e trabalhar com os recursos do computador. Establece uma ligação entre o software e o hardware.
• Os programas e aplicações, utilizados para fazer aquilo que
nós indicamos ao computador, utilizando os periféricos. Cada
programa é especifico a cada tarefa, como por exemplo, processadores de texto, programas de desenho, jogos...
• As linguagens de programação são a base de todos os programas e do sistema operativo. Geralmente os utilizadores de PC
não precisam saber estas linguagens.
Para utilizarmos um PC temos de ter os programas adequados instalados. Cada programa de software é criado para satisfazer uma
tarefa específica. Para escolher um programa temos de controlar o
sistema operativo com o qual funciona. Normalmente, para satisfazer
as tarefas mais comuns, o PC terá de ter programas instalados para as
seguintes tarefas:
207
CAPÍTULO VI
1.3 Programas Automáticos da Office e Aplicações.
INTRODUÇÃO AOS COMPUTADORES
• Processador de texto, isto é, escrever documentos. O programa
mais conhecido é o MS Word.
• Cálculos. Folhas de cálculo tal como Excel são utilizados para
operações matemáticas e gráficos.
• Ordenar informação. O software de bases de dados, tal como
Access, permite ordenar, armazenar e gerir a informação que por
nós foi criada.
• Navegar na Internet. Um navegador (Exlorer ou Netscape, por
exemplo) e um servidor de e-mail (Outlook, Mozilla) será necessário.
CAPÍTULO VI
Há outro software interessante, tal como aquele que é utilizado
para editar imagens, videos e musica em formato digital, e jogar (a
maioria do software nas lojas informáticas são jogos). Há software
criado especificamente para um só propósito, tal como detectar vírus
(antivírus), para fazer traduções e reduzir (comprimir) o tamanho dos
ficheiros.
208
INTRODUÇÃO AOS COMPUTADORES
1.4 Gestão de Ficheiros
Num PC, a informação é armazenada no disco duro ou na memória.
Para aceder à informação, ela tem de estar organizada em ficheiros.
Os ficheiros estão agrupados em directorias ou pastas, de modo a
facilitar a sua procura. Todos os ficheiros têm um nome e uma extensão. O nome é normalmente escolhido pelo utilizador, e a extensão
depende do programa sobre o qual o ficheiro foi criado. O nome do
ficheiro e a sua extensão está separado por um ponto (como por
exemplo, “documento.doc”)
As extensões mais comuns são:
Doc
Ficheiro de texto da Word
Mp3
Ficheiro de som
Xls
Folha de cálculo Excel
Mpg
Ficheiro de video
Dbf, mbd
Base de dados
Tif, jpg
Ficheiro de imagem
Ppt
Apresentação Powerpoint (slides)
Exe
Ficheiro de programa
CAPÍTULO VI
209
INTRODUÇÃO AOS COMPUTADORES
2. Internet
CAPÍTULO VI
A internet é uma rede de computadores interligados, em todo mundo, numa ‘teia’ que abrange todo mundo. A ligação é feita através
de fios de telefone, por cabo, fibra óptica ou satélite. Para aceder à
internet irá precisar de quatro elementos: um sistema de comunicação (módem), ligado a um canal de comunicação (geralmente uma
linha telefónica), um servidor e um programa adequado. O servidor
irá fornecê-lo com os seguintes dados para aceder à internet.
- um número de telefone onde o nosso módem irá fazer ligação. Se intalarmos ADSL, o sistema será diferente.
- um nome de utilizador que nos identificará na internet.
- uma palavra-passe para aceder à internet.
- um endereço de servidor DNS
- um protocolo de ligação, que nos dá todos os passos a seguir para aceder.
Com todos estes elementos podemos criar uma ligação à internet. Na
maioria dos casos, basta ligar ao servidor, que nos irá guiar em todo o
processo. Hoje em dia a maioria das empresas fornecem este serviço
de informação gratuítamente.
Quanto aos programas usados para navegar, os mais comuns são o
Netscape e o Explorer. De qualquer navegador podemos aceder a
qualquer tipo de informação na internet.
Quando estamos na internet, temos a informação colocada num sítio,
normalmente a informação de uma empresa ou organização, que recolheu informação sobre um assunto específico.
Para chegar a um sítio, temos de escrever o seu nome num espaço branco no navegador. O endereço de internet normalmente
210
INTRODUÇÃO AOS COMPUTADORES
tem um nome cmposto por “www. Nome da página.país ou tipo
de organização.código” (como por exemplo, www.ifes.es ou
www.yahoo.com).
Num sítio da ‘web’, podemos saltar de uma página para outra (como
num livro), clicando com o rato nas hiperligações, dando acesso a
outra informação. É fácil encontrar uma hiperligação, pois quando
colocamos o cursor sobre uma hiperligação, o cursor muda de forma,
de uma seta para uma mão com o indicador a apontar para cima.
A internet é usada para procurar informação, mas podemos usá-la
para ir às compras, tomar parte num leilão, reservar bilhetes para
o cinema ou teatro, gerir a nossa conta bancária... Na mesma linha,
podemos encontrar farramentas para uma comunicação “pessoa a
pessoa”. Destas fazem parte o e-mail (correio electrónico), os foruns
e os chats.
Procurando na Internet: motores de pesquisa e portais
E-mail
O e-mail é um dos serviços mais usados, conhecidos e importantes na
internet por causa da sua rapidez e eficiência. Para utilizá-lo é necessário um módem, uma linha telefónica (para aceder à internet), um
servidor de e-mail e um endereço de e-mail. Cada computador tem
211
CAPÍTULO VI
Motores de pesquisa (ou de busca) são das farramentas mais utilizadas na internet. São fáceis de utilizar. Os utilizadores apenas tem de
escrever palavras relacionadas com aquilo que estejam à procura e
clicar no botão ‘search’ (pesquisa) ou usar a tecla ‘enter’ no teclado.
O resultado da pesquisa irá estar disponível numa lista de endereços
electrónicos ou ligações. Os motores de pesquisa mais utilizados são:
Google, Yahoo, Altavista e Lycos.
CAPÍTULO VI
INTRODUÇÃO AOS COMPUTADORES
um endereço na web, através de um servidor. Com estes elementos
podemos criar uma conta de e-mail.
O endereço de e-mail é único para cada utilizador e tem uma estrutura fixa. A primeira parte é para o nome do utilizador (johndoe),
seguido pelo símbolo ‘arroba’ (@) e o nome do domínio que cobre os
utilizadores do servidor, ou uma empresa ou organização (yahoo) e
depois um ponto ( . ) e a abbreviatura de um país, tipo de organização, etc. (com).
Neste exemplo o endereço seria: [email protected]
Quando alguém escreve e envia um e-mail para este endereço, ele
será guardado. Para lê-lo apenas temos de seleccionar o nosso programa de e-mail e establecer uma ligação à internet. Clicámos no
icon “correio recebido” e o servidor nos enviará esta mensagem.
Do mesmo modo, se quisermos enviar uma mensagem, uma vez que o
programa de e-mail estiver iniciado, podemos escrever o endereço da
pessoa que irá receber a mensagem, num espaço branco que diz “enviar para”. Depois escrevemos o texto e clicámos no icon “enviar”.
Há dois tipos de conta de e-mail: algumas estão ligadas ao computador que normalmente utilizamos, mas podemos aceder a ele de
outro computador se inserirmos todos os dados. Há outros chamados
‘internet accounts’ (conta de internet) onde temos de aceder a uma
página da internet (por exemplo, www.yahoo.com), escrever o nosso
endereço de e-mail ([email protected]) e a palavra-passe escolhida préviamente. Deste modo podemos consultar o nosso e-mail de
qualquer computador. O primeiro tipo de e-mail normalmente tem
mais espaço de armazenamento, mas os ‘internet accounts’ são mais
fáceis de utilizar, especialmente se não tivermos um computador
próprio.
212